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PEDAGOGIA CANTAR, DANÇAR E REPRESENTAR Elaine Cristina Pereira da Silva Julia Antonietta Simões Felgar Patrícia Cerqueira Alves Rosana Baptistella http://unar.info/ead 1 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” CANTAR, DANÇAR E REPRESENTAR Elaine Cristina Pereira da Silva Julia Antonietta Simões Felgar Patrícia Cerqueira Alves Rosana Baptistella 2 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” APRESENTAÇÃO Sejam todos bem-vindos à disciplina CANTAR, DANÇAR E REPRESENTAR. Estamos iniciando mais uma experiência singular em nossas vidas: pela primeira vez nos encontramos e seremos muito próximos virtualmente, embora separados em termos espaciais. De onde vem essa possibilidade de estarmos juntos e separados simultaneamente? Ela decorre da capacidade de homens e mulheres de pesquisar, de ir à busca de conhecimento. Ela advém de procedimentos especiais que podem conduzir (e conduzem) a novas e inusitadas descobertas. Portanto, esta disciplina representa o resultado do desejo de compreender, em primeiro lugar, o universo infantil, desejando que todos os participantes deste curso também se apaixonem pela grande aventura do estudo e do conhecimento para inserir a arte na educação das crianças. Nesta disciplina as unidades tratarão das questões relacionadas ao abordar o canto, a dança, a representação e suas fronteiras com as demais artes, ao longo da história da humanidade e na cultura popular brasileira. A ninguém é dado o privilégio do saber absoluto. Somos todos eternos aprendizes, produzindo saberes e, algumas vezes, “não- saberes”. Assim, convidando a todos para esta pequena/grande trajetória, deixo meu abraço. As autoras 3 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” PROGRAMA DA DISCIPLINA Ementa A arte e a motricidade na infância: uma ampliação de significados e movimentos. Interatividade do representar-cantar e dançar no processo de ensino aprendizagem. Elementos de linguagem e expressão. OBJETIVOS Oferecer à criança de zero a seis anos: - As condições adequadas a sua formação pessoal e social, complementando o espaço familiar e o entorno onde a mesma se insere; - Subsídios necessários para construir sua identidade e adquirir autonomia; - A possibilidade de conhecimento do mundo, mediante experiências de movimento, música, teatro e artes visuais; - A possibilidade de assimilar ideias e práticas correntes. Oferecer à criança de zero a três anos: - A familiaridade com o próprio corpo, identificando seus limites, sua singularidade e as sensações que seu corpo produz; - A preocupação com a saúde e a higiene pessoal; - O espaço do brincar; - A possibilidade de estabelecer relacionamentos com outras crianças, professores, funcionários, enfim com as pessoas presentes na instituição. 4 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Oferecer à criança de quatro a seis anos: - A obtenção de uma imagem positiva de si mesma; sua autoconfiança; - A identificação e o enfrentamento de situações de conflito, respeitando-se e respeitando aos demais. Programa da Disciplina - As manifestações do canto, da representação e da dança através da história. - As manifestações culturais da sociedade brasileira. - Ritmo, som e movimento na escola. - Técnicas para montagens de coreografias como recursos para a aprendizagem escolar. Metodologia Adotamos para a disciplina CANTAR, DANÇAR E REPRESENTAR uma metodologia que alia a teoria à prática, propiciada por meio de atividades que permitam, a partir de exemplos, a reflexão sobre a importância do canto, dança e representação no processo de escolarização. BIBLIOGRAFIA BÁSICA BARBOSA, A. M. A Imagem do Ensino da Arte. SP: Perspectiva 2001. BRITO, T. A. Música na educação infantil: propostas para a formação integral da criança. SP: Editora Petrópolis, 2002. MARQUES, I. A. Dançando na escola. SP: Cortez, 2005. 5 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR BUORO, A. B. O Olhar em Construção: uma experiência de ensino e aprendizagem da arte na escola. SP: Cortez, 1998. FARIA, A. M. Lateralidade: implicações no desenvolvimento infantil. RJ: Sprint, 2001. FRUG, C. S. Educação Motora em Portadores de deficiência: formação da consciência corporal. SP: Flexas, 2001. FUZARI, M. F. e FERRAZ, M. H. Arte na educação escolar. SP: Cortez, 1993. JEANDOT, N. Explorando o universo da música. SP: Scipione, 2006. MILLER, J. A Escuta do Corpo. SP: Summus, 2007. REVERBEL, O. Jogos teatrais na escola. SP: Scipione, 2002. SANS, P. T. C. Fundamentos para o ensino das artes plásticas. SP: Alínea, 2005. SCHAFER, M. O ouvido pensante. SP: Ed. UNESP, 2011. SNYDERS, G. A escola pode ensinar as alegrias da música? 5. Ed. SP: Cortez: 2008. TATIT, A. e MACHADO, M. S. 300 propostas de artes visuais. SP: Loyola, 2003. 6 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” UNIDADE 1 - A DANÇA, O CANTO, A REPRESENTAÇÃO NA PRÉ-HISTÓRIA E NA ANTIGUIDADE CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Conhecer a história da dança em paralelo à música e à representação, nos primórdios da história da humanidade, da pré-história à antiguidade. ESTUDANDO E REFLETINDO A história da dança, da música, da representação tem início junto à história do ser humano e seguem em paralelo, conforme o homem evolui. Assim como a própria história da humanidade não é linear, a história dessas linguagens também não é. PRÉ-HISTÓRIA A primeira referência que a História da Arte traz - focada nas artes visuais – é do homem primitivo desenhando nas cavernas. A dança e a representação também estão presentes nesse momento da pré-história, quando o homem desenha o bisão na caverna e, ao imitar o movimento e a postura do animal, seus movimentos lhe dão poderes sobre esse animal, uma vez que se prepara para a caçada identificando-se com os movimentos do animal para captá-los, imitando-os. E também podemos dizer que “É o primeiro conhecimento sintético e estético do mundo, conhecimento imediato, anterior ao conceito e à palavra.” (Garaudy, 1980, p. 14). 7 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Fig. 01: Bisão,15000-10000 a.C. Pintura em caverna. Altamira, Espanha. O traço forte sugere o movimento, matéria prima da dança e da representação, necessário ao homem pré-histórico para firmar o desenho nas paredes das cavernas, sentindo-se com o poder da captura. Fig. 02: Arte Rupestre na Caverna de Lascaux, França. C. 15000 a 10000 a.C. 8 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Fig. 03: Caverna de Lascaux, França, detalhe do Salão dos Touros. C. 15000 a 10000 a.C. 9 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Algumas pinturas rupestres que sugerem danças: Fig. 04 : Caverna de Lascaux, França, detalhe do Salão dos Touros. C. 15000 a 10000 a.C. Fig. 05: Caverna de Lascaux, França, detalhe do Salão dos Touros. C. 15000 a 10000 a.C. 10 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Fig. 06 : Caverna de Lascaux, França, detalhe do Salão dos Touros. C. 15000 a 10000 a.C. Nos primórdios, era pelo movimento que o homem se conectava à natureza e a seus deuses. Esse lado místico e ritualístico da dança e da representação irá ocorrer ao longo de toda sua história, sobrevivendo até os dias de hoje. E dançava-se: em agradecimento à colheita; para chamar chuva; em festas de nascimento, de casamento etc. Até aqui, podemos concluir que a dança esteve sempre intimamente ligada a comemorações e devoções. BUSCANDO CONHECIMENTO Experimente um passeio pelas cavernas de Lascaux e deAltamira, seguindo os links: - http://www.lascaux.culture.fr/#/fr/02_00.xml - http://museodealtamira.mcu.es/Usuarios/profesores.html. Você vai perceber como as pinturas rupestres sugerem movimento. É possível imaginar o gesto que era feito, o som que rodeava as cavernas, os sons dos seres pré- históricos. 