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A responsabilidade dos incapazes frente aos danos casados á terceiros TRAB SEGUNDA

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A responsabilidade dos incapazes frente aos danos casados á terceiros. Como o ordenamento jurídico brasileiro trata esse assunto ?
Acadêmica: Simone Soares Rissato 3º sem. Noturno. 
Durante muitos anos, o incapaz não era responsável pelos danos causados, em razão de sua inimputabilidade. No ordenamento jurídico brasileiro, o Código Civil de 2002 inova relativamente ao tratamento da matéria no Código Civil de 1916, autorizando que o incapaz responda pelos danos produzidos, destacando-se que a doutrina sobre o tema é escassa e a jurisprudência não é pacífica a seu respeito.
Preleciona o ordenamento civil atual que aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo, nos termos do art. 186 do Código Civil. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem a obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes, sendo certo que a indenização prevista será equitativa e não poderá privar do necessário tanto o incapaz quanto as pessoas que dele dependem.
Nesse panorama, o presente trabalho analisará a responsabilidade civil do incapaz, sejam eles os menores, os acometidos por enfermidade ou deficiência mental e, até mesmo, os afetados por causa transitória, pontuando a alteração de sua regulamentação no Código Civil de 1916 com o advento do novo Código em 2002, que deve ser interpretado conjuntamente com os preceitos fundamentais contidos na Constituição da República de 1988.
Com efeito, a ordem jurídica inaugurada pela Constituição da República de 1988, trouxe alterações à irresponsabilidade do incapaz, especialmente em face da consagração da dignidade da pessoa humana, fundamento da República Federativa do Brasil. E foi nesse cenário de ampla responsabilização que surgiu a necessidade de relacionar harmonicamente a dignidade humana, solidariedade social e igualdade, valores constitucionalmente protegidos, e que o diploma civil logrou fazer.
Sobre a responsabilidade civil do incapaz, o código vigente traz dois dispositivos colidentes entre si: de um lado está o art. 928, acolhendo a responsabilidade subsidiária e mitigada do incapaz. Assim preleciona o dispositivo:
Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.
Nesse contexto, duas seriam as condições para a inimputabilidade não excluir o dever de reparar o dano: a) o ato praticado pelo inimputável configurar violação a dever jurídico, pois, em caso contrário, estaria sendo tratado com maior severidade que as pessoas imputáveis; b) o inimputável possuir patrimônio suficiente para seus alimentos e os daqueles que dele dependam legalmente.
O parágrafo único do art. 928 do CC determina que, em tal situação, a indenização deverá ser equitativa, não ocorrendo se privar o incapaz ou as pessoas que dele dependem dos meios necessários à subsistência.
Em consonância com a proteção conferida ao incapaz pela Constituição da República de 1988, não haverá indenização se esta privar o incapaz ou as pessoas que dele dependam do necessário para sua sobrevivência com dignidade, é dizer, o pagamento de indenização não pode gerar a ruína do incapaz nem de seus dependentes.
Aliás, num interpretação teleológica do sistema jurídico brasileiro, o dever de indenizar não pode arruinar ninguém, pois não apenas ao incapaz a Constituição da República de 1988 garantiu o mínimo existencial.
Note-se que a lei determina, ainda, que a indenização seja equitativa, vale dizer, o juiz deverá levar em conta, no momento em que for fixar o quantum da indenização, a situação econômica do incapaz e das pessoas que dele dependa.
Porém, sua responsabilidade é subsidiária, apenas se revelando acaso as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de indenizar ou não dispuserem de meios suficientes para tanto.
Cumpre destacar, ainda, que o citado dispositivo legal refere-se ao incapaz de forma geral, abrangendo não só os amentais, mas também os menores de 18 anos[5]. Nesse sentido, preleciona o art. 3º do Código Civil:
Art. 3º. São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:
I - os menores de dezesseis anos;
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos;
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.
Indaga-se, entretanto, se a responsabilidade do incapaz é objetiva ou subjetiva no Código Civil em vigor.
O parágrafo único do art. 928 do CC determina que, em tal situação, a indenização deverá ser equitativa, não ocorrendo se privar o incapaz ou as pessoas que dele dependem dos meios necessários à subsistência.
Em consonância com a proteção conferida ao incapaz pela Constituição da República de 1988, não haverá indenização se esta privar o incapaz ou as pessoas que dele dependam do necessário para sua sobrevivência com dignidade, é dizer, o pagamento de indenização não pode gerar a ruína do incapaz nem de seus dependentes.
Aliás, num interpretação teleológica do sistema jurídico brasileiro, o dever de indenizar não pode arruinar ninguém, pois não apenas ao incapaz a Constituição da República de 1988 garantiu o mínimo existencial.
Note-se que a lei determina, ainda, que a indenização seja equitativa, vale dizer, o juiz deverá levar em conta, no momento em que for fixar o quantum da indenização, a situação econômica do incapaz e das pessoas que dele dependa.
