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Parte 2 Gerenciamento de conflitos tema 2 Gerenciamento de conflitos Caro aluno, parabéns você chegou ao tema dois, onde estudaremos o conflito organizacional e os aspectos biopsicossociais que caracterizam o in- dividuo inserido na organização. Iremos aprender um pouco mais sobre a visão tradicional e a visão moderna de conflitos, como o gestor e/ou líder podem atuar na resolução dos conflitos e quais as estratégias que podem ser utilizadas. Iniciaremos nosso segundo tema refletindo a cerca dos aspec- tos biopsicossociais e o conflito organizacional, pois, como já foi visto no tema anterior é muito importante que o gestor em recursos humanos compreenda os aspectos que podem interferir no rendimento do funcionário e consequentemente da empresa e o conflito é um dos principais pro- blemas que interferem no desempenho tanto do individuo quanto da organização. 2.1 CONFLITO ORGANIZACIONAL O homem antes de tudo é um ser social, ou seja, necessita da convivência com outros indivíduos da mesma espécie para sua au- torrealização que é explicada pela teoria de Maslow. Ele pensava que o homem busca atingir a realização pessoal, também chamada de au- torrealização e para chegar a esse ponto o indivíduo deveria satisfazer quatro níveis de necessidade. Essa teoria foi ilustrada como uma pirâmide, onde o ápice é a realização pessoal. Os quatro níveis são: D fisiológico; D segurança; D relacionamentos (necessidades sociais); D estima. O homem constrói boa parte dos seus conhecimentos teóricos so- bre ele e o mundo em que vive a partir das relações sociais, ou seja, ele constrói as formas de satisfação de suas necessidades e faz isso com os outros homens. Podemos chamar esse tipo de construção teórica como sócio histórica. Após entender esse ponto de vista relacionado a neces- sidade de contato com outras pessoas vamos entender o que é um indi- víduo biopsicossocial. Segundo Limongi–França (2008, p. 5) o conceito de biopsicossocial vem da Medicina Psicossomática e ela propõe que o indivíduo deve ser considerado como um todo em uma visão integrada. 52 Negociação e Gerenciamento de Conflitos Podemos separar a visão biopsicossocial em três camadas para facilitar a compreensão, mas vale ressaltar que essas camadas estão interligadas no funcionamento do indivíduo. D A camada biológica São as características físicas que o indivíduo possui que pode ser adquirida durante o desenvolvimento dessa pessoa ou hereditá- rias (herdadas ao nascer). A camada biológica inclui o metabolismo do indivíduo e qual a resistência que ele tem diante de determinadas coisas o quanto seu organismo pode ser vulnerável a um tipo de doença por exemplo. D A camada psicológica É relacionada às questões afetivas, emocionais e de raciocínio, cons- cientes ou inconscientes, ou seja, as questões que compõe a personalidade de cada pessoa e o modo que ele reage diante das questões que ele vivencia. D A camada social São os valores e as crenças que a pessoa desempenha nos gru- pos que ele pertence e participa (pode ser a família, local de trabalho, amigos do bairro entre outros). Geralmente essas crenças e valores começam a ser formados na infância, diante disso, pode-se dizer que é na família que o indivíduo inicia sua vida social. O meio ambiente e o local onde a pessoa mora também forma a dimensão social. Após entender a visão biopsicossocial do indivíduo, vamos focar na camada social para compreender o conflito organizacional. Alguns autores afirmam que o surgimento do conflito se assemelha ao momento em que o ser humano inicia sua convivência com outros indivíduos da mesma espécie. Tema 2 Conceitos e Métodos 53 A disputa por alimentos (necessidade básica segundo a teoria Maslow) motivava o homem pré-histórico a entrar em conflito com outro. O conflito como foi visto no conteúdo 1.2 (Classificação e ca- tegorias) do tema um não se restringe ao confronto entre indivíduos. No mundo organizacional o conflito em níveis elevados é con- siderado um dos maiores problemas que podem diminuir o desem- penho do funcionário e, consequentemente, da empresa. Os aspectos negativos do conflito podem ser ainda mais preocupantes quando o tema é saúde do trabalhador e qualidade de vida no trabalho. A psi- cologia no ambiente organizacional, como foi visto no conteúdo 1.4 (Métodos e soluções de conflitos-habilidades), estuda os processos psicológicos presentes nas organizações. O psicólogo precisa ter uma noção do contexto cultural da organização. A ideia é compreender também os comportamentos dos indivíduos no ambiente de trabalho, bem como auxiliar no bem-estar. A função de zelar pelo bem estar do funcionário não se restringe ao psicólogo, o gestor de recursos huma- nos também deve se preocupar com esse fator. O stress e a diminuição na qualidade de vida (que serão aborda- dos em parágrafos seguintes) e outros problemas de saúde podem sur- gir quando o ambiente de trabalho não é benéfico para o trabalhador. Quando o indivíduo trabalha em um ambiente conflituoso pode ter sua saúde prejudicada e as consequências desses males também repercutem no lucro da empresa, pois esse funcionário não vai desem- penhar bem seu trabalho ou até terá que se afastar e a empresa terá que arcar com os custos dessa ausência. O ambiente familiar desse funcionário também pode ser atingindo por conta desses problemas. 