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1 Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri Faculdades de Ciências Sociais Aplicadas e Exatas-FACSAE Curso de Ciências Econômicas Disciplina: Economia Neoclássica Prof. Ronaldo Ribeiro Ferreira Ensaio de Economia Neoclássica Schirlen de Macedo Fernandes 20182005019 Teófilo Otoni/MG 01/2020 2 Sumário Introdução ..................................................................................................................... 3 Desenvolvimento .......................................................................................................... 4 Conclusão ................................................................................................................... 13 Referências Bibliográficas .......................................................................................... 14 Notas .......................................................................................................................... 15 3 Ensaio de Economia Neoclássica Schirlen de Macedo Fernandes Introdução Com o declínio do Mercantilismo durante os séculos XVI-XVII que estava ligado mais a resolução de questões práticas do que com a preocupação no desenvolvimento de um corpo teórico para o desdobramento de uma nova ciência como o desenvolvimento e o aumento da riqueza através do comércio (D-M-D’), e que, era devotado a pontos específicos do capitalismo primitivo já que os diversos autores não concordavam em todas as questões, acaba que por ceder espaço posteriormente, de fato, ao nascimento da Ciência Econômica e a Escola Clássica de Pensamento Econômico, que traz consigo conceitos importantes que tinham sido e estavam sendo desenvolvidos na época como o Iluminismo o Jus-naturalismo e o Liberalismo, que para mim exerceram papéis importantíssimos e fundamentais no estabelecimento e desenvolvimento desta nova Ciência. Este novo paradigma que vinha surgindo especificamente em solo Inglês, traz consigo diversos autores, que, certamente é importante mencionar como Adam Smith (1723-1790) que é considerado por muitos um dos fundadores da Economia Moderna e o fundador da Escola Clássica de Pensamento Econômico, tem como sua principal “Uma Investigação sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações”(1776), e também, David Ricardo(1772-1823) que agrega uma enorme contribuição no pensamento clássico ao lado de Smith como sua obra “Princípios de Economia Política e Tributação”(1817). A Economia Clássica traz como sua principal teoria a teoria do valor trabalho fazendo com que haja o nascimento de um novo paradigma que mudaria Ciência Econômica dali em diante. Entretanto a partir do século XIX as teorias da Economia Clássica que aplicadas à sociedade entram em crise dando espaço a uma principal teoria onde o valor passar a depender da utilidade, que, entra em vigor a partir dali. O que procurarei aqui tratar com afinco é como esta crise da Economia Clássica originou a Economia Neoclássica, e se, essa nova teoria apresentada pelos Neoclássicos com base no Valor-Utilidade é uma quebra de paradigma com a teoria Valor-Trabalho e o Pensamento Econômico Clássico, ou se apenas são uma teoria só. 4 Desenvolvimento Como assim já apresentado, o que procurarei aqui discutir aqui com uma pergunta central que se baseia na transição da Economia Política Clássica parar a ascensão da Economia Neoclássica, para isso é fundamental e necessário retomar o período histórico anterior para inicialmente entendermos o nascimento da Ciência Econômica. Notaremos aqui que dois dos principais autores que farei menção dentre eles o Schumpeter e o Paula trazem uma preocupação com relação ao desdobramento da ciência econômica no qual buscam entender isso reavendo o progresso e os rumos no qual o capitalismo que é o objeto da ciência econômica adotou durante os séculos. “Entendo por História da Análise Econômica a história do esforço intelectual levado a efeito por homens com o fito de compreender o fenômeno econômico ou, o que vem dar no mesmo, a história dos aspectos científicos ou analíticos do pensamento econômico.” (SCHUMPETER, 1964, p.23). “Negar o isolamento histórico social das categorias econômicas implica em alguma medida em pensar o contexto