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SALVADOR – BA 2020 BACHAREL EM DIREITO BRENDA BESSA VILLA NOVA GOMEZ MATHEUS ANJOS ACC – SEMANA 8 SALVADOR – BA 2020 BRENDA BESSA VILLA NOVA GOMEZ MATHEUS ANJOS ACC – SEMANA 8 Atividade de Consolidação do Conhecimento apresentado ao Curso de Direito da Universidade Faculdade de Tecnologias e Ciências, a ser utilizado como pré-requisito para a obtenção de nota semestral. Orientador: prof. (a) Natalia Carvalho 1. NOTÍCIA - 2. RESUMO E ANÁLISE DA NOTÍCIA Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, levantou a possibilidade de punição ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) após declarações deste em defesa de um novo AI-5 (ato institucional decretado pela ditadura militar em 1968 dando ao governo mais poderes autoritários). Em nota, Maia faz várias declarações dentre elas: "A Carta de 88 abomina, criminaliza e tem instrumentos para punir quaisquer grupos ou cidadãos que atentem contra seus princípios —e atos institucionais atentam contra os princípios e os fundamentos de nossa Constituição." Por vez, Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) afirmou em suas redes socias o seguinte: "A simples tentativa de cassar o mandato de um deputado POR FALAR já é o próprio AI-6" A cassação, a pedido da oposição, dependerá de apoio dos partidos de centro que fazem parte do Conselho e Ética e Decoro Parlamentar da Casa. Vale salientar que deputados e senadores possuem imunidades parlamentar, contudo, essa imunidade não diz respeito a figura do parlamentar, mas sim à sua função, resguardando de todas as intenções maléficas por parte dos demais poderes. A imunidade material, também conhecida como real ou substantiva, encontra respaldo no art. 53, caput da Constituição Federal e tem a denominada competência por prerrogativa de função, envolvendo as regras do art. 84 do CPP. Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. Art. 84. A competência pela prerrogativa de função é do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, dos Tribunais Regionais Federais e Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, relativamente às pessoas que devam responder perante eles por crimes comuns e de responsabilidade. Segundo os ensinamentos de Gilmar Ferreira Mendes, a imunidade não é concebida para gerar um privilégio aos indivíduos que por acaso enseja desempenho de mandato popular; tem por escopo, sim, assegurar o livre desempenho do mandato e prevenir ameaças ao funcionamento normal do legislativo. Logo, percebe-se que o processo por suposta quebra de decoro parlamentar não é tão simples. Após a chegada do pedido ao conselho, o presidente do colegiado, escolhe o relator do caso. O escolhido não poderá ser do mesmo partido do réu, nem do partido autor da ação. Começando, então, o prazo para que seja apresentado o parecer, que pode ser pelo arquivamento ou pela abertura do processo. Art.53. § 3.º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. § 4.º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. § 5.º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato. Importante salientar que a denominada imunidade material regula simplesmente a matéria que há de se levar em conta quando da apreciação da imunidade, sendo elas as opiniões e as palavras proferidas pelo parlamentar, bem como também seu voto, deste que proferidas no exercício da função pública, fora ou dentro do Congresso. O entendimento do Supremo Tribunal Federal: "A garantia constitucional da imunidade parlamentar em sentido material (CF, art. 53,caput) – que representa um instrumento vital destinado a viabilizar o exercício independente do mandato representativo – somente protege o membro do Congresso Nacional, qualquer que seja o âmbito espacial (locus) em que este exerça a liberdade de opinião (ainda que fora do recinto da própria Casa legislativa), nas hipóteses específicas em que as suas manifestações guardem conexão com o desempenho da função legislativa (prática in officio) ou tenham sido proferidas em razão dela (práticapropter officium), eis que a superveniente promulgação da EC 35/2001 não ampliou, em sede penal, a abrangência tutelar da cláusula da inviolabilidade. A prerrogativa indisponível da imunidade material – que constitui garantia inerente ao desempenho da função parlamentar (não traduzindo, por isso mesmo, qualquer privilégio de ordem pessoal) – não se estende a palavras, nem a manifestações do congressista, que se revelem estranhas ao exercício, por ele, do mandato legislativo. A cláusula constitucional da inviolabilidade (CF, art. 53, caput), para legitimamente proteger o parlamentar, supõe a existência do necessário nexo de implicação recíproca entre as declarações moralmente ofensivas, de um lado, e a prática inerente ao ofício congressional, de outro. Doutrina. Precedentes." (Inq 1.024-QO, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 21-11-2002, Plenário, DJ de 4-3-2005.) No mesmo sentido:Inq 2.915, rel. min. Luiz Fux, julgamento em 9-5- 2013, Plenário, DJE de 31-5-2013; Inq 2.874-AgR, rel. min. Celso de Mello, julgamento em 20-6-2012, Plenário, DJEde 1º-2-2013; Inq 2.332-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 10-2-2011, Plenário, DJE de 1º-3-2011. Vale lembrar que tal imunidade é de caráter perpétuo, pois após o fim de sua legislatura o parlamentar não poderá ser investigado e responsabilizado, civil ou criminalmente pelas palavras, opiniões e votos proferidos durante o seu mandato, pois se pressupõe a inexistência, à época, de ilícito ou infração penal e civil. Outro aspecto qual devemos lembrar é a respeito do Procurador-geral da República, Augusto Aras. Aras tomou posse no final de setembro, após ser indicado para o cargo pelo presidente Jair Bolsonaro, pai de Eduardo Bolsonaro. Porém, como visto, foi feita, no caso do STF, a apresentação de uma notícia-crime pela oposição e para que haja uma continuidade com a acusação, é necessário o aval do atual PGR, pois apenas este pode pedir a abertura de um processo criminal contra um deputado. Sendo assim, ocorreu a imunidade parlamentar, quando Augusto Aras recebeu o cargo e se tornou escravo de Bolsonaro. Logo, a reponsabilidade, para que ocorra a abertura de um processo de cassação contra o parlamentar, será do Conselho de Ética da Casa, no caso da Câmara dos Deputados.
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