54 Negociação e Gerenciamento de Conflitos O stress Pode ser classificado em: positivo, quando promove ao indiví- duo produtividade proporcionando-lhe energia e vigor; ideal: caracte- rizado pelo gerenciamento do estresse inicial, quando é bem articu- lado de maneira eficiente; e: negativo, quando mal manejado na fase inicial, afeta a qualidade de vida do indivíduo, podendo vir acompa- nhado de doenças graves, favorecendo, inclusive, o risco de morte (FARIA; WEBER; TON, 2012). O stress é dividido em 4 fases que são diferenciadas de acordo com as peculiaridades do organismo de cada indivíduo, suas reações e a intensidade com a qual ocorre. Tais fases respectivamente são: fase do alarme ou alerta, resistência, quase-exaustão e exaustão (SA- DIR; BIGNOTTO; LIPP, 2010). O stress, quando na fase de alerta, funciona como resposta de luta e fuga. Quando o indivíduo permanece exposto por muito tempo a agentes estressores, o estresse pode tornar-se patológico, atingin- do as fases de quase-exaustão e exaustão (MEDEIROS-NÓBREGA, 2005). A cronicidade do estímulo estressante acarreta consequências danosas ao organismo. Ainda que a tendência do sujeito seja elaborar estratégias para resolvê-las, muitas vezes, ele vai se adaptando aos agentes estressores. Se a não criar essas estratégias para enfrentar esses agentes estressores, o seu como não irá reagir de modo satisfatório diante dos problemas e dará sinais e estafa que podem afetar vários sistemas, como por exemplo, os sistemas imunológico, endócrino, nervoso e o comportamento do dia a dia (BAUER, 2002). Tema 2 Conceitos e Métodos 55 O stress, quando atinge os níveis considerados elevados (quase exaustão e exaustão), a qualidade de vida e a produtividade do ser hu- mano. No contexto organizacional existe uma relação negativa entre o stress e qualidade de vida. A qualidade de vida Não existe consenso em relação ao conceito de qualidade de vida por se tratar de um termo que abrange várias áreas. A definição mais utilizada foi criada pelo The WHOQOL Group (1998), em que a qualidade de vida é composta pela percepção do indivíduo de sua po- sição na vida, no contexto de cultura e sistema de valores nos quais vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocu- pações. Qualidade de vida é um termo derivado dos gregos que cor- responde à influência que a saúde exerce sobre a vida e que a vida também exerce na saúde. A Organização Mundial de Saúde (OMS) define-a como uma condição subjetiva do indivíduo em perceber seu bem-estar em níveis físicos, psicológico, espiritual, social eambien- tal, não podendo ser negligenciado o contexto cultural (OMS, 1999). A característica principal desse termo é a subjetividade variada e que se modifica conforme a percepção do indivíduo em relação à interação com o meio (BELASCO; SESSO, 2006). Os estudos relacionados à qualidade de vida são importantes para a saúde, pois os seus resultados podem contribuir para auxiliar no diagnóstico precoce de possíveis comprometimentos do bem-es- tar e identificar subgrupos de pessoas que tem maior risco de desen- volver problemas de saúde. 56 Negociação e Gerenciamento de Conflitos Como vimos nesse conteúdo o conflito nas organizações pode ser prejudicial à empresa, mas no decorrer do tempo os estudos se diversificaram e como foi comentado no tema I o conflito também pode ser considerado positivo quando em níveis leves e moderados. No próximo conteúdo (Visão tradicional e moderna de conflitos) estu- daremos quais as visões existentes em relação aos conflitos nas or- ganizações. LEITURA COMPLEMENTAR D LIMONGI–FRANÇA, Ana Cristina. Psicologia do Trabalho: Psi- cossomática, valores e práticas organizacionais. São Paulo: Edito- ra Saraiva, 2008. Leia a página 9 para compreender melhor como a percepção dos in- divíduos podem causar conflitos e afetar a saúde do indivíduo. Ao ler essa página você entenderá que nem todos os indivíduos tem a mes- ma percepção e o ajudar a refletir como atenuar as questões relacio- nadas aos conflitos existentes nas organizações. D CHIAVENATO, Idalberto. Comportamento organizacional. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. Veja na página 403 o quadro 13.3 para conhecer outros conceitos de conflito. No quadro você poderá fazer observação visto que conflito é uma palavra que não possui uma definição já instaurada, como foi escrito nesse capítulo. É importante saber as outras definições para desenvolver uma visão mais ampla dos conceitos existentes. Tema 2 Conceitos e Métodos 57 PARA REFLETIR Faça uma pesquisa com dois gestores de alguma empresa de sua ci- dade, peça que eles definam o que é conflito e citem dois exemplos de conflitos que aconteceram nas empresas que eles trabalham. 2.2 VISÃO TRADICIONAL E MODERNA DE CONFLITOS Assim como os modelos relacionados a desenho de cargos evoluíram ao longo do tempo (modelo clássico, modelo humanístico e modelo contingencial) as visões relacionadas ao conflito também mudaram. A seguir entenderemos um pouco dos modelos de desenho de cargo e posteriormente estudaremos as três visões do conflito de acordo com Robbins (2001) que são: a abordagem tradicional, abor- dagem comportamental também chamada de RELAÇÕES HUMANAS e por fim a abordagem interacionista. O modelo clássico: era baseado na divisão do trabalho rígida en- tre a gerência (os que pensam) e os operários, classificados como as pessoas que executam onde o homem era visto como máquina. O modelo humanístico ou de relações humanas a figura do che- fe é substituída pelo líder, os aspectos psicológicos são incluídos, o método de motivação não se restringe ao beneficio salarial, ele inclui o beneficio social. 