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Direito Penal 3 - Aula 13

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Direito Penal 3
Aula 13: 11/06/2018.
Estupro (Art. 213 do CP)
CP, art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:
A nova lei optou pela rubrica estupro, que diz respeito ao fato de ter o agente constrangido alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso.
Constranger alguém
	
Mediante violência ou grave ameaça
A ter conjunção carnal
Praticar ou permitir que com ele se pratique
Ato libidinoso
Análise do artigo 213:
a) o constrangimento, levado a efeito mediante o emprego de violência ou grave ameaça; 
b) que pode ser dirigido a qualquer pessoa, seja do sexo feminino ou masculino; 
c) para que tenha conjunção carnal; 
d) ou, ainda, para fazer com que a vítima pratique ou permita que com ela se pratique qualquer ato libidinoso.
Modalidade qualificada do crime de estupro (art. 213, § 1o e § 2o):
a) se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave;
b) se a vítima é menor de 18 anos ou maior de 14 anos;
c) se da conduta resulta morte.
IMPORTANTE: nota-se que as modalidades qualificadas do crime de estupro se dá na forma preterdolosa, visto que os resultados que qualificam o crime são realizados na sua modalidade culposa. Haja vista que a intenção do agente é tão somente estuprar a vítima.
Estupro de Vulnerável (art. 217-A do CP)
CP, art. 217-A.  Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos.
§ 1o  Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.  
Ter conjunção carnal ou praticar ato libidinoso
Menor de 14 anos
Pessoa com deficiência mental (sem necessário discernimento)
Pessoa que não pode oferecer resistência
Modalidade qualificada (art. 217-A, § 3o e § 4o)
a) § 3o  Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave;
b) § 4o  Se da conduta resulta morte.
	Nucci: entende que o menor de 12 anos possui a vulnerabilidade absoluta. 
	No entanto, deve ser frisado que esses resultados que qualificam a infração penal somente podem ser imputados ao agente a título de culpa, cuidando-se, outrossim, de crimes eminentemente preterdolosos.
Dessa forma, o agente deve ter dirigido sua conduta no sentido de estuprar a vítima, vindo, culposamente, a causar-lhe lesões graves ou mesmo a morte.
Ação Penal 
CP, art. 225.  Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública condicionada à representação.              
Parágrafo único.  Procede-se, entretanto, mediante ação penal pública incondicionada se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa vulnerável. 
Análise do fundamento legal sobre a ação penal:
- ação penal pública condicionada à representação: é a regra.
- ação penal pública incondicionada: vítima menor de 18 anos ou pessoa vulnerável.
	Sabe-se que o artigo 214 do CP (atentado violento ao pudor) foi revogado. Pergunta-se: ocorrera abolitio criminis em relação ao crime de atentado violento ao pudor?
	Resposta: Não. O que ocorrera foi a transferência do texto legal do artigo 214 do CP para o artigo 213 desse mesmo código; ou seja, trata-se do instituto penal chamado continuidade normativa. 
	No crime de estupro, há a materialização da violência ou grave ameaça no texto do artigo, já no crime de estupro de vulnerável, a violência ou grave ameaça é presumida. 
Causas de aumento de pena:
CP, art. 226. A pena é aumentada:
I – de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de 2 (duas) ou mais pessoas;
II – de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tem autoridade sobre ela.
	Nota-se as seguintes situações que fazem a pena aumentar nos crimes analisados:
- concurso de pessoas. Exemplo: estupro coletivo.
- se o agente tem autoridade sobre a vítima ou no âmbito familiar (ascendente, padrasto, madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro).
Escusas Absolutórias (artigos: 181, 182 e 183 do CP)
Art. 181. É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo:
I – do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II – de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.
Art. 182. Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo:
I – do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
II – de irmão, legítimo ou ilegítimo;
III – de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
Art. 183. Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:
I – se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa;
II – ao estranho que participa do crime;
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.
	Esses artigos tratam das chamadas imunidades penais de caráter pessoal. Essas imunidades podem ser absolutas ou relativas. Quando absolutas, isentam o agente de pena, sendo, nesse caso, reconhecidas como escusas absolutórias; se relativas, fazem a ação penal depender de representação do ofendido ou de seu representante legal.
a) imunidades penais absolutas ou escusas absolutórias (art. 181 do CP): esse artigo isenta de pena, pois avalia o caráter pessoal referente aos laços familiares e afetivos do agente com a vítima. Tais imunidades foram criadas por razões de política criminal (o legislador afasta a punibilidade). 
