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Curso de Concreto Armado 57 03/10/18 9.2 Dimensionamento e verificação de seções retangulares submetidas à flexão reta a) Simbologia específica De forma a simplificar a compreensão e, portanto a aplicação dos conceitos estabelecidos nesta seção, os símbolos mais utilizados encontram-se a seguir definidos (figura 17). Figura 17 - Notações adotadas h altura total da seção transversal d distância do bordo mais comprimido até o centro de gravidade das barras de aço que constituem a armadura tracionada pela flexão, cuja área total denomina-se As d’ diferença h - d, ou seja d’ = h - d D resultante das tensões de compressão que atuam sobre a parte da seção transversal comprimida pela flexão Z resultante das forças de tração provocadas pela flexão e absorvidas pelas barras de aço da armadura x fração da altura da seção transversal que está comprimida pela flexão, ou seja a distância do bordo mais comprimido até a linha neutra ( = 0) z braço de alavanca entre as resultantes de compressão D no concreto e de tração Z no aço, provocadas pelo momento fletor atuante na seção e tais que Md = zD = zZ c encurtamento do concreto na fibra mais comprimida s alongamento do aço da armadura principal de flexão bw largura da alma de uma viga Md momento fletor de cálculo Md,mín momento fletor de cálculo mínimo que permite calcular a armadura mínima de tração (passiva ou ativa) MSd,eq momento fletor solicitante de cálculo equivalente mín taxa geométrica mínima de armadura longitudinal de vigas taxa geométrica da armadura longitudinal de compressão b) Efeito Rüsch (carregamento de longa duração) Toda peça de concreto armado tem uma parcela de seu carregamento de longa duração, sendo a mesma referente ao peso próprio e ao peso dos materiais de revestimento, além de algum tipo de sobrecarga que, em função de sua ocorrência, possa ser considerada praticamente permanente. Verifica-se ser a resistência à compressão do concreto, para cargas de longa duração, inferior àquela referente a carregamentos rápidos, constituindo ainda fator agravante a existência de excentricidade na aplicação da carga. Deste modo, se trabalhamos com uma resistência do concreto retirada de ensaios de curta duração, precisamos aplicar sobre o valor assim obtido para a resistência característica fck um fator redutor que leve em conta sua diminuição devida a carregamento de longa duração. Curso de Concreto Armado 58 03/10/18 A partir dos estudos e ensaios feitos por H. Rüsch, chega-se à conclusão de que a redução de resistência do concreto devida a cargas de longa duração pode, simplificadamente, ser considerada da ordem de 15% daquela correspondente a carregamento de curta duração, e, desta forma, todas as normas internacionais mais recentes recomendam multiplicar-se por 0,85 as resistências características do concreto à compressão obtidas nos ensaios de curta duração. Para obras em que percentualmente a grande maioria do carregamento seja de longa duração (edifícios residenciais, depósitos, pontes de grandes vãos), este procedimento é de excelente aproximação. No entanto, em casos em que uma percentagem apreciável do carregamento for de curta duração (por exemplo, pontes ferroviárias de pequenos vãos), a utilização do fator redutor 0,85 é excessivamente desfavorável. Mesmo reconhecendo tal fato, as normas internacionais estabelecem, em caráter geral, o uso deste coeficiente. c) Hipóteses básicas Na análise dos esforços resistentes de uma seção de concreto armado devem ser consideradas as seguintes hipóteses básicas: as seções transversais se mantém planas após deformação (hipótese de Bernoulli) a deformação das barras passivas aderentes em tração ou compressão deve ser a mesma do concreto em seu entorno as tensões de tração no concreto, normais à seção transversal, são obrigatoriamente desprezadas no ELU apesar de os alongamentos de ruptura dos aços empregados nas armaduras de tração atingirem valores que vão desde 18% até 5% (CA-25 até CA-60), o alongamento máximo permitido no cálculo para a armadura de tração será de 1% (= dez por mil), visando prevenir deformações plásticas excessivas para a peça fletida o encurtamento de ruptura do concreto nas seções fletidas é de 0,35% (= três e meio por mil), sendo, no entanto, atingido o valor de cálculo da tensão limite de compressão igual a 0,85 x fcd, devido ao efeito Rüsch, para deformações a partir de 0,20% (= dois por mil). A distribuição de tensões no concreto (figura 18) se faz de acordo com o diagrama parábola retângulo definido no item 4.2 i). Figura 18 - Distribuição das tensões de compressão no concreto (ELU) Esse diagrama pode ser substituído pelo retângulo de altura 0,8 x (onde x é a profundidade da linha neutra), com a seguinte tensão: Curso de Concreto Armado 59 03/10/18 0,85 fcd no caso da largura da seção, medida paralelamente à linha neutra, não diminuir a partir desta para a borda comprimida 0,80 fcd no caso contrário As diferenças de resultados obtidos com esses dois diagramas são pequenas e aceitáveis, sem necessidade de coeficiente de correção adicional. Com base na figura 19, pode-se calcular o valor e a posição da resultante Dd das tensões de compressão no concreto. Figura 19 - Determinação de Dd Dd = R1 + R2 = 0,85 fcd bw 7 3 x + 3 2 0,85 fcd bw 7 4 x = 0,85 fcd bw x 0,809 (0,80 bw x) 0,85 fcd Tudo se passa, em termos de valor da resultante, como se tivessemos em uma altura constante e igual a 0,80 vezes aquela da região comprimida, a atuação de uma tensão uniforme de compressão igual a 0,85 fcd. Denominando y a distância em relação ao bordo mais comprimido da resultante das tensões de compressão, temos: Dd y = R1 14 3 x + R2 14 5x x y = fcdbwx fcdbwx 85,0809,0 85,0 1421 98 147 33 x xx x xx = 0,41 x 0,40 x Tudo se passa, em termos de valor e posição de resultante, como se adotássemos na zona comprimida um diagrama uniforme de tensões, com altura igual a 0,80 x, medida desde as fibras mais comprimidas e tensão constante e igual a 0,85 fcd. a tensão nas armaduras deve ser obtida a partir do diagrama tensão-deformação definido no item 4.3 f) e mostrado na figura 20.
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