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Aula 01 - Bases do Direito

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Seminários Integrados em Engenharia Civil
Aula 1: Bases do Direito
Apresentação
Em termos gerais, a ideia é desenvolver bases conceituais mínimas do entendimento do Direito, com o objetivo de
compreender os direitos, os deveres e as responsabilidades do engenheiro no exercício da pro�ssão. Dessa forma, esta
aula discute os fundamentos e a organização do Direito para alunos de engenharia.
Inicialmente, serão colocados os conceitos do Direito Objetivo e do Direito Subjetivo. Na sequência, discutiremos o Direito
Público e o Direito Privado.
A aula se encerra com a apresentação dos Novos Direitos, uma reação às mudanças sociais recentes motivadas por
mudanças de costumes e rápida evolução tecnológica.
Objetivos
Compreender os conceitos e as diferenças entre o Direito Objetivo e Subjetivo;
Compreender os conceitos e a dicotomia existente entre o Direito Público e Privado;
Compreender a relação entre a dinâmica das transformações da sociedade contemporânea e os chamados Novos
Direitos.
Conhecimento básico de Direito
Vamos estudar um pouco de Direito num curso de engenharia?
Sim. O conhecimento básico do Direito é fundamental para a cidadania. A�nal, são as regras do jogo! Antes de sermos
engenheiros, somos cidadãos. Quando nos tornamos engenheiros, nossas responsabilidades e riscos aumentam
muito. Se formos negligentes, podemos, inclusive, provocar mortes.
A compreensão das bases do Direito facilita em muito o entendimento da parte legal que envolve a atuação
pro�ssional do engenheiro e, com um pouco de ambição, também contribui para a formação do cidadão, que possui a
consciência da importância e da responsabilidade socioambiental da atuação do engenheiro.
O nosso contexto pode ser mais informal e menos profundo do que o adotado nas disciplinas introdutórias dos cursos
de Direito. Dessa forma, podemos ver o Direito como um conjunto de regras (leis, normas e princípios) criadas pelo
poder público no intuito de regular a vida de uma sociedade em um determinado momento e em um determinado
local.
 Fonte: Por Billion Photos / Shutterstock.
O Direito não estabelece apenas os direitos do cidadão, mas também uma
série de deveres.
Direito Natural e Direito Positivo
Vamos entender a diferença entre os conceitos:

Direito Natural
Não é escrito, não é criado pela sociedade, nem é formulado
pelo Estado. Diz-se que é espontâneo, que se origina da
própria natureza social do homem e é revelado pela
conjugação de experiência e razão. É constituído por um
conjunto de princípios, e não de regras, de caráter universal,
eterno e imutável.


Direito Positivo
Provém do Estado e serve de base para o sistema jurídico
de uma sociedade. O Direito Natural (não escrito) persegue
a Justiça e inspira o Direito Positivo (escrito), que está ligado
a um lugar e a um tempo.
As pessoas estão sempre insatisfeitas com a situação em que se encontram e desejam melhorá-la cada vez mais. Podemos
estender esse raciocínio para relacionar o Direito Positivo e Direito Natural.
O primeiro é o ordenamento jurídico em vigor em um determinado país e em uma determinada época. O segundo, o
ordenamento ideal e infalível, correspondente a uma justiça superior e suprema.
O Direito Natural é o direito justo por excelência, fundado na natureza humana, que teria origem na vontade divina. O Direito
Natural teria, neste caso, a tarefa de dar legitimidade ao Direito Positivo (ordenamento jurídico). Para ser respeitado como
válido deve se moldar aos princípios do Direito Natural.
Veja uma comparação entre Direito Positivo e Direito Natural.
Direito positivo Direito natural
Temporal
Existe em determinada época.
Atemporal
Vigência
Observância pela sociedade a aplicação pelo Estado.
Independe de vigência
Formal
Depende de formalidades para sua existência.
Informal
Hierárquico
Ordem de importância estabelecida entre as regras.
Não hierárquico
Dimensão espacial
Vigência em local definido.
Independe de local
Criado pelo homem
Fruto da vontade do homem.
Emerge espontaneamente da sociedade
Escrito
Códigos, leis, jurisprudência.
Não escrito
Mutável
Mediante a vontade humana.
Imutável
Existem alguns direitos que são fundamentais ao indivíduo. Vamos saber mais sobre esse assunto a seguir.
 Direitos Fundamentais
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Os Direitos Fundamentais são os direitos básicos individuais, sociais, políticos e jurídicos, que devem estar previstos
na Constituição Federal de uma nação. São baseados nos princípios dos Direitos Humanos, que garantem a vida, a
liberdade, a igualdade, a educação, a segurança etc.
Conceitualmente, os Direitos Fundamentais levam em consideração o contexto histórico-cultural de determinada
sociedade, fazendo com que diferentes países possam divergir de acordo com as particularidades de cada civilização.
Dessa forma, são interpretados como de caráter nacional, pois estão intrinsecamente relacionados às garantias que
um determinado Estado fornece aos seus cidadãos.
Sobre os Direitos Humanos, há um entendimento mais universal e atemporal, que vale para todas as pessoas no
mundo, independentemente da sua nacionalidade, etnia, cultura etc. Sobre os Direitos Humanos, há um entendimento
mais universal e atemporal, que vale para todas as pessoas no mundo, independentemente da sua nacionalidade,
etnia, cultura etc.
No Brasil, os Direitos e Garantias Fundamentais estão subdivididos em três núcleos principais:
Direitos Individuais e Coletivos;
Direitos Sociais e da Nacionalidade;
Direitos Políticos.
Em tese, na sua Constituição Federal, o Estado Brasileiro se compromete a garantir o direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança, à educação, à saúde, à moradia, ao trabalho, ao lazer, à assistência aos desamparados, ao
transporte, ao voto, entre outras.
Direito Objetivo e Direito Subjetivo
Dois conceitos importantes devem ser explorados: o Direito Objetivo e o Direito Subjetivo. Podemos dizer que eles pertencem a
uma mesma realidade, são interdependentes e complementares.
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online