11 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Sobre arte rupestre no Brasil, clique nestes links: http://www.itaucultural.org.br/aplicExternas/enciclopedia_IC/index.cfm?fuseactio n=termos_texto&cd_verbete=5354 http://www.ab-arterupestre.org.br/ http://www.itaucultural.org.br/arqueologia/ 12 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” UNIDADE 2 - A DANÇA, O CANTO, A REPRESENTAÇÃO NO EGITO ANTIGO E GRÉCIA ANTIGA CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Conhecer a história da dança em paralelo à música e à representação, da história da humanidade, dos povos do Egito antigo e Grécia antiga. ESTUDANDO E REFLETINDO EGITO ANTIGO No Egito antigo, cerca de 6 mil anos atrás, todos os tipos de celebrações eram repletos de música e dança. Dançarinas, cantores e músicos tocando flautas, harpas, tambores e outros instrumentos são representados em papiros e em pinturas nos interiores de tumbas e em papiros. Encontramos figuras femininas de Deusas e Sacerdotisas dançando com seus braços no alto da cabeça, geralmente reverenciando, com a finalidade de garantir uma boa colheita. Não encontramos representação de homens e mulheres dançando juntos, nos afrescos das tumbas. Para os egípcios antigos, a arte era essencial à cultura. Pessoas de todas as classes sociais vivenciavam a música e a dança. Nas imagens que se seguem, percebemos a dança relacionada à música. 13 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Dançarinas na Tumba de Nebamum. XIX Dinastia, c. 1300 a.C. Pintura em calcário. Museu Egípcio de Turim. Observando os documentos deixados pelo povo egípcio percebemos o alto grau de civilização e o aprimoramento técnico que sua arquitetura, escultura e pintura revelam. As imagens que retratam a arte mostram-na como uma importante atividade daquele povo que cantava, dançava e tocava alaúde, harpa, lira, pandeiro, além de utilizarem castanholas de madeira. Os hieróglifos nos dão algumas dicas de como se dava a movimentação ritualística, com os pés sempre descalços, braços constantemente para o alto e/ou tocando instrumentos, pernas flexionadas e claramente em movimento, troncos que ora se inclinam, ora estão eretos, movimentos de cabeça inclinada para trás, para frente ou em torção, virada para o lado. A posição que conhecemos como "ponte" era considerada como símbolo do arco do céu sobre a noite, as mãos representando o leste e os pés o oeste. 14 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Dançarina. XIX Dinastia, c. 1300 a.C. Pintura em calcário. Museu Egípcio de Turim GRÉCIA ANTIGA Na Grécia antiga, as danças ao redor de árvores, de fogueiras e de teriam dado origem às danças circulares, que persistem até hoje e que são resgatadas por pessoas que se dedicam a esta pesquisa e a ensiná-las. Um exemplo brasileiro são as cirandas da região nordeste, em que dançar e cantar são praticamente uma coisa só. Os gregos tinham grande apreço à dança, que era essencial à educação e aos cultos. Platão aconselhava aos cidadãos gregos o aprendizado da dança para o desenvolvimento do autocontrole e para terem um melhor desempenho na arte da guerra. Várias referências que temos deste período são representações de dançarinos que provem de vasos e relevos, que encontramos em estudos de História da Arte. 15 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Fig. 13: A lamentação pelo morto. c.700 a.C. Vaso grego no estilo geométrico; altura 155 cm; Museu Arqueológico Nacional, Atenas. Fonte: História da arte. E.H. Gombrich. LTC: Rio de Janeiro,1995. Fig. 14: Paseas (Cerberus pintor) - 'Hércules, Cerberus e Hermes'-sótão-(figura- vermelha)-kylix-ca 525 aC- Boston Museum of Fine Arts (01.8025) Como não poderia deixar de ser, numa cultura bastante ligada a mitos, as danças gregas relacionam-se à mitologia. Os ritos de Dionísio e Baco são os mais conhecidos geralmente, mas havia muito mais deidades, como as de fertilidade. No santuário da deusa Ártemis no sul da Grécia, corais de garotas cantavam e dançavam em sua honra. Em Esparta, moças vinham ao santuário de Ártemis e executavam danças desenfreadas de êxtase para a deusa. No templo de Ártemis na Ásia Menor também há menção a mistérios onde as sacerdotisas donzelas entravam em "danças extáticas". Pã, o antigo deus da natureza, também era adorado em mistérios e danças noturnos no 16 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” mundo grego. Havia também mistérios celebrados em honra a Afrodite, deusa do amor e fertilidade humanos na ilha de Chipre. Danças ao som do tímpano (um tipo de címbalo) faziam parte desses ritos. E havia também os mistérios maiores celebrados perto de Atenas, para Deméter e Perséfone. Em algumas situações, música e dança eram consideradas curativas. Há indícios de que a dança dos sete véus tenha surgido quando Alexandre, o Grande, trouxe para o Império Helênico as delicadas sedas da Índia. A dança é de extrema importância para o nascimento do teatro grego, as tragédias que se originaram de cultos a Dionísio, o deus do vinho e das artes. BUSCANDO CONHECIMENTO Faça uma pesquisa sobre o Egito e a Grécia antiga nos sites: http://www.brasilescola.com/historiag/arte-egipcia.htm http://www.arteducacao.pro.br/hist_da_arte/hist_da_arte.htm#grega Você vai poder perceber a riqueza que essas culturas podem nos trazer. 17 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” UNIDADE 3 - MANIFESTAÇÕES CULTURAIS POPULARES BRASILEIRAS CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Entrar em contato com manifestações brasileiras do repertório da cultura popular e suas respectivas músicas, indumentárias e contexto. ESTUDANDO E REFLETINDO Como a cultura brasileira em geral, a dança brasileira foi se formando, amalgamando o que vinha da Europa - desde as danças da corte1 como também as danças populares e religiosas (quadrilhas, folias de reis, do divino, etc.) – à dança que os escravos africanos traziam e à cultura indígena, que existia previamente em nosso território, riquíssima em danças e rituais em que corpo, o movimento e a música são os principais elementos. Fique claro que essa amálgama aconteceu – e continua acontecendo - devagar, com muita resistência; resistência esta que perdura em alguns meios até os dias de hoje. E, no imenso território brasileiro, características distintas são desenhadas. O mais interessante é que, apesar de parecerem tão diferentes, as danças brasileiras têm algo em comum: há um fio que une todas elas, uma vivacidade, uma relação com a terra e com o céu; algo que talvez seja universal, quando se dança com inteireza, o ser inteiro dançando, não apenas executando passos ou contando “1,2,3,4...” com a música. A satisfação de quem dança o que está intrinsicamente relacionado à sua vida, à sua cultura, é algo que transborda, contagia quem vê, quem está perto, quem dança junto. Tive a oportunidade de realizar pesquisas de campo em