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ARANHA, MARIA LÚCIA DE ARRUDA; MARTINS, MARIA HELENA PIRES. FILOSOFANDO: 
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA. 6 ED. SÃO PAULO: MODERNA, 2016 
1 
 
FILOSOFIA 
UNIDADE I: DESCOBRINDO A FILOSOFIA 
CAPÍTULO 1.A EXPERIÊNCIA FILOSÓFICA 
1.1FILOSOFIA DE VIDA 
QUESTÕES FILOSÓFICAS: fazem parte do nosso cotidiano (escolhas) = Ex.: trocar de emprego 
 Exercício filosófico: quando paramos para refletir sobre o que é melhor para nossa vida; 
 Filosofar: decorre do fato de sermos pessoa racionais e sensíveis, capazes de dar sentido às coisas (FILOSOFIA 
DE VIDA); 
 Filosofia do especialista: ocupa-se com o rigor do conceito, o que pressupõe intimidade com a história da 
filosofia; 
 Pensar do filósofo: não é melhor nem superior a todos os outros, mas DIFERENTE, porque propõe a 
problematizar nosso pensamento e nossas ações. (EXPEIRÊNCIA FILOSÓFICA). 
2. É POSSÍVEL DEFINIR FILOSOFIA? 
Talvez você esteja se perguntando: como então definir o que é filosofia? O filósofo alemão Edmund Husserl diz saber 
o que é filosofia, ao mesmo tempo que assume desconhecê-la. E completa afirmando que apenas os pensadores 
secundários estão contentes com suas definições. Ou seja, explicitar o que é filosofia já é, em si, uma questão filosófica. 
Portanto, mesmo quando os pensadores se arriscam a dar respostas, sabem que são sempre imprecisas e provisórias. 
FILOSOFIA: Philos (“amor”) Sophia (“sabedoria”) 
*Pitágoras (século VI a.C.), filósofo e matemático grego, teria sido o primeiro a usar o termo filósofo, por não se 
considerar um “sábio” (sophos), mas apenas alguém que ama e procura a sabedoria. 
FILOSOFIA NÃO É UM SABER 
A estranha afirmação de que a filosofia não é um saber significa que ela não constitui uma doutrina, no sentido de uma 
teoria ou conjunto de conhecimentos estabelecidos de uma vez por todas. Ao contrário, o filosofar é uma atitude que 
pressupõe constante disponibilidade para a indagação. 
Platão e Aristóteles disseram que a primeira virtude do filósofo é admirar-se, ser capaz de se surpreender com o óbvio 
e questionar as verdades dadas. Essa é a condição para problematizar, o que caracteriza a filosofia como busca da 
verdade, e não como sua posse. 
FILOSOFIA NÃO SE CONFUNDE COM CIÊNCIA 
Nos seus primórdios, o que chamamos de ciência grega fazia parte do corpo da filosofia. O sábio era aquele que refletia 
sobre todos os setores da indagação humana. Ao se debruçar sobre as questões da natureza – a physis, para os gregos -, 
o fazia do ponto de vista filosófico. 
Apenas no século XVII o método as ciências experimentais, iniciado por Galileu Galilei, possibilitou a ruptura entre a 
filosofia e a ciência. Lentamente constituíram-se as chamadas ciências particulares (física, astronomia, química, 
biologia) e, há menos tempo, as ciências humanas (psicologia, sociologia, economia), entre outras. 
Surge daí a questão: o que restou à filosofia se ela, ao longo dos anos, foi esvaziada de seus conteúdos? Na verdade, a 
filosofia continua tratando da mesma realidade apropriada pelas ciências. Enquanto as ciências se especializam e 
observam “recortes” da realidade, a filosofia jamais renuncia a analisar seu objeto do ponto de vista da totalidade. Isso 
 
 
ARANHA, MARIA LÚCIA DE ARRUDA; MARTINS, MARIA HELENA PIRES. FILOSOFANDO: 
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA. 6 ED. SÃO PAULO: MODERNA, 2016 
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porque é uma visão de conjunto, em que o problema filosófico nunca é examinado parcial e isoladamente, mas sempre 
conforme a relação estabelecida com o contexto em que se encontra, ou seja, a filosofia se apresenta como reflexão 
crítica e problematização do saber e do agir. 
 