58 Negociação e Gerenciamento de Conflitos O modelo contingencial é considerado o mais complexo e en- volvente e conta com as diferenças individuais das pessoas e as tare- fas envolvidas. As variáveis envolvidas nesse modelo são a estrutura da empresa, a tarefa e a pessoa que irá desempenha-la (Chiavenato, 2010, p. 206). Esse modelo, ao contrário dos modelos anteriormen- te explicados não considera os recursos tecnológicos como estáveis, consequentemente os cargos também não são estáticos ou perma- nentes. As definições relacionadas a desenho de cargo que foram apre- sentadas são importantes, pois ajudam a perceber como se deu a evo- lução do pensamento das empresas em relação a seus funcionários – de máquina a ser pensante, onde os aspectos psicossociais são le- vados em consideração. Como vimos no conteúdo anterior, onde há relações existem conflitos, mas nem sempre o conflito foi visto pelos autores como algo inerente as relações humanas. Para entender a evolução desses conceitos vamos estudar as abordagens de Robbins (2001), ao conceito de conflito na visão tradi- cional, das relações humanas e a visão interacionista. Abordagem tradicional Assim como o método clássico de desenho de cargos é a abor- dagem mais antiga sobre o conflito. Ela foi utilizada principalmente entre os anos de 1930 e 1940. A visão tradicionalista tinha como pre- missa que o conflito é ruim, pois era visto como algo destrutivo, vio- lento e irracional e por conta disso deveria ser evitado e combatido. Por ser considerado ruim, ele era visto como uma disfunção de- rivada de problemas na comunicação grupal ou falta de competência dos administradores relacionada à habilidade em atender as necessi- Tema 2 Conceitos e Métodos 59 dades e às ambições de seus subordinados. Segundo essa abordagem, quando o conflito se instaura surge o clima de tensão e agressivo. Nessa visão a resolução dos conflitos era feita por separação física ou pela intervenção dos altos níveis gerenciais. Vamos exem- plificar essa abordagem com a figura de um vendedor de sapatos que usa uma metodologia para atender os clientes, e esse modo ampliou as vendas por dois meses consecutivos. No último mês as vendas caíram, outro vendedor diz que o co- lega é incompetente e se instaura um clima tenso no local. Na visão tradicionalista o gerente irá advertir os dois funcionários e pode até dispensa-los da função sem sugerir outra metodologia de trabalho para os colegas. A abordagem tradicional é criticada por tratar de modo simples o conflito, pois trata o conflito de maneira simplista e resume a ação dos gestores a eliminar o foco do conflito. Como vimos no conteúdo anterior e no tema um, o conflito é um conceito complexo que envolve tanto aspectos intrínsecos como extrínsecos. Abordagem comportamental / Relações Humanas Essa visão foi muito aplicada na década de 1940 e 1970. Ela se relaciona com o método de desenho de cargos humanístico ou de re- lações humanas utilizado em 1930, quando visão do operário muda, os aspectos psicológicos são inseridos, empregado não é mais visto como uma “máquina”. O conceito de conflito muda, assim como o modo de ver o fun- cionário. Quando o indíviduo era comparado a uma máquina o conflito era considerado como um defeito que deveria ser combatido. 60 Negociação e Gerenciamento de Conflitos Abordagem interacionista Essa visão utilizada desde o ano de 1970 e é adotada atualmen- te pelos estudiosos da gestão de conflitos, assim como o modelo con- tingencial de desenho de cargos é a mais recente. A abordagem inte- racionista complementa o conceito iniciado na visão comportamental / Relações Humanas estudada nos parágrafos anteriores. O conflito agora não é somente aceito como inerente a convi- vência humana, mas também, é desejado em níveis moderados, ou seja, a visão interacionista aceita que a convivência pacífica pode pre- judicar o grupo, podendo levá-lo a estagnação, desmotivação e con- sequente perda da capacidade de competitividade no mercado. Esta visão encoraja os líderes a manterem um nível de conflito, capaz de estimular a inovação e a criatividade (ROBBINS, 2009). O conflito é considerado motivador no processo criativo e construtivo, é por conta dele que os funcionários muitas vezes são incentivados a inovar e mudar e isso pode aumentar o desempenho da organização, entretanto o nível de conflito deve ser o suficiente para fazer com que o grupo continue viável, autocrítico e criativo. Para compreender melhor como é esse tipo de visão, vamos imaginar uma empresa que vende seguros onde existem duas equi- pes de vendedores e o gestor (líder) precisa ampliar sua cartilha de clientes, ele propõe que cada equipe crie uma estratégia e a equipe vencedora receberá como premio uma viagem. As equipes vão competir e têm pontos de vista diferentes, uma pensa que a abordagem porta em porta é a maisviável, já a outra acha que a distribuição de anúncios via e-mail é mais eficiente. Tema 2 Conceitos e Métodos 61 No exemplo temos dois modos de execução para uma determi- nada meta que é ampliar as vendas, isso é um conflito metodológico, ou seja, como essa atividade será executada. O líder utiliza da visão dessas equipes para inovar e trazer ganhos para a empresa, com essa competição os funcionários se sentem motivados a buscar os resul- tados. Para que essa abordagem seja bem sucedida é imprescindí- vel que os líderes saibam diferenciar quando o conflito é funcional e quando o conflito é disfuncional, que prejudica o rendimento tanto do funcionário quanto da empresa. D Conflito funcional é o tipo de conflito que melhoram o de- sempenho. D Conflito disfuncional é quando o conflito não ajuda, pelo contrário, prejudica o rendimento, ou seja, o desempenho do funcionário. Robbins (2005, p. 343) descreve três situações existentes de conflito onde destaca o nível de conflito Tipo de conflito: 1. na primeira situação o nível do conflito é baixo ou nenhum e é considerado disfuncional, pois como foi visto na visão interacionista, esses níveis de conflito tornam a organização apática, estagnada, insensível às mudanças e pode acar- retar ausência de novas ideias e consequente baixa no de- sempenho; 2. na segunda situação o nível do conflito é ótimo/moderado, o que o torna funcional do ponto de vista interacionista. Os funcionários desenvolverão sua autocrítica e adorarão pos- 62 Negociação e Gerenciamento de Conflitos turas inovadoras, considerando essa questão o desempe- nho da organização é aumenta; 3. na terceira situação o nível do conflito é alto, considerado disfuncional que pode romper a harmonia