diversas comunidades de cultura popular, numa rica vivência, e o que posso testemunhar é que as pessoas dali que dançam, tocam, cantam não o fazem apenas no momento da festa ou do 1 A dança clássica chegou ao Brasil com a corte de D. João VI, no início do século XIX. 18 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” ritual,mas carregam a dança e a música fortemente no seu dia a dia, presentes em movimentos e cantos de trabalho, em gestos cotidianos, no andar, no falar. Na preparação da festa isso tudo. começa a ficar mais fortes e explode no momento da manifestação2 propriamente dita. Sabemos que o Brasil é considerado, tanto por estrangeiros, quanto por muitos brasileiros, um país muito rico culturalmente, alegre, dançante, musical. E faz jus a tal título: as danças, as músicas e tudo que as acompanha, na cultura popular, não foram pesquisadas e construídas academicamente, mas sim socializadas de geração em geração, tendo um forte componente emocional relacionado às manifestações, geralmente sendo tradição entre aquelas pessoas. Vamos começar com alguns exemplos do nordeste brasileiro, onde muitas manifestações são preservadas, tendo adaptações e alterações que o tempo trouxe, mas mantendo sua essência. FREVO Iniciemos pelo Frevo: a própria palavra já carrega significado curioso, pois vem de “ferver”, mas como o povo muitas vezes dizia “frever”, foi assim ficando conhecido: é o frevo! O frevo freve, ou melhor, ferve mesmo! Tanto a música, animada, com seus vários instrumentos, quanto a dança rápida, saltitante, ágil, com muitos nomes interessantes de passos. Falando em passo... a dança do frevo é chamada “´passo”, pois “frevo” é a 2 Denominaremos manifestação cultural o que envolve mais de uma linguagem; nesta unidade, a maioria irá referenciar a dança, a música, o canto, muitas vezes o figurino, a comida e tudo o mais que envolva a manifestação que estiver sendo compartilhada. Manifestar no sentido de expressar‐se, revelar, tornar público um sentimento, um conhecimento ou pensamento. 19 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” música! E ambos nascem juntos - a música, ou seja, o frevo – e o passo. Contam e recontam os estudiosos do assunto – eu ouvi de Antonio Nóbrega, grande mestre de quem falaremos adiante – que o frevo teria nascido nas ruas do Recife, capital de Pernambuco, nos fins do século XIX e início do século XX, com as bandas militares que tocavam com seus instrumentos de metal: marchas, maxixes e dobrados. Na época do carnaval, orquestras se encontravam e muitas vezes entravam em confronto; por isso, eram protegidas por capoeiristas, que iam gingando à frente das bandas, ao som da música tocada; mas, conforme a música ficava mais rápida, eles deveriam acompanhar o ritmo e, consequentemente, a ginga ficava mais rápida, os passos mais curtos e saltitantes, dando origem aos passos de frevo. Fotos: United Nations Photo; Passarinho/Pref. Olinda. Imagem disponível em: Experimente colocar uma música de capoeira para tocar, com berimbau, num ritmo mais lento - de preferência capoeira angola - e gingar. A ginga é o passo básico da capoeira, em que saímos da base (pernas afastadas, pés paralelos), colocamos uma perna para trás, em seguida voltamos à posição inicial e então colocamos a outra perna para trás, voltando à base inicial novamente e assim sucessivamente, sempre alternando braços e pernas. Está gingando com músicas de capoeira? Ótimo! Agora coloque um frevo para tocar e experimente fazer a mesma ginga: você irá perceber 20 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” que, automaticamente, seguindo o ritmo, sua ginga estará parecendo um passo de frevo! E, se permitir-se ousar, poderá executar diversos passos como: tesoura, ferrolho, saci, faz-que-vai-mas-não-vai, caindo nas molas, bêbado, nadando de frente, nadando de costas, passeio na pracinha, ponta de pé e calcanhar. Mas: e o guarda chuva? Ah, este era um instrumento de defesa e ataque também; caso houvesse alguma briga, o guarda chuva (grande e preto, na época) entrava em ação, como uma arma! Com o tempo, as desavenças foram se dissipando, mas ficou até hoje o guarda chuva pequeno e colorido, ajudando o passista, que é quem dança o frevo, a abrir espaço entre a multidão e a elaborar suas evoluções, passando o guarda chuva embaixo das pernas, jogando-o para cima e pegando-o em seguida, movimentando-o para os lados, para cima e para baixo etc.; só não pode deixar o guarda chuva – ou sombrinha - parado! imagem disponível em http://flavio52arruda.blogspot.com.br/2011/09/dia-internacional-do- frevo.html O povo em geral dança o frevo se divertindo, como sabe e como pode e há aqueles passistas profissionais, que dançam passos mais elaborados e muitas vezes até mesmo acrobáticos. 21 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” BUSCANDO CONHECIMENTO Conheça um pouco mais sobre o Frevo e o carnaval de Olinda nos vídeos a seguir: http://carnaval.olinda.pe.gov.br/historia http://flavio52arruda.blogspot.com.br/2011/09/dia-internacional-do-frevo.html Veja alguns desses passos de Frevo neste vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=xQfI-KLZtzI&feature=related Em Recife existe a Escola Municipal de Frevo Maestro Fernando Borges, equipamento da Fundação de Cultura da Cidade do Recife, com um trabalho sólido, conforme podemos ver neste vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=bCDF2XxxXnA&feature=player_embedded 22 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” UNIDADE 4 - MANIFESTAÇÕES CULTURAIS POPULARES BRASILEIRAS / MARACATU CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Entrar em contato com manifestações brasileiras do repertório da cultura popular conhecendo o Maracatu. ESTUDANDO E REFLETINDO Maracatu Rural ou de Baque Solto O Maracatu Rural ou de Baque Solto é conhecido nacionalmente pelos Caboclos de Lança, personagens que utilizam um figurino e adereços exclusivos: de imediato vemos um tipo de manto todo bordado de lantejoulas, que chamam de gola; sob a gola está o surrão, com chocalhos colocados nas costas, que são como sinos que se costuma colocar no gado, o que propicia um som bastante característico, enquanto os caboclos – ou laceiros – dançam. Empunham lanças de cerca de 2 metros, de madeira adornada, com fitas coloridas, que movimentam com ambas as mãos. Chapéus coloridos, sendo em sua maioria enfeitados abundantemente com fitas de ráfia ou material laminado, compõem o figurino. Alguns também usam grandes óculos de sol e levam uma flor na boca. Certa vez entrevistei Mestre Salustiano (em 1992), do Maracatu Piaba de Ouro, de Olinda e ele revelou que a flor carregava o simbolismo do feminino, que era sempre confeccionada pelas mulheres – esposa, filha ou mãe do caboclo de lança – e que tinha um segredo: era perfumada. Para que o caboclo não se esquecesse da doçura, mesmo sendo guerreiro. 