em que tais categorias foram produzidas” (PAULA, 1977, p.6). Logo a presença da trajetória da ciência econômica se faz indubitavelmente necessária neste presente ensaio. Mas porque é tão importante esta preocupação com o período histórico para falar sobre a transição do pensamento Clássico para o Neoclássico? Ora a resposta para esta dúvida parece simples não é mesmo? “A importância e a validade tanto dos problemas como dos métodos atuais não podem ser entendidas totalmente sem um conhecimento dos problemas e métodos anteriores para os quais são a (tentativa de) resposta.” (SCHUMPETER, 1964, p. 24-25). Pois além dela ajudar a entender a formação econômica, social e cultural no mundo atual no qual o indivíduo está inserido trazendo fatos que possuem sentido e valor, ela também nos traz uma base metodológica que se torna possível à explicação destas mesmas transformações na qual aqui procuro tratar especificamente das transformações econômicas, auxiliando no esclarecimento desta transição entre as Escolas Clássica e Neoclássica. A começar pelo Mercantilismo ou Capitalismo Primitivo que por sua vez foi um período na história econômica e também um período de transição do feudalismo que era o antigo modo de produção até os séculos XV para o capitalismo que vai se consolidar a partir do século XVIII, se dá pelo desenvolvimento do comércio via embarcações, o predomínio do capital comercial, a expansão do comércio após as cruzadas, a desenvoltura da economia monetária que cresce consideravelmente durante esta fase, e a expansão do mercado que além 5 de um espaço físico também se apresentará como um espaço social onde obviamente a presença do comércio (D-M-D’) será a principal prática dentro do mercado durante os séculos XVI-XVII. O Mercantilismo também se desenvolve bastante após o descobrimento das Américas com a pilhagem de metais preciosos principalmente no México e no Peru i que fez com que houvesse um aumento na circulação da moeda na Europa e um aumento nas trocas comerciais, porém este aumento na circulação da moeda se torna tão imenso a ponto de gerar uma enorme inflação, logo o valor da moeda cai pela facilidade de encontrar principalmente a prata na qual vinha das Américas, isso fica conhecido como Metalismo, pois acreditavam em quanto mais metais preciosos fossem acumulados, mais rico o país se tornaria. Diversas outras características que foram intrínsecas ao Mercantilismo também tiveram um enorme importância para que este momento fosse um período de transição como: O Protecionismo que eram medidas que os países tomavam afim de proteger os seus negócios e suas reservas aumentando os impostos das importações para evitar a concorrência com os mercado interno fazendo com que esses produtos ficassem mais caros. A Balança Comercial na qual os países sempre tentavam fazer com que fosse favorável importando menos e exportando mais, abraçados a um Comércio Colonial que crescia cada vez mais e um gradual incentivo as indústrias fez com que a economia antes feudal baseada na agricultura e em uma relação entre servo e senhor feudal, começa a ser transformada e uma relação de busca pela transformação do dinheiro em capital e uma tímida relação entre artesãos e trabalhadores assalariados, havendo além de uma migração do campo para a cidade com a expulsão dos servos pelos senhores feudais, um crescimento considerável nas cidades e nos centros urbanos. O Pacto Colonial que eram leis nas quais os países impunham as suas colônias para o fortalecimento de suas metrópoles também faziam com que a atividade econômica de seu própriopaís crescesse, porém tudo isso estava aliado a uma forte presença do Estado, ou seja, um Estado que intervia fortemente na economia que focava em manter uma burocracia, a manutenção de um exército, aliados a uma forte presença do Terceiro Estado (burguesia). Com essa forte mudança nas relações econômicas e sociais, como já dito as transformação do dinheiro em capital que passa a ser utilizado para a compra de máquinas, insumos e contratação de trabalhadores, a transição econômica começa a das os seus primeiros sinais fazendo com que as indústrias não só se desenvolvessem mas que começassem a ser um considerável foco do Estado. Aqui já podemos perceber como todas