Direito Objetivo
É composto por um conjunto de normas que objetivam
regular o comportamento humano, especi�cando punições
para os casos de violação. É regra social obrigatória,
imposta a todos e por todos deverá ser cumprida. As penas
podem ser objetivas, com restrição de direitos ou
pagamento de multas ou de ordem moral, aplicadas pela
própria sociedade, por qualquer pessoa que o repudia pela
inobservância de uma norma de conduta. Portanto, é
composto pelas leis, que devem ser obedecidas
rigorosamente por todos que vivem naquela sociedade. O
seu descumprimento dá origem a sanções.


Direito Subjetivo
É baseado na liberdade de agir que cada cidadão possui, ou
seja, tem origem na vontade individual. É o poder que as
pessoas têm de fazer valer seus direitos individuais de
acordo com a norma. Pode ser visto como a prerrogativa do
indivíduo invocar a lei na defesa de seu interesse. Portanto,
os direitos subjetivos são protegidos pelo Direito Objetivo,
que devem garanti-los.
O Direito Objetivo estabelece as normas da conduta social com o objetivo de regular as ações dos indivíduos e o Direito
Subjetivo é a faculdade que cada cidadão possui de agir em defesa de seus interesses, invocando o cumprimento de normas
jurídicas de�nidas pelo Direito Objetivo.
Exemplo
O Direito Objetivo estabelece que uma mulher empregada pode entrar em regime de licença maternidade, mas isso não
acontecerá automaticamente. Cabe à mulher exercer seu direito subjetivo, comprovar a gravidez e solicitar a licença.
Quando fazemos um seguro, o contrato se baseia nas disposições legais, existentes no código de direito civil, ou seja, em
normas de direito objetivo. Caso uma pessoa, sob contrato de um seguro, se sinta atingida em algum interesse e, por isso, for a
juízo, através de uma ação, para fazer valer seu direito, está utilizando seu direito subjetivo de utilizar a regra jurídica do Direito
Objetivo para garantir a efetivação de seu interesse atingido.O Direito Objetivo é composto por dois conjuntos consistentes. Um formado pelos costumes, contratos particulares etc. e outro
formado pelas normas jurídicas emanadas pelo Estado (Direito Positivo). Portanto, a Constituição, as leis, os decretos, as
circulares, as portarias e outros tantos atos administrativos são normas de Direito Positivo Objetivo.
Já os costumes e as cláusulas de um contrato de locação �rmado entre duas partes são normas de direito objetivo, pois não
emanam, diretamente, do Estado, mas sim da sociedade e da vontade dos particulares contratantes.
Costumes, Contratos particulares etc. 
Direito Positivo 
Direito Objetivo
As normas do Direito Objetivo brasileiro seguem uma hierarquia, em que a Constituição Federal, posicionada no topo, prevalece
sobre as demais.
Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), desde 1988, quando foi promulgada a Constituição Federal,
até 2016, em menos de 30 anos, União, estados e municípios editaram mais de 5,4 milhões de normas e leis. Vejamos algumas
delas.
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 Normas e leis
 Clique no botão acima.
Obviamente, nem o melhor advogado pode conhecer todas as leis em vigor no país e muito menos nós, engenheiros.
Mas algumas são muito relevantes para o nosso dia a dia pessoal ou pro�ssional. Seguem abaixo os grupos de leis
mais relevantes para o nosso dia a dia.
Constituição Federal (CF) de 1988: É a lei maior do país. Grande parte das questões jurídicas se resolve aqui. É leitura
obrigatória para qualquer brasileiro. Enumera princípios e garantias individuais e coletivas.
Código Civil: Estabelece regras relativas à personalidade, à responsabilidade civil, a obrigações, direitos reais,
contratos, família e sucessões.
Lei de Introdução ao Código Civil: Introduz as principais questões tratadas no Código Civil ao estabelecer a lei
aplicável, considerando o tempo, o espaço (domicílio) e a nacionalidade das partes envolvidas.
Estatuto da Criança e do Adolescente: Proteger as crianças e adolescentes é dever da família, da sociedade e do
Estado.
Código de Defesa do Consumidor (CDC): Estabelece os direitos e as obrigações entre fornecedores e consumidores.
O texto é material obrigatório nos estabelecimentos comerciais de todo o país.
Código de Trânsito Brasileiro: Leitura obrigatória para motoristas, pedestres e passageiros.
Lei do Inquilinato (ou Lei de Locações): O direito à propriedade é um dos direitos fundamentais previstos na
Constituição Federal.
Código Penal: Estabelece os crimes, as contravenções e suas respectivas penas. Ninguém pode ser condenado por
ato não de�nido por lei como crime nem alegar o desconhecimento da lei como forma de justi�car um ato ilícito.
Estatuto do Idoso: Depois dos 60 anos, os direitos são maiores que os deveres.
Código Eleitoral: Para votar (a partir de 16 anos) e ser votado (a partir de 18 anos). O voto é secreto, obrigatório e
direto.
Lei do Direito Autoral: Os direitos autorais estão por toda parte e servem para proteger textos de obras literárias,
artísticas e cientí�cas, obras dramáticas, coreogra�as, composições musicais e audiovisuais, desenhos, pinturas,
gravuras, esculturas, fotogra�as, ilustrações artes plásticas; adaptações e traduções; aplicativos e programas de
computador. É dever da sociedade proteger e valorizar o autor.
Lei dos Planos de Saúde: Ampliou a cobertura e os direitos das pessoas atendidas por planos individuais ou coletivos,
sujeitos à �scalização da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Observações:
• Ninguém pode alegar desconhecimento da lei como justi�cativa para não cumpri-la.
Ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer algo que não esteja previsto em lei.
Cabe a cada um manter-se atualizado e atento às leis que afetam diariamente suas vidas pessoal e
pro�ssional.
Atividade
1. É um bom exemplo de Direito Objetivo:
a) O direito de ir e vir.
b) O direito de propor uma ação junto ao Judiciário.
c) O direito que protege as relações de comércio internacional.
d) O direito de realizar um curso superior em Direito.
e) O direito de manifestar suas ideias seja por palavras ou atos.
Direito Público e Direito Privado
Vamos entender a diferença entre os conceitos:

Direito Público
Regula as relações entre os indivíduos e o Estado ou entre
países. Com a intenção de preservar os interesses da
coletividade, o Direito Público é impositivo, de aplicação e
obediência obrigatória, como a legislação penal e
administrativa.


