Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
139 MTC – Profª. Me. Sandra Villarinho – Aula: 13 - SEMANA: 28/04-14/05 - APOSTILA: 12 12 PESQUISA CIENTÍFICA Nessa unidade estudaremos os conceitos e características da Pesquisa Científica, para identificar os diferentes tipos quanto a sua natureza, sua abordagem, seus objetivos e seus procedimentos técnicos. Será também apresentado as principais técnicas, com a finalidade de ampará-lo(a) em suas escolhas para a construção de seu plano de pesquisa e, posteriormente, para o desenvolvimento do artigo científico. 12.1 Definição de pesquisa? Pesquisa é um processo de investigação que se interessa em descobrir as relações existentes entre os aspectos que envolvem os fatos, fenômenos, situações ou coisas. Para Ander-Egg (apud MARKONI; LAKATOS, 2010, p. 139) é um “procedimento reflexivo sistemático, controlado e crítico, que permite descobrir novos fatos ou dados, relações ou leis, em qualquer campo do conhecimento. Para Rúdio (2015, p. 9) “é um conjunto de atividades orientadas para a busca de um determinado conhecimento”. Para que a pesquisa receba o qualitativo de “científica”, é necessário que seja desenvolvida de maneira organizada e sistemática, seguindo um planejamento previamente estabelecido pelo pesquisador. É no planejamento da pesquisa que se determina o caminho a ser percorrido na investigação do objeto de estudo. Ou seja, Pesquisa Científica é a realização concreta de uma investigação planejada e destinada a conhecer e explicar os fenômenos, identificando e proporcionando de maneira válida e confiável, dados e informações suficientes e relevantes sobre determinado aspecto da realidade. Rudio (2015, p. 9, grifo do autor) afirma que “a pesquisa científica se distingue de qualquer outra modalidade de pesquisa pelo método, pelas técnicas, por estar voltada para a realidade empírica, e pela forma de comunicar o conhecimento obtido.” 12.2 Tipos de pesquisa Existem várias formas de classificar as pesquisas. Com relação às escolhas metodológicas, podem ser utilizadas as seguintes categorias: classificação quanto à natureza da pesquisa, classificação quanto à abordagem da pesquisa, classificação quanto ao objetivo da pesquisa, e classificação quanto à escolha do procedimeto técnico. No quadro 1 apresenta-se, de forma estrutural a classificação da pesquisa científica para facilitar o entendimento do estudo. 140 Quadro 1: Classificação dos tipos de pesquisa. Fonte: Elaborado a partir de: MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica, 2010, p.174-213. I - Do ponto de vista da sua NATUREZA, pode ser: - Pesquisa Básica, também chamada pesquisa pura ou pesquisa fundamental: É conduzida com o objetivo principal de contribuir para o conhecimento já existente através do acúmulo de informação, visando entender os porquês por trás de fenômenos. Ou seja: através da pesquisa pura procura-se atualizar conhecimento mais do que produzir resultados concretos. Envolve verdades e interesses universais. Ela refere-se ao estudo destinado a aumentar nossa base de conhecimento científico sem a preocupção direta com suas aplicações e consequências práticas. (GIL, 2019, p.42). Exemplo: - Pesquisas que têm por objetivo o desenvolvimento de novas linguagens de programação e sistemas operacionais. - Pesquisa Aplicada ou Investigação Aplicada: Procura responder questões específicas, tendo como objetivo a busca de resultados e soluções concretas, refere-se ao método científico que envolve a aplicação prática da ciência. Como seu objetivo principal é a produção de novos produtos e processos, os seus resultados nem sempre são divulgados, pois podem gerar novas patentes internacionais, então, neste caso, se diz que a pesquisa é reservada. Além de gerar novos produtos e processos, produz conhecimentos que são veiculados diretamente pelos pesquisadores em empresas, ou através de congressos, feiras, seminários, consultorias para assistência técnica, publicação de boletins industriais e manuais técnicos. De acordo com Gil (2019, p. 43) “a pesquisa aplicada possui muitos pontos de contato com a pesquisa pura, pois depende de suas descobertas e se enriquece com o seu desenvolvimento.” Exemplo: - Elaboração e produção (desenvolvimento) de softwares aplicados a soluções de problemas operacionais e de melhoria da produtividade. II - Do ponto de vista a forma de ABORDAGEM, pode