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Roivo Geraldo Mondlane Ronaldo Joaquim Uetela Salvador Paulo Mabetna Instituições Andinas: Tiahuacano. Universidade Save Massinga 2020 Introdução O presente trabalho surge no contexto da Cadeira de Civilizações Ameríndias, tem como tema Instituições Andinas, neste caso a civilização Tiahuanaco. Onde, vai se debruçar sobre a situação geográfica, origem e formação dos estados, aspectos políticos e administrativos, sociedade ou estratificação social, actividades económicas, arte ciência e religião e por último o apogeu e o seu declínio, o mesmo propõe-se oferecer elementos de análise para a compreensão da sociedade tiahuanaco. Origem do império Tiahuanaco De acordo com CARDOSO e all, (2006), O declínio dos Olmecas resultou num vazio de poder no México, deste vazio emergiu Tiahuanaco inicialmente colonizada em 300 a.C., em 150 os Tiahuanaco já era a primeira verdadeira metrópole do que se designa por América do norte. No entanto foi uma das civilizações mais antiga da América, surgida ao redor de 1500 a.C., expandiu-se ao redor do lago Titacaca até boa parte do Peru, Bolívia e norte do Chile. Localização geográfica Segundo CARDOSO, (2006), A civilização Tiahuanaco propriamente dita localizava-se na costa sul do Titicaca, a cerca de oitenta quilómetros de La Paz, durante o que seria sua etapa formativa, compreendida aproximadamente entre 1000 a.C. e 200 a.C. Tiahuacano é uma civilização pré-colombiana andina que deixou como único registo misteriosos templos megalíticos. Tiahuanaco está localizada nas terras altas, 3.850 metros acima do nível do mar, e distante setenta e dois quilômetros da capital administrativa da Bolívia, La Paz e vinte quilômetros ao sul do lago Titicaca. De acordo com FAVRE, (1987:10), expansão de Tiahuanaco dirigiu-se essencialmente para o sul. A cidade parece ter influído em todo o planalto boliviano, na parte meridional do Peru, até o vale do Majes, e no norte do Chile, até o vale do Loa. Dentre suas ruínas mais famosas, destacam-se a Porta do Sol, entalhada em um bloco único de andesito, e as imponentes edificações administrativas ou cerimoniais, cujos megálitos, pesando até 10 toneladas, encaixam-se perfeitamente nos outros. Embora notáveis por sua construção, esses edifícios não formavam senão o núcleo central da aglomeração urbana. Vastas zonas residenciais os circundavam, ocupando talvez uma dezena de quilómetros quadrados, sendo formado por uma cultura e força religiosa influente de tal forma que foi capaz de penetrar diversas civilizações. Fonte: https://wwwthemaparchive.com/tiahuanaco-c-3001500.html.2020 Sociedade De acordo com FAVRE, (1987:36-40), As aldeias eram construídas sobre elevações, sobre rochas ou no topo de montanhas. As casas, com muros de pedras grosseiramente colocadas, distribuíam-se sem plano aparente, em função de uma topografia sumariamente corrigida. As vezes se alinhavam sobre patamares estreitos, outras vezes se aglutinavam em torno de pequenos pátios, formando alvéolos separados por estreitas ruelas. Certas aldeias compreendiam muitas centenas de construções, enquanto outras não contavam mais que algumas dezenas. A maioria delas era protegida, em dois ou três lados, por um despenhadeiro a pique, e, no lado pelo qual se fazia o acesso, por espessas muralhas dispostas em zigue-zague. Segundo WAISBARD, (1978), É uma sociedade teocrática e complexa dividida em três estratos sociais. Na classe mais alta estavam os líderes e os guerreiros, a classe média era composta por artesãos e, na etapa mais baixa, os camponeses e membros da comunidade. As elites tinham grandes manadas e administravam o transporte comercial. A sociedade tiahuanaco era altamente estratificada como as outras que floresceram no mundo andino. Os núcleos humanos situados ao redor do lago Titicaca teriam atingido ao fim dessa fase massa critica caracterizada por crescente complexidade social, diversidade de actividades económicas, multiplicidade de divisões de trabalho e regionalidade no padrão de intercâmbio de género de produtos, cujo corolário conjunto foi grande potencialidade representada de desenvolvimento, na forma de disponibilidade de mão-de-obra e de recursos materiais, principalmente excedentes agrícolas. (idem). Organização Política De acordo com FAVRE, (1987:51-58). A estrutura política baseia-se na representação de um deus de sol que governava o estado cuja tutela estava sobre influência do império