Direito Privado
Regula as relações entre pessoas físicas ou jurídicas.
Apesar de também ser composto por normas impositivas, o
interesse particular é preponderante e deve sempre ser
levado em consideração, como é o caso da legislação civil e
comercial.
O sistema jurídico adotado no Brasil é o da lei escrita, conhecido como civil
law. O outro sistema conhecido é o common law, adotado por países como
Estados Unidos e Reino Unido, em que os costumes e os precedentes
judiciais (jurisprudência) prevalecem.
No Brasil, os juízes fundamentam suas decisões na
legislação constitucional (Constituição e suas emendas) e
infraconstitucional (leis complementares, leis ordinárias,
medidas provisórias, decretos, resoluções, portarias e
instruções).
No caso de uma hipótese não se enquadrar em lei
especí�ca ou norma, lança-se mão de outros recursos,
como a jurisprudência (interpretação dos tribunais), os
princípios (orientações gerais), a analogia (equiparação), os
costumes, além da equidade (adaptação da regra ao caso
concreto) e da doutrina (pareceres, livros e textos
acadêmicos).
Fonte: Por Billion Photos / Shutterstock.
Atenção
O princípio constitucional da legalidade, de�nido na nossa Constituição Federal, estabelece que ninguém pode ser obrigado a
fazer ou deixar de fazer alguma coisa que não seja de�nida por lei, con�gurando o espírito da civil law e do ordenamento
jurídico brasileiro.
A lei brasileira apresenta algumas características-padrão:

Genérica
Se dirige a um número indeterminado de pessoas.

Imperativa
Decorre do poder público e exige, permite ou proíbe
determinada conduta.

Autoritária
Permite que o Estado ou particular exija seu cumprimento
ou reparação.

Permanente
Vigora até que seja revogada por outra norma.

