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NOTAS SOBRE AS CONTRARREFORMAS EMPRESARIAIS DA EDUCAÇÃO NO CONTEXTO DA PANDEMIA COVID-19_ O CHOQUE_ DA EDUCAÇÃO A DISTANCIA (2)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE) 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO (PPGEDU) 
 
 
 
NOTAS SOBRE AS CONTRARREFORMAS EMPRESARIAIS DA EDUCAÇÃO NO 
CONTEXTO DA PANDEMIA COVID-19: O “CHOQUE" DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA   1
 
(Texto para debate n.01 de MAI/2020) 
 
 
Autores: Emanuelle de Souza Barbosa (Pedagoga e Doutoranda em Educação PPGEDU/UFPE), 
Everaldo José da Silva Lima (Licenciado em Letras, Educação Física e Doutorando em Educação 
PPGEDU/UFPE), Filipe Gervásio Pinto da Silva (Pedagogo, Doutorando em Educação PPGEDU/UFPE e 
Docente da UFCG), Jamerson A. A. Silva (Doutor em Educação, docente do PPGEDUC/UFPE), Sayarah 
Carol Mesquita dos Santos (Pedagoga e Mestranda em Educação no PPGEDU/UFPE). Revisão por: 
Micilane Araújo (Licenciada em Letras e Mestranda em Educação no PPGEDU/UFPE). 
 
  
O ​Brasil vivencia a crise sistêmica do capitalismo que, nos países periféricos,                       
é ainda mais mortal quando somada à pandemia do Covid-19. Isso porque, sob o                           
mote do “livre mercado”, as políticas de sequestro do Estado brasileiro por                       
poderosas corporações empresariais vêm acelerando medidas de espoliação do                 
fundo público, via financeirização da economia, e desfigurando os sistemas de                     
proteção social e trabalhista, conquistados ao longo do século XX. 
O contexto da pandemia da Covid-19, decisivamente, escancarou as                 
contradições, os abusos e os ataques que vêm ocorrendo no Brasil nos últimos                         
anos, particularmente, desde o golpe de 2016. A partir deste período, abriu-se                       
caminho, por exemplo, para aprovação da Emenda Constitucional 95/2016                 
(congelamento das despesas públicas por 20 anos), da contrarreforma trabalhista                   
lei n.o 13.467/2017 (alteração da CLT) e da contrarreforma da previdência Emenda                       
Constitucional no. 103/2019. Trata-se de um momento de profundo flagelo para a                       
população brasileira, em especial para o conjunto dos trabalhadores e                   
trabalhadoras, no qual o Estado brasileiro está criminosamente ordenado para                   
1 ​Texto elaborado para debate no grupo de pesquisa ​GESTOR: Pesquisa em Gestão da Educação e                              
Políticas do Tempo Livre, do Programa de Pós-graduação em Educação/Universidade Federal de                       
Pernambuco. Debatido em reunião realizada em Recife-PE, dia 21/05/2020. 
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GESTOR - Grupo de Pesquisa em Gestão da Educação e Políticas do Tempo LIvre 
 
atender aos anseios dos lucros, em detrimento de ações que busquem evitar a                         
morte de milhares de pessoas.  
O desastre político, econômico e social causado pelas contrarreformas                 
ultraliberais em curso faz o país regredir seu padrão civilizatório, nos índices de                         
desigualdade e pobreza, a patamares do início do século passado. Como se isso                         
não bastasse, as medidas adotadas pelo governo central sobre a pandemia vêm se                         
revelando como um claro genocídio da população do país, que, em sua maioria, é                           
constituída por negros e pobres. Algumas dessas medidas se destacam: a                     
campanha presidencial “O Brasil não pode parar”, vem se mantendo na contramão                       
das ações de isolamento social, recomendadas pela Organização Mundial de Saúde                     
(OMS), adotadas mundialmente; a Medida Provisória no. 927 de 22/03/2020                   
(Suspensão dos Contratos de Trabalho) que autoriza a flexibilização da jornada                     
laboral, a reconfiguração de mecanismos de demissão e a destinação de recursos                       
públicos a grandes empresas e bancos. Como consequência, esta medida                   
regulamenta a não necessidade do pagamento de FGTS - mesmo em caso de                         
demissão sem justa causa, permite aos patrões a antecipação das férias individuais                       
e coletivas e altera a escala de feriados. 
No momento em que publicamos este documento, o Brasil já contabiliza mais                       
de 23 mil mortes pelo coronavírus, cuja maior incidência no número de vítimas é de                             
origem pobre. Conforme aponta o Observatório Social del Coronavírus , a pandemia                     2
escancara as profundas desigualdades sociais, uma vez que as principais vítimas da                       
Covid-19 são trabalhadores informais, desempregados, sem tetos, que vivem em                   
bairros periféricos das cidades brasileiras, sem acesso à saúde e saneamento                     
básico. O crescente aumento das desigualdades sociais vem persistindo desde o                     
segundo trimestre de 2015 a 2017, como aponta estudo da Fundação Getúlio vargas                         
(FGV) , no qual se registra uma elevação de 33% no número de pessoas que vivem                             3
na pobreza, passando de 8,4% para 11,2% dos brasileiros. Além disso, a pesquisa                         
2 ​FGV SOCIAL: CENTRO DE POLÍTICAS SOCIAIS. A pandemia expõe de forma escancarada a                          
desigualdade social. ​Disponivel em​:       
https://www.clacso.org/a-pandemia-expoe-de-forma-escancarada-a-desigualdade-social/ 
 
