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ADOÇÃO
ISABEL CRISTINA GUIMARÃES AQUINO DE OLIVEIRA
Adoção
Adoção é um ato jurídico solene,
estabelecido por alguma pessoa de
forma irrevogável, independentemente
de qualquer relação de parentesco
consangüíneo ou afim, um vínculo fictício
de filiação, trazendo para sua família, na
condição de filho, pessoa que
geralmente lhe é estranha.
Lei 8.069/1990, arts. 39 a 52
CARACTERÍSTICAS
É ato jurídico em sentido estrito, de natureza complexa.
Não é ato jurídico unilateral
Não pode ser revogada; a condição de filho jamais poderá ser
impugnada
É ato personalíssimo
Não se permite adoção de nascituro
Limite de idade
Prevalecerá o ECA
Requisito
O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais
velho do que o adotando.
LEGITIMADOS A ADOTAR:
Podem: qualquer pessoa capaz, com idade
superior a 18 anos, de qualquer estado civil;
parentes colaterais de terceiro grau (sobrinhos).
Não podem:
Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos,
independentemente do estado civil.
§ 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do
adotando.
Precedente
Recurso Especial 1.635.649 julgado pelo Superior Tribunal
de Justiça, é sobre um pedido de adoção de avós que
criaram um neto como filho, onde o Tribunal decidiu em
circunstância excepcionalíssima permitir que um
ascendente adote seu descendente. Os recorrentes já
tinham a guarda definitiva do adotando, porém
requeriam pela adoção, haja vista que foram eles que o
criaram desde seu nascimento até atualmente, cuja
ementa de tal decisão deixa claro que um dos motivos
elencados foi a anuência dos demais herdeiros, inclusive
da mãe biológica, que foi criada como irmã.
CIVIL. RECURSO ESPECIAL. FAMÍLIA. ESTATUTO DA
CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. ADOÇÃO POR
AVÓS. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DO MELHOR
INTERESSE DO MENOR. PADRÃO HERMENÊUTICO
DO ECA. 01 - Pedido de adoção deduzido por
avós que criaram o neto desde o seu nascimento,
por impossibilidade psicológica da mãe
biológica, vítima de agressão sexual. 02 - O
princípio do melhor interesse da criança é o
critério primário para a interpretação de toda a
legislação atinente a menores, sendo capaz,
inclusive, de retirar a peremptoriedade de qualquer texto
legal atinente aos interesses da criança ou do
adolescente, submetendo-o a um crivo objetivo de
apreciação judicial da situação específica que é
analisada. 03. Os elementos usualmente elencados como
justificadores da vedação à adoção por ascendentes
são: i) a possível confusão na estrutura familiar; ii)
problemas decorrentes de questões hereditárias; iii)
fraudes previdenciárias e, iv) a inocuidade da medida em
termos de transferência de amor/afeto para o adotando.
04. Tangenciando à questão previdenciária e às questões
hereditárias, diante das circunstâncias fática presentes -
idade do adotando e anuência dos demais herdeiros
com a adoção, circunscreve-se a questão posta a desate
em dizer se a adoção conspira contra a proteção do
menor, ou ao revés, vai ao encontro de seus interesses.
05. Tirado do substrato fático disponível, que a família
resultante desse singular arranjo, contempla, hoje, como
filho e irmão, a pessoa do adotante, a aplicação simplista
da norma prevista no art. 42, § 1º, do ECA, sem as
ponderações do "prumo hermenêutico" do art. 6º do ECA,
criaria a extravagante situação da própria lei estar
ratificando a ruptura de uma família socioafetiva,
construída ao longo de quase duas décadas com o
adotante vivendo, plenamente, esses papéis
intrafamiliares. 06. Recurso especial conhecido e provido.
(STJ, 2018, on-line)
Posição do STJ
A 4ª turma autoriza adoção de neto por avós em atenção
ao melhor interesse da criança (março de 2020)
Decisão alinha-se à jurisprudência da 3ª turma.
A proibição do ECA de adoção de netos por avós (a
chamada adoção avoenga) pode ser mitigada em casos
excepcionais, visando o princípio do melhor interesse da
criança e do adolescente. A decisão é da 4ª turma do STJ,
ao negar recurso do MP/SC .