23 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Imagens disponíveis em: http://vilamundo.org.br/2010/09/oficina-de-maracatu-rural- no-brincante/ e http://www.discounttravelcover.com/images/maracatu/2, respectivamente. O maracatu rural tem ainda os personagens: rei, rainha, a porta bandeira (ou baliza), a dama do passo (ou paço), o Mateus, a Catirina, a burra, o caçador, as baianas e os caboclos de pena que carregam na cabeça um grande cocar de penas. Os instrumentos do maracatu rural são: de percussão - tarol (ou caixa), surdo, ganzá, chocalhos, porca (cuíca), zabumba, gonguê - e de sopro - clarinete, saxofone, trombone e corneta (pistom). Alguns Maracatus Rurais: Cambinda Brasileira, Piaba de Ouro, Chuva de Prata, Flor do Cajueiro, Leão da Aldeia, Águia de Ouro, Cruzeiro do Forte, Estrela da Tarde, Estrela de Ouro. Bonecões Os bonecões gigantes de Olinda têm cerca de 3 metros de altura e costumavam pesar aproximadamente 50 quilos, nos primórdios, mas hoje são confeccionados em fibra de vidro, resina e massa acrílica, o que os tornou mais leves. Os bonecos geralmente representam figuras históricas,políticas ou folclóricas e já são mais de 300 que desfilam a cada ano. O primeiro foi o “Homem da Meia-Noite”, criado em 1932, até hoje é o personagem que abre o carnaval de Olinda, desfilando à noite, no sábado de carnaval. 24 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Sua expressão é marcante, com um largo sorriso em que brilha um dente de ouro; seu figurino é um terno verde e tem como adereços uma cartola e um relógio que sempre marca meia-noite. Em 1967, foi criada a Mulher do Dia, com longos cabelos negros, também um dente dourado em seu sorriso, com vestido amarelo e azul. O Menino da Tarde dizem que seria filho do Homem da Meia Noite com a Mulher do Dia, criado em 1974. E a família se completa, em 1977, com a Menina da Tarde que a cada ano sai no carnaval com um vestido novo. 25 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Homem da meia noite, um dos bonecões mais conhecidos. E Mulher do Dia. Imagens disponíveis em: http://www.onordeste.com/onordeste/enciclopediaNordeste/index.php?titulo=Homem +da+Meia+Noite<r=h&id_perso=1949 e http://carnaval.olinda.pe.gov.br/noticias/com-um-metro-e-40-cm-e-40-kg-boneco- gigante-mulher-do-dia-e-icone-do-carnaval-olindense, respectivamente. Vários bonecões em desfile, no carnaval de Olinda. Imagem disponível em: http://www.pernambuco.com/ultimas/nota.asp?materia=20120221111954 Influenciados por essa cultura que pulsa, muitos grupos profissionais de dança, música, teatro trabalham ritmos, personagens, figurinos, enfim, as concepções de suas criações a partir da rica cultura popular brasileira. Já que focamos até aqui em Pernambuco, vamos referenciar (e reverenciar) o trabalho que se inicia com um pernambucano que é um artista multifacetado, que 26 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” começa sua carreira na música, expande para a dança e o teatro, mesclando elementos do circo, pesquisando sempre: Antônio Nóbrega, fundador do Instituto Brincante, localizado em São Paulo, mas repleto de cultura pernambucana e outras culturas que ele pesquisa, nesse imenso Brasil. Como artista, ele colabora, por um lado, para a preservação e a difusão da cultura popular tradicional, com vídeos, oficinas e cursos que ministra e, por outro lado, atua com criação artística, a partir de sua leitura, suas impressões e sua criatividade, desenhando uma dança brasileira. BUSCANDO CONHECIMENTO Assita o DVD Lunário Perpétuo, o personagem Tonheta brinca, toca, canta, dança e o seu criador e intérprete (Antônio Nóbrega) assiste, em vídeo editado: http://www.youtube.com/watch?v=qIB5-XdMqDc&feature=relmfu Neste outro link, Antônio Nóbrega utiliza passos do cavalo marinho e outros elementos de suas pesquisas de campo, tendo aqui inclusive comentários de Ariano Suassuna: http://www.youtube.com/watch?v=gqZvdxKdau0 Neste outro vídeo, intérpretes e pesquisadores do Brincante, em vídeo elaborado, com mudanças de cenários, figurinos, temas etc: http://www.youtube.com/watch?v=u74vKIRosp0 Sites para quem se interessar em conhecer mais sobre este grande mestre e sua trupe: http://www.antonionobrega.com.br/site/src/index_ful.html e http://www.institutobrincante.org.br/ 27 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” UNIDADE 5 - MANIFESTAÇÕES CULTURAIS POPULARES BRASILEIRAS / CURURU / SIRIRI / BATUQUE DA UMBIGADA CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Entrar em contato com manifestações brasileiras do repertório da cultura popular conhecendo o Cururu, Siriri e o Batuque da Umbigada. ESTUDANDO E REFLETINDO CURURU Migrando agora para outra região brasileira, vamos incursionar por manifestações do centro-oeste, principalmente Mato Grosso, onde reúnem o siriri, o cururu, as procissões fluviais, folia do divino, o chorado, a dança do congo e, na divisa dos estados de Mato Grosso com Goiás, as folia de reis e a catira, entre outros. O cururu é o mais conhecido, seguido pelo siriri. O primeiro é conhecido por ser música e não dança, inclusive há uma música de siriri que diz, em seu canto: “cururu é pra tocar, siriri é pra dançar...”. Mas ouvi de alguns mestres cururueiros e pude presenciar - uma única vez - o cururu sendo dançado, conforme conto a seguir. A princípio, vamos situar o cururu, cujos instrumentos são: a tradicional viola de cocho, o ganzá de bambu, chamado também reco-reco e o adufo (ou adufe), um tipo de pandeiro, nem sempre presente. Cantam sempre aos pares, em desafio ou não, em diversas situações: nas obrigações religiosas (levantamento de mastro, lavagem de santo etc.) assim como fazem toadas sobre política, amor, “causos”, improvisando como repentistas ou cantando versos já elaborados anteriormente. Colocam-se em formação de roda ou meio círculo (mais comum esta segunda formação quando tem público assistindo) Quando surge a dança, é só entre os próprios cururueiros: A dança, chamam sapateio: quando um cururueiro avança ao centro da roda e coloca- 28 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” se à frente do outro, sapateando, é como um desafio ou um convite – aceito, eles avançam e recuam, provocando um ao outro com ataques e esquivas, em tom de brincadeira, sempre com o instrumento à mão, demonstrando destreza, agilidade e astúcia. A expressão “brincar” é utilizada referindo-se à ludicidade da manifestação.” (BAPTISTELLA, 1997: 22-23) Tive a oportunidade de assistir a uma roda de cururu, numa festa do Quilombo do Mata Cavalo3: existia uma brincadeira aliada a desafios, passos que lembravam ora capoeira, ora congado, ora siriri, tudo improvisado, com os instrumentos à mão, fosse a viola de cocho, fosse o ganzá ou o adufe. A riqueza de movimentos me fez ver aquela roda de cururu com muita dança, mas nem sempre é assim; na maioria das vezes, o cururu é só música, viola de cocho, ganzá e cantoria, como nas festas de santos, por exemplo. O siriri geralmente abarca os cururueiros, que tocam seus instrumentos e ainda há o mocho ou tambori: um tipo de banquinho que é percutido com duas baquetas, podendo ser tocados por homens ou mulheres. Na dança, entram homens, mulheres e crianças. Há o siriri de roda, de fileira e outras formações. Há vários grupos de siriri, acontecem festivais, competitivos ou não e os grupos são maravilhosos. Geralmente, os competitivos têm apenas jovens dançando, mas quando a festa acontece nos quintais e terreiros, todos participam, como manda a tradição. O BATUQUE DA UMBIGADA O batuque de umbigada do interior de São Paulo reúne batuqueiros dos municípios de Piracicaba, Tietê e Capivari. Dançam ao som dos instrumentos: tambus (grandes troncos escavados, que são tocados com um tocador sentado sobre ele e 3 29 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” outro