3 ​CLACSO: CONSELHO LATINO-AMERICANO DE CIÊNCIAS SOCIAIS. Desigualdade bate record no                    
Brasil, mostra estudo da FGV. ​Disponível em​: ​https://www.cps.fgv.br/cps/bd/clippings/vc439.pdf 
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ainda revelou que, no segundo semestre de 2019, enquanto a renda da metade mais                           
pobre da população caiu para 18%, somente 1% dos mais ricos teve um aumento de                             
10% no poder de compra. O crescimento nas taxas de desigualdade social tende a                           
se intensificar mais em virtude da crise sanitária que vivemos, pela qual a grande                           
parte da população pobre e periférica é atingida, situação que se agrava ainda mais                           
num quadro de políticas de austeridade para os trabalhadores e desmonte de                       
direitos sociais.  
Longe de se configurar como demonstração de desgoverno ou                 
incompetência do governo de plantão, as medidas em curso se assemelham com o                         
que a jornalista canadense Naomi Klein denominou como "Doutrina de Choque" .                     4
Para a jornalista, o pânico social causado pela pandemia é aproveitado para a                         
aceleração de medidas que aprofundam as reformas ultraliberais e conservadoras,                   
privilegiando os lucros dos bancos e das corporações empresariais. Este brutal e                       
engenhoso plano vem se operando alheio ao sofrimento das famílias e dos                       
cadáveres que se amontoam em milhares a cada dia. 
O uso da violência como estratégia para implantação do neoliberalismo                   
também está analisado por outros autores, como o filósofo Húngaro István                     
Mészáros, a partir do conceito de tecnociência na gestão da morte . ​Para o autor, as                             5
instituições capitalistas atuam em diversas frentes, inclusive na ciência, para                   
expandir o controle social como uma das condições vitais de recuperação da crise                         
4 Doutrina do Choque é o termo utilizado pela jornalista canadense Naomi Klein, para caracterizar as                               
táticas brutais financiadas por grandes corporações transnacionais e empregada repetidamente porgovernos de direita: "se aproveitar da desorientação causada por episódios traumáticos – guerras,                         
golpes de Estado, atentados terroristas, crises econômicas e catástrofes naturais – para suspender a                           
democracia e implantar medidas “neoliberais”, enriquecendo os mais ricos às custas dos pobres e da                             
classe média. Nesta perspectiva, a autora revela o nascimento de uma Estado "corporativista", no qual                             
uma elite restrita transita de empresas privadas a cargos públicos sem o menor respeito às normas                               
liberais contra o conflito de interesses. Para a autora, o "capitalismo de desastres" só pode se                               
reproduzir em função da renovação da insegurança social. É assim que Klein caracteriza a atuação do                               
Banco Mundial e do FMI, frente ao furacão Katrina e o Tsunami. Nova Orleans se converteu no                                 
laboratório dessa ulterior privatização do Estado. Analogamente, o Tsunami foi utilizado para                       
transformar algumas regiões ou mesmo nações (Sri Lanka, Tailândia e as Ilhas Maldivas) em clubes de                               
férias para as elites globais. A respeito ver: KLEIN, NAOMI. ​A doutrina do choque: a ascensão do                                 
capitalismo de desastre​. trad. Vania Cury. rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008, 590 p.. 
 