essas medidas que 6 estavam sendo adotadas principalmente pela Inglaterra nos séculos XVI e XVII se encaminham cada vez mais para que posteriormente na consolidação do modo de produção Capitalista. Mas com todas essas medidas adotadas nessa época que vai de fato fazer esta transição possível posteriormente, podemos nos perguntar porque apesar de tudo isso os Mercantilistas não formularam uma teoria? Enfim, grandes autores que tiveram uma enorme contribuição como William Petty, Jean-Baptiste Colbert, Thomas Mun e David Hume acabaram por influenciar outros importantes autores ao longo da história do pensamento econômico, porém para justificar a nossa pergunta podemos apontar alguns pontos que nos ajuda a responder tais questões sendo eles: “Não concordavam em todas as questões, O caráter de seus escritos era mais prático do que teórico, Era devotado a questões específicas do capitalismo primitivo, e, Não se encontra em suas obras uma teoria unificada ii ”. Atingindo seu apogeu com os escritos de Thomas Mun com a Teoria do Equilíbrio Comercial e entrando em declínio a partir do século XVIII com Dudley North que já professava o fim das doutrinas Mercantilistas, em 1776 a história do pensamento econômico mudaria para sempre. Mas agora podemos nos questionar mais uma vez: O que acontece em 1776 que faz com que ocorra uma mudança na história econômica? Bom a crescente burguesia que crescia nos centros urbanos na qual estava preocupada cada vez mais em investir capital e aumentar seus lucros através da indústria começa e que já se apresentar como classe, os trabalhadores que cada vez mais eram incluídos nas pequenas empresas que surgiam abandonando o campo e migrando para as cidades (êxodo rural), o desenvolvimento econômico e o surgimento de bancos e de diversas outras instituições econômicas como juros, lucro, salários, capital, mercado, propriedade privada, etc. fez com que despertasse a atenção de um escocês que inicia o estudo dos problemas econômicos iii lançando em 1776 sua obra “Uma Investigação Sobre a Natureza e as Causas das Riquezas das Nações”, sendo ele ninguém mais ninguém menos que Adam Smith que funda a parti de então a Economia Moderna e também a Escola de Pensamento Econômico Clássico, a Economia passa a ser vista agora como Ciência. “Ciência é qualquer campo de conhecimento que tenha desenvolvido técnicas especializadas de verificação de fatos e de interpretação ou inferência (análise) – Ciência é qualquer campo de conhecimentos no qual há pessoas, denominadas pesquisadores, cientistas ou eruditos, que perseguem o objetivo de aperfeiçoar o conjunto preexistente de fatos e métodos e que, no processo de consecução, adquirem um conhecimento aprofundado a respeito de ambos 7 que os diferenciais do leigo e eventualmente também do mero profissional [...]. Desde que a Economia usa técnicas que não estão em uso entre o público em geral e desde que há economistas que as desenvolvem, a Economia, òbviamente, é uma ciência de acordo com o significado que demos ao têrmo [...].” (SCHUMPETER, 1964, p.28) Logo a Economia Política é como a sociedade se organiza para produzir e distribuir a riqueza e são as leis científicas que regulam essa produção e distribuição, assim, posso afirmar que a Economia Política é o fruto do Capitalismo que se consolida a partir de então e ela só nasce após ele. Ela também buscava e estava interessada em compreender o conjunto das relações sociais que estavam surgindo com a crise do antigo regime iv (no qual era predominante o modo de produção feudal), tudo isso, aliados ao Jusnaturalismo que trazia o importante conceito do “direito natural” e aos ideais Iluministas que expressavam e representavam a burguesia e ajudou no processo fundamental de seu desenvolvimento e a consolidação e consequentemente seu domínio de classe. Dentre as principais teorias ou posso dizer a teoria base na qual a Escola Clássica se fundamenta é a teoria do valor-trabalho que consiste no aumento da produtividade oriundo a três circunstâncias que são: Destreza existente em cada trabalhador, poupança de tempo e invenção de máquinas que facilitam e abreviam o trabalho v , logo, para Smith o melhor desempenho das forças produtivas do trabalho é resultante de uma divisão do trabalho. Nas