ser: - Pesquisa Qualitativa: considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS DE PESQUISA I- QUANTO A NATUREZA II - QUANTO A ABORDAGEM III- QUANTO AOS OBJETIVOS IV - QUANTO AOS PROCEDIMENTOS TÉCNICOS - Pesquisa Básica, também chamada pesquisa pura ou pesquisa fundamental; - Pesquisa Aplicada ou Investficaçãoigação Aplicada. - Pesquisa Qualitativa; - Pesquisa Quantitativa; - Pesquisa Qualitativa- Quantitativa. - Pesquisas Exploratórias; - Pesquisa Descritiva; - Pesquisa Exlicativa. Grupo que se vale de informações impressas. Bibliográfica; Documental. Grupo que utiliza informações obtidas por meio de pessoas ou experimentos. - Experimental; - Ex-pos-facto; - Levantamento; - Estudo de Caso; - Estudo de Campo; - Pesquisa Ação; - Pesquisa Participante; - Estudo de Coorte. 141 pesquisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave. É descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. O processo e seu significado são os focos principais de abordagem. É nesse nível mais profundo, o nível dos significados, motivos, aspirações, atitudes, crenças e valores, que se expressa pela linguagem comum e na vida cotidiana – o objeto da abordagem qualitativa. - Pesquisa Quantitativa: considera que tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las. Requer o uso de recursos e de técnicas estatísticas (percentagem, média, moda, mediana, desvio-padrão, coeficiente de correlação, análise de regressão, etc.). No quadro 2, compara os principais aspectos da pesquisa qualitativa e da pesquisa quantitativa. Quadro 2: Principais aspectos da pesquisa qualitativa e da pesquisa quantitativa. Fonte: Elaborado a partir de: POLIT, Denise; BECK, CHERYL Tatano; HUNGLER, Bernadete; THORELL, Ana. Fundamentos de pesquisa em enfermagem: métodos, avaliação e utilização, 2004, p. 251-252... Assim, como observado durante o estudo, tanto a pesquisa qualitativa quanto a pesquisa quantitativa apresentam diferenças com pontos fracos e fortes. Contudo, os elementos fortes de um complementam as fraquezas do outro, fundamentais ao maior desenvolvimento da Ciência. - Pesquisa Qualitativa-Quantitativa: São desenvolvidas duas etapas de pesquisa: primeiramente é conduzida a fase qualitativa para se conhecer o fenômeno estudado. De posse dessas informações, parte-se para a construção de um questionário fechado e aplica no setor. Depois da tabulação, é feita a análise dos dados com o auxílio e instrumentos estatísticos. A decisão pelo desenvolvimento de uma pesquisa qualitiva-quantitativa envolve, além do interesse dos pesquisadores, o enfoque dado ao problema de pesquisa que, muitas vezes, depende de uma abordagem múltipla para ser adequadamente investigado. (GIL, 2008). III - Do ponto de vista de seus OBJETIVOS pode ser: De acordo com Gil (2008), antes de traçar a metodologia no seu projeto, deixarclaro o tipo de pesquisa que você irá realizar. A pesquisa é classificada, com base no objetivo geral. Assim, é PESQUISA QUALITATIVA PESQUISA QUANTITATIVA Tenta compreender a totalidade do fenômeno, mais do que focalizar conceitos específicos Focaliza uma quantidade pequena de conceitos Possui poucas ideias preconcebidas e salienta a importância das interpretações dos eventos mais do que a interpretação do pesquisador Inicia com ideias preconcebidas do modo pelo qual os conceitos estão relacionados Coleta dados sem instrumentos formais e estruturados Utliza procedimentos estruturados e instrumentos formais para coleta de dados Não tenta controlar o contexto da pesquisa, e, sim captar o contexto na totalidade Coleta os dados mediante condições de controle Enfatiza o subjetivo como meio de compreender e interpretar as experiências Enfatiza a objetividade, na coleta e análise dos dados Analisa as infomações narradas de uma forma organizada, mas intuitiva Analisa os dados númericos através de procedimentos estatísticos 142 possível classificar a Pesquisa Científica em três grandes grupos gerais: Pesquisas Exploratórias, Pesquisas Descritivas e Pesquisas Explicativas. Pesquisas Exploratórias: Este tipo de pesquisa tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. A grande maioria dessas pesquisas envolve: (a) levantamento bibliográfico; (b) entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; e (c) análise de exemplos que estimulem a compreensão. Essas pesquisas podem ser classificadas como: pesquisa bibliográfica e estudo