Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
AULA 1 e 2 SISTEMA NERVOSO Org.: Yahanna Estrela (02/07/2021) e (08/07/2021) Medicina – UFCG Aula 1 – Histologia (02/07/2021) Yahanna Estrela Tecido Nervoso - Histologia do Sistema Nervoso (SNC) CARACTERÍSTICAS DO TECIDO NERVOSO ✓ O sistema nervoso distribui-se por todo o organismo, formando uma rede complexa de comunicações e tem como função receber e transmitir impulsos elétricos. ✓ O tecido nervoso recebe informações sensoriais do ambiente e do próprio organismo, processando-as e formulando respostas adaptativas adequadas. ▪ Portanto, o tecido nervoso detecta, transmite, analisa e utiliza as informações geradas pelos estímulo sensoriais, além de organizar e coordenar quase todas as funções do organismo. ✓ A gama de informações sensoriais processadas pelo sistema nervoso é variada (tato, temperatura, pressão arterial, osmolaridade plasmática, etc.) e o conjunto de respostas é muito complexo (desde ajustes para controlar o meio interno até padrões comportamentais). ✓ O sistema nervoso é dividido, anatomicamente, em: 1. Sistema nervoso central (SNC): • Encéfalo; • Medula espinhal 2. Sistema nervoso periférico (SNP): • Nervos; • Gânglios; • Terminações nervosas. No sistema nervoso central existe a substância cinzenta e a substância branca. A primeira apresenta corpo celulares de neurônios, porção inicial do axônio não mielinizada, dendritos e células da Glia. Na substância branca o astrócito é fibroso e na cinzenta é protoplasmático. CÉLULAS DO TECIDO NERVOSO ✓ O tecido nervoso é composto principalmente por: 1. Neurônios: células nervosas, geralmente com longos prolongamentos; 2. Células da glia ou neuroglias: células não nervosas que sustentam os neurônios e participam de outras funções importantes. ▪ Astrócitos ▪ Micróglias ▪ Células Ependimárias ▪ Oligodendrócitos ▪ Células de Schwann NEURÔNIOS ✓ São células altamente polarizadas, pois têm regiões específicas com estruturas e funções diferentes. ✓ Os neurônios são compostos por três partes: 1. Pericárdio ou corpo celular/soma: contém corpúsculos de Nissl encontrados também nos dendritos mais grossos. Seu núcleo encontra-se no corpo celular, grande e claro, com um nucléolo bem visível e cromatina frouxa. Seu citoplasma é rico em REG. Tem função de ser o centro trófico da célula e é dividido em duas partes. 2. Dendritos: tem função de receber os estímulos (espículas dendrídicas) e possui um número variável de prolongamentos, que se ramificam. 3. Axônios: tem função de conduzir estímulo para outra célula, por meio da sinapse. Prolongamento único. ✓ Segundo sua morfologia, os neurônios podem ser classificados nos seguintes tipos: 1. Neurônios multipolares: que apresentam mais de dois prolongamentos celulares → células piramidais do córtex cerebral e células de Purkinje; 2. Neurônios bipolares: que têm um dendrito e um axônio → retina, epitélio olfatório, auditivo; 3. Neurônios pseudounipolares: que apresentam, próximo ao corpo celular, prolongamento único, mas este logo se divide em dois, dirigindo-se um ramo para a periferia e outro para o sistema nervoso central → gânglios sensitivos de nervos cranianos e espinais. ✓ Segundo suas funções, os neurônios podem ser classificados como: 1. Neurônio motor - eferente: controlam órgãos efetores, tais como glândulas exócrinas e endócrinas e fibras musculares. 2. Neurônio sensitivo - aferente: enviam informações sensoriais ou somestésicas do meio ambiente e do próprio organismo para o SNC. 3. Neurônio de associação: estabelecem conexões entre outros neurônios, formando circuitos complexos. ✓ De acordo com o comprimento do axônio, podem ser classificados como: 1. Axônio longo: neurônios de Golgi tipo I ou de projeção. 2. Axônio curto: neurônios de Golgi tipo II ou de circuito local. ✓ De acordo com a forma do corpo celular, podem ser classificados como: 1. Corpo celular em forma de pirâmide: neurônios piramidais → córtex cerebral. 2. Corpo celular em forma de pera: neurônios piriforme → células de Purkinje do córtex cerebelar. 3. Corpo celular em forma de estrela: neurônio estrelado, é dotado de diversas ramificações dendrídicas → célula estrelada do córtex cerebral. 4. Corpo celular esférico: neurônio pseudo- unipolar sensitivo → gânglio da raiz dorsal. ✓ De acordo com o neurotransmissor secretado, podem ser classificados como: 1. Neurônios serotoninérgicos. 