pequenas manufaturas a divisão do trabalho consegue atingir o seu apogeu segundo ele pois a sua produção tem como objetivo de nutrir necessidades pequenas diferentemente das manufaturas maiores onde a divisão do trabalho emprega um maior número de trabalhadores fazendo com que essa divisão seja um pouco menos examinada. Posso então afirmar que o Mercantilismo é um período de pré-ciência, pois não pode ser um período de crise do paradigma já que não havia uma teoria econômica e sim vários escritos sobre diferentes questões relativas ao comércio, a ciência de fato se consolidará como o período de ciência normal com o nascimento da Economia Clássica que traz a teoria do valor-trabalho que tem o Capitalismo como seu objeto de estudo. “[...] a Economia Política clássica expressou o ideário da burguesia no período em que esta classe estava na vanguarda das lutas sociais, conduzindo o processo revolucionário que destruiu o antigo regime.”(NETTO E BRAZ, 2006,p.30-31) 8 A obra do Smith também traz outras importantes questões que ajudam na compreensão da teoria do valor-trabalho como: o princípio que da origem a esta divisão do trabalho onde são as consequências integradas à natureza humana do indivíduo de trocar, permutar e intercambiar um produto pelo outro no qual ele deixa explícito que isto é algo encontrado apenas na raça humana e por nossa capacidade de raciocínio e fala determinados por desejos. Também traz conceitos importantes sobre as limitações do mercado já que muito pequeno nem sempre a extensão do mercado possibilitará com que a troca seja realizada, e outras questões indispensáveis para compreender a sociedade capitalista como a origem do dinheiro e a diferença entre o preço em trabalho e em dinheiro das mercadorias. Logo é notório que a obra de Smith é muito rica no qual pelo método indutivo ele buscava explicar os mecanismos do capitalismo. Aqui muito se foi falado sobre Adam Smith e a Riqueza das Nações mas também outros autores como David Ricardo e Thomas Malthus também tiveram uma importante contribuição para o pensamento clássico e que assim como o Smith eram adeptos a teoria do valor-trabalho. David Ricardo no qual aqui darei uma maior atenção parte das análises Smithianas, pois buscava suprir as lacunas existentes na Economia Política Smithiana, por isso ele parte daí os seus escritos. Ricardo assim como Smith não era economista, mas diferente dele ele não era um acadêmico, porém ele acumulou certa riqueza que fez com que ele pudesse dedicar aos estudos. A grande preocupação de Ricardo é a distribuição (lucros, salários e renda) e não a riqueza da nação em si então em 1817 ele lança uma de suas principais obras “Princípios de Economia Política e Tributação” onde ele traz importantíssimas contribuições como a teoria do trabalho contido, a teoria do valor comandado, a teoria da renda da terra e a teoria do valor-trabalho. Eletambém defende os capitalistas industriais como peça chave da economia e diferentemente do Smith ele vai utilizar o método dedutivo em seus escritos. Podemos dizer então que o Pensamento Clássico se consolida com Ricardo. Com a Economia expressando-se como a nova ciência da burguesia expressando seu ideário e todo um conceito envolto em uma busca pela emancipação humana aproximadamente em meados do século XIX a Economia Política vai entrar em crise. Mas agora podemos novamente nos perguntar: O que levou a Economia Clássica à crise? Ou em outras palavras o que ocorreu para que o período de “ciência normal” e estabilidade do 9 paradigma passasse para um período de crise de paradigma? Bom diversas questões fizeram com que a Escola Clássica entrasse em crise dentre elas diversas falhas que estavam sendo encontradas e apontadas nas quais faziam com que os economistas clássicos ficassem cada vez mais desacreditados , e principalmente falhas e críticas que estavam sendo direcionadas a teoria do valor-trabalho, acompanhados da Teoria da População de Malthus e a Teoria dos Salários. Entre outros fatores que contribuíram para a recessão foi à degeneração das relações sociais que pioravam cada vez mais com a recente revolução industrial, que apresentava a inserção de crianças e mulheres no mercado de trabalho e também o aumento das jornadas de