de caso. Pesquisas descritivas: É o tipo de pesquisa que observa, registra, analisa, descreve e correlaciona fatos e fenômenos sem manipulá-los. Geralmente procura descobrir a frequência com que um fenômeno ocorre e sua relação com outros fatores. Também se pode dizer que descreve as características de uma determinada população ou fenômeno, ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Geralmente assumem a forma de levantamento. Pesquisas explicativas: Este tipo de pesquisa têm como preocupação central identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. É o tipo de pesquisa que mais se aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a razão, o porquê das coisas. Por isso, é o tipo mais complexo e delicado, já que o risco de cometer erros aumenta consideravelmente. As pesquisas explicativas nas ciências naturais valem-se quase exclusivamente do método experimental. Nas ciências sociais, a aplicação deste método reveste-se de muitas dificuldades, razão pela qual se recorre também a outros métodos, sobretudo o observacional. A maioria das pesquisas deste grupo pode ser classificada como: experimentais e ex-post-facto. IV - Do ponto de vista dos PROCEDIMENTOS TÉCNICOS, pode ser: Após a fase inicial de escolha do objetivo de uma pesquisa (pesquisa exploratória ou descritiva ou explicativa), segue-se uma outra fase, em que nós teremos que escolher os procedimentos técnicos e/ou metodológicos para efetivamente conduzir a pesquisa. A fase inicial nos 143 fornece um norte teórico. A próxima fase irá fornecer o planejamento da pesquisa, ou seja, como a nossa pesquisa vai acontecer. Basicamente, existem dois grandes grupos de delineamentos: o primeiro grupo que se vale de informações impressas (provenientes de livros, revistas, documentos impressos ou eletrônicos), e o segundo grupo se utiliza informações obtidas por meio de pessoas ou experimentos. No primeiro grupo destaca-se a pesquisa bibliográfica e documental. No segundo grupo, temos a pesquisa experimental, a pesquisa ex-post-facto, o levantamento, o estudo de caso, o estudo de campo (pesquisa de campo), a pesquisa-ação, a pesquisa participante e o estudo de coorte. 1º grupo de delineamento: aqueles que se valem das chamadas fontes de “papel” e aqueles cujos dados são fornecidos por pessoas. a) Pesquisa bibliográfica: é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. As pesquisas sobre ideologias, bem como aquelas que se propõem à análise das diversas posições acerca de um problema, também costumam ser desenvolvidas quase que exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. ou seja, o pesquisador não sai a campo para fazer sua pesquisa, pois ela é feita em materiais que já foram pesquisados e elaborados por outros autores. É considerada o primeiro passo de qualquer pesquisa científica. Aparece nas demais pesquisas (de campo ou de laboratório) na parte em que chamamos de Revisão de Literatura. Exemplos de material: Livros; Obras de referências: dicionários da língua portuguesa ou especializados, enciclópedias gerais ou especializadas; Manuais; Periódicos científicos: Os que são disponíveis em fonte de papel, wm CD-ROM e na internet; Sites especializados; Teses e dissertações; Anais; Periódicos de idexação e resumo. Exemplos: - Analisar a vida e obra do arquiteto Oscar Niemayer. - Investigar Teorias do Desenvolvimento Humano. - Aprofundar o conhecimento teórico sobre Dislexia. b) Pesquisa documental: tem por finalidade reunir, classificar e distribuir documentos de todo gênero dos diferentes domínios da atividade humana. São chamados de documentos fontes de informação que ainda não receberam organização e nem foram publicados, assemelha-se muito à pesquisa bibliográfica. A diferença essencial entre ambas está na natureza das fontes. Exemplo: - Analisar e comparar os conteúdos da educação infantil da década de 1950, registrados em planos de aula de professores e os conteúdos sugeridos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais. Exemplos de fonte: FONTES PRIMÁRIAS FONTES SECUNDÁRIAS Documentos oficiais; Publicações parlamentares; Publicasções administrativas; Documentos jurídicos; Arquivos particulares; Fontes estatísticas; Iconografia; Fotografia; Canções folclóricas; Estatuas; Cartas; Autobiografia; Diários. Livros; Boletins; Jornais; Monografias, teses e dissertações; Artigos em fonte de papel e em meio eletrônico; Revistas; Material cartográfico; Anais de congressos; Relatório de pesquisa; Publicações avulsas. 