2. Neurônios colinérgicos. CÉLULAS DA GLIA/NEURÓGLIA ✓ Em lâminas coradas por HE as células da glia não se destacam bem, aparecendo apenas os núcleos. ✓ Para o estudo da morfologia das células da neuroglia utilizam-se métodos especiais de impregnação metálica. ✓ Há uma proporção de 10 células da glia para cada neurônio, devido a sua dimensão ocupam metade do volume do tecido. ✓ O tecido nervoso tem uma quantidade mínima de material extracelular e as células da glia fornecem um microambiente adequado para os neurônios e desempenham ainda outras funções. ✓ As neuroglias possuem diversas funções, tais como: Fagocitose de resíduos, como é o caso das micróglias; isolamento elétrico dos axônios, feito por oligodendrócitos; e nutrição e suporte (sustentação e proteção), como é o caso dos astrócitos. ASTRÓCITOS ✓ Possuem forma estrelada e estão próximos aos vasos; ✓ Possuem múltiplos processos irradiando do corpo celular; ✓ Ligam os neurônios aos capilares e à pia-máter, para nutrição, além disso dão sustentação, formam uma rede de comunicação, cicatrização e manutenção do equilíbrio químico; ✓ Chamam de pés vasculares (transferências de moléculas e íons); ✓ Os astrócitos com prolongamentos menos numerosos e mais longos são chamados astrócitos fibrosos e se localizam na substância branca; ✓ Os astrócitos protoplasmáticos, encontrados principalmente na substância cinzenta, apresentam maior número de prolongamentos que são curtos e muito ramificados; ✓ Os astrócitos formam a barreira hematoencefálica, uma barreira funcional que dificulta a passagem de determinadas substâncias, como alguns antibióticos, agentes químicos e toxinas, do sangue para o tecido nervoso; ✓ Principais funções: 1. Sustentação mecânica do tecido nervoso → os astrócitos contêm no citoplasma filamentos intermediários constituídos por vimentina e por uma proteína exclusiva, a proteína glial fibrilar ácida (GFAP). Estes filamentos, denominam-se fibrilas gliais e têm função de sustentação mecânica. Os astrócitos e seus prolongamentos constituem uma trama ancorada nos vasos, na qual se apoiam os neurônios e outras células. 2. Nutrição de neurônios → liberam fatores de crescimento. Por serem permeáveis a K+, ajudam a regular as concentrações desse íon no espaço entre neurônios. Separam as células, isolando, assim, grupos neuronais e conexões sinápticas umas das outras. 3. Recobrem a superfície externa dos vasos → os prolongamentos astrocitários, desde artérias e veias até capilares, formam os pés-vasculares. A interação dos astrócitos com as células endoteliais dos capilares é essencial para a modificação destas, para constituir a barreira hemo-encefálica. Impedem a entrada de certas moléculas. 4. Na substância cinzenta os prolongamentos dos astrócitos protoplasmáticos envolvem os neurônios, mantendo um microambiente adequado às funções metabólicas destes. 5. Os prolongamentos dos astrócitos protoplasmáticos funcionariam como isolantes elétricos de certas sinapses, impedindo que a difusão de neurotransmissores excite indesejavelmente sinapses vizinhas. Astrócitos captam neurotransmissores liberados e facilitam o retorno dos precursores aos neurônios para reutilização. 6. Ainda possuem funções na cicatrização do tecido nervoso. Os espaços deixados por doenças ou acidentes são preenchidos por hiperplasia e hipertrofia dos astrócitos,em um processo chamado gliose. ✓ Os Astrócitos se comunicam uns com os outros por meio de junções comunicantes (junções gap), formando uma rede por onde informações podem transitar de um local para o outro. Por meio dessa rede por exemplo e pela produção de citocininas, os astrócitos podem interagir com oligodendrócitos e influenciar na renovação da mielina. MICRÓGLIA ✓ São células pequenas e alongadas, com prolongamentos curtos e irregulares. ✓ Possuem função fagocitária e participam da inflamação e reparação do SNC. ✓ Sua origem é na medula óssea. ✓ Podem ser identificadas por hematoxilina e eosina. ✓ Participam da inflamação e da reparação do sistema nervoso central. Quando ativas, assumem a forma de macrófagos e tornam-se fagocitárias e apresentadoras de antígenos. A micróglia secreta diversas citocininas que surgem nas lesões do SNC. ✓ Logo, defesa por fagocitose, apresenta antígenos, regulam processo imunitário e removem restos celulares. CÉLULAS EPENDIMÁRIAS ✓ São células epiteliais colunares/cuboides com cílios, que revestem as cavidades ventriculares do encéfalo e canal medular; ✓ Em alguns locais pode apresentar epitélio colunar ciliado, com microvilos, o que facilita a movimentação do líquido cefalorraquidiano. ✓ Formam os plexos