trabalho em condições cada vez mais precárias. Isso também fez com que na mesma época surgissem sindicatos organizados por trabalhadores em resposta as estas delicadas condições de trabalho. É importante também ressaltar a crítica à Economia Política feita principalmente por Marx e Engels na qual deixa explícita a exploração da classe proletária que se torna a classe dominada após a burguesia conquistar seus interesses e se tornar a classe conservadora. Todo esse desencadear de acontecimentos sociais e econômicos que dominaram meados do século XIX resultam neste mesmo século uma das primeiras grandes recessões do Capitalismo que ocorre em 1873. “Outras doutrinas geralmente aceitas têm-me parecido sempre ilusórias, especialmente a assim chamada Teoria do Fundo de Salários. Essa teoria aparenta fornecer uma solução para o principal problema da ciência — determinar os salários do trabalho; contudo, num exame mais minucioso descobre-se que sua conclusão não passa de mero truísmo, qual seja, que a taxa média de salário é encontrada pela divisão do montante total destinado ao pagamento dos salários pelo número daqueles entre os quais esse montante é dividido. Algumas outras pretensas conclusões da ciência têm caráter menos inofensivo, como, por exemplo, aquelas concernentes à vantagem da troca.”(JEVONS, 1996, p. 15-16) Podemos então perceber duras críticas a Escola Clássica que vieram não só do Jevons, mas também de diversos outros economistas. A crise então foi abrindo cenário para uma “nova velha” Escola de Pensamento. Bom, mas porque eu particularmente eu chamo a ascensão da Escola Neoclássica de “nova velha” Escola de Pensamento? O principal motivo no qual eu utilizo este termo é que ao mesmo tempo em que os principais autores clássicos estavam desenvolvendo suas teorias sobre valor-trabalho, autores neoclássicos também estavam desenvolvendo suas teorias nas quais principalmente o conceito de valor era completamente diferente dos clássicos. Logo para mim isso significa apesar de alguns desses autores já estarem desenvolvendo suas teorias com a adoção de uma perspectiva de valor 10 diferente, elas só serão aplicadas como uma forma de recuperar a recessão na qual a economia se viu refém com os clássicos, porém, é importante ressaltar que apesar disso, que de fato não há uma quebra de paradigma. A Escola de Pensamento Neoclássico surge então em meados do século XIX. “A Revolução Marginalista é pensamento que surge e desenvolve no momento mesmo da vigência da chamada grande depressão.”(PAULA, 1987, p.28). No processo histórico da economia ela é a continuação da Escola de Pensamento Clássico, por isso ela recebe o nome de Neoclássica (Novo Clássica), todavia algumas características importantes vão fazer com que ela se diferencie da Clássica como o abandono total da teoria do valor. A substituição que agora ocorre no termo Economia Política para apenas Economia se deve pelo motivo nos quais enxergam a sociedade como uma somatória de indivíduos, logo, ao analisar de maneira isolada um indivíduo estará também analisando a sociedade (conjunto de indivíduos). Além do mais, estes indivíduos que de fato está presente na composição da sociedade são calculistas, individualistas e extremamente racionais, fazendo com que a busca pela maximização de seu prazer se torne cada vez mais incessante. Mas em que vai consistir o valor na teoria Neoclássica afinal? Agora com a nova velha Escola Neoclássica o valor dependerá da utilidade. “Por princípio de utilidade entende-se aquele princípio que aprova ou desaprova qualquer ação, segundo a tendência que tem a aumentar ou a diminuir a felicidade da pessoa cujo interesse está em jogo, ou, o que é a mesma coisa em outros termos, segundo a tendência a promover ou a comprometer a referida felicidade. Digo qualquer ação, com o que tenciono dizer que isto vale não somente para qualquer ação de um indivíduo particular, mas também de qualquer ato ou medida de governo.” (BENTHAM, p.10) A Escola Neoclássica também possui diversos outros autores que contribuem agregando importantes teorias para o que pensamento neoclássico se desenvolva como Willian Stanley Jevons que é fortemente influenciado por Jeremy Bentham citando diretamente algumas referências dele em seu livro