	Ressalta-se que a mencionada escusa absolutória poderá ser aplicada, via analogia, àqueles que se encontram numa situação de união estável.
	Merece registro, também, o fato de que a autoridade policial não poderá, sequer, instaurar inquérito policial a fim de apurar, por exemplo, um delito de furto praticado entre cônjuges, ou se estiver diante de uma relação entre ascendentes e descendentes, a não ser se houver alguma evidência de que os fatos não foram praticados tão somente por aqueles que gozavam da imunidade penal absoluta, conforme ressalva contida no inciso II do art. 183 do Código Penal.
	Isso se dá porque aquelas pessoas elencadas nos incisos I e II do art. 181 do Código Penal jamais poderão ser indiciadas em inquérito policial em virtude dos fatos criminosos por elas praticados, pois se encontram sob o manto da imunidade penal absoluta.
	Chega-se à conclusão de que a ocorrência da imunidade penal absoluta não interfere na existência da infração penal em si. Isso significa que o fato praticado pelo agente, que goza da imunidade, continua a ser considerado típico, ilícito e culpável, afastando—se somente a punibilidade, por questões de política criminal, razão pela qual poderá ser responsabilizado criminalmente o terceiro que participou do crime
	Em suma, as escusas absolutórias penais ocorrem quando o sujeito ativo pratica crime contra o patrimônio em prejuízo de:
- cônjuge na constância da sociedade conjugal (união estável também se enquadra por analogia);
- ascendente ou descendente legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.
b) imunidades penais relativas ou imunidades processuais (art. 182 do CP): trata-se de situações que não conduzem sequer ao afastamento da punibilidade, como ocorre com o art. 181 do Código Penal, podendo as pessoas arroladas nos incisos do referido art. 182, no prazo decadencial de 6 (seis) meses, oferecer sua representação, permitindo, assim, a abertura de inquérito policial, bem como o início da ação penal de iniciativa pública que estava a ela condicionada.
c) exceções às imunidades penais absolutas e relativas (art. 183 do CP): 
1ª: se o crime for de roubo ou de extorsão, ou sempre que houver o emprego de violência ou grave ameaça como elemento do tipo. 
	O juízo de reprovação que recai sobre o agente, não se podendo, agora, fechar os olhos para essa situação.Assim, resumindo, as imunidades (absolutas ou relativas) somente terão aplicação quando se estiver diante de infrações patrimoniais que não forem cometidas com o emprego de violência ou grave ameaça.
2ª: quando um estranho participa do crime. 
	Haja vista que, não se encontrando no círculo familiar a que pertence a vítima, não teria sentido qualquer restrição à sua punição. Além disso, dependendo da hipótese concreta, o concurso, na prática da infração penal, daquela pessoa favorecida com a imunidade, poderá fazer, inclusive, com que o agente responda pela forma qualificada do delito, a exemplo do que ocorre com o furto qualificado pelo concurso de pessoas. Aqui, embora um dos agentes, por exemplo, por ser filho da vítima, possa ficar “imune”, tal situação não afastará a possibilidade de ser aplicada a modalidade qualificada ao estranho que dele participou.
3ª: contra idoso com idade igual ou superior a 60 anos.
	Dessa forma, não importando se exista relação entre cônjuges, durante a constância da sociedade conjugal ou mesmo entre ascendentes e descendentes, se a vítima for pessoa com idade igual ou superior a 60 anos restará afastada a imunidade penal absoluta, vale dizer, o fato poderá ser objeto de persecução por meio da Justiça Penal, bem como a ação penal será considerada de iniciativa pública incondicionada.
	Assim, imagine-se a hipótese em que um filho subtraísse um bem pertencente a seu pai, que já contasse, na época dos fatos, com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. Nesse caso, dada a situação de maior vulnerabilidade da vítima, não se poderá arguir a imunidade penal absoluta, permitindo-se, portanto, a punição do agente pela subtração por ele levada a efeito.
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