3. O PROCESSO DO FILOSOFAR 
 A filosofia é sobretudo a experiência de um pensar permanente. Por isso, no seu encontro com a tradição 
filosófica, é preferível não recebê-la, mas compreendê-la como processo, reflexão crítica e problematizadora 
da realidade. 
 
4. PARA QUE SERVE A FILOSOFIA? 
Afinal, qual é a “utilidade” da filosofia? 
Vivemos num mundo que valoriza as aplicações imediatistas do conhecimento. O senso comum aplaude a pesquisa 
científica que visa à cura do câncer ou da aids; a matemática no ensino médio seria importante pela exigência do 
vestibular; a formação técnica do advogado, do engenheiro, do fisioterapeuta é reconhecida por preparar para o exercício 
dessas profissões. Diante disso, não é rato alguém indagar: para que estudar filosofia se não vou aplicá-la em minha vida 
profissional? 
De acordo com essa linha de pensamento, a filosofia seria “inútil”, já que não serve para qualquer alteração imediata de 
ordem prática. No entanto, ela é fundamental para compreender o ser humano e o mundo. Por meio daquele “olhar 
diferente”, a filosofia busca outa dimensão da realidade além das necessidades imediatas nas quais o indivíduo encontra-
se mergulhado. 
Por isso mesmo, a filosofia costuma ser vista como perigosa quando, por exemplo, desestabiliza o STATUS QUO 
(expressão latina que significa o estado atual das coisas; situação vigente) ao se confrontar com o poder. 
5. REFLEXÃO FILOSÓFICA 
Demerval Saviani, conceitua a filosofia como uma reflexão: 
 RADICAL: A filosofia é radical, não no sentido corriqueiro de ser inflexível, mas porque busca explicar os 
conceitos fundamentais usados em todos os campos do pensar e do agir. Por exemplo, a filosofia das ciências 
examina os pressupostos do saber científico: é ela que reflete sobre o que é a ciência; 
 RIGOROSA: o pensamento filosófico é rigoroso por ser argumentativo e por manter a coerência de suas diversas 
partes. A linguagem rigorosa evita a ambiguidade das expressões cotidianas, o que permite a interlocução com 
outros filósofos com base em conceitos claramente definidos; 
 DE CONJUNTO: a filosofia é um tipo de reflexão totalizante, de conjunto, porque examina os problemas 
relacionando diversos aspectos entre si. Mas ainda, o objeto da filosofia é tudo, porque nada escapa a seu 
interesse. 
6. O EXEMPLO DE SÓCRATES 
Lembremos a figura de Sócrates. Procurado pelos jovens, passava horas discutindo em praça pública, a ágora de Atenas. 
Interpelava os transeuntes, dizendo-se ignorante, e fazia perguntas ao que julgavam entender determinado assunto: “O 
que é a coragem?”; “O que é beleza?”; “O que é justiça?”; “O que é virtude?”. 
 
 
ARANHA, MARIA LÚCIA DE ARRUDA; MARTINS, MARIA HELENA PIRES. FILOSOFANDO: 
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA. 6 ED. SÃO PAULO: MODERNA, 2016 
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Geralmente os interlocutores respondiam às perguntas socráticas utilizando de pessoas corajosas, virtuosas etc., ou, 
então descreviam as características de um tipo de coragem ou de virtude, o que não era suficiente par ao filósofo. Em 
seguida, concluíam não haver saída senão reconhecer a própria ignorância. Desse modo, a discussão tomava outro rumo, 
na tentativa de explicar melhor conceito. 
 O método socrático é que este nem sempre leva a uma conclusão efetiva. 
 