principalmente relacionadas à dor e o prazer que consiste na busca do indivíduo por ações que maximizarão seu prazer e diminuirão sua dor. Além disso, a teoria do valor-utilidade também é adotada por ele onde consegue desenvolver um pouco mais que o Bentham, incorporando a ela a utilidade marginal. Jevons também se preocupa com a metodologia na qual a ciência econômica especificamente no primiro capítulo de seu livro, onde, ele deixa claro que e adepto a linguagem matemática e 11 que é assim que a Economia deve ser vista, ele utilizará para suas formulações o método indutivo para apresentar suas ideias e o dedutivo para finalizá-las. Outros importantes teóricos neoclássicos que tiveram um grande destaque e contribuição são Carl Menger que diferentemente do Jevons não considera a utilização da matemática e do cálculo diferencial para suas ideias, utilizando uma escrita bem lenta. Temos também Jean Baptiste Say que afirma ser um seguidor do Smith, porém rompe completamente com seu pensamento, Nassau Senior e Leon Walrás que também contribuem com suas ideias para a escola e por fim Alfred Marshall que é um dos principais teóricos onde vai fazer um resgate nas teorias clássica e neoclássica, sintetizando-as. Podemos agora então após ter compreendido um pouco das Escolas de Pensamento Clássica e Neoclássica e como ocorreu à transição podemos nos questionar: Por que foi importante explanar um pouco sobre elas? Bom agora com um pouco mais da compreensão sobre duas Escolas de Pensamento e também sobre a grande recessão que acabou por intermediar a transição entre elas podemos observar a importância e a base na qual retomar a história e entender o período no qual os fatos se apresentam é importante, não só na Ciência Econômica, mas na análise de qualquer ciência. Isso acaba por resultar cada vez mais na ausência do anacronismo e aumenta o entendimento da Ciência Econômica hoje por compreender o que houve anteriormente. “No entanto, qualquer tratado que deseje mostrar “o estado presente da ciência”, realmente apresentará métodos, problemas e resultados historicamente condicionados e que têm sentido somente em relação aonosso histórico do qual resultam. Tais premissas podem er postas de outro modo: o estado de qualquer ciência num tempo qualquer implica sua história anterior e não será entendido se não se tornar explícita essa sua história.” (SCHUMPETER, 1964, p.25) Com toda essa análise agora de fato construída, agora posso responder a dúvida central no qual este ensaio está dirigido. Afinal de contas, apesar de toda esta transição, concordância, discordância e mudanças teóricas houve de fato uma quebra de paradigma? Bom a meu ver não há uma quebra de paradigma. De fato ocorre uma Revolução Marginalista, apesar de haver uma mudança no principal ponto da Escola Clássica que é a teoria do valor-trabalho, para então a teoria do valor-utilidade com os Neoclássicos. Concordo com a visão do Schumpeter quando ele afirma que: 12 “Em que sentido foi efetuada uma revolução? Produziu esta revolução uma nova teoria do processo econômico? A primeira pergunta responde: “Se nos referimos a uma modificação que seja total e descontínua, então á reivindicação daqueles pioneiros da teoria moderna – reivindicação de haver revolucionado a parte “pura” da economia – deveria ser admitida.” (PAULA, 1977, p.36) Ou seja, romper totalmente com o Pensamento Clássico significaria romper totalmente com qualquer ponto proposto nas teorias clássicas, e, não é isso o que ocorre muito pelo contrário já que diversos autores retomam o pensamento clássico em seus escritos como o Senior que escreve as suas quatro preposições citando Malthus (A população é limitada pela escassez de alimentos), Smtih (A produtividade do capital e do trabalho são crescentes) e Ricardo (A produtividade agrícola é decrescente); autores também como o Say que se autointitula um discípulo de Adam Smith como aqui já tratado neste presente ensaio, logo, muito dos Neoclássicos já tinham um ponto de partida que dava fundamento as suas teorias,e , dizer que um novo paradigma se formou a partir deles seria negar o nascimento da ciência econômica moderna e ao Pensamento Clássico. Assim o que ocorre é uma mutação no método onde as teorias correspondentes