coroides (células ependimárias + capilares sanguíneos); ✓ Tem como função principal a produção do líquido cefalorraquidiano. OLIGODENDRÓCITOS ✓ São células com poucos prolongamentos; ✓ Envolvem o axônios (SNC), produzindo a bainha de mielina. ✓ Podem envolver mais de um axônio por vez. ✓ Um axônio pode não ter esse envoltório ou ter apenas uma volta desse envoltório, sendo chamado de fibra amielínica ou contínua, essa fibra passa a condução mais lenta e com maior gasto de ATP. ✓ Já uma fibra mielínica é quando o axônio é revestido por várias voltas dos envoltórios da bainha de mielina; nessa fibra a condução é saltatória, rápida e com gasto pequeno de ATP ✓ Cada prolongamento de um oligodendrócito forma um internodo (segmento) de mielina: expande-se à maneira de uma pá e enrola-se em volta do axônio sucessivas vezes, lembrando um rolo de papel. ✓ O espaço entre dois internodos é o nodo de Ranvier, onde se dão as trocas iônicas da condução saltatória. Cada oligodendrócito pode formar até 50 internodos de mielina em axônios próximos. CÉLULAS DE SCHWANN ✓ São as células que envolvem os axônios no SNP, formando a Bainha de Mielina; ✓ Envolvem um axônio por vez. CÉREBRO ✓ No cérebro podemos encontrar principalmente células estreladas que são interneurônios e células piramidais que são endêmicas do córtex cerebral com diversos tamanhos, sendo os principais neurônios efetores do córtex. ✓ No córtex cerebral a substância cinzenta está organizada em seis camadas pela forma e tamanho. 1. Molecular/medular 2. Granular Externa 3. Piramidal Externa 4. Granular Interna 5. Piramidal Interna (ganglionar) 6. Multiforme (multiforme) (pleomórfica) ✓ Os neurônios de certa regiõesdo córtex processam informações aferentes, enquanto em outroshá neurônios eferentes. Assim, as células do córtex cerebral integram as informações sensoriais e iniciam respostas voluntárias. ✓ A camada molecular, a mais superficial, logo abaixo da leptomeninge, é fina e rica em axônios horizontais e sinapses, mas tem poucos corpos celulares de neurônios, destacando-se as células horizontais de Cajal. Nas demais camadas, predominam as células que lhes dão nome (granulares, piramidais e fusiformes). ✓ As células granulares são os principais interneurônios do córtex. Têm dendritos que se ramificam próximos ao corpo celular, e um axônio curto que se conecta a células próximas. Também recebem sinapses da grande maioria dos axônios que chegam ao córtex, sendo, portanto, as principais células receptoras corticais. Células granulares existem em todas as camadas, mas predominam nas camadas II e IV ou granulares externa e interna, consideradas as principais camadas receptoras. São as principais camadas das áreas sensitivas, como o córtex visual, área 17 de Brodmann. ✓ As células piramidais são assim chamadas devido ao formato triangular do corpo celular. Podem ser pequenas, médias, grandes e gigantes (estas, as células piramidais de Betz do córtex motor, ver abaixo). As células piramidais têm dois tipos de dendritos, o apical (um só por célula) e basais (vários por célula). O apical prolonga o ápice da pirâmide e ramifica-se nas camadas superiores. Os basais são mais curtos e ramificam-se nas proximidades do corpo celular. O axônio (sempre só um por neurônio) tem origem na região basal da célula e direção descendente, ganhando a substância branca como fibra eferente do córtex. As células piramidais podem ser encontradas em todas as camadas, mas predominam nas camadas III e V ou piramidais externa e interna, consideradas as principais camadas efetoras do córtex. CEREBELO ✓ O córtex cerebelar possui três camadas: 1. Molecular (área pálida com intensa sinapse) → é formada basicamente por dendritos das células de Purkinje e ela quase não tem nenhuma outra célula no meio dela. 2. Central (células de Purkinje) → são formadas pelas células de Purinje, grande e fácil de diferenciar. 