144 HIPÓTESE: é a suposição de algo provável e possível de ser verificado a fim de que possa ser extraída uma conclusão. É todo um conjunto de condições que se toma como ponto de partida para elaborar o raciocínio. 2º grupo de delineamento: utiliza informações obtidas por meio de pessoas ou experimentos. a) Pesquisa experimental: o experimento representa o melhor exemplo de pesquisa científica. Essencialmente, a pesquisa experimental consiste em determinar um objeto de estudo, selecionar as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definir as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto. Pode-se dizer que a pesquisa experimental é uma relação de causa e efeito (causa = tratamento e efeito = consequência). Trabalha-se tentando comprovar hipóteses. A pesquisa experimental, como se supõe, não precisa necessariamente ser realizada em laboratório. Pode ser desenvolvida em qualquer lugar, desde que apresente as seguintes propriedades: manipulação (o pesquisador precisa fazer alguma coisa para manipular pelo menos uma das características dos elementos estudados); controle (o pesquisador precisa introduzir um ou mais controles na situação experimental, sobretudo criando um grupo de controle); distribuição aleatória (a designação dos elementos para participar dos grupos experimentais e de controle deve ser feita aleatoriamente). Exemplos: - Avaliar a melhor frequência cardíaca máxima de treinamento (65%, 55%ou 50%) para mulheres sedentárias e donas de casa, de 50 a 60 anos, da cidade de Guarujá/SP. - Avaliar o desempenho de operários em situações diferentes de luminosidade. - Avaliar o desempenho de alunos em situações metodológicas diferentes de aprendizagem. b) Pesquisa ex-post-facto: tem-se um experimento que se realiza depois dos fatos. Não se trata rigorosamente de um experimento, posto que o pesquisador não tem controle sobre as variáveis. Todavia, os procedimentos lógicos de delineamento ex-post-facto são semelhantes aos dos experimentos propriamente ditos. Basicamente, neste tipo de pesquisa são tomadas como experimentais situações que se desenvolveram naturalmente e trabalha-se sobre elas como se estivessem submetidas a controles. Exemplo: - Possíveis causas de acidentes. c) Levantamento – as pesquisas deste tipo caracterizam-se pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Basicamente, procede-se à solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas acerca do problema estudado, para, em seguida, mediante análise quantitativa, obterem-se as conclusões correspondentes aos dados coletados. Existem dois tipos de levantamento que são por amostra de uma população, também conhecido como CENSO (1 - Descritiva diagnóstica - Trata-se de levantamento junto às fontes primárias, geralmente através de aplicação de questionários para grande quantidade de pessoas. Utilizam-se questionários, formulários ou entrevistam-se diretamente os sujeitos da pesquisa) e o tipo SURVEY (2 - Descritiva de opinião – tendo sua obtenção dos dados sobre as características ou opiniões de determinado grupo de pessoas utilizando de instrumento de pesquisa, bem comum o questionário). Procura saber as preferências das pessoas com relação a algum produto; assunto. A metodologia de survey é hoje empregada nas mais diversas áreas do conhecimento – economia, política, meio ambiente, marketing, ciências sociais, saúde, entre muitas outras. 145 Exemplos 1: - Diagnóstico do índice de analfabetos na construção civil da cidade de Guarujá/SP. - Levantamento de sintomas depressivos em crianças e adolescentes com hemofilia. Exemplo 2: - Opinião sobre a violência nas ruas das grandes cidades; ou sobre eleições. d) Estudo de caso – Consiste geralmente no estudo aprofundado de uma unidade individual, tal como: uma pessoa, um grupo de pessoas, uma instituição, um evento cultural, etc., de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento. Nessa pesquisa é possível distinguir quatro fases: delimitação da unidade – caso; coleta de dados; análise e interpretação dos dados e relatório. Os estudos de caso são o tipo de pesquisa que pode ser utilizado como abordagem qualitativa ou quantitativa. Por exemplo, se eu estudar a mecânica dos passos de uma pessoa ao realizar step trainning, estarei realizando uma pesquisa