do grupo e tor- ná-lo caótico e não cooperativo, causando uma queda no desempenho da organização. Os conflitos podem ser divididos em três tipos, o conflito de ta- refas, o conflito de relacionamento e o conflito de processo. D O conflito de tarefa, esse tipo de conflito está relacionado ao trabalho que o funcionário desempenha, focado essencial- mente na tarefa, como esse empregado se relaciona com a tarefa desempenhada, se ele se identifica ou não como esse tipo de trabalho. D O conflito de relacionamento é oriundo das relações entre as pessoas. D O conflito de processo é originário da maneira como a pes- soa faz o seu trabalho, o próprio empregado pode não en- tender ou não concordar com a metodologia adotada na ta- refa a ele designada. As pesquisas afirmam que na maior parte dos casos o conflito prejudica e pode causas malefícios como stress e diminuição na qua- lidade de vida como foi comentado no conteúdo anterior (2.1), mesmo que em níveis pequenos os conflitos possam ajudam a aumentar a produtividade. Sendo assim, cabe ao gestor/líder o gerenciamento de Tema 2 Conceitos e Métodos 63 conflitos na empresa. No próximo conteúdo você irá aprender qual é o papel do líder na resolução de conflitos. LEITURA COMPLEMENTAR D ANDRADE, R.O.B.; AMNONI, N. Estratégias de gestão: processos e funções do administrador. Rio do Janeiro, 2010. Veja na página 134 o quadro 5.9 (Tipos de conflitos segundo Nascimen- to e El Sayed) para aprender um pouco mais em relação a tipo de confli- tos. Essa leitura é importante para que você querido aluno desenvolva o senso critico e visão mais ampla dos conteúdos aqui dispostos. D QUINN, R. E., et al. Competências gerenciais: princípios e aplica- ções. 5 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. Leia na página 107 o texto “Estágios do processo de conflito” para compreender os níveis de conflito no ambiente organizacional. Esse texto será importante para você entender a sistemática dos conflitos com mais profundidade, inclusive as diferenças entre alguns níveis. PARA REFLETIR Pesquise em sites e artigos disponíveis na internet quais as consequ- ências que o excesso de conflito no ambiente organizacional e Bur- nout. Analise se pode existir alguma relação entre essa doença e um ambiente de trabalho conflituoso e descreva-a. 64 Negociação e Gerenciamento de Conflitos 2.3 O PAPEL DO LÍDER NA RESOLUÇÃO DE CONFLITOS Caro aluno/a, nos conteúdos anteriores você pôde compreen- der bem os vários níveis de conflito dentro de uma organização, além do estresse que este pode causar ao nosso organismo caso seja mal gerenciado. Todo ser humano é movido por certo nível de estresse, porém quando este se torna demasiado pode se transformar em conflito tanto no indivíduo em si, como na pessoa perante o grupo. Pudemos apreciar também que os conflitos podem ser divididos em destruti- vos, parcialmente destrutivos e construtivos. Em todos os casos de conflito dentro de uma organização, o papel do líder é de suma impor- tância tanto para dissolver atenção causada pelo conflito, como trans- formá-lo em construtivo/positivo. Mas afinal o que é liderança? Sendo que este é o ponto central deste conteúdo, nada mais im- portante do que traçarmos algumas linhas que nos esclareçam me- lhor os conceitos de liderança. Podemos compreender o fato de que desde os primórdios de nossa civilização contamos com lideres nas horas de conflitos e de to- mada de decisões importantes para o bem estar do grupo. Nossa his- tória está repleta de documentos e registros apontando para este fato, porém foi a partir da modernidade que o vocábulo liderança passou a ser estudado com mais propriedade e afinco na solução dos proble- mas gerados pelos conflitos. Tema 2 Conceitos e Métodos 65 Dentro da psicologia, os primeiros conceitos teóricos sobre li- derança partiram do pressuposto de que o líder teria uma força indi- vidual de influência sobre os outros. Desta forma a liderança era uma característica pessoal. Assim sendo perguntava-se qual era o perfil psicológico do indivíduo que o tornava um líder? Ao estudar este ponto, a psicologia entendeu então que a in- fluência que o líder exercia sobre os outros tinha sua origem no com- portamento. Mais um longo período de experimentos com resultados idênticos mudaram mais uma vez o foco das investigações para as circunstâncias que formam o contexto necessário para que esta influ- ência de liderança ocorra. A liderança ao ser estudada partindo deste foco apresentou mais resultados constantes do que os estudos anteriores. A partir de então nasceu à expressão liderança situacional, onde o foco deixou de ser no indivíduo para se estabelecer na relação, sendo então enten- dida não mais como uma característica do indivíduo, mas sim como uma propriedade da interação (ZANELLI et al. 2014). Apesar da definição que mostramos acima, convém lembrar que existem tantas definições sobre liderança quanto teóricos que as definem, assim também quanto as diferentes abordagens sobre o tema, quer seja do ponto de vista psicológico, sociológico quanto às demais abordagens do assunto. Não vamos nos estender com demasia neste ponto, visto que o que mais nos interessa é o ponto de vista organizacional e da reso- lução de conflitos dentro de uma empresa, porém, entender algumas destas abordagens pode nos dar maior clareza e compreensão. Zanelli (2014) nos apresenta um quadro das abordagens sobre liderança, e apresentaremos abaixo algumas destas com suas devidas explicações, que estariam mais afins com nossos estudos. 