3. Granulosa (menos neurônios do SNC) → composta por neurônios pequenos e organizado deforma bem compacta. MENINGES ✓ O sistema nervoso central é envolvido por membranas de tecido conjuntivo chamadas meninges dentro da caixa craniana e no canal vertebral. ✓ A dura-máter é a meninge mais externa composta por células meningoteliais (epiteliais pavimentosas) e tecido conjuntivo denso modelado, contínuo com o periósteo dos ossos da caixa craniana. ✓ Porém, a dura-máter que envolve a medula espinhal é separada do periósteo das vértebras, formando- se entre os dois o espaço peridural. Esse espaço possui pequenas veias, tecido conjuntivo frouxo e tecido adiposo. ✓ Já entre a dura-máter e a aracnoide não há espaço que exista em condições normais, porém constitui- se de um lugar de fácil clivagem, no qual, em situações patológicas, pode acumular sangue na região, no espaço virtual chamado espaço subdural. ✓ A aracnoide apresenta duas partes, uma em contato com a dura-máter e sob a forma de membrana, composta por células meningoteliais e tecido conjuntivo denso avascularizado. Outra constituída por traves que ligam a aracnoide com a pia-máter, por onde podem correr várias artérias e veias cerebrais. ✓ As cavidades entre as traves conjuntivas formam o espaço subaracnóideo, que contém LCR, comunica- se com os ventrículos cerebrais, mas não tem comunicação com o espaço subdural. O espaço subaracnóideo, cheio de líquido, constitui um colchão hidráulico que protege o sistema nervoso central contra traumatismos. ✓ A aracnoide é formada por tecido conjuntivo sem vasos sanguíneos e suas superfícies são todas revestidas pelo mesmo tipo de epitélio simples pavimentoso, de origem mesenquimatosa, que reveste a dura-máter. ✓ A aracnoide forma, em certos locais, expansões que perfuram a dura-máter e provocam saliências em seios venosos, onde terminam como dilatações fechadas: as vilosidades da aracnoide e isso permite a drenagem do líquor. ✓ A função dessas vilosidades é transferir LCR para o sangue. O líquido atravessa a parede da vilosidade e a do seio venoso até chegar ao sangue. ✓ A pia-máter é composta por células meningoteliais e um tecido conjuntivo frouxo muito vascularizado e aderente ao tecido nervoso, embora não fique em contato direto com células ou fibras nervosas. ✓ Entre a pia-máter e os elementos nervosos situam- se prolongamentos dos astrócitos, que, formando uma camada muito delgada, unem-se firmemente à face interna da pia-máter. ✓ A superfície externa da pia-máter é revestida por células achatadas, originadas do mesênquima embrionário. ✓ Os vasos sanguíneospenetram o tecido nervoso por meio de túneis revestidos por pia-máter, os espaços perivasculares. ✓ A pia-máter desaparece antes que os vasos se transformem em capilares. Os capilares do sistema nervoso central são totalmente envolvidos pelos prolongamentos dos astrócitos. DESIGNAÇÃO DE GRUPOS DE NEURÔNIOS ✓ SNC – Encéfalo: substância cinzenta disposta em camadas paralelas de células é denominada córtex. Substância cinzenta que se apresenta em aglomerados celulares de formas diversas (esferóides, elípticos) abaixo do córtex, é chamada de núcleo (núcleo, corpo, gânglio). ✓ SNP – agrupamento de neurônios formam gânglios (sensitivos ou motores). DESIGNAÇÃO DE GRUPOS DE AXÔNIOS ✓ SNC – fibras nervosas paralelas e compactas recebem nome de tratos ou feixes: comissuras – quando feixes ou tratos conectam os dois lados do SNC; decussações quando o fazem por meio de fibras oblíquas, cruzadas em forma de X. Corpo caloso; fascículo (fascículo retroflexo) ou lemniscos – forma achatada ✓ SNP – nervos, ramos ou raízes. ARQUITETURA HISTOLÓGICA DO CÓRTEX CEREBRAL CÉLULAS ESTRELADAS ✓ São os principais interneurônios do córtex. ✓ Seu axônio é mais curto, fazendo comunicação local com outros neurônios da mesma região (circuitos neuronais). ✓ São também chamados de interneurônios ✓ ou neurônios de circuito local. CÉLULAS PIRAMIDAIS ✓ São as mais numerosas e razoavelmente grandes (30- 40um); ✓ Formato de triângulo isósceles, extremidade apical aponta em direção à superfície cortical (longo dendrito). ✓ Dendritos basais adicionais se estendem horizontalmente no córtex. ✓ São os principais neurônios eferentes do córtex e ✓ todas fazem sinapses excitatórias (glutamato) sobre seus alvos. ✓ Seus axônios cruzam o corpo caloso, ou atingem ✓ outras áreas corticais ou núcleos subcorticais ✓ (neurônios de projeção). IMPULSO NERVOSO A condução do impulso nervoso se dá sempre na direção dendrito → corpo celular → axônio. ✓ A mielina que envolve o axônio no sistema nervoso central é produzida pelos oligodendrócitos e no sistema nervoso periférico pelas células de Schwann. 