Escrita
Busca conferir mais legitimidade e estabilidade às relações
públicas e privadas.
O processo para uma lei entrar em vigor passa por várias etapas, como elaboração, discussão, votação e promulgação pelo
poder legislativo. Ela ainda deve ser sancionada pelo poder executivo para só então ser publicada e entrar em vigor. Em alguns
casos, em função da complexidade ou relevância de seu impacto, o prazo de entrada em vigor pode ser estabelecido pelo
legislador.
O balanço entre o Direito Público e Privado é histórico e in�uenciado por propósitos ideológicos. A divisão do Direito em Público
e Privado tem origem romana, sendo desconhecida na Idade Média e recuperada pelo Direito liberal burguês.
No entanto, o Direito liberal burguês baseou-se no pensamento liberal que alargava o Direito Privado, de forma a afastar o
Estado das relações, principalmente daquelas ligadas ao trabalho. Dessa forma, defendia a igualdade entre as partes, apesar
da brutal desigualdade econômica entre os contratantes.
A divisão entre público e privado, dependendo do país e do regime, variava bastante. No início do século XX houve o início da
publicização do Direito, quando o Estado passou a intervir com mais intensidade nas relações privadas, defendendo os
interesses dos mais fracos. Atualmente, dois critérios são normalmente utilizados na divisão entre público e privado: critério do
conteúdo e da forma da relação jurídica.1 2
Direito Público, Direito Privado e suas teorias
Vejamos algumas teorias.
http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0190/aula1.html
http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0190/aula1.html
Clique nos botões para ver as informações.
A existência de somente um Direito.
Existência exclusiva do Direito Privado (Rosminie Ravà).
Sempre foi o único durante séculos e seu nível de aperfeiçoamento não foi atingido ainda pelo Direito Público.
Teorias Monistas 
A existência de dois Direitos.
Teorias Dualistas 
O direito será público ou privado de acordo com a predominância dos interesses.
Teoria do interesse em jogo – teoria Clássica ou teoria Romana 
Quando a �nalidade do direito for o estado, teremos o Direito Público, quando for o indivíduo, teremos o Direito Privado.
Teoria do Fim 
Quando a iniciativa da ação for do estado, teremos o Direito Público, quando for do particular, teremos o Direito Privado.
Teoria do Titular da Ação 
Além do Direito Público e Privado, admitem alguns estudiosos um terceiro gênero, chamado por alguns de Direito Misto e
por outros de Direito Social Misto.
Teorias Trialistas 
Os críticos da Teoria Trialista entendem que o problema ideológico permanece, já que os liberais continuarão dizendo, por
exemplo, que o Direito do Trabalho é privado e outros defenderão ser público. O problema da �exibilização da legislação
trabalhista, que apregoa a livre negociação, não é resolvido apenas dizendo-se que o Direito do Trabalho é Direito Misto.
Ramos do Direito
Os ramos do direito são:
Público
Direito Constitucional, Financeiro,
Tributário, Administrativo,
Processual, Ambiental, Penal etc.
Privado
Direito Civil, Empresarial.
Direito Interno e Direito Internacional
O Direito Interno regula a sociedade em uma determinada nação e o Direito Internacional faz a intermediação entre países.
Existem duas posições doutrinárias sobre a relação entre o Direito Internacional e o Direito Interno:
1
Teoria Dualista
O primeiro estudo sistematizado acerca da existência de um
con�ito entre as normas internas e as internacionais foi
realizado por Heinrich Triepel, em 1899. Os dualistas
defendem que o Direito Internacional e o Direito Interno são
concepções distintas, à medida que se encontram
baseados em duas ordens: a interna e a externa.
2
Teoria Monista
O monismo surge como alternativa ao dualismo. Os
monistas argumentam que o Direito Internacional e o Direito
Interno são noções de uma só ordem jurídica e, neste caso,
havendo um só ordenamento, haveria uma norma
hierarquicamente superior a todas as demais regulando
este único ordenamento. Esta teoria, ainda, apresenta duas
versões: a que defende a preferência do Direito Interno, e,