66 Negociação e Gerenciamento de Conflitos D Liderança como um instrumento de alcance de objetivos: neste caso existe a atribuição de valores instrumental ao ato de liderança. O líder é definido como uma pessoa que tem um programa que se move para alcançar um objetivo com- partilhado, fazendo-o de maneira efetiva. D Liderança como um efeito emergente de interação: Aqui a liderança aparece como resultado das interações dentro do grupo e entre seus membros. D Liderança como a iniciação de estrutura: Liderança aqui é definida como a iniciação de uma estrutura de papéis. O líder deve oferecer estímulos aos quais os seguidores respondem de forma integrada. É esse estímulodo líder que inicia a es- trutura de expectativas. D Liderança como arte de induzir a concordância: Liderança neste sentido é pensada em termos da capacidade de mol- dar o grupo me torno das intenções, desejos e vontades do líder. A influência é exercida em uma única direção: do líder para os liderados/seguidores, sem a consideração dos dese- jos destes últimos (ZANELLI et al. 2014, p. 418). Conforme disposto acima temos algumas das abordagens de- senvolvidas sobre liderança. Antes de trabalharmos mais sobre nosso tema, gostaríamos de comentar sobre as competências que um líder deve obter para ter sucesso em todos os assuntos em que estas carac- terísticas estiverem envolvidas. De uma maneira abrangente podemos começar classificando um líder como uma pessoa que tenha competência técnica, conheci- mento de um determinado tipo de trabalho. Sem sombra de dúvidas, o líder tem que desenvolver a capacidade de trabalhar bem com as pessoas a sua volta, criar uma atmosfera na qual os liderados sin- Tema 2 Conceitos e Métodos 67 tam-se a vontade e encorajados a participar das atividades propostas pelo líder. O líder deve obter um raciocínio abstrato e capaz de ope- rar com situações hipotéticas, além de poder desenvolver planos es- tratégicos com uma visão de futuro. Muitos estudos já foram feitos utilizando-se de diferentes me- didas de características pessoais assim também como desempenhos diferentes na intenção de identificar o que é o líder, porém ainda existe uma falta de uniformidade em seus resultados, porém no quesito de- sempenho, algumas características pessoais como a capacidade cog- nitiva podem prever o desempenho gerencial. Judge, Bono, Ilies e Gerhadt (2002, apud SPECTOR, 2012) apresentaram os resultados de uma análise com o intuito de conso- lidar estatisticamente os resultados dos estudos feitos até então e descobriram que os líderes com maior eficácia apresentaram níveis altos de estabilidade emocional, extroversão, abertura a novas expe- riências e retidão. Ao pensarmos sobre o comportamento do líder, nos destaca- mos das suas características pessoais e passamos a pensar no que os líderes fazem. Aqui estamos pensando nos estilos de liderança, ou seja, um grupo de comportamentos eu estejam relacionados à abor- dagem de como lidar com os liderados. Alguns supervisores ouvem as opiniões dos subordinados so- bre decisões que os afetem. A este estilo dá-se o nome de partici- pativo. Em contrapartida, outros supervisores não os envolvem nas decisões, ou seja, eles tomam a decisão e simplesmente os avisam, e a estes chamamos de autocráticos (SPECTOR, 2012). Ainda sobre o comportamento do líder temos uma pesquisa empreendida pelo Ohio State Leadership Studies onde este apresenta uma série de estudos com a intenção de revelar os efeitos dos com- 68 Negociação e Gerenciamento de Conflitos portamentos de supervisores. O resultado apresentou dois aspec- tos que foram chamados de consideração e estrutura de iniciação (SPECTOR, 2012). Os líderes que se utilizam da abordagem de consideração prezam pelo bem estar de seus subordinados, apresentando um comportamen- to amistoso e de consideração, e com isto o ambiente de trabalho tor- na-se mais agradável para os trabalhadores. Os que apresentam uma abordagem com a estrutura de iniciação definem seu próprio papel e esclarece aos subordinados o que se espera deles durante seu trabalho, atribuindo-lhes tarefas e cronograma para o desenvolvimento destes. De acordo com Spector (2012) os estudos de Fleishman e Harris sobre o comportamento do líder relacionou os índices de rotatividade e de reclamações nos grupos dos supervisores, apontou para o fato de os grupos com maiores índices de rotatividade e mais elevados de reclamações foram os que tinham líderes que usavam a estrutura de iniciação como abordagem de gerenciamento. Se pensarmos que altos níveis de rotatividade e de reclama- ções são também formas de conflitos, temos a importância de o líder utilizar a abordagem de consideração para tratar seus liderados, pois, além de ser mais produtivo para a organização, ele também estará mais apto para resolver outros tipos de conflitos que eventualmente surgirem durante sua liderança. Podemos entender a esta altura de nossos conhecimentos que existem vários tipos de conflitos. Porém, os resultados destes con- flitos podem ser construtivos ou destrutivos, e depende de uma boa liderança para saber aproveitar a ocasião do conflito e transformá-los em atividade positiva para a organização. Por isso que dentro do departamento de recursos humanos ou, conforme alguns autores preferem classificar, departamento de ges- Tema 2 Conceitos e Métodos 69 tão de pessoas, ou ainda departamento de gestão de recursos huma- nos, o papel do líder é de profunda necessidade para o bom funcio- namento do empreendimento como um todo inclusive na solução de conflitos. O conflito com resultados construtivos Podemos dizer que é no período de conflito que as pessoas fi- cam mais atentas, pois o acúmulo de energia produz curiosidade e es- timula o interesse a novas abordagens. Desta forma podemos afirmar que um dos pontos positivos que um líder pode obter de um conflito é estimular as energias e despertar os sentimentos em prol da resolu- ção de um problema. Durante o período de conflito o grupo tende a ficar mais coeso, mais ligado e mais identificado com os seus objetivos e os sentimen- tos de identidade são fortalecidos. A união tende a aumentar a moti- vação para o desempenho de suas atividades em equipe. A situação de conflito é um meio que deve ser entendido como um modo de se chamar a atenção para algum problema. O conflito pode ocorrer por uma disputa de poderes. Ele testa a relação de poder e um ajuste das diferenças de força entre as partes envolvidas pode beneficiar o todo. O conflito com resultados destrutivos Infelizmente os conflitos geram relações e situações que po- dem ser complicadas com consequências indesejáveis ou destrutivas. Desta forma cabe ao líder estar atento para estes sintomas e redire- cioná-los na medida do possível para o campo construtivo. 