1. Despolariza (muda o potencial elétrico), criando uma excitabilidade 2. A despolarização induz a abertura de canais de cálcio, que promovem a exocitose das vesículas sinápticas, liberando neurotransmissores que reagem com receptores e promovem a despolarização da membrana pós-sináptica 3. E essa despolarização se propaga, criando o impulso nervoso (condutibilidade) 4. Ao terminar o impulso, expulsa os neurotransmissores para estimular ou inibir parte do SNC, gânglios e músculos. SUBSTÂNCIA BRANCA X SUBSTÂNCIA CINZENTA ✓ No SNC há uma separação entre os corpos celulares dos neurônios e seus prolongamentos. Isso faz com que sejam reconhecidas no encéfalo e na medula espinhal duas porções distintas: a substância branca e a substância cinzenta. ✓ A substância cinzenta é assim chamada porque mostra essa coloração quando observada macroscopicamente. É formada principalmente por corpos celulares dos neurônios e células da glia, contendo também prolongamentos de neurônios. ✓ A substância branca não contém corpos celulares de neurônios, sendo constituída por prolongamentos de neurônios e por células da glia. Seu nome origina- se da grande quantidade de mielina. FIBRAS NERVOSAS ✓ Célula envoltória forma dobra enrolada em espiral (bainha de mielina). ✓ Classificadas de acordo com a presença ou ausência de mielina, a qual tem como função isolar eletricamente os axônios, mantendo-os livres de interferências elétricas externas. 1. Amielínica: possuem pouquíssima bainha de mielina (única dobra da célula). Axônio de pequeno diâmetro 2. Mielínica: possuem boa quantidade de bainha de mielina em torno do axônio BARREIRA HEMATOCEFÁLICA ✓ É uma barreira funcional que dificulta a passagem de determinadas substâncias, como alguns antibióticos, agentes químicos e toxinas, do sangue para o tecido nervoso. ✓ A barreira hematocefálica se deve à menor permeabilidade dos capilares sanguíneos do tecido nervoso. Seu principal componente estrutural são as junções oclusivas entre as células endoteliais. Essas células não são fenestradas e mostram raras vesículas de pinocitose. ✓ Há possibilidades de que as junções oclusivas sejam induzidas pelos prolongamentos de astrócitos, assim como o prolongamento dos astrócitos podem ter uma participação direta na formação da barreira. PLEXOS COROIDES ✓ Os plexos coroides são dobras da pia-máter ricas em capilares fenestrados e dilatados, que formam saliências no interior dos ventrículos. Estes formam o teto do terceiro e quarto ventrículos e a parte dos ventrículos laterais. ✓ São constituídos pelo tecido conjuntivo frouxo da pia-máter, revestido por epitélio simples, cúbico rico em capilares sanguíneos ou colunar baixo, cujas as células são transportadoras de íons. São formados por Epitélio Simples Cúbico. ✓ A principal função dos plexos coroides é secretar LCR que ocupa as cavidades dos ventrículos, o canal central da medula, o espaço subaracnóideo e os espaços perivasculares. Ele é importante para o metabolismo do SNC e protege contra traumatismos. ✓ Ele é produzido de modo contínuo, e isso explica a saída constante de líquido nas lesões cranianas que alcançam a aracnoide. ✓ O LCR é absorvido pelas vilosidades aracnoides, passando para os seios venosos cerebrais (no sistema nervoso central não existem vasos linfáticos). MEMBRANA ESPINHAL ✓ Num corte de medula podemos identificar o canal central da medula e ainda podemos encontrar: ✓ Corno anterior da substância cinzenta que é uma região que apresenta neurônios motores e é dos axônios desses neurônios que saem as raízes ventrais dos nervos raquidianos. ✓ Corno posterior da substância cinzenta que recebe as fibras dos neurônios localizados nos gânglios das raízes dorsais dos nervos espinhais, de modo que nessa região chegam os sinais sensoriais. Medicina – UFCG Aula 2 – Histologia (08/07/2021) Yahanna Estrela Tecido Nervoso - Histologia do Sistema Nervoso (SNP) ORGANIZAÇÃO DO SNP ✓ A organização do SNP ocorre principalmente no formato de Nervos e Gânglios. 1. Nervos cranianos 2. Nervos espinhais 3. Gânglios sensitivos 4. Gânglios motores 5. Terminações nervosas (aferentes e eferentes) ✓ As fibras nervosas são constituídas por um axônio e suas bainhas envoltórias. Grupos de fibras nervosas formam os feixes ou tratos do SNC e os nervos do SNP. ✓ Todos os axônios do tecido nervoso adulto são envoltos por dobras únicas ou múltiplas formadas por uma célula envoltória. ✓ Nas fibras periféricas a célula envoltória é a célula de Schwann. ✓ No SNC as células envoltórias são os oligodendrócitos. ✓ Axônios de pequeno diâmetro são envolvidos por uma única dobra da célula envoltória, constituindo as fibras nervosas amielínicas. ✓ Nos axônios mais calibrosos, a célula envoltória forma uma dobra enrolada em espiral em torno do axônio. Quanto mais calibroso o axônio, maior o número de envoltórios concêntricos provenientes da célula de revestimento. O conjunto desses envoltórios