 
“SÓ SEI QUE NADA SEI” 
O método de Sócrates levava ao reconhecimento da própria ignorância. Não se tratava, porém, de um julgamento 
destinado apenas aos seus interlocutores. Esse era igualmente o ponto de partida de sua própria sabedoria, baseada na 
busca incessante da verdade, em que sempre nos deparamos com novas indagações. Ao dialogar, Sócrates não era um 
professor que “ensinava verdades”, mas alguém que estimulava cada um a pensar por si mesmo. 
Observações: 
 Sócrates está em praça pública, não é um pensador alheio ao mundo. 
 Seu conhecimento não um saber acabado, porque está em processo de se fazer, e tem por conteúdo a experiência 
cotidiana. 
 Guia-se pelo princípio de que nada sabe e, dessa perplexidade primeira, inicia a interrogação e o questionamento 
de tudo que parece óbvio. 
 Sua crítica ao saber dogmático não implica que ele próprio seja detentor de um saber. Desperta as consciências 
adormecidas, mas não se considera um “farol” que ilumina: o caminho novo deve ser construído pela discussão 
e pela busca desoluções. 
 Sócrates é “subversivo” porque “desnorteia”, perturba a “ordem” do conhecer e do fazer, por isso incomoda 
tanto os poderosos. 
 
QUESTÃO: 
A sabedoria de Sócrates, filósofo ateniense que viveu no século V a. C., encontra o seu ponto de partida na afirmação 
“sei que nada sei”, registrada na obra Apologia de Sócrates. A frase foi uma resposta aos que afirmavam que ele era 
o mais sábio dos homens. Após interrogar artesãos, políticos e poetas, Sócrates chegou à conclusão de que ele se 
diferenciava dos demais por reconhecer a sua própria ignorância. Segundo você por que razão o “sei que nada sei” é 
um ponto de partida para a Filosofia? 
 
 
CAPÍTULO 2 – AS ORIGENS DA FILOSOFIA 
Para os povos antigos, o mito era um componente importante da cultura, permeando os segmentos sociais e suas 
instituições. Para os gregos da Antiguidade, as divindades eram personificações de elementos da natureza, das virtudes 
e dos defeitos da humanidade. Os deuses gregos, habitantes do monte Olimpo, eram imortais, embora tivessem 
comportamento semelhantes aos dos homens: às vezes benevolentes, mas também agiam por inveja e vingança. 
 
 
 
 
ARANHA, MARIA LÚCIA DE ARRUDA; MARTINS, MARIA HELENA PIRES. FILOSOFANDO: 
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA. 6 ED. SÃO PAULO: MODERNA, 2016 
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1 – A CONSCIÊNCIA MÍTICA 
O mito é a forma mais remota de crença, por meio da qual os povos se relacionam com o sobrenatural. De modo geral, 
o mito está impregnado do desejo humano de afugentar a insegurança, os temores e a angústia diante do desconhecido, 
do perigo e da morte. 
Examinando racionalmente os mitos, tendemos a concluir que não passam de lendas, historias fantasiosas, portanto 
inverossímeis. No entanto, para os gregos antigos, os povos indígenas e outras comunidades tradicionais, trata-se da 
maneira como se responde às perguntas sobre a origem dos deuses e do mundo. 
2 – A MITOLOGIA GREGA 
A passagem da consciência mítica para a filosofia deveu-se a um longo processo de transformações políticas, sociais e 
econômicas que culminaram no aparecimento dos primeiros sábios gregos no século VI a.C. 
 A civilização grega teve início por volta do século XX a.C. (invasores de origem indo-europeia ocuparam a 
Península Balcânica, entre o Mar Tirreno e a Ásia Menor) 
 Religião dos gregos: politeísta e os deuses eram imortais, embora apresentassem características humanas. 
 Na Grécia antiga, os mitos eram recitados de memória em praça pública pelos aedos e rapsodos, cantores 
ambulantes e poetas, como Homero e Hesíodo. 
HOMERO HESÍODO 
 Poemas épicos Ilíada (trata do último ano da 
guerra de Troia) e Odisseia (narra o retorno de 
Ulisses ou Odisseu à sua terra natal, Ítaca) 
 Na sua obra Teogonia, relatou as origens do 
mundo e dos deuses, em que as forças emergentes 
da natureza vão se transformando nas próprias 
divindades. 
 
 Na vida dos gregos, as epopeias (poema extenso) desempenhavam um papel pedagógico significativo. Narravam 
episódios da história grega – o período da civilização micênica – e transmitiam os valores culturais mediante 
relato das realizações dos deuses e dos antepassados. 
 As ações heroicas relatadas nas epopeias mostravam a constante intervenção dos deuses, ora para auxiliar o 
protegido, ora para perseguir o inimigo. Nessas histórias, o indivíduo é presa do destino, concebido como 
imutável. 
 O herói vivia, desse modo, na dependência dos deuses e do destino, faltando a ele a noção de vontade pessoal, 
de liberdade. 
 A partir da conquista romana, no século II a.C., os deuses gregos foram apropriados e reelaborados pelos 
romanos. 
DEUS GREGO DEUS ROMANO FUNÇÃO OU CARACTERÍSITCA 
Zeus Júpiter Pai dos deuses e dos homens, principal deus do Olimpo 
Cronos Saturno Deus do tempo, pai de Zeus. Pertencia à raça dos titãs 
Hera Juno Rainha dos deuses, esposa de Zeus 
Hefesto Vulcano Artista do Olimpo, fazia dos raios que Zeus lançava sobre os 
mortais. Filho de Zeus e Hera. 
Poseidon Netuno Senhor do Oceano, irmão de Zeus 
Ares Marte Deus da guerra, filho de Zeus e Hera 
Apolo Febo Deus do sol, da arte de atirar com o arco, da música e da 
profecia. Filho de Zeus e Latona. 
Artemis Diana Deusa da caça e da lua, irmã de Apolo 
Afrodite Vênus Deusa da beleza e do amor, nasceu das espumas do mar 
 
 
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INTRODUÇÃO À FILOSOFIA. 6 ED. SÃO PAULO: MODERNA, 2016 
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Eros Cupido Deus do amor, filho de Vênus 
Palas Atenas Minerva Deusa da sabedora, nasceu da cabeça de Zeus 
Hermes Mercúrio Deus da destreza e da habilidade, cultuado pelos comerciantes. 
Filho e mensageiro de Zeus 
Deméter Ceres Deusa da agricultura, filha de Cronos e Ops. 
Dionísio Baco Deus do vinho, pois possuía os conhecimentos e segredos do 
plantio e colheita da uva. 
 