Inca, porém existia uma estrutura política semelhante ao sistema político feudal, o ayllus que tinham a seu cargo uma extensão de terra que lhes servia para alimentarem-se. Portanto, a cidade era governada por chefes com poder hereditário. Chefes com funções políticas e religiosas. Coadjuvados por um conselho de líderes, nobres guerreiros e sacerdotes. Organização Economica Segundo CARDOSO, (2006), A economia residiu na sofisticação “tecnológica” dos seus sistemas de agricultura irrigada os quais, baseados em princípios da termodinâmica empiricamente assimilados, permitiram resolver o problema da estabilização e ampliação das colheitas no clima adverso do Altiplano. Teria sido esse desenvolvimento agrícola o factor principal da expansão e consolidação da civilização. Portanto é essa revolução agrícola que propiciou a formação de Estado, que rapidamente transcendeu os limites da cidade “propriamente dita”. A partir desse momento, Tiahuanaco experimenta desenvolvimento que veria se realimentar, em processo que conduziria à sua acelerada expansão territorial. Na visão de FAVRE, (1987:30) A população andina vivia em uma multiplicidade de pequenas colectividades agro-pastoris. Suas aldeias estendiam-se até uma altitude muito elevada, que oscilava geralmente entre 3.600 e 3.800m acima do nível do mar, o que hoje corresponde ao limite entre as terras cultiváveis (o kishwar) e as altas estepes (a puna). Religião de Tiahuanaco Segundo KALLA, (s/d), quanto a religião eram politeístas e animista razão pela qual adoravam divindades astrais e força da natureza a que ofereciam sacrifício ao deus não só de irracionais mas também de seres humanos os agricultores, eles sacrificavam ao deus da chuva concebia que deviam conquistar os seus aliados e não deixar de lado os invejosos que faziam sacrifícios de jovem um ídolo andrógino na pedra estes deuses para comunicar com espíritos, faziam rituais, cerimónias e festas desta forma existiam também responsável por transmitir estes conhecimentos aos habitantes da uma determinadas aldeias também enterrar mortos ou cadáver ficavam os objectos pessoais, populações destas regiões acreditavam numa vida após a morte. Segundo VIDAL (1990), O pouco que se sabe sobre suas crenças religiosas se baseia na interpretação dos mitos arqueológicos e de alguns mitos que podem ter sido transmitidos aos incas e espanhóis. Eles adoravam muitos deuses (politeístas), focados na agricultura. Um dos deuses mais importantes era Viracocha. Os mitos dizem que ele criou pessoas com um grande pedaço de rocha e as desenhou em seções sobre a rocha. Ele criou os seres humanos através da rocha e lhes deu vida. Acredita-se que Viracocha tenha criado gigantes para mover as enormes pedras que compunham grande parte de sua arquitectura, mas ele ficou descontente com os gigantes e criou uma inundação para destruí-los. Viracocha é esculpida na Capa do Sol. A Capa do Sol é uma estrutura monolítica de tamanho regular. Juntamente com Viracocha, há uma outra estátua na Capa do Sol, que muitos acreditam, associada ao tempo: «um deus celestial que personificou os vários elementos da natureza intimamente associados ao potencial produtivo da ecologia das montanhas: sol, vento, chuva, granizo, uma personificação dos estados atmosféricos que mais afectaram a produção agrícola, positiva ou negativamente. Alguns arqueólogosacreditam que esta estátua é uma representação do calendário com os doze meses e trinta dias de cada mês. Outras evidências apontam para um sistema de adoração aos ancestrais do povo da cultura Tiahuanaco. (idem) Entrada de Porta do Sol Monumento de Tiahuanaco Ponce Fonte: www.wikimedia.viracocha.commons.org.com.2020. Cultura Segundo KOLATA (1993), Cada aldeia era habitada por um conjunto de famílias unidas por laços de parentesco ou aliança, que representavam um ayllu. Esse grupo localizado e de tendência endogâmica não era, contudo, nem um clã nem uma linhagem. No interior do ayllu, ao que parece, a filiação se traçava em linha masculina directa para os homens e em linha feminina directa para as mulheres, de tal modo que os homens descendiam de seu pai e as mulheres de sua mãe. Uma vez formalizado, o matrimónio graças ao qual o indivíduo adquiria a completa autonomia e se tornava membro integral do seu ayllu não poderia ser dissolvido senão por motivos graves. Ainda que homens de status superior tivessem às vezes numerosas esposas, o casamento monogâmico constituía a regra geral