do tipo estudo de caso com um método experimental e que tem uma abordagem quantitativa. Exemplos: - Estudar com profundidade uma criança que apresenta dislexia. - Estudar os processos de gestão do setor de recursos humanos de diferentes empresas (casos múltiplos). e) Estudo de campo – o estudo de campo apresenta muita semelhança com o “levantamento”. Pode-se dizer que o levantamento tem maior alcance e o estudo de campo, maior profundidade. O levantamento procura ser representativo de universo definido e oferecer resultados caracterizados pela precisão estatística. O estudo de campo procura muito mais o aprofundamento das questões propostas do que a distribuição das características da população segundo determinadas variáveis. O planejamento do estudo de campo apresenta maior flexibilidade, podendo ocorrer mesmo que seus objetivos sejam reformulados ao longo da pesquisa. Exemplo: A pesquisa de campo pode ser aplicada, por exemplo, para procurar entender se os clientes de determinado estabelecimento estão satisfeitos com o atendimento de um setor específico. Para isso, o pesquisador poderá produzir questionários ou fazer entrevistas com alguns participantes para obter as respostas. Por fim, e com base em informações que ajudem a contextualizar a realidade dos clientes e do estabelecimento, o pesquisador poderá identificar os pontos positivos e negativos do serviço. f) Pesquisa-ação – trata-se de um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo na resolução do problema. A palavra-chave na pesquisa-ação é Intervenção/Ação, ou seja, envolve a ação dos pesquisadores e dos grupos interessados, o que ocorre nos mais diversos momentos da 146 pesquisa. Este método de pesquisa é utilizado geralmente por Ongs e outras instituições que têm finalidades sociais maiores. Exemplo: Investigar a prática dos professores de Cursos de Graduação da UNIDON, a partir de sua ação (re)significando metodologias de trabalho. g) Pesquisa Participante – trata-se de um enfoque de investigação social por meio do qual se busca a plena participação da comunidade na análise de sua própria realidade, com o objetivo de promover a participação social para o benefício dos participantes da investigação. Trata-se, portanto, de uma atividade educativa, de investigação e ação social. O principal instrumento de pesquisa é a observação participante. É útil para estudar-se a organização social em situações de pequenos grupos até grandes instituições. Um pesquisador pode usar a observação participante para estudar um grupo de uma vila ou a burocracia de uma cidade. É útil para aprender como os grupos se formam e funcionam e como as pessoas aprendem a desempenhar papéis. A palavra-chave nesta pesquisa é Participação. Esta pesquisa envolve os seguintes procedimentos: a montagem institucional e metodológica da proposta de pesquisa; estudo preliminar da região e da população a ser pesquisada; análise crítica dos problemas e elaboração de um plano de ação. Exemplo: - Análise participante dos principais problemas enfrentados pelos moradores do Bairro Itararé, da cidade de São Vicente/SP. h) Estudo de coorte – o estudo de coorte refere-se a um grupo de pessoas que têm alguma característica comum, constituindo uma amostra a ser acompanhada por certo período de tempo, para se observar e analisar o que acontece com elas. Num estudo de coorte é, inicialmente, agrupado um conjunto de indivíduos (coorte) que não apresentam o resultado esperado (outcome), geralmente uma doença, mas que podem vir a apresentá-lo (população em risco). No início do estudo todos os indivíduos são classificados quanto aos factores (possíveis factores de risco) que se pensa possam estar relacionados com o resultado esperado. Os indivíduos são, então, seguidos por um período de tempo, analisando-se, depois, quais apresentaram o resultado esperado, geralmente uma doença, como pode ser observado na figura 1. Figura 1: Desenho de um estudo de coorte. Fonte: ESTUDO de coorte. Disponível em: http://medstatweb.med.up.pt/cursop/print_script1b29html?capitulo=desenhos_estudo &numero=4&titulo=Desenhos%20de%20estudo. Acesso em: 10 abr. 2020. 