70 Negociação e Gerenciamento de Conflitos Em um trabalho de equipe onde haja competitividade diante da pressão de ganhar pode ocorrer sentimentos de frustração e ansie- dade e até mesmo de hostilidade entre os integrantes do grupo, pre- judicando assim a habilidade e o julgamento necessários para o bom desempenho do trabalho. Ao mesmo tempo em que o grupo pode ficar mais coeso duran- te períodos de conflito construtivo, esta coesão pode gerar um con- formismo com relação aos objetivos do grupo o que poderá diminuir a liberdade individual com uma possível perda de eficácia no desempe- nho das tarefas requeridas. Um grande perigo dos conflitos é que ele se autoalimenta. Na medida em que o conflito aumenta, as partes tendem a estereotipar a outra e a vê-la como inimiga, atribuindo-lhe intenções negativas e motivos destrutivos. O conflito desvia as energias do trabalho para si mesmo, assim sair-se vencedor de um conflito torna-se mais impor- tante do que a eficiência do trabalho. As partes em conflito tendem a bloquear as atividades da outra e a recusa em cooperar com a parte oposta traduz-se em perda de eficiência nos resultados do trabalho. Neste conteúdo conhecemos a importância do líder na reso- lução de conflitos, assim como os conflitos podem ser construtivos ou destrutivos. Passaremos agora a aprender a respeito de algumas estratégias que podem ser aplicadas na resolução de conflitos e com isso ganhar um pouco mais de experiência durante nossa caminhada. Avante! Tema 2 Conceitos e Métodos 71 LEITURA COMPLEMENTAR D SPECTOR, P. E. Psicologia nas Organizações. 4. ed. São Paulo. Editora Saraiva. 2012. Leia na página 375 o item “Pesquisa Internacional”. É um artigo que apresentam dados a respeito de pesquisas sobre Liderança. A leitura é importante por apresentar dados reais, o que contribuirá para a com- preensãodo conteúdo estudado. D ZANELLI, J. C.; BASTOS, A. V. B. Inserção profissional do Psicólo- go em organizações e no trabalho. In: ZANELLI, J. C.; ANDRADE, J. E. B.; BASTOS, A. V. B. Psicologia, Organizações e Trabalho no Brasil. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. Leia na página 445, o Caso 1 “Liderança à brasileira; a perspectiva dos seguidores”. A leitura é importante para agregar conhecimento sobre Liderança. PARA REFLETIR Caro aluno, você deverá fazer uma pesquisa prática organizacional para conhecer como são resolvidos os problemas de conflito na or- ganização. Procure uma empresa na sua cidade e peça para falar com o respon- sável pelo setor de RH. Pergunte como eles resolvem os problemas de conflitos, qual a formação do profissional que realiza esta função. Aproveite para pedir exemplos de casos já ocorridos na empresa. 72 Negociação e Gerenciamento de Conflitos 2.4 ESTRATÉGIAS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITO Vimos no conteúdo anterior o que é conflito, o que pode desen- cadeá-los em uma organização. Desta forma, para resolvê-los é preci- so antes de tudo compreender quais são as causas deste conflito para então definir as estratégias que poderão ser utilizadas objetivando o melhor resultado possível. Compreender as causas do conflito é o ponto primordial para se chegar a um resultado positivo. A seguir teremos uma noção dos resultados que se pode es- perar dos conflitos, ou seja, uma parte ganha enquanto outra perde, todos perdem ou todos ganham. Como então resolver os conflitos? Não precisamos mencionar que a maneira como os conflitos são conduzidos e resolvidos afetam decisivamente no bom funciona- mento das organizações. Existem somente três maneiras nas quais um conflito pode ser resolvido de acordo com Chiavenato (2009). Uma parte ganha enquanto a outra perde. Isto se dá quando uma das partes consegue vencer o conflito enquanto a outra é derro- tada em suas reivindicações. Quando as duas partes perdem. Neste caso há uma desistên- cia de alguns pontos solicitados por ambas as partes. Existe um com- promisso entre as partes em abdicar de alguns pontos do conflito. Ao abrir mão de alguns pontos do conflito, ambas as partes perdem. Tema 2 Conceitos e Métodos 73 Por fim existe a maneira de se resolver um conflito quando am- bas as partes ganham. Neste caso as partes em conflito conseguem identificar as causas do estresse e encontram soluções onde ambas se sintam satisfeitas. A satisfação em identificar e solucionar os con- flitos transmite para as partes um sentimento de segurança. Ambas as partes ganham. Se formos analisar cada um destes pontos de resolução pode- mos concluir que tanto no que diz respeito à resolução em que uma ganha e a outra perde, como também na resolução em que ambas per- dem, existe a tendência a dar uma continuidade ao conflito, visto que uma ou ambas as partes não alcançaram seus objetivos. Desta forma estas podem ter a percepção de que o conflito não esteja acabado. No último padrão exposto acima onde ambas as partes saem vencedoras, o ciclo de conflito perde seu poder, pois neste caso todas as partes são vencedoras e a possibilidade de conflito no futuro deixa de existir uma vez que ambas as partes deixam de perder. Nem sem- pre é possível terminar um conflito onde todos ganham, porém quan- do esta estratégia não é possível, um compromisso entre as partes seria a mais desejável. Por isso, é de suma importância que os gerentes e