e a união poligâmica, a exceção. Os mortos eram sepultados nas fendas rochosas dessa montanha sagrada, no interior da qual se iriam reunir ao ancestral divinizado. (idem). A arte e ciência De acordo com VIDAL, e BERTIN, (1990), a sua cultura caracterizava se pelas grandes construções megalíticas da América do sul, cortando, entalhando ou esculpindo pedras pesando até cem toneladas, encaixando-as umas das outras com uma precisão e engenhosidade raramente encontradas mesmo na posterior arquitectura inca. As pirâmides eram feitas de pedra coberta de ouro e o ídolo do Sol tinha uma cavidade no peito na qual se podia ver uma imagem do astro feita de fino ouro. Ainda segundo eles, eram também visíveis plataformas de mais de 2000 pirâmides secundárias, todas situadas ao redor das duas mais importantes, do Sol e da Lua. Na perspectiva de FAVRE, (1987:72-75), a cultura Tiahuanaco, nos planaltos meridionais, caracterizada pela, literatura, música, arquitectura ciclópica resistente a terramotos, sistema de numeração, quipos e sistema de terraços e a estatuária monumental. Arquitectura De acordo com KALATA, (1993), O Complexo Arquitectónico de Tiwanaku está localizado a 20 quilómetros ao sul do Lago Titicaca. É um centro urbano composto por edifícios administrativos e religiosos que cercam praças e plataformas semiafundadas. No centro deste complexo está o edifício Kalasasaya, outros edifícios são: o templo semi-subterrâneo, Keri Cala, Putuni, Laka Kollu; e as pirâmides de Akapana, Pumapunku e Wila, Pukara, que serviram de residência para a elite sacerdotal. Fonte: https://nuevamuseologia.net/el-centro-arqueologico-prehispanico-de-tiahuanaco;2020 O mesmo método de construção foi utilizado também pelos construtores egípcios. A antiguidade e a sofisticação tecnológica em Tiahuanaco deveriam fazer com que cada um de nós questionasse as origens da civilização. Contribuições da cultura Segundo CARDOSO, (2006), A cultura Tiahuanaco teve um impacto nas civilizações subsequentes na área. Parte de suas crenças religiosas teve um forte impacto no mundo andino. Eles desenvolveram técnicas agrícolas que ainda permanecem e contribuíram com milho, pimentão ou batata para se tornarem peças essenciais de alimentos. Suas roupas mais típicas, ponchos, ainda hoje são usadas por todos os tipos de pessoas na área. Além disso, seu conhecimento de navegação no Lago Titicaca foi muito útil para as gerações futuras. Auge e o Declínio Segundo CARDOSO, (2006) A civilização de Tiahuanaco teve início perto de 100 a.C. e atingiu o seu ápice entre os séculos V e VII, a cidade, chegando a possuir uma população de mais de oitenta mil habitantes, tinha-se transformado nos centros religiosos hegemónicos da região, obrigando seus vizinhos ao pagamento de diversos tributos, o predomínio social em Teotihuacán, uma cidade com centro administrativo e religiosos, com palácios, pirâmides, avenidas, aristocracia guerreira e sacerdotal, associada a mercadores aos funcionários da administração estatal. Na perspectiva de WAISBARD, (1978). O declínio de Tiahuanaco, principiando em cerca de 950 D.C., foi determinado por alterações climáticas profundas na região da bacia do Titicaca, iniciadas no milénio anterior e caracterizadas por declínio persistente dos níveis sazonais de precipitação. Verdadeiro supra-fenômeno natural, mais longo e intenso que as estiagens dos ciclos climáticos normais segundo dados paleoclimatológicos, os índices pluviométricos mantiveram-se reduzidos por mais de um século, provocando rebaixamento, de vários metros, do nível do lago Titicaca, tal seca dramática induziu contracção da base agrícola regional, atrofiando-a além do patamar de sustentação de sociedade urbana e levando, finalmente, ao seu colapso e a consequente extinção de Tiahuanaco. Referência CAMARGO, Alfredo José Cavalcanti Jordão. Bolívia - A Criação de um Novo País a Ascensão do Poder Político Autóctone das Civilizações pré-Colombianas a Evo Morales. Brasília, Ministério das Relações Exteriores, 2006; FAVRE, Henri. A Civilização Inca. Jorge Zahar Editor. Rio de Janeiro.1987; KOLATA, Alan L. The Tiwanaku: Portrait of an Andean Civilization. Blackwell Publishers, Cambridge-Massachusetts.1993. KALLA, Jean-Claude. A civilização dos Incas. Lisboa: Editora amigo do livro, S/d; VIDAL, P. e BERTIN, N.j. História da Pré-História aos nossos dias. 1ª Edição, 1990; WAISBARD, Simone. Tiahaunaco 10.000 anos de enigmas Incas. Livraria Bertrand, 3ª edição, 1978