percutindo-o com 2 baquetas chamadas matracas); guaiás, chocalhos metálicos que os batuqueiros empunham enquanto dançam ou cantam e um tambor menor, o quingengue, que fica apoiado no tambu e é tocado com as mãos, por um tocador que fica em pé. A dança tem início com duas fileiras, uma de frente para a outra, sendo uma de homens e uma de mulheres, o cantador ou a cantadora inicia, os tambores são percutidos e num dado momento os dançadores se deslocam, há avanços e recuos, até que iniciam as umbigadas – dizem “bater umbigada”. A umbigada acontecesse num momento específico da música, de forma séria, os homens com as mãos para cima, muitas vezes batendo palmas ou erguendo os braços para o alto simplesmente, as mulheres também com mãos para cima ou segurando a saia, que é ampla, longa e bem rodada. Os homens vestem-se tradicionalmente com calças brancas e camisa vermelha, às vezes chapéus, às vezes lençosno pescoço. Batuque de Umbigada no Programa Viola Minha Viola ...semac.piracicaba.sp.gov.br 30 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Festival de Cururu e Siriri em Cuiabá-MT meneguini.wordpress.com ”IX Festival Cururu ... jornalcorreiodasemana.com.br BUSCANDO CONHECIMENTO Um grupo antigo de siriri de Cuiabá, de região ribeirinha, liderado pela Dona Domingas, pessoa generosa, que vive em função da preservação da cultura mato- grossense, é o Flor Ribeirinha. Assista: http://www.youtube.com/watch?v=BnHwApkYywI e http://www.youtube.com/user/florribeirinha?feature=results_main 31 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Para mais dados sobre o batuque de Umbigada, acesse: http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=vtls000317729 e faça o download da dissertação “Mulheres em Cozinhas e terreiros, palcos de Chorados (MT) e Batuques (SP)” (2004), dissertação de mestrado da autora desta disciplina. http://www.youtube.com/watch?v=q8UzNqD43OU ? http://www.youtube.com/watch?v=8M3BNcQnZsU 32 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” UNIDADE 6 - MANIFESTAÇÕES CULTURAIS POPULARES BRASILEIRAS / SAMBA CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Entrar em contato com manifestações brasileiras do repertório da cultura popular conhecendo o Samba. ESTUDANDO E REFLETINDO SAMBA Por fim, vamos falar um pouco da dança e música que são marcas fortes do nosso país: o samba. No exterior, o samba é considerado marca registrada brasileira, assim como o futebol. O samba de raiz é transmitido de geração a geração, como as outras tradições populares que abordamos até aqui e também não é só um ritmo, um compasso bem definido e uma dança com passos característicos, mas abarca uma cultura ampla. O primeiro samba gravado no Brasil foi Pelo Telefone, no ano de 1917, de Mauro de Almeida e Donga, cantado por Bahiano. Tempos depois, o samba tomaria as ruas e se espalharia pelos carnavais do Brasil, tendo como principais sambistas, nessa época: Sinhô, Ismael Silva e Heitor dos Prazeres. Heitor dos Prazeres, autor de Pierrô Apaixonado, em parceira com Noel Rosa, foi também artista plástico, tendo em suas obras a cultura do morro, do samba, do povo. Na década de 1930, com a difusão de músicas pelo rádio, o samba se espalhou pelo Brasil. Grandes compositores sambistas desta época: Noel Rosa (autor de Conversa de Botequim); Cartola (As Rosas Não Falam); Dorival Caymmi (O Que É Que a Baiana 33 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Tem?); Ary Barroso (Aquarela do Brasil), Adoniran Barbosa (Trem das Onze), entre outros. E novas gerações de sambistas vão surgindo. Na década de 1970 e 1980: Paulinho da Viola, Jorge Aragão, João Nogueira, Beth Carvalho, Elza Soares, Dona Ivone Lara, Clementina de Jesus, Chico Buarque, João Bosco e Aldir Blanc. Outros nomes ligados ao samba: Pixinguinha, Ataulfo Alves, Carmen Miranda, Nelson Cavaquinho, Aracy de Almeida, Demônios da Garoa, Isaura Garcia, Candeia, Elis Regina, Nelson Sargento, Clara Nunes, Wilson Moreira, Elizeth Cardoso, Jacob do Bandolim e Lamartine Babo, entre outros. A primeira escola de samba, intitulada “Deixa falar” surgiu nos anos 20, no Largo do Estácio, no Rio de Janeiro. Há quem diga que o termo “escola” de samba teria sido uma alusão a uma escola que funcionava perto de onde ensaiavam e uma ironia, pois a maioria dos sambistas não tinha estudo, não frequentava escola formal mas, ao mesmo tempo, teria sido reflexo de um desejo, pois o samba é mesmo uma escola, onde todos aprendem e pretendia-se que isso fosse reconhecido. Em 1929, a segunda escola de samba surge: Estação Primeira de Mangueira e, em 1930, mais cinco escolas passam a existir. Em 1932 aconteceu o primeiro desfile de escolas de samba, na Praça Onze, no Rio de Janeiro, quando a imprensa repercute positivamente o evento e a classe média passa a ver o samba com outros olhos. “Quem não gosta de samba, bom sujeito não é, ou é ruim da cabeça, ou doente do pé”. Dorival Caymmi, Samba da minha terra Porta bandeiras, mestre salas, passistas, baianas, velha guarda e todas as alas desfilam ao som da bateria; surdos, tamborins, cuícas, pandeiros e chocalhos foram os primeiros instrumentos utilizados para tocar o samba. Hoje a variedade é mais 34 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” abrangente, assim como o espetáculo das escolas de samba atualmente é grandioso, envolve muito marketing, muitos artistas conhecidos do grande público, prestígio, dinheiro, mas, lá nos morros, ainda é uma tradição, que se desenvolve ao longo do ano todo e não apenas em fevereiro. “Samba” – Di Cavalcanti- óleo sobre tela – 1928 35 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Porta Bandeira e mestre sala da Mocidade Independete do Sanharol, ...blogs.diariodonordeste.com.br Ciente de que não é possível fazer um inventário completo das danças e dos ritmos brasileiros nesta unidade, recomendo que cada um procure, com base nas informações e descrições contidas aqui, sua própria referência em relação a este universo. O que é tradicional em sua família? Talvez sua tradição seja de origem italiana, alemã, japonesa ou uma mistura de várias nacionalidades e culturas. O que proponho é que você conheça a cultura do país em que vive (que se amalgama com várias outras) e que, com base nas descrições sobre tradição e cultura possa perceber a sua e possa investigar com seus alunos a deles, a da comunidade escolar e a do entorno da escola em que estiver lecionando. Bumba meu boi, boi-bumbá, boi-à-serra, lundu, pau de fita, congada, moçambique, fandango, carimbó, maculelê, baião, forró, chula, marujada, jardineira, vilão, chorado, dança de São Gonçalo, forró, xaxado e outras tantas não foram aqui abordadas, não 36 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” por serem menos importantes, mas porque tive que fazer escolhas, uma vez que esta disciplina não é específica sobre danças e ritmos brasileiros. O mais importante é que você, aluno ou aluna, compreenda que as manifestações populares brasileiras são repletas de linguagens artísticas amalgamadas, em transdisciplinaridade, onde a música e a dança são quase uma coisa só, pois o corpo dança com ritmo pulsante e a música é feita pelos corpos que percutem, tocam, cantam. BUSCANDO CONHECIMENTO No link abaixo temos imagens de obras plásticas, ao som de uma música da autoria de Heitor dos Prazeres: http://www.youtube.com/watch?v=zh9Ez2wGpEQ http://www.youtube.com/watch?v=4W5Cf_3r5FE Você pode aprender neste link sobre a origem do samba: http://www.youtube.com/watch?v=jnmPOaf8yTk 37 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” UNIDADE 7 - RITMO, TEMPO E SOM CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Adquirir compreensão de sonoridades e tempos corpóreos e musicais. ESTUDANDO E REFLETINDO Quando falamos em ritmo, o que vem à sua cabeça? Pessoas batucando? Dançando? O pulso do coração? No nosso dia a dia vivenciamos acontecimentos rítmicos, o tempo todo: a respiração, o caminhar, as batidas do coração, os períodos de dormir e de estar acordado (sono e vigília), o piscar dos olhos. E há ciclos: as estações do ano; o tempo de plantar, o tempo de colher; os ciclos menstruais; os ciclos escolares e os aniversários: anuais, rítmicos. O ritmo que interessa diretamente a esta disciplina é aquele relacionado ao movimento, à música e à cena. E que, de alguma forma, está relacionado às considerações do parágrafo anterior, pois onde há ritmo, há movimento e som. Cada pessoa tende a ter um ritmo de movimentos e de fala predominantes, mas essa extensão pode ser ampliada para alcançardiferentes expressões, como quando se conta uma história, quando se está admirado, feliz, infeliz, indiferente... Comparando com a fala, o movimento: pode ser rápido ou lento e a noção de rápido e de lento de cada pessoa pode variar; o importante é trabalharmos múltiplas nuanças entre os dois extremos. Na dança e na música é essencial considerar contrastes, variações, quebras de ritmos etc. Ou corremos o risco de sermos monocórdios ou monótonos em nossas criações. É importante que, quando tratemos de dança, não pensemos apenas em corpos se movendo, mas também em corpos que silenciam, que aceleram e ralentam, que movimentam, por vezes, delicadamente, com sutileza, uma pequena parte do corpo. E que haja lugar para o som, para o silêncio e para o contratempo, tanto nos sons quanto nos movimentos. 38 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Um texto para refletirmos poeticamente, com Clarice Lispector, sobre tempo e contratempo, aquilo que está “entre”. E sobre o silêncio: Dá me a tua mão. Vou agora te contar como entrei no inexpressivo que sempre foi minha busca cega e secreta. De como entrei naquilo que existe ente o número um e o número dois, de como vi a linha de mistério e fogo, e que é linha sub reptícia. Entre duas notas de música existe uma nota; entre dois fatos existe um fato; entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam existe um intervalo de espaço, existe um sentir que é o entre sentir - nos interstícios da matéria primordial está a linha de mistério e fogo que é a respiração do mundo, e a respiração contínua do mundo é aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio. (LISPECTOR, Clarice Dá-me tua mão. in: A Paixão segundo GH. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1979, p. 94). 39 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” A dançaterapia é um tratamento em que se utiliza a dança como terapia. dancoterapiaapr.blogspot.com BUSCANDO CONHECIMENTO Vamos descobrir que não existe silêncio absoluto, nem em termos de sons, nem de movimentos. Há relatos de pessoas que ficaram algum tempo em uma câmara anecoica (sem eco) e que dizem que o quase absoluto silêncio (essa câmara bloqueia em 99,9% os ruídos externos) é enlouquecedor, porque os ruídos internos do corpo começam a se evidenciar e ouve-se o som do sangue correndo nas veias e artérias, o som do pulmão, da respiração e, num dado momento, há o risco de se ter alucinações, ouvindo sons que não estão ocorrendo, tudo produzido por nosso cérebro. Confira: http://blog.brasilacademico.com/2012/04/sala-mais-silenciosa-do-mundo.html ou http://www.jkg.com.br/interessante/1265/o-local-mais-silencioso-do-mundo-deixa- voce-maluco-em-45-minutos ou 40 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” http://diariodeumruido.blogspot.com.br/2010/08/camara-anecoica-ou-semi- anecoica.html Para tratarmos de ritmo e movimento associados diretamente, vamos fazer referência a dois grupos4, um nacional e um internacional, que fazem trabalhos incríveis, altamente cênicos e musicais e que costumam despertar o interesse de pessoas de todas as idades: Barbatuques e Stomp. O Barbatuques é um grupo brasileiro, que teve início em 1996, tendo como fundador Fernando Barba, formado em Música pela Unicamp. Hoje o seu núcleo artístico e pedagógico é formado por 15 participantes de formações variadas, todos com uma familiaridade fantástica com ritmo e corpo. http://www.barbatuques.com.br/br/index.php/sobre/ É interessante perceber como trabalham com sons inusitados e como fazem música com esses sons. Vale a pena pesquisar em seus CDs e nos vídeos:http://www.youtube.com/user/barbatuques Esses são mais didáticos: http://www.youtube.com/watch?v=CUUQ9GkClm0 http://www.youtube.com/watch?v=atPmM1xzWek Direcionados a crianças: http://www.youtube.com/watch?v=YadVfzj8_FA&list=UUWiT9kFZixWURbrDUFE7DRw&i ndex=2&feature=plcp Música “Baianá”, da cultura popular brasileira: http://www.youtube.com/watch?v=KHyzrYBACcg&feature=relmfu Música como num diálogo: http://www.youtube.com/watch?v=CuDrCVfFS- Q&list=UUWiT9kFZixWURbrDUFE7DRw&index=26&feature=plcp 4 São vários os grupos e companhias que tratam do tema. Destacamos alguns, como a Cia Tugudum (de Campinas – SP; acesse: http://tugudum.com.br/site/ e leia os textos no link pesquisa, veja as fotos, entre em contato) e o Teatro Brincante, que já citamos em unidade anterior. 41 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Após todos estes vídeos do Barbatuques, você consegue ter ideias para percussões corporais com os alunos? Mostre os vídeos a eles, que te ajudarão na criação, certamente! Vamos ao outro grupo que anunciamos: Stomp. É um grupo inglês, criado por Steve McNicholas e Luke Cresswell no início dos anos 90, que logo se tornou conhecido pela originalidade e irreverência de suas performances. São utilizados objetos do cotidiano como instrumentos de percussão: bolas de basquete, vassouras, latões, isqueiros, garrafas de água, jornais, panelas, entre outros, explorando o potencial sonoro de cada objeto, que também se torna estético, visual, cênico, quando colocado no palco. Suas performances são geralmente de grande intensidade, força física e bastante teatral, alguns desenvolvendo pequenos roteiros, como os que seguem nos links abaixo: http://www.youtube.com/watch?v=zYXUm8GgPjE (basquete na rua) http://www.youtube.com/watch?v=XXD76CSpfc0 (cozinha) http://www.youtube.com/watch?v=rg-G6sHSp5M&feature=related (baralho) http://www.youtube.com/watch?v=7NhFmARAgu0 (jornal) Interessante é que o Stomp é formado por profissionais de vários países, inclusive do Brasil; é um grupo que valoriza diferentes personalidades, não segue um padrão de tipo físico, ou de movimentação. Veja reportagem sobre brasileiro que atua no grupo: http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,musico-baiano-acompanha-stomp-em- turne-pelo-brasil,596759,0.htm 42 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” UNIDADE 8 - RITMO, TEMPO E SOM NA ESCOLA CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Entrar em contato com montagens criativas que envolvam dança, música e linguagens artísticas multidisciplinares dentro da escola