concêntricos é denominado bainha de mielina e as fibras são chamadas fibras nervosas mielínicas. ✓ Tanto nas fibras mielínicas como nas amielínicas as porções de membrana da célula envoltória, que se prendem internamente ao axônio e externamente à superfície da célula envoltória, constituem os mesaxônios (interno e externo). ✓ Nas fibras mielínicas do sistema nervoso periférico, a membrana plasmática da célula de Schwann se enrola em volta do axônio. Essa membrana enrolada se funde, dando origem à mielina, um complexo lipoproteico branco que é parcialmente removido pelas técnicas histológicas. ✓ Assim, a mielina é constituída por diversas camadas de membrana celular modificada.Essa membrana tem maior proporção de lipídios do que as membranas celulares em geral. ✓ A bainha de mielina se interrompe em intervalos regulares, formando os nódulos de Ranvier, que são recobertos por expansões laterais das células de Schwann ✓ O intervalo entre dois nódulos é denominado internódulo e é recoberto por uma única célula de Schwann. ✓ Há ainda as incisuras de Schmidt-Lantermann,que são áreas em que o citoplasma da célula de Schwann permaneceu durante o processo de enrolamento. ✓ Tanto no sistema nervoso central como no periférico nem todos os axônios são recobertos por mielina. ✓ As fibras amielínicas periféricas são também envolvidas pelas células de Schwann, mas nesse caso não ocorre o enrolamento em espiral. ✓ Uma única célula de Schwann envolve várias fibras nervosas, cada fibra tendo o seu próprio mesaxônio. ✓ Nas fibras amielínicas não existem nódulos de Ranvier, pois nelas as células de Schwann formam urna bainha contínua. No SNC os axônios amielínicos são mais numerosos. ✓ No encéfalo e na medula espinal, esses axônios ficam livres entre os outros elementos neurais e os prolongamentos das células da glia. ✓ A célula de Schwann vai dando voltas ao redor das fibras principalmente de maior calibre e o seu próprio núcleo vai ficando mais perifericamente. A região que não é coberta por mielina entre uma região e outra coberta é chamada de Nodo de Ranvier (corados pelo ácido periódico de Schiff). NERVOS ✓ O nervo é um agrupamento de fibras nervosas, ou seja, axônios e suas bainhas envoltórias. ✓ Grupos de fibras nervosas formam os feixes. ✓ O tecido de sustentação dos nervos é constituído por uma camada fibrosa mais externa de tecido conjuntivo denso, o epineuro, que reveste o nervo e preenche os espaços entre os feixes de fibras nervosas. ✓ Cada um desses feixes é revestido por uma bainha de várias camadas de células achatadas, justapostas, o perineuro. ✓ As células de bainha perineural unem-se por junções oclusivas, constituindo uma barreira à passagem de muitas macromoléculas e importante mecanismo de defesa contra agentes agressivos. ✓ Dentro da bainha perineural encontram-se os axônios, cada um envolvido pela bainha de células de Schwann, com sua lâmina basal e um envoltório conjuntivo constituído principalmente por fibras reticulares sintetizadas pelas células de Schwann, chamado endoneuro. ✓ Os nervos que contêm apenas fibras de sensibilidade (aferentes) são chamados de sensoriais, e os que são formados apenas por fibras que levam a mensagem dos centros para os efetores são os nervos motores. ✓ A maioria dos nervos tem fibras dos dois tipos, sendo, portanto, nervos mistos. Esses nervos contêm fibras mielínicas e amielínicas. 1. Epineuro: tecido conjuntivo que envolve todo o nervo; 2. Perineuro: tecido conjuntivo que envolve cada feixe de fibras; 3. Endoneuro: tecido conjuntivo que envolve cada fibra nervosa. GÂNGLIOS ✓ Os gânglios são o acúmulo de neurônios e de células da glia (satélites). ✓ Conforme a direção do impulso nervoso, os gânglios podem ser: sensoriais (aferentes) ou gânglios do sistema nervoso autônomo (eferentes). ✓ Em sua maior parte, os gânglios são órgãos esféricos, protegidos por membranas/cápsulas conjuntivas e associados a nervos. Alguns gânglios reduzem-se a pequenos grupos de células nervosas situadas no interior de determinados órgãos, principalmente na parede do trato digestivo, constituindo os gânglios intramurais. Conforme a direção do impulso nervoso, os gânglios podem ser: sensoriais (aferentes) ou gânglios do sistema nervoso autônomo (eferentes). ✓ Há dois tipos de gânglios sensoriais. Alguns são associados aos nervos cranianos (gânglios cranianos) e outros se localizam nas raízes dorsais dos nervos espinais (gânglios espinais). Os neurônios dos gânglios cranianos e espinais são