O juízo de 1º grau julgou procedente a pretensão
de adoção deduzida pela avó paterna e seu
companheiro ("avô por afinidade"), decisão que
foi mantida pelo TJ/SC. No caso, os pais da
criança foram devidamente citados e ouvidos em
audiência, e declararam concordar com a
adoção. O parquet estadual recorreu alegando
a impossibilidade jurídica da adoção avoenga,
pois vedada expressamente pela lei - o § 1º do
artigo 42 do ECA estabeleceu, como regra, a
impossibilidade da adoção dos netos pelos avós.
Contudo, o ministro Luis Felipe Salomão, relator, rejeitou a
tese recursal do parquet e proferiu entendimento que se
alinha à jurisprudência da 3ª turma: “Constata-se a
existência de precedentes da Terceira Turma que mitigam
sua incidência em hipóteses excepcionais envolvendo
crianças e adolescentes, e desde que verificado,
concretamente, que o deferimento da adoção
consubstancia a medida que mais atende ao princípio do
melhor interesse do menor, sobressaindo reais vantagens
para o adotando.”(Processo: REsp 1.587.477)
ESTÁGIO DE CONVIVÊNCIA
É obrigatório à adoção de menor - art. 46 do ECA
O prazo é fixado pelo juiz e precederá a adoção
É determinante para adoção conjunta por divorciados
Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência
com a criança ou adolescente, pelo prazo máximo de 90
(noventa) dias, observadas a idade da criança ou adolescente
e as peculiaridades do caso. (Redação dada pela Lei nº
13.509, de 2017)
§1o O estágio de convivência poderá ser dispensado se o
adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante
durante tempo suficiente para que seja possível avaliar a
conveniência da constituição do vínculo. (Redação dada pela
Lei nº 12.010, de 2009)
[...]
§ 2o A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a
dispensa da realização do estágio de convivência.
(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 2o -A. O prazo máximo estabelecido no caput deste
artigo pode ser prorrogado por até igual período,
mediante decisão fundamentada da autoridade
judiciária. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 3o Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou
domiciliado fora do País, o estágio de convivência será de, no
mínimo, 30 (trinta) dias e, no máximo, 45 (quarenta e cinco)
dias, prorrogável por até igual período, uma única vez,
mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária.
(Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 3o -A. Ao final do prazo previsto no § 3 o deste artigo, deverá
ser apresentado laudo fundamentado pela equipe
mencionada no § 4o deste artigo, que recomendará ou não o
deferimento da adoção à autoridade judiciária. (Incluído pela
Lei nº 13.509, de 2017)
§ 4o O estágio de convivência será acompanhado pela
equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da
Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos
responsáveis pela execução da política de garantia do direito
à convivência familiar, que apresentarão relatório minucioso
acerca da conveniência do deferimento da medida. (Incluído
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 5o O estágio de convivência será cumprido no território
nacional, preferencialmente na comarca de residência da
criança ou adolescente, ou, a critério do juiz, em cidade
limítrofe, respeitada, em qualquer hipótese, a competência do
juízo da comarca de residência da criança. (Incluído pela Lei nº
13.509, de 2017)
CONSENTIMENTO
Existem dois tipos:
1) antes do adotando completar 12 anos;
2) associado ao do adotando que tiver mais de 12 anos.
REGRAS BÁSICAS DO CONSENTIMENTO
O consentimento de pais conhecidos será de ambos;
O consentimento pode ser feito por qualquer meio que o
expresse;
Família monoparental – apenas do genitor que constar da
certidão;
Pode ser revogado, mas apenas no curso do processo.
DISPENSA-SE O CONSENTIMENTO:
Pais que perderam o poder familiar;
Processo que perdura por longo tempo e registra-se o
bem-estar da criança na família adotante;
De pais desaparecidos;
De criança abandonada, com endereço determinado,
sem conhecimentode sua origem;
De órfão não reclamado por qualquer parente, em
virtude de morte constatada dos pais.