e. ESTUDANDO E REFLETINDO Várias linguagens artísticas - a dança, a música, o figurino, a cenografia, os objetos de cena etc. - compõem um espetáculo. Mas, o mais importante, é que tudo esteja adequado e alinhado à proposta, à concepção do trabalho como um todo. O movimento é uma importante dimensão do desenvolvimento e da cultura humana. As crianças se movimentam desde que nascem, adquirindo cada vez maior controle sobre seu próprio corpo e se apropriando cada vez mais das possibilidades de interação com o mundo. Engatinham, caminham, manuseiam objetos, correm, saltam, brincam sozinhas ou em grupo, com objetos ou brinquedos, experimentando sempre novas maneiras de utilizar seu corpo e seu movimento. Ao movimentar-se, as crianças expressam sentimentos, emoções e pensamentos, ampliando as possibilidades do uso significativo de gestos e posturas corporais. O movimento humano, portanto, é mais do que simples deslocamento do corpo no espaço: constitui-se em uma linguagem que permite às crianças agirem sobre o meio físico e atuarem sobre o ambiente humano, mobilizando as pessoas por meio de seu teor expressivo. REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL; Vol. 3 Conhecimento de Mundo. De nada adianta uma ideia linda, com uma concepção maravilhosa, se quem vai atuar estar em cena, não a compreendeu, não participou, não “comprou” a proposta. Trabalhei 10 anos em uma escola onde tínhamos uma tarde por semana lidando com diversas linguagens artísticas, de forma lúdica e com um pé na pesquisa. Eram crianças 43CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” de 1º a 3º anos numa tarde e de 4º a 6º na outra tarde. Éramos três profissionais artistas educadores: um de dança, um de teatro, um de música. Ora juntávamos o grupo todo, ora dividíamos os alunos em grupos menores, fazíamos oficinas, víamos vídeos, obras de arte, escutávamos músicas e, o mais importante, criávamos! As maneiras de andar, correr, arremessar, saltar resultam das interações sociais e da relação dos homens com o meio; são movimentos cujos significados têm sido construídos em função das diferentes necessidades, interesses e possibilidades corporais humanas presentes nas diferentes culturas em diversas épocas da história. Esses movimentos incorporam-se aos comportamentos dos homens, constituindo-se assim numa cultura corporal1. Dessa forma, diferentes manifestações dessa linguagem foram surgindo, como a dança, o jogo, as brincadeiras, as práticas esportivas etc., nas quais se faz uso de diferentes gestos, posturas e expressões corporais com intencionalidade. Ao brincar, jogar, imitar e criar ritmos e movimentos, as crianças também se apropriam do repertório da cultura corporal na qual estão inseridas. REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL; Vol. 3 Conhecimento de Mundo. Essas criações iam sendo registradas (em fotos, em livro da vida, em vídeos, em desenhos dos alunos etc) e, ao final do semestre, tínhamos muito material e era simples montar uma coreografia para a festa junina, uma apresentação que resolvêssemos fazer para os pais, na saída da aula ou em alguma festa da escola ou até mesmo fora da escola. Faço este relato aqui, para testemunhar que, quando as crianças estão envolvidas com o material, com a prática do fazer e estão em contato com obras diversas (de artes visuais, música, dança, teatro), quando se apresentam, o fazem gostando, participando mesmo, sem serem obrigados. Quem nunca viu uma criança entrar chorando numa quadrilha de festa junina na escola? Ou ficar escondida (ou em um colo) para não 44 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” participar? Ou ainda fazer tudo, mas apreensiva, sem “curtir” aquele momento, que deveria ser prazeroso, especial? O momento de se apresentar deve ser quando ela oferece, dá ao outro o que aprendeu, o que descobriu, o que criou e aquilo de que se apropriou. O movimento para a criança pequena significa muito mais do que mexer partes do corpo ou deslocar-se no espaço. A criança se expressa e se comunica por meio dos gestos e das mímicas faciais e interage utilizando fortemente o apoio do corpo. A dimensão corporal integra-se ao conjunto da atividade da criança. O ato motor faz-se presente em suas funções expressiva, instrumental ou de sustentação às posturas e aos gestos . REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL; Vol. 3 Conhecimento de Mundo. É quando ela mostra, com gosto, algo que ela está fazendo e sabe que é algo bacana, divertido, mas sério, como um jogo, conforme nos mostra o filósofo holandês Huizinga (1990), que define o jogo como "uma função da vida,... é uma atividade voluntária e a primeira das características fundamentais do jogo é o fato de ser livre, de ser ele próprio liberdade" (HUIZINGA: 1990, 47). O jogo não desportivo, não competitivo, mas como atividade lúdica, em que se joga com parceiros, com colegas. Ainda tendo como referência Huizinga (1990), vemos que a criança joga e brinca na mais perfeita seriedade, mas sabendo que é uma brincadeira, um jogo e pode interrompê-lo quando quiser. Os jogos, as brincadeiras, a dança e as práticas esportivas revelam, por seu lado, a cultura corporal de cada grupo social, constituindo-se em atividades privilegiadas nas quais o movimento é aprendido e significado. Dado o alcance que a questão motora assume na atividade da criança, é muito importante que, ao lado das situações planejadas especialmente para trabalhar o movimento em suas várias dimensões... 45 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL; Vol. 3 Conhecimento de Mundo. Divulgação. Coluna_uxa. Trabalho com crianças exige responsabilidade e ...agenciameios.com.br 46 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” crianças-brincando-nopatio Jogos e brincadeiras ajudam a desenvolver ... meupequenohotel.com.br BUSCANDO CONHECIMENTO A dança, música e linguagens artísticas dentro da escola e multidisciplinares são fatores importantíssimos para o desenvolvimento humano faça uma leitura no REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL e veja a importância do fazer artístico na escola: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume3.pdf E veja também alguns vídeos que mostram a importância do movimento na escola: www.ebc.com.br/.../videos/.../corpo-e-movimento-qua... http://www.youtube.com/watch?v=HkaixYgu454 47 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” UNIDADE 9 - MONTAGENS DE COREOGRAFIAS E ESPETÁCULOS CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Entrar em contato com montagens criativas de espetáculos que envolvam dança, música e linguagens artísticas multidisciplinares. ESTUDANDO E REFLETINDO A linha de pensamento de que o artista da cena deve se sentir à vontade, criador, deve se apropriar do que está fazendo, vou abordar alguns espetáculos que dirigi cujo processo baseou-se em criação coletiva, de todos: diretora, intérpretes, músico, artistas visuais, iluminador, cada qual com sua arte, em processo colaborativo. “Vazantes...”5 foi um espetáculo em que atuavam um ator e uma atriz, ambos com trabalho forte corporal, portanto atuavam como atores e como dançarinos. Para se alimentarem para este trabalho, foram pesquisar em campo: ficaram cerca de 20 dias em uma comunidade riberirinha de mato grosso, nos arredores de Cuiabá, a comunidade do São Gonçalo Beira Rio, muito conhecida por seu artesanato, suas danças e sua cultura em geral (já mencionamos esta comunidade na unidade 3). O músico que faria a trilha sonora também ficou hospedado na comunidade. Conversaram muito com os dançadores de siriri, os cururueiros, os artesãos, pescadores; não para imitá-los, nem tampouco para que seus personagens fossem alguma daquelas pessoas, mas para se imbuírem de outros universos, para mexerem em suas referências, em suas memórias e estarem plenos para criar. Voltando de lá, ficamos em trabalho em sala, durante cerca de 6 meses, fazendo aulas técnicas de corpo, voz, atuação, jogos e em laboratórios de criação. Como diretora, meu papel era o de conduzir o trabalho e pensar roteiros, experimentando sequencias de cenas, até 5 Direção; Rosana Baptistella; Artistas de cena: Eduardo Albergaria e Erika Cunha; Músico criador: Rui Barossi e Iluminação: Eduardo Albergaria. Criação: toda a equipe. Fotos: Aroldo Berçot. 