pseudounipolares e transmitem para o sistema nervoso central. ✓ Nos gânglios do sistema nervoso visceral autônomo(motor) os neurônios geralmente são multipolares e nos cortes histológicos mostram um aspecto estrelado. Frequentemente, a camada de células satélites que envolve os neurônios desses gânglios é incompleta, e os gânglios intramurais têm apenas raras células satélites CÉLULAS SATÉLITES ✓ Elas têm como função manter um microambiente controlado ao redor do neurônio, fazer isolamento elétrico e ajudar nas trocas metabólicas. SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO ✓ O gânglio do sistema nervoso autônomo simpático tem corpo celular (seta preta) menor que o das células satélites (seta amarela) e não se organizam formando uma cápsula em torno dos corpos celulares. ✓ As células satélites não rodeiam como rodeiam o gânglio sensitivo. Entre os corpos celulares ela se espalham bastante. ✓ Os gânglios simpáticos além dos corpúsculos de Nissl nós podemos observar um material acastanhado que é a lipofucsina. ✓ O sistema nervoso autônomo relaciona-se com o controle da musculatura lisa, com a modulação do ritmo cardíaco e com a secreção de algumas glândulas. Sua função é ajustar algumas atividades do organismo, a fim de manter a constância do meio interno (homeostase). ✓ Embora seja, por definição, um sistema motor, fibras que recebem sensações originadas no interior do organismo acompanham as fibras motoras do sistema autônomo. O termo autônomo pode dar a impressão de que essa parte do sistema nervoso funciona de modo completamente independente, o que não é verdade. As funções do sistema nervoso autônomo sofrem constantemente a influência da atividade consciente do sistema nervoso central. ✓ O conceito de sistema nervoso autônomo é principalmente funcional. Anatomicamente, é formado por aglomerados de células nervosas localizadas no sistema nervoso central, por fibras que saem do sistema nervoso central através de nervos cranianos e espinais, e pelos gânglios nervosos situados no curso dessas fibras. O sistema autônomo é uma rede de dois neurônios. ✓ O primeiro neurônio de cadeia autônoma está localizado no sistema nervoso central; seu axônio entra em conexão sináptica com o segundo neurônio da cadeia, localizado em um gânglio do sistema autônomo ou no interior de um órgão. As fibras nervosas (axônios) que ligam o primeiro neurônio ao segundo são chamadas de pré- ganglionares e as que partem do segundo neurônio para os efetores são as pós-ganglionares. O mediador químico nas sinapses das células pré- ganglionares é a acetilcolina (fibras colinérgicas). ✓ O sistema nervoso autônomo é formado por duas partes, distintas por sua anatomia e por suas funções: o sistema simpático e o parassimpático. ✓ Os núcleos nervosos (grupos de células nervosas) do simpático se localizam nas porções torácica e lombar da medula espinal. Axônios desses neurônios (fibras pré-ganglionares) saem pelas raízes anteriores dos nervos espinais dessas regiões; por isso, o sistema simpático é chamado também de divisão toracolombar do sistema nervoso autônomo. ✓ Os gânglios do sistema simpático formam a cadeia vertebral e plexos situados próximo às vísceras. O mediador químico das fibras pós-ganglionares do simpático é a norepinefrina (fibras adrenérgicas). Norepinefrina e epinefrina são liberadas também pela camada medular da glândula adrenal em resposta a estímulos pré-ganglionares. ✓ Os núcleos nervosos (grupos de neurônios) do parassimpático situam-se no encéfalo e na porção sacra] da medula espinal. As fibras desses neurônios saem por quatro nervos cranianos (III, VII, IX e X) e pelo segundo, terceiro e quarto nervos espinais sacrais. O parassimpático é denominado também divisão craniossacral do sistema autônomo. ✓ O segundo neurônio do parassimpático localiza-se em gânglios menores do que os do simpático e sempre perto dos órgãos efetores. Frequentemente, esses neurônios se localizam no interior dos órgãos, como, por exemplo, na parede doestômago e do intestino. Nesses casos, as fibras pré-ganglionares penetram os órgãos e aí vão entrar em sinapse com o segundo neurônio da cadeia.O mediador químico liberado pelas terminações nervosas pré- e pós-ganglionares do parassimpático é a acetilcolina. ✓ Essa substância é rapidamente destruída pela acetilcolinesterase, sendo esta uma das razões pelas quais os estímulos parassimpáticos são de ação mais breve e mais localizada do que os estímulos do simpático. ✓ A maioria dos órgãos inervados