outra, a precedência do Direito Internacional.
Com a Globalização, as relações internacionais passam a ser promovidas em um contexto cada vez mais integrado. Com isso,
os processos contemporâneos das relações internacionais demonstram que o monismo é um elemento de garantia da unidade
e do equilíbrio do sistema internacional, na medida em que pode evitar possíveis con�itos jurídicos internacionais.
 Fonte: Por Terdsak L/ Shutterstock.
Novos Direitos
Surgidos das enormes e recentes transformações do mundo, nestes últimos anos, os Novos Direitos tratam de questões até
então inexistentes.
Os novos direitos estão em formação, estabelecendo agora seus princípios próprios, delimitando seus objetos, construindo os
respectivos regimes jurídicos.
Os operadores jurídicos do nosso tempo devem se preparar para regular novas situações. É inaceitável raciocinar com os
antigos esquemas jurídicos para tratar de problemas antes inexistentes. As regras, princípios e estruturas jurídicas, que muito
nos serviram no passado, podem ser impotentes para enfrentar as ocorrências contemporâneas
Cabe ao Estado, através do Direito Interno, e ao conjunto das Nações, pelos Tratados ou Convenções, regular novas condutas
para tratar questões até então nem pensadas. Novos estilos de vida, de família e de trabalho; uma economia nova e novos
con�itos políticos trazem à ordem do dia muitos problemas, hoje relevantes, e não tratados pela legislação.
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
Os Novos Direitos continuam surgindo à medida da demanda social e
das transformações que ocorrem de modo acelerado no Século XXI.
A situação do Direito Contemporâneo no Brasil considera os seguintes ramos do Direito Positivo Interno:
Direito Positivo Interno
Privado Público Novos Direitos
Direito Civil
Direito Empresarial
Direito Constitucional
Direito
Administrativo
Direito
Financeiro e Tributário
Direito
Processual
Direito
Penal
Direito
Eleitoral
Direito
Militar
Direito do Trabalho
Direito Previdenciário
Direito Econômico
Direito do Consumidor
Direito
Ambiental
 Ramos do Direito Positivo Interno Brasileiro
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Direito Privado
Direito Civil
Trata dos direitos e obrigações de ordem privada concernente às pessoas, aos seus direitos e obrigações, aos bens e
às suas relações, enquanto membros da sociedade. Inclui o Direito da Família e das Sucessões.
São princípios básicos do Direito Civil:
Princípio inatingível da família: reconhece a importância do núcleo familiar para a formação do cidadão;
Princípio da personalidade: garante que todo indivíduo tem sua existência reconhecida, acarretando direitos e
obrigações;
Princípio da autonomia da vontade: considera a capacidade legal do ser humano de praticar ou abster-se de
certos atos, conforme sua vontade;
Princípio da solidariedade social: destaca a importância social da propriedade e dos negócios jurídicos, de forma
a conciliar as necessidades da coletividade com os interesses particulares;
Princípio da propriedade individual: o indivíduo, pelo resultado de seu trabalho ou por meios legais, pode
exteriorizar a sua personalidade através de bens móveis ou imóveis, que passam a fazer parte do seu patrimônio;
Princípio da legitimidade da herança: garante ao indivíduo o direito de dispor de seus bens e de transferir, total ou
parcialmente, para seus herdeiros.
Direito Empresarial
Civil, mas relaciona-se fortemente às regras da atividade econômica vinculada à circulação das riquezas, na forma de
bens ou serviços, implicando em uma estrutura de natureza empresarial.
São características básicas do direito empresarial:
Universalidade: apesar de cada país possuir regras próprias, todos atuam da mesma forma, criando empresas,
empregos e movimentando capital;
Onerosidade: todos visam lucrar com suas operações, mesmo que algumas ações não tenham retorno direto,
como doações e distribuição de amostras e doações, por exemplo;
Simplicidade: facilita a operação e fomenta a abertura de novas empresas;
Fragmentarismo: o Direito Empresarial possui normas e características próprias, mas demanda uma harmonia