3. O MITO HOJE 
PERGUNTA: nos dias atuais, o desenvolvimento do pensamento reflexivo teria decretado a morte da consciência 
mítica? 
O mito faz parte da vida humana desde os primórdios, mas ainda persiste no nosso cotidiano como uma experiência 
possível do existir, expressa por meio de crenças, temores e desejos que nos mobilizam. Hoje, porém, os mitos não 
predominam nem emergem com a mesma foça com que se impuseram nas sociedades antigas ou tradicionais, porque o 
exercício da crítica racional nos permite legitimá-los ou rejeitá-los quando nos desumanizam. 
A função fabuladora persiste nos contos populares, no folclore, na literatura, nas artes em geral e em várias expressões 
da vida diária. O mesmo sucede com histórias em quadrinhos, filmes, novela ou contos de fada, nos quais, por exemplo, 
o maniqueísmo exprime o arquétipo da luta entre o bem e o mal, presente nas narrativas míticas. 
Outro registro em que o mito está vivo encontra-se em personalidades como artistas, políticos e esportistas que os meios 
de comunicação se incumbem de transformar em imagens exemplares. Desse modo, representam todo tipo de anseio 
humano: sucesso, poder, liderança, atração sexual etc. Hoje, com a atribuição acelerada de fama a figuras midiáticas, 
essas influencias tornam-se múltiplas, embora mais fugazes. 
Nosso comportamento é igualmente permeado por rituais de passagem, mesmo que secularizados, isto é, não religiosos: 
comemorações de nascimento, casamento e aniversário, entrada do Ano-novo, festa de formatura.... Examinando as 
manifestações coletivas no cotidiano da vida urbana do brasileiro, descobrimos componentes míticos no Carnaval e no 
futebol, ambos como manifestações do imaginário nacional e da expansão de forças inconscientes. 
Aspectos sombrios dos mitos são vislumbrados nos preconceitos – expressões negativas de convicções não 
fundamentais. Por exemplo a crença de Hitler na pureza da “raça” ariana desencadeou movimentos apaixonados de 
perseguição que culminaram no genocídio de judeus, ciganos e homossexuais. 
4. A FILOSOFIA NASCEU NO OCIDENTE 
O pensamento filosófico surgiu na Grécia, no século VI a. C., mais propriamente nas colônias gregas, com os primeiros 
pensadores: Tales de Mileto, Pitágoras de Samos e Heráclito de Éfeso. Embora reconheçamos a importância de outros 
sábios que viveram no Oriente durante o mesmo período, suas doutrinas ainda eram propriamente filosóficas. 
A diferença está no fato de que os sábios orientais não se aprofundaram em questões abstratas. Elas se concentraram na 
formulação de doutrinas que estimulavam a boa conduta para facilitar o convício harmônico. Em outras palavras, tratava-
se de uma sabedora vinculada a aspectos práticos do comportamento humano, e não propriamente teóricos ou 
argumentativos. 
 Primeiros filósofos gregos: mesmo quando sofriam influências religiosas, problematizavam a realidade, 
buscavam explicitar o princípio constituinte das coisas; 
 Questionavam qual é o ser de todas as coisas? O que é o movimento? ... 
 As respostas dadas a essas questões sustentavam-se pela razão (logos: palavras, linguagem); 
 
 
ARANHA, MARIA LÚCIADE ARRUDA; MARTINS, MARIA HELENA PIRES. FILOSOFANDO: 
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA. 6 ED. SÃO PAULO: MODERNA, 2016 
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 A primazia concedida pelos gregos ao racional ocorreu igualmente com a geometria. 
UMA NOVA ORDEM HUMANA 
No período arcaico (do século VIII ao VI a.C), a Grécia passou por transformações muito específicas nas relações sociais 
e políticas, proporcionando a lenta passagem do mito para reflexão filosófica. A nova visão do mundo e do indivíduo 
que então se esboçava resultou de inúmeros fatores, segundo o estudioso francês Jean Pierre Vernant: 
 
 
 
a) Redescoberta da escrita 
 Já existia no período micênico; 
 Desapareceu o século XII a.C.; 
 Ressurgiu entre os séculos IX e VIII a.C.; 
 Assumiu uma nova função; 
 Enquanto os rituais eram cheios de fórmulas 
mágicas, os escritos passaram a ser divulgados 
em praça pública, sujeitos à discussão e à crítica; 
 Não acessível a todos (população de analfabetos). 
 
 
 
 
 
b) A moeda 
 Economia: pré-monetária (terras e rebanhos) 
 Relações sociais: impregnadas de caráter 
sobrenatural (posição de pessoas consideradas 
superiores em razão da origem divina) 
 Desenvolvimento do comércio marítimo 
(expansão do mundo grego) 
 Moeda: surgida por volta do século VII a.C. 
facilitou os negócios e enriqueceu os 
comerciantes 
 Substituição dos valores aristocráticos por 
valores da nova classe em ascensão 
c) A lei escrita  A justiça dependia da interpretação da vontade 
divina ou da arbitrariedade dos reis, mas os 
legisladores Drácon, Sólon e Clistenes 
sinalizaram uma nova era, porque, com a lei 
escrita, a norma se tornava comum a todos e 
sujeita à discussão e à modificação 
 
 
d) O cidadão da pólis 
 Nascimento da pólis (passagem do século VIII 
para o século VII a.C.) 
 Espaço para o debate político: ágora (praça 
pública); 
 Noção de justiça assumia caráter político, e não 
apenas moral; 
 Princípio da isonomia: igualdade perante a lei; 
 Isegoria: a igualdade do direito à palavra na 
assembleia; 
 Expressar-se por meio do debate fez nascer a 
política, que permite ao indivíduo tecer seu 
destino em praça pública. 
 