pelo sistema nervoso autônomo recebe fibras do simpático e do parassimpático. Em geral, nos órgãos em que o simpático é estimulador, o parassimpático tem ação inibidora, e vice-versa. Por exemplo, a estimulação do simpático acelera o ritmo cardíaco, enquanto a estimulação das fibras parassimpáticas diminui esse ritmo. LÂMINAS – SISTEMA NERVOSO AULA PRÁTICA – SNC E SNP (22/07/2021) MONITORIA – 04/08/2021 ✓ Monitoria ministrada por Victor Santos; ✓ Encontro via GoogleMeet; ✓ Apresentação da teoria das seguintes estruturas: → Neurônios. → Células da neuroglia. → Cérebro. → Cerebelo. → Plexo coróide. → Medulo espinhal. → Nervos. → Gânglios. CONSIDERAÇÕES SOBRE A DISCIPLINA O estudo da disciplina de Histologia é muito importante para a Medicina e demais áreas da saúde. Saber reconhecer a estrutura, tipo e função de cada tecido, comparar o saudável e o patológico é fundamental para um diagnóstico preciso de várias doenças. Minha perspectiva com a disciplina foi cumprida, mas em certa parte por já ter vivido a experiência de ir ao laboratório, ver lâminas no microscópio, etc. Embora estejamos em um período atípico e o contato pessoal entre alunos e professores e contato direto com o laboratório façam falta, as aulas práticas online conseguiram suprir, da forma que era possível no momento, essa falta. ESCOLHI MEDICINA POR... Fiquei algumas horas pensando no que escrever para não seguir somente o clichê “era um sonho desde pequena”... A verdade é que não fui eu que escolhi a Medicina, mas a Medicina me escolheu. Sempre fui muito boa na área de exatas, desde novinha, muitos me perguntavam o motivo de eu não seguir na área e teimar em ir pra Medicina e eu sempre respondia “quero ajudar pessoas naquilo que me for possível, mesmo que seja apenas conforto em uma realidade na qual o paciente não tenha mais opções”. Vi pessoas da minha família partindo sem sequer ter esse conforto e isso mexia muito comigo, me fazia questionar se as pessoas perdiam a humanidade quando entravam no curso ou se já eram assim antes dele, o que me deixava aflita, com medo de “perder” a minha sensibilidade para com o próximo. Entrei no cursinho pré-vestibular em 2015, sempre com a decisão de “vou fazer medicina”, mas com o receio de como seria quando entrasse no curso... Foi então que minha irmã passou e me provou que não é o curso que faz o médico, mas quem você é e suas escolhas. Vivi, através dela, a ideia de uma medicina humanizada durante meus anos de cursinho e os anos dela de curso. Quando entrei a primeira vez em medicina, em 2019, eu sabia exatamente quem eu queria ser durante o curso e após me formar. Passei um ano estudando numa instituição privada, participando de ações e visitas que me faziam ver que mesmo que eu oferecesse o mínimo, para alguém era o máximo. Me faziam entender que uma conversa, um aperto de mãos, um sorriso no rosto, um “tenha um bom dia, mande lembranças para seus netos” poderia ajudar na melhora de algum paciente. Então, é isso. Eu não escolhi a medicina. Eu nasci para a medicina. A vontade de promover uma medicina humanizada e inclusiva, a vontade de fazer o bem. O espelho das minhas irmãs, o orgulho dos meus pais. A alegria de ouvir um “só de conversar com a senhora eu já estou melhorando da dor”, ou um “estou curada, muito obrigada”. A tristeza por conseguir manter a sensibilidade na perda de alguém, mas a força para saber lidar e oferecer conforto. Viver aquilo para o qual nasci. REFERÊNCIAS Anatpat-UNICAMP: Anatomia Patológica Geral e Especial. Disponível em: <http://www.fcm.unicamp.br/departamentos/anatomia/indexalfa.html>. Acesso em: 28 de jul. 2021. ANDRADE, F.G; FERRARI, O. Atlas Digital de Histologia Básica. 1ª Ed. Londrina: UEL, 2014. JUNQUEIRA, L.C.U; CARNEIRO, J. Histologia Básica. 11ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. PUCRS. Atlas de Histologia. Disponível em: <https://editora.pucrs.br/edipucrs/acessolivre/livros/atlas-de- histologia/index.html>. Acesso em 07 de jul. de 2021 RIBEIRO, L.F.C. et al. Tecido nervoso, 2016. Disponível em: <http://projetos.unioeste.br/projetos/microscopio/index.php?option=com_phocagallery&view=category&id=89 :meninges&Itemid=139> Acesso em: 28 de jul. 2021. UFRN. Atlas Virtual de Histologia. Disponível em: http://histologiaufrn.blogspot.com/search/label/N%C2%BA%2001%20- %20Tecido%20Epitelial%20de%20Revestimento%3A.. Acesso em: 02 de ago. de 2021. USP. Microscopia Online - MOL. Disponível em: <https://mol.icb.usp.br/>. Acesso em 09 de jul. de 2021
Compartilhar