147 12.3 População e amostra Ao realizar uma pesquisa, é quase sempre impossível estudar toda a população que você está interessado. Por exemplo, se você estivesse estudando opiniões políticas entre estudantes universitários no Brasil, seria quase impossível fazer um levantamento com cada estudante universitário. Se você fosse fazer um levantamento de toda a população, seria extremamente demorado e caro. Assim sendo, os pesquisadoresutilizam amostras como meio para coleta de dados. Uma amostra é um subconjunto da população em estudo. Ela representa a população maior e é usada para fazer inferências sobre essa população. É uma técnica de pesquisa amplamente utilizada nas ciências sociais como uma forma de reunir informações sobre uma população, sem ter que medi-la em sua totalidade. É muito importante definir os termos: população (universo) e o recorte desta (amostra) que será objeto de estudo. Observe o significado destes termos: a) População: conjunto de elementos (empresas, produtos, pessoas, etc.) que possuem as características que serão objeto de estudo; b) Amostra: é uma parte da população escolhida segundo algum critério de representatividade que será estudada. Exemplo: - Pesquisa de opinião pública: a população é o número total de habitantes de um país; a amostra é uma parte dessa população. - Pesquisa de um novo tratamento para uma certa doença: a população é o conjunto total de pessoas com a doença ou que venham a ter a doença, um número que não é conhecido; a amostra é o conjunto de doentes escolhido para testar o tratamento. Figura 2: População e amostra. Fonte: ESTATÍSTICA básica cc. Disponível em:https://sites.google.com/site/estatisticabasicacc/conteudo/estat/populacao. Acesso em: 10 abr. 2020. 148 12.4 Técnicas de pesquisa Para a realização de uma pesquisa científica há necessidade de levantamento dos dados e coleta por meio das técnicas de pesquisa. Gil (2019) nos ensina que o elemento mais importante da fase de delineamento é a Coleta de Dados. De acordo com Marconi; Lakatos (2010, p.176) este procedimento pode ocorrer de diferentes formas, tais como: Documentação indireta: pesquisa documental e pesquisa bibliográfica; Documentação direta: pesquisa de campo, experimental e de laboratório; Observação direta intensiva: observação e entrevista; Observação direta Extensiva: questionário e formulário. O universitário deve-se informar como se pretende obter os dados necessários para responder ao problema de pesquisa. Nas pesquisas, em geral, utilizam-se variadas técnicas em momentos distintos. Observa-se, as definições das técnicas de pesquisa: a) Questionário – é um instrumento de coleta de dados constituído por uma série ordenada de perguntas com linguagem simples e direta com a aplicação de um pré-teste (num universo reduzido) antes da aplicaçãoi da pesquisa, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador. As perguntas são encaminhadas aos informantes em formulários próprios contendo como anexo uma carta explicando o objetivo, a natureza e a importância da pesquisa. Quanto à forma, o questionário poderá ter perguntas nas categorias: - Aberto – questões elaboradas pelo pesquisador, de forma que a pessoa questionada tem liberdade para responder as perguntas feitas. - Fechado – questões de múltipla escolha feita pelo pesquisador a pessoa que esta sendo interrogada. - Semiestruturado – é a elaboração de questões abertas e fechadas apresentadas pelo pesquisador ao examinado. Quadro 3: Questionário: vantagem e desvantagens. Fonte: Elaborado a partir de: MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica, 2010, p.174-213. b) Entrevista – é o encontro de duas pessoas com o objetivo de obter informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversa natural ou programada de forma profissional (estruturada ou semiestruturada que intercala perguntas do roteiro e outras que surgem com o desenvolver da entrevista). VANTAGENS DESVANTAGENS Possibilidade de atingir grande número de pessoas. Exclui os que não sabem ler e escrever. Menores gastos com pessoal (treinamento). Impede auxílio quando o pesquisado não entende o sentido da pergunta. Garante anonimato das respostas. Impede o conhecimento das circunstâncias em que foi respondido. Não há influências de opiniões (entrevistador). Não garante a devolução. -------------------------- Número relativamente pequeno de perguntas. ------------------------- Resultados críticos em relação à objetividade (significados diferentes para cada sujeito pesquisado). Tipos de Perguntas: abertas, fechadas e semiestruturado. 