supervisores tenham um treinamento adequado em administrar conflitos. Torna- -se necessário a aquisição de habilidades de negociação, além de des- pertar uma sensibilidade de perceber a potencialidade do surgimento de um conflito dentro de um grupo e estar atento para intervir antes do conflito se instalar. Nem sempre é possível resolver os conflitos satisfatoriamente, porém, com bom treinamento e sensibilidade, esta possibilidade pode ser detectada e diminuída drasticamente. Os conflitos dentro das organizações não somente afetam o tra- balho, mas também podem ter um efeito nefasto na saúde dos traba- lhadores, visto que grande parte das enfermidades dentro do ambien- 74 Negociação e Gerenciamento de Conflitos te de trabalho é causada pelo estresse. É a partir do departamento de gerenciamento de recursos humanos que saem os lideres que devem manter a força de trabalho em plena saúde psicológica para que o re- sultado do trabalho seja satisfatório. Portanto, os gerentes e supervisores devem estar propriamente treinados em como administrar os conflitos e também na aquisição de habilidades de negociação. Além dos conflitos existentes entre grupos de trabalho dentro de uma organização, existe outro tipo de conflito que exige cautela e expertise para que sua resolução seja satisfatória. São as reivindicações trabalhistas. Os conflitos trabalhistas Ao pensarmos em conflitos trabalhistas, estamos saindo da esfera dos conflitos individuais entre grupos de trabalho dentro da organização para pensarmos em divergências entre dois sujeitos, as organizações e os sindicatos. Estes podem ser caracterizados como conflitos de interesses individuais, coletivos, de grupos de profissionais. Apesar de abordar também conflitos individuais, estes são de caráter trabalhista, e são classificados como conflito individual de tra- balho ou dissídios individuais trabalhistas. Quando envolvem grupos de profissionais ou econômicos, são conflitos coletivos de trabalho ou dissídios coletivos. Na era industrial e mesmo em alguns casos na atualidade os conflitos trabalhistas envolvem as relações entre o capital e o traba- lho, porém ao tratarmos deste tipo de conflito devemos compreender que existem outros fatores que são geradores dos conflitos trabalhis- tas, além do relacionamento entre o empregador e o funcionário. Tema 2 Conceitos e Métodos 75 Na atualidade, fatores motivacionais ou intrínsecos também são considerados como causadores de conflitos trabalhistas, e estes muitas vezes não estão descritos nas convenções ou acordos entre as partes. Com isto queremos dizer que os conflitos trabalhistas envol- vem vários tipos de reivindicações conforme descritos por Chiavena- to (2009). As condições legais de trabalho: neste caso estão envolvidas as condições contratuais, ou seja, horário de trabalho, intervalos de repouso, jornada semanal de trabalho, descanso remunerado, condi- ções de trabalha para as mulheres e menores, aviso prévio etc. As condições econômicas de trabalho: aqui estão incluídas as remunerações, índices de reajuste salarial, adicionais de periculosi- dade e salubridade, horas extras, equiparação salarial, aumentos de mérito, promoções, gorjetas etc. As condições físicas de trabalho: tem se tornado de grande importância as condições ambientais que envolvem os funcionários durante o período de trabalho. Ruídos, temperaturas extremas, gases tóxicos, choques elétricos, baixa luminosidade, trabalhos de movi- mentos repetitivos, equipamento de proteção individual etc. As condições sociais de trabalho: nesta categoria estão incluí- dos os serviços de benefícios como comida gratuita ou vale refeição, área de lazer, assistência médico-hospitalar, fundos de pensão, com- plementação de aposentadoria etc. As condições de representatividade no trabalho: nos dias atuais onde os empregados deixaram de ser considerados robôs, passaram a ser pontos de conflitos ainda as condições que asseguram aos funcio- nários maior participação no processo de decisão ou sua participação neste processo, com a criação de comissões de fábrica, de empresa ou nos conselhos destas organizações. 76 Negociação e Gerenciamento de Conflitos Nestes casos os conflitos são muito mais complexos e neces- sitam de maior cautela em seu gerenciamento. Os líderes nestas ne- gociações são denominados de mediadores e geralmente são pessoa isentas de influências e geralmente são trazidas de fora do ambiente de conflito. As convenções coletivas de trabalho Ao acordo coletivo de trabalho dá-seo nome de convenção co- letiva de trabalho e este é um acordo normativo celebrado entre dois ou mais sindicatos de categorias econômicas e profissionais onde se estipulam as normas e condições aceitáveis e aplicáveis às relações individuais de trabalho. Importante notar que toda convenção tem um caráter temporário de no máximo dois anos. As convenções coletivas de trabalho tornaram-se um dos meios mais aplicáveis de resolução de conflitos. Com estas normas evitam- -se as greves e obtendo-se por meio de negociações acordos e a ma- nutenção da paz social entre as partes envolvidas. Sobre as negociações coletivas Antes de se partir para uma convenção coletiva, existe o pro- cesso de negociação entre as partes envolvidas e esta é chamada negociação coletiva. As negociações coletivas são efetuadas em três níveis que são respectivamente o nível da empresa, do sindicato e no nível da federação de sindicatos. Desta forma as negociações são os meios de se apresentar, compreender e aceitar as ideias e os propósi- tos com a intenção de se chegar a um acordo que seja aceitável para todas as partes. Tema 2 Conceitos e Métodos 77 Nesta parte das negociações os líderes são de extrema impor- tância para um desfecho plausível para as partes, visto que nestas es- tão envolvidos conceitos de processo, consenso e sinergia. São neces- sárias fortes habilidades