 
e) A consolidação da democracia 
 Os cidadãos livres, fossem ricos ou pobres, 
tinham acesso à assembleia. 
 Democracia direta: não eram escolhidos 
representantes, e cada cidadão participava 
diretamente das decisões de interesse comum. 
 
 
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INTRODUÇÃO À FILOSOFIA. 6 ED. SÃO PAULO: MODERNA, 2016 
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5. PRIMEIROS FILÓSOFOS: OS PRÉ-SOCRÁTICOS 
Os primeiros filósofos foram chamados de pré-socráticos devido a uma classificação posterior da filosofia antiga que 
tinha como referência a figura de Sócrates. O centro de suas investigações era a natureza, por isso são conhecidos como 
naturalistas, ou filósofos da physis (termo grego para “mundo físico”, “natureza”). Sabemos também que geralmente 
escreviam em prosam abandonando a forma poética característica das epopeias dos relatos míticos. 
 
 Em vez de explicar a ordem cósmica pela interferência divina, buscavam respostas por si mesmos, por meio da 
razão; 
 Principal indagação: era o movimento; 
 Buscavam a identidade, um princípio original e racional (ARKHÉ); 
 Ruptura entre mito e filosofia; 
 
 
TALES Água 
ANAXIMANDRO Indeterminado (ÁPEIRON) 
 
 
ARANHA, MARIA LÚCIA DE ARRUDA; MARTINS, MARIA HELENA PIRES. FILOSOFANDO: 
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA. 6 ED. SÃO PAULO: MODERNA, 2016 
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ANAXÍMENES Ar (PNEÛMA) 
HERÁCLITO Tudo flui 
PITAGÓRICOS Número 
ELEATAS É o ser 
PARMÊNIDES As coisas são 
EMPÉDOCLES Terra, água, ar e fogo 
ANAXAGORAS As coisas são formadas por 
minúsculas partículas, ordenadas por 
um princípio inteligente (NOÛS) 
DEMÓCRITO Átomos 
 
6. HERÁCLITO E PARMÊNIDES 
Dentre os pré-socráticos citados, muitos deles formam fundamentais para a história da filosofia e ainda despertam o 
interesse dos estudiosos e leigos. Optamos por destacar Heráclito e Parmênides pela influência que exerceram no 
pensamento posterior, claramente percebida em Platão e Aristóteles. 
HERÁCLITO: tudo flui 
 Nasceu em Éfeso; 
 Procurou compreender a multiplicidade do real; 
 Não rejeitava as contradições e queria aprender a realidade na sua mudança, no seu devir; 
 “Nunca nos banhamos duas vezes no mesmo rio”; 
 O ser é múltiplo; 
 Luta dos contrários; 
 Dinamismo das coisas pode ser explicado pelo fogo primordial; 
PARMÊNIDES 
 Influenciou de modo decisivo o pensamento ocidental; 
 Sua importância decorre da guinada em busca do princípio de todas as coisas: pra ele, as coisas são entes; 
 Criticou a filosofia heraclitiana; 
 Ao “tudo flui” de Heráclito, contrapôs a imobilidade do ser: é absurdo e impensável afirmar que uma coisa pode 
ser e não ser ao mesmo tempo; 
 O ser é único, imutável, infinito e imóvel; 
 Para Parmênides, o movimento existe apenas no mundo sensível, e a percepção pelos sentidos é ilusória, porque 
se baseia na opinião e, por isso mesmo, não é confiável. Só o mundo inteligível é verdadeiro. 
 Teoria: ao pensarmos, pensamos algo que é, e não conseguimos pensa algo que não é. 
AVALIAÇÃO DO PERÍODO DOS PRÉ-SOCRÁTICOS 
 Deram o impulso à atividade do filosofar; 
 Buscaram a unidade na multiplicidade; 
 Examinaram a relação entre o ser e o pensar; 
 Desenvolveram a dialética; 
 Deram os primeiros passos em direção à lógica; 
 Estimulara a argumentação. 
 