5 ​MÉSZÁROS, István. A crise estrutural do capital. São Paulo: Boitempo, 2011.  
 
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em curso. Ele explica que, nesse cenário, o uso da violência passa a ser uma                             
premissa quando os limites locais de crescimento e expansão são atingidos. 
No setor da educação, as medidas do governo central seguem a lógica do                         
choque ultraliberal, acelerando a agenda privatista já em curso através de diversas                       
contrarreformas, marcadas pela “desintelectualização” da formação de professores,               
destruição das condições de trabalho docente na Educação Básica,                 
desfinanciamento da educação pública em todos os níveis. Entre estas medidas,                     
estão a aprovação da BNCC, a Reforma do Ensino Médio e a BNC da Formação,                             
expressões fundamentais da ideologia de flexibilização educacional de caráter                 
empresarial. Em seu conjunto, tais políticas estabelecem graus cada vez maiores de                       
padronizações, descentralizações e responsabilizações, necessários a           
customização dos diversos pacotes educacionais a serem vendidos no mercado. 
Sob o pânico da pandemia Covid-19, o governo central quer aplicar o                       
tratamento de choque do Ensino a Distância (EAD), uma de suas principais políticas.                         
Através da Medida Provisória 934 de 01/04/2020, o Ministério da Educação                     
estabeleceu normas excepcionais para o ano letivo da educação básica ao ensino                       
superior e orientou a organização do calendário escolar, além da possibilidade de                       
cômputo de atividades não presenciais para fins de cumprimento da carga horária                       
mínima anual. 
Na esteira do projeto de privatização da educação, o "choque da EAD"                       
soma-se a outras iniciativas do governo, tais como a DCNEM, a qual prevê o mínimo                             
de 20% da carga horária do ensino médio para a modalidade a distância . O mesmo                             6
acontece com a Portaria n. 1.428 (MEC) , ao permitir que os cursos de graduação                           7
possam ampliar a oferta de carga horária a distância de 20% para 40%. Com este                             
presente de grego vêm outros projetos de barateamento, precarização                 
desregulamentação e intensificação do trabalho docente. 
6 ​BRASIL. Resolução n° 3, de 21 de novembro de 2018. Atualiza as Diretrizes Curriculares Nacionais                              
para o Ensino Médio. Brasília, DF: Conselho Nacional de Educação, Câmara de Educação Básica,                           
[2018]. Disponívem em:​ http://portal.mec.gov.br/docman/novembro-2018-pdf/102481-rceb003-18/file. 
 