com os outros ramos do Direito, devendo �car atento aos outros diplomas legislativos;
Dinamismo e Elasticidade: o Direito Empresarial deve acompanhar e contemplar as evoluções provocadas por
novas tecnologias e práticas comerciais.
Direito Público
Direito Constitucional
Ramo do direito que analisa e interpreta as normas constitucionais, Leis Supremas de um Estado soberano,
entendidas como o topo da normativa hierárquica, que regulamenta e delimita o poder estatal e garante os Direitos
Fundamentais.
Nas Constituições contemporâneas, em vez de se disciplinar primeiro a organização do Estado, os poderes do Estado
são estatuídos em função da sociedade civil, isto é, em razão dos indivíduos e dos grupos naturais que compõem a
comunidade. Em outras palavras, o social prevalece sobre o estatal.
Direito Administrativo
Um dos ramos autônomos do Direito Público, se concentra na Administração Pública e na realização de serviços
públicos. Portanto, órgãos, entidades, agentes e atividades públicas são objetos deste ramo, que tem como meta o
interesse público.
Direito Financeiro e Tributário
O Direito Financeiro trata toda a atividade �nanceira do Estado, regulando a realização receitas e despesas necessárias
à execução do interesse da coletividade. Já o Direito Tributário disciplina as relações entre o Fisco e os contribuintes,
com foco nas receitas obrigatórias, isto é, relativas à imposição, �scalização e arrecadação de impostos, taxas e
contribuições.
Direito Processual
Reúne princípiose normas que regulamentam os procedimentos jurisdicionais, para administrar as relações civis,
excluídas as áreas criminal e trabalhista. Também é responsável pela estruturação dos órgãos de justiça, disciplinando
a forma dos processos judiciais na área cível.
Direito Penal
Regula e prevê a aplicação de penas na ocorrência de um crime. As penas são estipuladas em julgamentos com base
na aplicação do Código Penal, que tipi�ca os delitos em diferentes categorias.
Todo indivíduo tem direitos fundamentais garantidos pela Constituição, mas também há deveres e normas a seguir. O
Direito Penal também impõe condutas e comportamentos, sob pena de punição administrativa (como as multas) ou
restritiva (detenção). Ninguém pode colocar em risco ou lesar um bem ou pessoa, já que o Código Penal Brasileiro
(CPB) prevê as restrições de direitos do responsável, as tipologias dos crimes, as penas, os agravantes e os atenuantes
que balizam a defesa dos direitos de vítimas e infratores.
As principais tipologias de crimes contra um bem jurídico fundamental são:
Furto: crime contra o patrimônio;
Roubo: crime contra o patrimônio;
Homicídio: crime contra a vida humana;
Coação: crime contra a liberdade individual.
Direito Eleitoral
Disciplina a escolha dos membros dos Poderes Executivo e Legislativo. Suas normas regulam critérios para as
candidaturas, para as eleições, apurações etc.
Direito Militar
Está previsto na Constituição e regula as normas aplicáveis aos militares. Possui um sistema jurídico próprio
composto pelo Código Penal Militar e pelo Código de Processo Penal Militar.
Novos Direitos
Direito do Trabalho
Composto por normas jurídicas que regulam as relações individuais entre empregado e empregador, bem como por
normas de Direito Coletivo do Trabalho, que engloba os acordos coletivos, o direito de greve e as relações sindicais.
Direito Previdenciário
Parte dos Direitos da Seguridade Social garantidos na Constituição, que englobam, além da Previdência Social, a
Assistência Social e a Saúde. É um ramo da maior relevância porque afeta diretamente todos os cidadãos.
Direito Econômico
Normas jurídicas que regulam a produção e circulação de produtos e serviços com foco no desenvolvimento do País e
no controle do mercado, visando impedir a concorrência desleal, regular monopólios e oligopólios. Dentre as diversas
normas do Direito Econômico, se destacam a Lei de Economia Popular, a Lei de Livre Concorrência e a Lei Antitruste.
Direito do Consumidor
Regula as relações entre consumidores e fornecedores de produtos e serviços.
Direito Ambiental
