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AS LEIS ABOLICIONISTAS BRASILEIRAS

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO
VICTOR RABELO GOMES DE SANTANA
AS LEIS ABOLICIONISTAS BRASILEIRAS
RECIFE
2020
1. Contexto
O Brasil foi um dos últimos países a estabelecer o fim da escravidão. A Inglaterra, com a Lei Bill Aberdeen, que permitia as embarcações britânicas de atacarem e aprisionarem navios negreiros que estivessem no Oceano Atlântico, foi de extrema importância para o início do gradual processo de abolição da escravatura, pois foi através das suas preções que o Império Brasileiro, no ano de 1850, começou a implementar as Leis Abolicionistas, até que no ano de 1888, a Lei Área decretou o fim da escravidão.
2. As Leis abolicionistas:
I. Eusébio de Queirós
A primeira lei abolicionista Eusébio de Queirós, decretada por Dom Pedro II, ocorreu em 4 de setembro de 1850, quando a Inglaterra pressionou fortemente o Brasil e criou a Lei Bill Aberdeen com o objetivo de acabar com o tráfico negreiro no Brasil. A Lei Eusébio de Queirós foi aprovada com o objetivo de abolir o tráfico negreiro do território brasileiro.
Dom Pedro por Graça de Deus e unânime aclamação dos povos, Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil: Fazemos saber a todos os nossos súditos que a Assembleia Geral decretou e nós queremos a Lei seguinte:
Art. 1º. As embarcações brasileiras encontradas em qualquer parte, e as estrangeiras encontradas nos portos, enseadas, ancoradouros, ou mares territoriais do Brasil, tendo a seu bordo escravos, cuja importação está proibida pela Lei de sete de novembro de mil oitocentos e trinta e um, ou havendo-os desembarcado, serão apreendidas pelas autoridades, ou pelos navios de guerra brasileiros e consideradas importadoras de escravos. Aquelas que não tiverem escravos a bordo, porém que se encontrarem com os sinais de se empregarem no tráfico de escravos, serão igualmente apreendidas, e consideradas em tentativa de importação de escravos. (lei nº 581, de 4 de setembro de 1850).
II. Lei do Ventre Livre
A Lei do Ventre Livre foi aprovada no dia 28 de setembro de 1871 e decretava que todos os filhos de escravos nascidos no Brasil a partir de 1871 seriam considerados livres, mas com condições para tanto. O dono do escravo teria duas opções para conceder a alforria: se optasse libertá-lo com oito anos, ele receberia uma indenização de 600 mil-réis, se optasse por libertá-lo aos 21 anos, não receberia nenhuma indenização.
Essa lei nasceu de um pedido do imperador D. Pedro II, que solicitou, em 1865, a José Antônio Pimenta Bueno, político do Partido Conservador, um estudo para realizar a emancipação dos escravos. A proposta de Pimenta Bueno sugeria a libertação dos filhos dos escravos depois de um tempo de serviço indenizatório, mas acabou sendo engavetada devido à Guerra do Paraguai.
Quando o conflito acabou, uma proposta parecida com a de Pimenta Bueno foi apresentada pelo gabinete presidido por José Maria da Silva Paranhos, o Visconde do Rio Branco. A ideia por trás da apresentação dessa lei era fazer com que a abolição fosse implantada no Brasil por meio da lei e não de uma revolta (como foi o caso haitiano).
A proposta, naturalmente, desagradava aos escravocratas, que temiam que o debate dessa lei incentivasse os escravos a rebelarem-se contra os seus senhores. Os defensores da escravidão também se recusavam a conceder a liberdade para os filhos dos escravos sem receber indenização. Desse modo, a saída encontrada foi a citada anteriormente: só receberia indenização quem libertasse o filho do escravo aos oito anos.
III. Lei dos Sexagenários
O crescimento do movimento abolicionista na década de 1880 foi notável, e a causa foi abraçada por diferentes classes sociais do Brasil. O fortalecimento do abolicionismo fez crescer as ações de resistência contra a escravidão, fossem essas legais ou ilegais (à luz da legislação da época). O fortalecimento do movimento de libertação gerou uma reação conservadora, e a Lei dos Sexagenários foi um reflexo disso.
Depois que foi decretada a emancipação de escravos no Ceará e Amazonas, em 1884, foram criados 49 Clubes da Lavoura que defendiam os interesses dos escravocratas. O objetivo era barrar o avanço do abolicionismo, e isso resultou na aprovação da Lei dos Sexagenários, em 28 de setembro de 1885.
Essa lei concedia a alforria para os escravos que tivessem mais de 60 anos, mas possuía condições rígidas. Os escravos beneficiados com a libertação deveriam trabalhar por três anos para seus senhores como forma de indenização. Além disso, tal lei proibia-os de mudarem-se da cidade na qual haviam sido alforriados, durante um período de cinco anos. Essa lei também estipulava o preço desses escravos como máximo no registro nacional.
Essa lei foi considerada um retrocesso pelos abolicionistas porque retardava o avanço da causa. Não obstante, os esforços dos escravocratas não deram certo, pois a resistência à escravidão continuou crescendo e resultou na Lei Áurea.
IV. Lei Áurea
A Lei Áurea foi decretada em 13 de maio de 1888, depois ter sido aprovada no Senado e assinada pela princesa Isabel. Essa lei decretou a abolição definitiva e imediata da escravatura no Brasil e foi resultado da forte pressão popular sobre o Império. Por meio dela, cerca de 700 mil escravos conquistaram sua liberdade.
3. Conclusão 
A liberdade não garantiu aos ex-escravos melhorias significativas em suas vidas. Como o governo não se preocupou em integrá-los à sociedade, muitos enfrentaram diversas dificuldades para conseguir emprego, moradia, educação e outras condições fundamentais de vida. Vale lembrar que, muitos fazendeiros, preferiram importar mão de obra europeia à contratar os ex-escravos como assalariados.

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