7 BRASIL. Portaria n° 1.428, de 28 de dezembro de 2018. Dispõe sobre a oferta, por Instituições de                                   
Educação Superior -IES,de disciplinas na modalidade a distância em cursos de graduação presencial.                         
Diário Oficial da União: Seção 1, Brasília, DF, n. 250, p.59, 31 dez. 2018. Disponível em:                               
http://portal.andes.org.br/imprensa/noticias/imp-ult-1378886336.pdf  
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No âmbito do ensino privado, a MP 927/2020 já está fazendo um grande                         
estrago, expresso pela suspensão de milhares de contrato de trabalho dos                     
professores da educação básica e superior e a intensificação das suas jornadas em                         
plataformas digitais, comprometendo em muito a qualidade do processo de                   
ensino/aprendizagem. A título de exemplo, o escandaloso caso da Laureate, mega                     
corporação que abrange faculdades como a FMU e a Anhembi-Morumbi, ao                     
substituir professores por robôs - "blackboard"- na correção de atividades de EAD.                       
Como era de se esperar, estas empresas estão agora realizando demissão em                       
massa de professores e, ainda, criando novas formas de precarização do trabalho                       
docente. 
No âmbito do ensino público, as redes estaduais e municipais que estão                       
seguindo as recomendações do MEC vêm realizando uma tentativa de ensino                     
remoto através das plataformas digitais, mas que em sua maioria acabam                     
apresentando severas fragilidades na garantia das aprendizagens, aumentando a                 
precarização do trabalho docente e intensificando a jornada de trabalho dos                     
professores. Essas medidas desconsideram questões como as condições sociais                 
dos estudantes que em sua maioria não possuem acesso à internet, relativizam a                         
real situação de trabalho dos professores, que não possuem preparação para esse                       
tipo de modalidade de ensino, dentre outras questões que envolvem as condições                       
físicas e psicológicas no contexto que vivenciamos. 
Na realidade, por trás das medidas em favor do Ensino a Distância e contra a                             
formação humana pública e emancipadora estão entidades como a ​Associação                   
Nacional de Universidades Privadas (Anup), da qual a Sra. ​Elizabeth Guedes​, irmã ​do                         
Ministro da Fazenda Paulo Guedes, é vice-presidente e representa os interesses de                       
grandes monopólios educacionais, como Anhanguera, Estácio, Kroton, Uninove e                 
Pitágoras. No rastro de morte deixado pela pandemia também aceleram-se as                     
campanhas de lobby do Google, Facebook, Amazon, Microsoft, Apple etc. pela                     
liberação de recursos públicos para investimentos em pesquisas, implantação de                   
telessalas e plataformas de aprendizagens. 
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O fascínio causado pelas tecnologias de informação e comunicação está                   
sendo usado a serviço de um projeto educacional que visa à padronização dosconteúdos acadêmicos e políticos da escola e à customização de pacotes                     
educativos. É importante considerar que as “soluções” materializadas em                 
plataformas digitais que fomentam formas de educação não presencial devem ser                     
contestadas na forma como organizam o trabalho pedagógico e não no uso da                         
tecnologia em si. O centro da questão reside no fato de que a atual forma de EAD                                 
não esconde o seu desejo de transformar o professor em mero assistente barateado                         
de plataformas digitais, de fácil preparação em cursinhos rápidos de formação de                       
professores. Portanto, o que está em curso e deve ser severamente contestado é a                           
desqualificação e desprofissionalização do próprio magistério. Assim, ao invés de                   
aceitarmos a naturalização da conversão do trabalho vivo docente em trabalho                     
morto comercializado em plataformas devemos nos unir em torno de um projeto                       
que aproveite os recursos tecnológicos para permitir maior conhecimento da                   
realidade e de suas contradições. 
A defesa da educação pública e emancipadora deve ir além dos interesses do                         
capital e instrumentalizar a população para romper com internalização dominante,                   
presente nas escolhas limitadas à legitimação do Estado capitalista em crise cada                       
vez mais profunda. O papel da educação emancipadora é soberano, tanto para a                         
elaboração de estratégias apropriadas e adequadas para mudar as condições                   
objetivas de reprodução, como para a automudança consciente dos indivíduos                   
chamados a concretizar a criação de uma ordem social metabólica radicalmente                     
diferente . 8
Descartando a perspectiva do fascínio, podemos construir possibilidades               
para avançar com as inovações tecnológicas no sentido da emancipação humana.                     
Já que, aparentemente, existe uma comoção geral em torno da importância da                       
inserção de tecnologias digitais na educação, seria a hora de romper com as                         
práticas tecnicistas e de subutilização dessas ferramentas e explorar de fato suas                       
potencialidades. Exemplos como visitas a museus on-line, animações, imagens de                   
8 ​MÉSZÁROS, ISTVAN. ​Educação para além do capital​. São Paulo: Boitempo, 2005. 
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satélite, mapas interativos e outros instrumentos disponibilizados gratuitamente na                 
internet ajudariam a inserir e ampliar a experiência educativa, enriquecendo o ensino                       
presencial, ao invés de substituí-lo. 
Seguindo essa linha, defendemos que as novas tecnologias de informação e                     
comunicação não podem substituir a educação escolar presencial e, tampouco,                   
podem ser vistas como alternativa mais acertada para o problema de suspensão                       
das aulas. O acesso a dispositivos tecnológicos que viabilizem aulas a distância,                       
ainda que existissem em todos os lares brasileiros, não apagaria a inadequação                       
dessa modalidade para atender ao projeto de educação que contemple                   
efetivamente a classe trabalhadora. Munidos desse entendimento, reforçamos que a                   
distribuição de conteúdos curriculares em plataformas digitais, na contramão do                   
que se tem veiculado pelo Ministério da Educação, depõe contra o compromisso                       
com a boa qualidade da educação pública. As recomendações desenhadas pelo                     
MEC, através de medidas provisórias que autorizam a recomposição do calendário                     
escolar a partir de atividades pedagógicas não presenciais mobilizam uma noção de                       
normalidade que nunca existiu em grande parte dos lares brasileiros, sequer em                       
tempos de pandemia. 
O contexto de pandemia vem deixando cada vez mais evidente que quem                       
produz as riquezas da sociedade são os trabalhadores e tudo aquilo que                       
dependemos para viver é obra das suas mãos. E ainda, que o Estado capitalista vem                             
sendo utilizado cada vez mais como instrumento de espoliação das riquezas                     
produzidas para garantir os lucros dos poderosos. Assim, a educação não deve                       
reforçar as ideologias das classes dominantes e da lógica imperativa do mercado,                       
mas deve colaborar, incisivamente, para a formação da maioria da população na                       
direção das transformações sociais, portanto, pensar uma educação para além do                     
capital. 
Apesar de toda angústia e desamparo vivenciados no momento atual,                   
estamos também diante da possibilidade de aproveitar essa encruzilhada histórica                   
para escancarar as feições mórbidas da sociedade capitalista e sua vocação para                       
espoliar a classe trabalhadora. O cenário aqui descrito nos coloca diante da                       
importante tarefa de disputar e construir alternativas para um mundo que não deve                         
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retornar à normalidade que antecedeu a pandemia. Nossa grande tarefa é construir                       
a sociedade em que as necessidades humanas prevaleça sobre o lucro. Essa                       
máxima não vale apenas para períodos de crises sanitárias. 
  