Porém, sua responsabilidade é subsidiária, apenas se revelando acaso as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de indenizar ou não dispuserem de meios suficientes para tanto.
Cumpre destacar, ainda, que o citado dispositivo legal refere-se ao incapaz de forma geral, abrangendo não só os amentais, mas também os menores de 18 anos[5]. Nesse sentido, preleciona o art. 3º do Código Civil:
Art. 3º. São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:
I - os menores de dezesseis anos;
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos;
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.
Indaga-se, entretanto, se a responsabilidade do incapaz é objetiva ou subjetiva no Código Civil em vigor.
A moderna responsabilidade civil já superou há muito a culpa subjetiva para determinar a imputação do dano e da obrigação correspondente de indenizar, abandonando a rígida ideia de que a culpa requer o reconhecimento de um comportamento socialmente reprovável. Prevalece hoje a ideia de que o dano causado de uma forma ilícita deve ser reparado pelo autor de um comportamento objetivamente diverso dos parâmetros de valoração social, independentemente da capacidade de entender e agir. Há, portanto, clara separação entre os elementos da culpa e aqueles da imputabilidade do dano.
Assim, responde o incapaz pelo ato ilícito que praticou, independentemente da culpa subjetiva, porque o dano daí resultante é injusto. É que reconduzida a culpa a uma noção objetiva, em razão da não conformidade a um modelo objetivo de comportamento diligente, pode o comportamento do incapaz ser qualificado como culposo. Tal comportamento pode ser qualificado objetivamente como antijurídico se ele realiza a hipótese material da violação de uma norma jurídica que tutela um relevante interesse na vida de relação.
Ao causar dano injustamente à vítima, o incapaz pratica o ilícito que autoriza sua responsabilização, independentemente da culpa subjetiva, de forma direta quando não puder responder pela indenização as pessoas que são responsáveis por ele.
Não obstante o reconhecimento do ilícito e a consequente responsabilidade do incapaz pelo dano que causou, o ordenamento pátrio se orientou bem quandoestabeleceu uma forma mitigada de responsabilização nesse caso. É que a despeito da crítica feita pela doutrina a uma norma que isenta o incapaz da responsabilidade, porque incompatível com a moderna visão da responsabilidade civil que olha mais para a vítima do que para o autor do fato danoso e que defende antes a tutela da vítima do que a sanção ao causador do dano, o que se deve ter em conta não é somente o interesse do prejudicado, mas o interesse do incapaz.
Com efeito, gravar o incapaz com a obrigação de ressarcimento do dano significaria efetivamente torná-lo a própria vítima do dano, significaria ignorar um interesse que não é menos merecedor de tutela do que o interesse do prejudicado. A escolha do ordenamento é no sentido de privilegiar interesse do incapaz, e a escolha deve ser mantida porque o princípio de salvaguarda do interesse do incapaz responde uma exigência sempre advertida pela consciência social.
Verifica-se, portanto, que a doutrina pátria divide-se quanto regime da responsabilidade civil do incapaz estabelecido pelo Código Civil de 2002, discutindo se seria objetiva ou subjetiva.
Tal responsabilidade é prevista no art. 928 do Código civil e aplica-se não apenas aos menores, como também aos demais incapazes nos termos do art. 3º do mesmo diploma civil.
O art. 928 do Código Civil traz, portanto, a responsabilidade pessoal, subsidiária e mitigada do incapaz, surgindo apenas se aqueles que por ele forem responsáveis não tiverem o dever de fazê-lo ou não possuírem recursos materiais para tanto e desde que se assegure o mínimo existencial do incapaz.
A doutrina que defende a responsabilidade civil objetiva argumenta que o incapaz não pode agir com culpa por que não tem imputabilidade, dessa forma, o incapaz responde por seus atos lesivos, logo, a responsabilidade do incapaz independe de culpa.
Já a doutrina que defende a responsabilidade subjetiva sustenta a impossibilidade da responsabilidade objetiva do incapaz, pois fazê-lo seria colocá-lo em uma posição jurídica mais gravosa do que aquela de uma pessoa capaz, em total violação do princípio da isonomia, argumentando, ademais que a responsabilização objetiva é muito mais severa do que a subjetiva e aplicá-la ao incapaz seria desconsiderar o dever de proteção que a Constituição da República de 1988 determina que a ele se dispense.
REFERENCIAS:
BUZANAR, Maurício. Cadernos de Direito. Piracicaba, v. 9(16-17): 177-197, jan.-dez. 2009.
CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de Responsabilidade Civil. 4ª ed. São Paulo: Editora Malheiros, 2003.
DIREITO, Carlos Alberto Menezes; CAVALIERI FILHO, Sérgio. Comentários ao Novo Código Civil. Volume XIII. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2011.
FIUZA, Ricardo. O Novo Código Civil e as Propostas de Aperfeiçoamento, São Paulo: Editora Saraiva, 2004.

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