REQUISITOS DO PROCESSO JUDICIAL:
Impossibilidade da adoção mediante escritura pública;
Competência exclusiva das Varas da Infância e
Juventude para adotando menor de 18 anos e nas Varas
de Família para adotando maior de 18 anos;
Processo concluído, será expedido mandado oficial do
registro civil de nascimento, para inscrição da sentença,
cancelando-se o registro anterior;
A Lei nº. 12.010 de 2009, que entrou em vigor em
novembro de 2009, veio para introduzir novas regras
com relação à adoção no Brasil, aperfeiçoando os
processos referentes a essa prática. Sendo que um dos
pontos mais importantes com relação à nova legislação
estão a avaliação periódica da situação de cada
criança acolhida em instituição; a criação de cadastros
de crianças aptas a adoção e pretendentes a adota-
las; e o cuidado, agora previsto em lei, com a
manutenção dos laços fraternos e familiares.
CC, Art. 1618. A adoção de crianças e
adolescentes será deferida na forma
prevista pela Lei no 8.069, de 13 de julho
de 1990 - Estatuto da Criança e do
Adolescente.
CC, Art. 1619. A adoção de maiores de 18
(dezoito) anos dependerá da assistência
efetiva do poder público e de sentença
constitutiva, aplicando-se, no que
couber, as regras gerais da Lei no 8.069,
de 13 de julho de 1990 - Estatuto da
Criança e do Adolescente".
A redação do texto legal, evidencia a
preocupação do legislador em preservar o
vínculo familiar, prevendo como de
fundamental importância para o
desenvolvimento da criança e do adolescente,
o convívio com a família biológica.
A família substituta é aquela que acolhe uma
criança ou um adolescente desprovido de
família natural, de modo que faça parte da
mesma.
As principais modificações trazidas com a 
Lei nº. 12.010/2009 foram:
- a criação do Cadastro Nacional de adoção o
qual reúne os dados das pessoas que querem
adotar e das crianças e adolescentes aptos
para a adoção, de modo a impedir a adoção
direta
- estabelece uma preparação psicológica de
modo a esclarecer o significado de uma
adoção e promover a adoção de pessoas que
não são normalmente preferidas.
- a idade mínima de 18 (dezoito) anos
para adotar, independente do estado
civil.
Obs.: Entretanto, na adoção conjunta,
feita por um casal é necessário que
ambos sejam casados ou mantenham
união estável.
- a adoção dependerá de concordância,
em audiência, do adotado se este possuir
mais de 12 (doze) anos, sendo que os
irmãos não poderão mais ser separados,
devem ser adotados pela mesma família.
- estabelece como medida protetiva a
figura do acolhimento familiar, a qual a
criança ou o adolescente é
encaminhado para os cuidados de uma
família acolhedora, que cuidará daquele
de forma provisória.
Terão prioridade de tramitação os processos de
adoção em que o adotando for criança ou
adolescente com deficiência ou com doença
crônica. (Lei nº 12.955, de 2014)
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12955.htm#art2
EFEITOS DA ADOÇÃO
Implica corte total em relação à família de origem;
Mesmos direitos e deveres dos filhos naturais, inclusive
sucessórios;
Manutenção do vínculo biológico, na hipótese de um dos
cônjuges ou companheiro adotar o filho do outro;
Desligamento com família não consanguínea, quando o
adotando tenha sido abandonado por seus pais adotivos
ou mesmo se estes forem destituídos do poder familiar;
É possível a adoção por duas pessoas.
ADOÇÃO INTERNACIONAL – art. 50 e segts. 
(ECA)
É aquela na qual a pessoa ou casal postulante é
residente ou domiciliado fora do Brasil;
Somente será deferida se não for encontrado interessado
residente no Brasil;
Os brasileiros residentes no exterior terão preferência;
Deverá seguir os requisitos dispostos nos arts. 51 e 52, A, B,
C, e D do ECA.
O adotado tem direito de conhecer sua origem
biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao
processo no qual a medida foi aplicada e seus
eventuais incidentes, após completar 18 (dezoito)
anos.
O acesso ao processo de adoção poderá ser
também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito)
anos, a seu pedido, assegurada orientação e
assistência jurídica e psicológica