 
REFERÊNCIAS 
BIAVASCHI, Magda Barros; VAZQUEZ, Bárbara Vallejos. Medidas para o trabalho no                     
contexto da pandemia: um atentado contra a razão humana. ​CESIT, Campinas, ​SP,                       
2020. ​Disponível em​:     
http://www.cesit.net.br/medidas-para-o-trabalho-no-contexto-de-pandemia-um-atent
ado-contra-a-razao-humana/ 
BRASIL. Presidência da República. ​Medida Provisória 927 de 22 de março de/2020​.                       
Dispõe sobre as medidas trabalhistas para enfrentamento do estado de calamidade                     
pública e dá outras providências. ​Brasília, DF, março de 2020. Disponível em:                       
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/Mpv/mpv927.htm 
______. Presidência da República. ​Medida Provisória n. 934 de 1° de abril de 2020.                           
Estabelece normas excepcionais sobre o ano letivo da educação básica e do ensino                         
superior decorrentes das medidas para enfrentamento da situação de emergência                   
de saúde pública. Brasília, abril de 2020. Disponível em:                 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Mpv/mpv934.htm 
CEE, Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz. ​Desigualdade bate recorde, mostra                     
estudo da FGV. ​2019​. Disponível em:           
https://cee.fiocruz.br/?q=Desigualdade-bate-recorde-no-Brasil 
FREITAS, Luiz Carlos. EAD, tecnologia e finalidades da Educação. ​Avaliação                   
Educacional-Blog do Freitas. ​[S.I.], abr. de 2020. Disponível em                 
https://avaliacaoeducacional.com/2020/04/17/ead-tecnologias-e-finalidades-da-ed
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO 
GESTOR - Grupo de Pesquisa em Gestão da Educação e Políticas do Tempo LIvre 
 
KERSTENETZKY, Célia Lessa. Sem coração, nem cabeça: a política social negativa                     
de Paulo Guedes. ​Plataforma Política Social, ​[S.I.]. Disponível em:http://plataformapoliticasocial.com.br/sem-coracao-nem-cabeca-a-politica-social-ne
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MÉSZÁROS, István. 1930. ​A crise estrutural do capital. (trad. Francisco Raul Corneio                       
et.al.) 2. ed. rev. e ampliada, São Paulo: Boitempo, 2011. 
______. ​Educação para além do capital.​ São Paulo: Boitempo, 2005. 
 
TROVÃO, Cassiano josé Bezerra Marques. ​Lições da “Coronacrise” para a guerra                     
contra a pobreza e as desigualdades. ​Plataforma Política Social ​[S.I.] , 2020.                       
Disponível em:   
http://plataformapoliticasocial.com.br/licoes-da-coronacrise-para-a-guerra-contra-a-
pobreza-e-as-desigualdades/ 
 
 
 
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