 
 
ARANHA, MARIA LÚCIA DE ARRUDA; MARTINS, MARIA HELENA PIRES. FILOSOFANDO: 
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA. 6 ED. SÃO PAULO: MODERNA, 2016 
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Questões 
1. 
TEXTO I 
Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento originário de tudo o que existe, existiu e existirá, e que outras coisas 
provêm de sua descendência. Quando o ar se dilata, transforma-se em fogo, ao passo que os ventos são ar condensado. 
As nuvens formam-se a partir do ar por filtragem e, ainda mais condensadas, transformam-se em água. A água, quando 
mais condensada, transforma-se em terra, e quando condensada ao máximo possível, transforma-se em pedras. 
BURNET, J. A aurora da filosofia grega. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2006 (adaptado). 
TEXTO II 
Basílio Magno, filósofo medieval, escreveu: “Deus, como criador de todas as coisas, está no princípio do mundo e dos 
tempos. Quão parcas de conteúdo se nos apresentam, em face desta concepção, as especulações contraditórias dos 
filósofos, para os quais o mundo se origina, ou de algum dos quatro elementos, como ensinam os Jônios, ou dos átomos, 
como julga Demócrito. Na verdade, dão a impressão de quererem ancorar o mundo numa teia de aranha.” GILSON, E.; 
BOEHNER, P. História da Filosofia Cristã. São Paulo: Vozes, 1991 (adaptado) 
Filósofos dos diversos tempos históricos desenvolveram teses para explicar a origem do universo, a partir de uma 
explicação racional. As teses de Anaxímenes, filósofo grego antigo, e de Basílio, filósofo medieval, têm em comum na 
sua fundamentação teorias que 
a) Eram baseadas nas ciências da natureza. 
b) Refutavam as teorias de filósofos da religião. 
c) Tinham origem nos mitos das civilizações antigas. 
d) Postulavam um princípio originário para o mundo. 
e) Defendiam que Deus é o princípio de todas as coisas. 
 
2. Muitos pensam que os mitos são lendas restritas aos povos tribais e que teriam desaparecido com a crítica do 
pensamento científico moderno. No que se refere ao mito, podemos afirmar, EXCETO: 
a) Os mitos têm como função acomodar o homem em um mundo assustador. 
b) O mito orienta a vida e o sentido da existência. 
c) O mito é falso e enganador, pois o mesmo falta com a verdade. 
d) As narrativas míticas eram próprias de um mundo onde a oralidade ocupava central na vida humana. 
 
3. segundo a tradição histórica, a atividade filosófica, na sua variedade de formas, praticantes e correntes, já foi 
considerada uma atividade que era reservada para poucos iniciados; já foi um convite paramuitos e poucos atenderam 
aos chamados; e também já foi uma obrigação para todos, como ainda é o caso da disciplina de filosofia nas escolas 
brasileiras nos dias de hoje. Com suas próprias palavras, apoiado no que foi estudado até aqui sobre a prática filosófica, 
responda: 
a) quais podem ser os benefícios dessa prática para a sociedade e para o indivíduo? 
b) quais podem ser os riscos, os perigos e, quiçá, os prejuízos da prática dessa atividade à sociedade e ao próprio 
indivíduo – por exemplo, os riscos do questionamento e o problema dos dogmatismos filosóficos (dogma é a verdade 
absoluta e inquestionável)?

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