149 A conversa é efetuada frente a frente com entrevistado e entrevistador, de forma sistemática e metódica, possibilitando, assim, obter informações necessárias do entrevistado para realização do trabalho. Para ter sucesso na coleta de dados é importante ter: um roteiro de perguntas através de formulários, um conhecimento prévio do entrevistado, marcar dia, hora e local da entrevista, proporcionar confiança ao entrevistado, garantir sigilo ao informante em relação as suas respostas. Quadro 4: Entrevista: vantagem e desvantagens.. Fonte: Elaborado a partir de: MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica, 2010, p.174-213. c) Observação – é a técnica de coleta de dados para conseguir informações e utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade, ou seja, examinar fatos ou fenômenos que se deseja estudar. Não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar fatos ou ferramentas que se deseja estudar. A observação ajuda o pesquisador a identificar e a obter provas a respeito de objetivos sobre os quais os indivíduos não tem consciência, mas que orientam seu comportamento. Figura 3: Pontos a serem observados na observação estruturada. Na investigação científica são empregadas várias modalidades de observação, que variam de acordo com as circunstâncias. Segundo os meios utilizados apresentam-se dois tipos de observação: - Observação não estrutura: é a que se realiza sem planejamento e sem controle anteriormente elaborados, como decorrência de fenômenos que surgem de imprevisto. - Observação estruturada: é a que se realiza em condições controladas para se responder a propósitos, que foram anteriormente definidos. Requer planejamento e necessita de operações específicas para o seu desenvolvimento. Do ponto de vista científico, a observação oferece uma série de vantagens e limitações, como as outras técnicas de pesquisa, havendo, por isso, necessidade de se aplicar mais de uma técnica ao mesmo tempo. VANTAGENS DESVANYAGENS Possibilita a obtenção de dados referentes aos mais diversos aspectos da vida social A falta de motivação do entrevistado Obtenção de dados acerca do comportamento humano A falta de motivação do entrevistado Dados coletados suscetíveis de classificação e qualificação A falta de compreensão do significado das perguntas O entrevistado não necessita saber ler e escrever Fornecimento de respostas falsas Oferece flexibilidade, no sentido de esclarecimentos Incapacidade do entrevistado para responder a entrevista Permite captar expressões (corporal, gestos, voz...) Influências das opiniões pessoais do entrevistador ------------------------- Custos para treinamento e aplicação das entrevistas TIPOS: - Entrevista informal: expressão livre do entrevistado sobre o assunto pesquisado. - Entrevista focalizada: enfoca tema específico e procura manter o entrevistado no assunto. - Entrevista por pautas: tem certo grau de estruturação, guiando-se por uma relação de pontos. - Entrevista estruturada: relação fixa de perguntas, possibilitando tratamento quantitativo dos dados. 150 Quadro 5: Observação: vantagem e desvantagens.. Fonte: Elaborado a partir de: MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica, 2010, p.174-213. d) Formulário – é um dos instrumentos essenciais para investigação socialcujo sistema de coleta de dados consiste em obter informações diretamente do entrevistado. Nogueira (apud MARKONI; LAKATOS, 2010, p. 212) define formulário como sendo "uma lista formal, catálogo ou inventário destinado à coleta de dados resultantes quer da observação, quer de interrogatório, cujo preenchimento é feito pelo próprio investigador, à medida que faz as observações ou recebe as respostas, ou pelo pesquisado, sob sua orientação". Portanto, o que caracteriza o formulário é o contato face a face entre pesquisador e informante e ser o roteiro de perguntas preenchido pelo entrevistador, no momento da entrevista. São três as qualidades essenciais de todo formulário, apontadas por Ander-Egg (apud MARKONI; LAKATOS, 2010, p. 139): a) Adaptação ao objeto de investigação; b) Adaptação aos meios que se possui para realizar o trabalho; c) Precisão das informações em um grau de exatidão suficiente e satisfatório para o objetivo proposto. Quadro 6: Formulário: vantagem e desvantagens. Fonte: Elaborado a partir de: MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica, 2010, p.174-213. VANTAGENS DESVANYAGENS Possibilita meios diretos e satisfatórios