Regula a condição de vida adequada em ambiente ecologicamente equilibrado. Considera o meio ambiente como um
valor a ser protegido, criando uma ordem pública ambiental, pela qual o Estado tem o dever de assegurar o equilíbrio
harmonioso, entre as iniciativas e o ambiente. Já há um grande consenso na sociedade no que diz respeito aos
princípios, próprios ou exclusivos (prevenção, precaução, responsabilidade, cooperação, controle de riscos e outros).
Atividade
2. A divisão do Direito Positivo em público e privado remonta ao Direito Romano, mas, até hoje, não há consenso sobre seus
traços diferenciadores. Vários critérios foram propostos, com base no interesse, na utilidade, no sujeito, na �nalidade da norma,
mas há muitas críticas.
Sobre as a�rmações, está CORRETA a opção:
a) O Direito Público é reconhecidamente o mais importante em relação ao Direito Privado.
b) Na medida em que Direito Público e Direito Privado estão voltados para a regulação das relações entre pessoas e as instituições por
elas criadas, entre estas o próprio Estado, não há que se falar em distinções entre os dois.
c) O Direito Público regulamenta a atividade do Estado. Estabelece suas funções e a forma de organização de seus poderes e dos serviços
públicos, bem como suas relações com os particulares e os demais Estados.
d) O Direito Público regulamenta principalmente a situação jurídica e as relações entre particulares (pessoas físicas e pessoas jurídicas de
Direito Privado).
e) A primazia da vontade individual, conferida pela autonomia da vontade dos particulares, que podem assumir obrigações e adquirir
direitos mediante contratos, cujo conteúdo e sanções são fixados pelos próprios envolvidos, tanto pode ser conferida pelo direito público
ou privado.
3. Leia as a�rmativas a seguir e identi�que a opção correta:
I. Uma das possíveis de�nições do direito positivo é a de que é conjunto de normas estabelecidas pelo poder político do Estado
que se impõem e regulam a vida social de um dado povo, em um determinado lugar e em uma determinada época.
II. É mediante normas jurídicas (direito positivo), provenientes do universo do direito, que o Estado pretende obter o equilíbrio
social, impedindo a desordem e os delitos.
III. O Direito Natural é espontâneo e se origina do processo legislativo que é revelado pela conjugação de experiência e razão.
a) Todas as afirmativas estão erradas.
b) Todas as afirmativas estão corretas.
c) Somente a afirmativa está I está errada.
d) Somente as afirmativas I e II estão corretas.
e) Somente as afirmativas II e III estão corretas.
Notas
Conteúdo 1
Quando prevalece o interesse geral, o Direito é público e, quando prevalece o particular, é privado.
Forma 2
Se a relação é de coordenação, ou seja, se as partes estiverem no mesmo patamar, tenderá a ser privado, mas, caso a relação
seja de subordinação, tenderá a ser público.
Referências
BUCHHEIM, Maria Pia Bastos-Tigre. Direito para não advogados: princípios básicos do Direito para pro�ssionais liberais,
estudantes e empresários. Rio de Janeiro: Senac Rio de Janeiro, 2013
DICIONÁRIO DIREITO. Direito Objetivo, Subjetivo e Positivo. Disponível em: https://dicionariodireito.com.br/direito-objetivo-
subjetivo-e-positivo. Acesso em: 14 ago. 2019.
MOURA, Solange (org.) Introdução ao estudo do direito. Rio de Janeiro: SESES, 2013.
MUNDO ADVOGADOS. Você sabe o que é o Direito Penal? Disponível em: https://www.mundoadvogados.com.br/artigos/voce-
sabe-o-que-e-o-direito-penal. Acesso em: 14 ago. 2019.
NOVO, Benigno Nuñes. Direito empresarial. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/63288/direito-empresarial. Acesso em: 14
ago. 2019.
SIGNIFICADOS. Direito Civil. Disponível em: https://www.signi�cados.com.br/direito-civil/. Acesso em: 14 ago. 2019.
Próxima aula
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Conceitos e a importância da cidadania;
Conceitos e a importância dos Direitos Humanos.
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Capítulo 3 do livro:
• Hogemann, Edna. Introdução ao Estudo do Direito. Rio de Janeiro: Estácio de Sá, 2014.

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