de tomadas de decisões que podem afetar todo processo. Qualidade de comunicação, gerenciamento de confli- tos e reunião dos pontos importantes. Dentro do subsistema de recursos humanos também estão en- volvidas relações externas com as entidades que representam seus colaboradores, e estas são chamadas relações trabalhistas, uma vez que são tratadas nestas relações as questões relacionadas à força de trabalho da organização. É uma política de relacionamento com seus próprios membros através de seus sindicatos. Esta política é o espelho da ideologia, cul- tura e valores que foram assumidos pela alta direção da organização, e estes por sua vez são influenciados pelo grau de desenvolvimento dos sindicatos, pelo regime politico e situação em que o país se encontra, além de fatores ambientais e sociais. Podemos salientar quatro formas diferentes de políticas de re- lações trabalhistas: a paternalista, a autocrática, a de reciprocidade e a participativa. Na política paternalista, seja por incompetência ou insegurança, a organização aceita com facilidade as reivindicações dos lideres tra- balhistas que se fortalecem, e na medida em que isto acontece mais reivindicações são apresentadas causando um custo adicional à or- ganização além de causar problemas na organização que por sua vez se traduz em uma insegurança aos gerentes e supervisores devido às pressões constantes das diferentes reivindicações sindicais. Na política autocrática dar-se o contrário. Não é sempre que as reivindicações sindicais são atendidas causando um alto nível de ten- 78 Negociação e Gerenciamento de Conflitos são entre os sindicatos e a organização. Desta forma a gerência e a supervisão ficam enfraquecidas por não ter autoridade de responder as necessidades dos funcionários. Note-se que este tipo de política trabalhista não consegue se sustentar por um longo período devido ao seu caráter unilateral e impositivo. Isto tende a causar insatisfação e revolta dentro da organização. A política de reciprocidade é aquela em que as reivindicações são resolvidas exclusivamente entre a organização e o sindicato sem ou com muito pouca participação dos funcionários ou supervisores. Neste tipo de política nem sempre as solicitações dos funcionários ou supervisores são atendidas. Por não manter o nível de comprometi- mento com os funcionários ou supervisores esta política nem sempre pode ser cumprida devido à falta de confiança tanto no sindicato como na organização. A política participativa considera que tanto os sindicatos e os trabalhadores como a organização e supervisores devem estar en- volvidos nas negociações. Desta forma viabiliza-se ampla avaliação de cada situação pressupondo que as soluções sejam negociadas e discutidas com dados concretos e com a participação de todos. A po- lítica participativa considera que o empregado seja visto sob o ponto de vista social, político e econômico. Prezados alunos, conforme vocês puderam apreciar as resolu- ções de conflitos em uma organização traz consigo um alto nível de conhecimento e treinamento para se sair positivamente destas situa- ções. Esperamos que você tenha apreciado e aprendido bastante com o que lhes foi transmitido neste conteúdo. Desejamos que você conti- nue seus estudos com afinco e determinação. Tema 2 Conceitos e Métodos 79 LEITURA COMPLEMENTAR D SPECTOR, P. E. Psicologia nas Organizações. 4. ed. São Paulo. Editora Saraiva. 2012. Leia na página 323 o Estudo de Caso. A leitura do caso é importante para a construção do seu conhecimento. Ele servirá como exemplo do conteúdo estudado e ajudará compreender melhor o que já aprendeu. D CHIAVENATO, Idalberto. Recursos Humanos. 9. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Campus, 2009. Leia na página 361 a “Dica: A inevitabilidade dos conflitos”. A leitura é importante porque ajudará a compreender um pouco mais a respeito do conteúdo. A dica será útil para a sua vida profissional. PARA REFLETIR A atividade a ser desenvolvida é intrapessoal, ou seja, você deverá re- pensar as suas atitudes no trabalho, como também poderá rever o seu comportamento em relação a algum colega. Faça uma reflexão sobre uma semana de trabalho, buscando identificar al- guns pontos de conflitos que poderiam ser evitados ou desfeitos por você. A reflexão contribuirá para que você repense sobre seu comporta- mento, suas atitudes no trabalho buscando evitar conflitos. 80 Negociação e Gerenciamento de Conflitos RESUMO No conteúdo 2.1 Conflito organizacional você aprendeu sobre estresse e qualidade de vida na organização. No conteúdo 2.2 Visão tradicional e moderna de conflitos apresenta- mos a visão tradicional, comportamental, e interacionista. No conteúdo 2.3 O papel do líder na resolução de conflitos o que é liderança, o conflito como resultados construtivos e destrutivos. No conteúdo 2.4 Estratégias de resolução de conflito, foram apresen- tadas estratégias para resolver conflitos, o que são conflitos e as con- venções coletivas de trabalho. Tema 2 Conceitos e Métodos 81 REFERÊNCIAS BAUER, M.E. Estresse: como ele abala as defesas do corpo?. In: Ciên- cia hoje. vol. 30, n. 179, p. 20-25, 2002. BERG, E. A. Administração de conflitos: abordagens práticas para o dia a dia. Curitiba: Juruá, 2012. BELASCO, A. G. S.; SESSO, R. C. C. Qualidade de vida: princípios, focos de estudo e intervenções. In: DINIZ, D. P.; SCHOR, N. Qualidade de vida. São Paulo: Manole, 2006. p. 1- 10. BURBRIDGE, M. R. & BURBRIDGE, A. Gestão de conflitos: desafio no mundo corporativo. São Paulo: Saraiva, 2012. CHIAVENATO. Recursos humanos: Edição compacta. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2002. ______. Gestão de pessoas: o papel dos recursos humanos nas orga- nizações. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010a. ______, I. Comportamento organizacional. 2. ed. 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