para estudar uma ampla variedadede fenômenos. O observado tende a criar impressões favoráveis ou desfavoráveis no observador. Exige menos do observador do que as outras técnicas. A ocorrência espontânea não pode ser prevista, o que impede, muitas vezes, o observador de presenciar o fato. Permite a coleta de dados sobre um conjunto de atitudes comportamentais típicas. Fatores imprevistos podem interferir na tarefa do pesquisador. Depende menos da introspecção ou da reflexão. A duração dos acontecimentos é variável: pode ser rápida ou demorada e os fatos podem ocorrer simultaneamente; nos dois casos, toma-se difícil a coleta dos dados. Permite a evidência de dados não constantes do roteiro de entrevistas ou de questionários. Vários aspectos da vida cotidiana, particular, podem não ser acessíveis ao pesquisador. VANTAGENS DESVANTAGENS Utilizado em quase todo o segmento da população: alfabetizados, analfabetos, populações heterogêneas etc., porque seu preenchimento é feito pelo entrevistador. Menos liberdade nas respostas, em virtude da presença do entrevistador. Oportunidade de estabelecer rapport, devido ao contato pessoal. Risco de distorções, pela influência do aplicador.. Presença do pesquisador, que pode explicar os objetivos da pesquisa, orientar o preenchimento do formulário e elucidar significados de perguntas que não estejam muito claras. Menos prazo para responder às perguntas; não havendo tempo para pensar, elas podem ser invalidadas Flexibilidade, para adaptar-se às necessidades de cada situação, podendo o entrevistador refonnular itens ou ajustar o fonnulário à compreensão de cada infonnante. Mais demorado, por ser aplicado a uma pessoa de cada vez. Obtenção de dados mais complexos e úteis. Insegurança das respostas, por falta do anonimato. Facilidade na aquisição de um número representativo de informantes, em determinado grupo. Pessoas possuidoras de infonnações necessárias podem estar em localidades.muito distantes, tornando a resposta difícil, demorada e dispendiosa. Uniformidade dos símbolos utilizados, pois é preenchido pelo próprio pesquisador. --------------------------------------------- 151 Na redação do Trabalho de Conclusão de Curso é o momento destinado a descrever o método, as técnicas e os instrumentos de coleta de dados adotados para o desenvolvimento do trabalho. Além de indicar cada um dos tipos adotados, há de se fazer citações, conceituando cada um dos tipos escolhidos, de acordo com os autores considerados mais adequados ao TEMA DA PESQUISA, bem como indicar a utilização prática de cada tipo (estratégias práticas para a utilização dos tipos adotados). Ressalta-se, ainda, a importância de justificar a escolha de cada tipo utilizado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DESTE TÓPICO BARROS, Aidil de Jesus Paes de.; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Projeto de pesquisa: propostas metodológicas. 23. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014. ESTATÍSTICA básica cc. Disponível em:https://sites.google.com/site/estatisticabasicacc/conteudo/estat/populacao. Acesso em: 20 out. 2019. ESTUDO de coorte. Disponível em: http://medstatweb.med.up.pt/cursop/print_script1b29html?capitulo=desenhos_estudo &numero=4&titulo=Desenhos%20de%20estudo. Acesso em: 21 out. 2019. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. p.19-24, 45-61. GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2019. FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002. MARCONI, Marina de Andrade, LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. MARCONI, Marina de Andrade, LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2017. p.15-36/ 57-123. MARCONI, Marina de Andrade, LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do Trabalho Científico. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2017. MEZZAROBA, Ondes.; MONTEIRO, Claudia Servilha. Manual de metodologia da pesquisa no Direito. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2019. POLIT, Denise; BECK, CHERYL Tatano; HUNGLER, Bernadete; THORELL, Ana. Fundamentos de pesquisa em enfermagem: métodos, avaliação e utilização, 2004, p. 251-252. RUDIO, Franz Victor. Introdução ao projeto de pesquisa científica. 43. ed. Petrópolis: Vozes, 2015. RUIZ, J.A. Metodologia científica: guia para eficiência nos estudos. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1993.
Compartilhar