48 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” encontrarmos uma em que todos se sentissem bem, com organicidade. Algumas imagens de “Vazantes...”: Outro espetáculo: “Entre Paragens”6. Foi criado a partir de experiências do bailarino e da diretora com foliões da folia de reis, catireiros (que dançam catira), não só em suas festas, mas também conversando em suas casas, entrando em contato com suas histórias. Apesar de ser um solo (apenas um bailarino em cena), a equipe é extensa: além da diretora, já mencionada, mais três profissionais: um iluminador, uma figurinista, 6 Direção: Rosana Baptistella. Bailarino: Daniel Costa. Músico: Marco Scarassatti. Figurinos, adereços e cenário: Helô Cardoso. Iluminação: Eduardo Albergaria. Todos criadores. Fotos: Suzana Barretto. 49CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” aderecista e cenógrafa e um músico. Cada qual se envolveu profundamente, colaborando para a criação final. Mais dados sobre este trabalho em: 50 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” O espetáculo Entreparagens é um desdobramento de outro, anterior, intitulado “Rosamélia e Bartolomeu”7, que se apresentou em escolas e espaços culturais, como vemos nas fotos abaixo: BUSCANDO CONHECIMENTO Confira mais sobre o espetáculo “Entre Paragens” no link: http://portalabrace.org/vicongresso/territorios/Rosana%20Baptistella%20- %20Marco%20Scarassatti%20-%20Entreparagens.pdf Assista neste link, mais detalhes do trabalho, em entrevista concedida pela atriz do espetáculo: http://entrevistasbrasil.blogspot.com.br/2008/12/erika-cunha-e-o-ncleo-vazantes.html 7 Direção; Rosana Baptistella. Bailarinos: Camila Cóis e Daniel Costa. Figurinos e adereços: Helô Cardoso. 51 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” UNIDADE 10 - A DANÇA E A MÚSICA NO DESENVOLVIMENTO HUMANO CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: Conhecer a importância da dança e da música no desenvolvimento humano em paralelo o desenvolvimento infantil. ESTUDANDO E REFLETINDO A dança e a música sempre estiveram presentes nos momentos da história da sociedade, mas elas também fazem parte do cotidiano estão marcadas em pequenas coisas. Esses aspectos podem contribuir para o desenvolvimento da coordenação motora. A dança bem aplicada, na forma de trabalhar o corpo, faz com que a coordenação motora seja inserida no aprendizado de quem a pratica. Isso traz uma grande vantagem, pois toda carga de técnica nos movimentos mecânicos se reflete em ganho para o individuo que dança. Ficando assim com uma excelente coordenação motora. Roger Dance. http://mundodadanca1.blogspot.com/2011/03/importancia-da-danca.html E além de contribuir pra o desenvolvimento motor também contribuem para o desenvolvimento cognitivo. A dança tem uma grande contribuição no desenvolvimento cognitivo do ser humano, trazendo uma carga de sociabilidade e relacionamento enquanto pessoa no meio. Isso é muito importante quando aplicado como ferramenta da educação. Roger Dance. http://mundodadanca1.blogspot.com/2011/03/importancia-da- danca.html 52 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” 2 lugar grupo Jovem Escola Dancar ballet classico junior Creditos Agencia ...festivaldedanca.com.br E ao pensar na música relacionada ao desenvolvimento infantil é possível dizer que ela é essências nessa fase da vida humana. A música é a linguagem que se traduz em formas sonoras capazes de expressar e comunicar sensações, sentimentos e pensamentos, por meio da organização e relacionamento expressivo entre o som e o silêncio. A música está presente em todas as culturas, nas mais diversas situações: festas e comemorações, rituais religiosos, manifestações cívicas políticas etc. Faz parte da educação desde há muito tempo, sendo que, já na Grécia antiga, era considerada como fundamental para a formação dos futuros cidadãos, ao lado da matemática e da filosofia. A integração entre os aspectos sensíveis, afetivos, estéticos e cognitivos, assim como a promoção de interação e comunicação social, conferem caráter significativo à linguagem musical. É uma das formas importantes de expressão humana, o que por si só justifica sua presença no contexto da educação, de um modo geral, e na educação infantil, particularmente. REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL; Vol. 3 Conhecimento de Mundo. 53 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” A música é muito importante, mas se complementa ainda mais quando desenvolvida junto com a dança. No Brasil existem inúmeras danças, folguedos, brincadeiras de roda e cirandas que,além do caráter de socialização que representam, trazem para a criança a possibilidade de realização de movimentos de diferentes qualidades expressivas e rítmicas. A roda otimiza a percepção de um ritmo comum e a noção de conjunto. Há muitas brincadeiras de roda8 ,como o coco de roda alagoano, o bumba-meu-boi maranhense, a catira paulista, o maracatu e o frevo pernambucanos, a chula rio-grandense, as cirandas, as quadrilhas, entre tantas outras. O fato de todas essas manifestações expressivas serem realizadas em grupo acrescentam ao movimento um sentido socializador e estético. REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL; Vol. 3 Conhecimento de Mundo. 54 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” CRIANÇAS CANTANDO E DANÇANDO metodistavarginha.com CRIANÇAS DANÇANDO FELIZES escolaabertaouricuri.blogspot.com BUSCANDO CONHECIMENTO Você pode conhecer muito mais sobre os benefícios da dança no blog do Roger Dance no link: 55 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” http://mundodadanca1.blogspot.com/2011/03/importancia-da-danca.html O REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL pode contribuir para o seu desenvolvimento profissional, faça algumas pesquisas com o link abaixo: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume3.pdf Veja alguns vídeos que mostram a importância da dança e da música no desenvolvimento humano e infantil. http://www.youtube.com/watch?v=HaLJr0tre8c http://www.youtube.com/watch?v=xNI-pSv-wsk Av. Ernani Lacerda de Oliveira, 100 Parque Santa Cândida CEP: 13603-112 Araras / SP (19) 3321-8000 ead@unar.edu.br www.unar.edu.br 0800-772-8030 POLO MATRIZ http://www.unar.edu.br http://unar.info/ead http://www.unar.edu.br http://www.unar.edu.br Página 1 Página 2
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