ao valor passarão. “A Revolução de Gossen significa substituir a teoria do valor objetivo determinado ao nível das relações sociais de produção, por teoria do valor subjetivo, onde os “objetos” serão avaliados a partir do cálculo do prazer (utilidade) que eles nos proporcionam. [...] Neste sentido, cremos que a “revolução de Gossen é na verdade subversão do objeto da economia política significando substituição do método, das preocupações e das categorias centrais da economia política pela teoria do valor subjetivo (utilidade) de importância crucial para a ciência econômica, ou economia, que é como passa a ser chamada a economia política.” (PAULA, 1977, p.38) Aqui fica claro que uma Revolução Marginalista ocorre e que há uma substituição na teoria objetiva feita pelos Clássicos para uma teoria subjetiva agora proposta pelos Neoclássicos, ou seja, os conceitos de valor que antes era dado pelo trabalho são substituídos pela utilidade onde a troca agora terá como um fator crucial o prazer ou o desprazer para adquiri-las. Com isso também, ocorre uma transformação social onde a economia não é mais pensada em satisfazer os interesses das classes sociais e sim a todos os indivíduos que são de fato quem compõe a sociedade. Sobre isso Paula vai dizer sobre a visão de Schumpeter: 13 “A Revolução de Gossen significa então a liquidação da economia política, o abandono de suas preocupações, a redefinição de seu objeto. Já não se trata de pensar as relações econômicas sociais que os homens travam numa sociedade específica (a sociedade burguesa), já não se trata de pensar a sociedade econômica como sendo regida pelas leis que refletem os interesses das classes sociais. A “revolução” de Gossen é sobretudo a destruição dos princípios e procedimentos metodológicos que tinham feito a economia política a ciência da sociedade civil. Nesse sentido, cremos que a “revolução” de Gossen é na verdade subversão do objeto da economia política significando substituição do método, das preocupações e das categorias centrais da economia política pela teoria do valor subjetivo (utilidade) de importância crucial para ciência econômica, ou economia, que é como passa ser chamada a economia política.” (PAULA, 1977, p.38) Logo, posso concluir que apesar das mudanças significativas que mudaram o rumo do pensamento econômico no século XIX tanto na teoria do valor quanto em outras teorias nas quais a Escola Neoclássica procura tratar e buscar de alguma forma um resolução dos problemas nos quais resultaram na aplicação das teorias Clássica, eles não rompem o paradigma que os liga a escola de pensamento anterior e sim procuram de certa forma dar continuidade a Ciência Econômica. Conclusão Em virtude dos fatos que aqui foram apresentados e discutidos a cerca do período histórico, momento de pré-ciência econômica até atingir um paradigma, a crise do paradigma e de falto a volta a ciência normal com as teorias Neoclássicas posso afirmar então com base nos autores aqui já citados e de acordo com os argumentos apresentados que há sim uma Revolução Marginalista porém esta Revolução não tem uma força suficiente e também não é o objetivo no qual a Escola de Pensamento Neoclássica estava interessado em romper e começar um nova Ciência Econômica pois, isto significaria negar a Economia Clássica e também o nascimento contribuição da Ciência Econômica Moderna. Então o que há é apenas uma Revolução Marginalista nas teorias econômicas. 14 Referências Bibliográficas BENTHAM, Jeremy. Uma Introdução aos Princípios da Moral e da Legislação. JEVONS, W. Stanley. A Teoria da Economia Política. São Paulo: Nova Cultural, 1996. NETO, José Paulo; BRAZZ, Marcelo. Economia Política: Uma Introdução Crítica. São Paulo: Cortez, 2006 PAULA, João Antonio de. Sobre o Conceito de Revolução Marginalista em Schumpeter. Campinas: Universidade de Campinas, 1997. RUBIN, Isaak. História do Pensamento Econômico. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2014. SMITH, Adam. Uma Investigação sobre a Natureza e a Causa da Riqueza das Nações. São Paulo: Nova Cultural, 1996. 15 Notas i (RUBIN, 2014, p.42) ii (RUBIN, 2014, p.60) iii (SMITH, 1996, p.6) iv (NETTO E BRAZ, 2006 ,p.28) v (SMITH, 1988, p.19)
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