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Análise de um julgado favorável ao sindicato

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FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS - FTC
FACULDADE DE DIREITO
GUILHERME REIS
JANETE RITA DE SOUZA
MARIA ISABELLA LOPES TEODORO BARROS
ANTONIO VINICIUS MATOS PINHEIRO
DIREITO DO TRABALHO
VITÓRIA DA CONQUISTA - BA
2019
1. CASO CONCRETO
Processo nº 0002307-19.2010.5.02.0058
TERMO DE AUDIÊNCIA 
PROCESSO Nº: 0002307-19.2010.5.02.0058 
DATA: 06/05/2014
MM. Juiz do Tradabo: Dr. Moisés Bernardo da Silva
REQUERENTE: Sindpd/SP - Sindicato dos Empregador em Empresas de Processamento de Dados, de Serviçoes de Computação, de Informática e de tecnologia da Informação e dos Trabalhadores em Processamentos de dados, serviços de computação, informática e tecnologia da informação do estado de São Paulo.
1° REQUERIDA: Consoft Consultoria e Sistemas LTDA
2° REQUERIA: A. Telecom S/A.
O TRT da 2° Região, 58° Vara de Trabalho, decidiu de forma favorável a causa do Sindpd em uma ação trabalhista em face das Empresas Consoft Consultoria e Sistemas LTDA e A. Telecom S/A. 
A Consoft celebrou um contrato de prestação de serviços com A. Telecom S/A e concedeu 05 (cinco) de seus funcionários para exercer funções na empresa tomadora de serviços.
Ocorreu que em 2009, a Consoft começou a atrasar o pagamento dos salários e os depósitos do FGTS dos empregados, com isso a Sindpd fez uma negociação com a empresa afim de resolver o problema circunstanciado. No entanto, a Consoft não cumpriu com o acordo celebrado junto à Superintendência Regional do Trabalho, e requereu em juízo o pedido de recuperação judicial, suspendendo o acordo com os trabalhadores.
Desta forma, os funcionários foram dispensados sem receber as verbas rescisórias. E para amparar os empregador a Sindpd homologou as rescisões contratuais para que os que foram prejudicados tivesse acesso Ao FGTS e o Seguro-Desemprego.
Portanto, a Sindpd ajuizou uma ação trabalhista em face da Consoft e a A. Telecom como tomadora e responsabilidade subsidiária, cumulada com Ação de cumprimento de Convenção Coletiva. E em 2012 a Consoft foi sentenciada, e em 2018 a 58° Vara do Trabalho de São Paulo determinou que A. Telecom pagasse as verbas rescisórias dos cinco empregados que foram dispensados. 
Contudo, a 58ª Vara do trabalho de São Paulo julgou procedente em parte a ação, para condenar de forma principal a primeira reclamada, CONSOFT CONSULTORIA E SISTEMAS LTDA, e subsidiariamente a segunda ré, A. TELECOM S.A. a pagarem aos substituídos processualmente, indicados a fls. 101, os valores que forem apurados em liquidação de sentença, observados todos os parâmetros descritos na fundamentação, referentes aos seguintes títulos: salários de janeiro a março de 2009, acrescidos de correção diária, além de multa, nos termos da cláusula sexta da CCT de fls. 103/132; títulos rescisórios discriminados na exordial e especificados nos TRCT’s juntados pelo autor, com acréscimo de 50% (art. 467 da CLT); incidência do FGTS sobre as verbas rescisórias, exceção feita às férias indenizadas + 1/3; multa de um salário básico, prevista no art. 477, § 8º da CLT. Nos cinco dias subseqüentes ao trânsito em julgado desta decisão, e independentemente de intimação, a primeira reclamada entregará aos substituídos processualmente as guias para levantamento do FGTS depositado, sob pena de expedição de ofício à DRT, para aplicação da multa cabível. Nos termos do art. 880 da CLT, iniciada a execução, a primeira ré será citada para comprovar, em 48 horas, os recolhimentos do FGTS referentes ao período de dezembro de 2008 até as rescisões contratuais dos substituídos, além dos reflexos em FGTS deferidos nesta sentença, bem como o depósito da multa de 40% incidente sobre todo o FGTS de todos os contratos, entregando aos substituídos, no mesmo prazo, as guias complementares para levantamento, sob pena de penhora. Correção monetária, nos termos da Súmula nº 381 do C. TST (antiga Orientação Jurisprudencial nº 124 da Seção de Dissídios Individuais do C. TST), ressalvada a correção dos salários em atraso, nos termos da CCT. As verbas rescisórias serão corrigidas a partir do vencimento do prazo legal previsto no art. 477 da CLT. Juros moratórios, na forma da lei, sobre o capital corrigido, contados a partir da propositura da ação. Os títulos condenatórios possuem natureza remuneratória, exceção feita tudo o que se refira a férias indenizadas + 1/3, FGTS + 40%, multa convencional, e multa do art. 477, § 8º, da CLT, que possuem natureza indenizatória. Os valores referentes ao Imposto de Renda devem ser descontados do crédito dos substituídos, pois a obrigação de pagar o imposto de renda recai sobre aquele que auferir os valores tributáveis, ficando as requeridas responsáveis pelo cálculo, dedução e recolhimento dos valores do imposto de renda deduzidos do crédito dos substituídos, somente por ocasião do efetivo pagamento do valor da condenação, pois é esse o seu fato gerador. A contribuição fiscal será calculada, em relação à incidência dos descontos fiscais, mês a mês, nos termos do art. 12-A da Lei n.º 7.713, de 22/12/1988, com a redação dada pela Lei nº 12.350/2010, incidindo o imposto apenas sobre as parcelas tributáveis (excluídos os juros de mora - OJ 400 da SDI – 1, do C. TST), calculado ao final. Recolhimentos previdenciários incidirão sobre as parcelas de natureza remuneratória acima especificadas. A contribuição previdenciária que cabe aos substituídos será calculada mês a mês, aplicando-se as alíquotas previstas no art. 198 do Decreto 3.048, de 6 de maio de 1999, observado o limite máximo do salário de contribuição (§ 4º, do art. 276 do Decreto 3.048, de 6 de maio de 1999). As contribuições a cargo da empresa serão aquelas previstas no inciso I, do art. 201, do Decreto mencionado, relativamente ao segurado empregado. Transitada em julgado a presente decisão, a primeira requerida será considerada solidária e diretamente responsável pela contribuição social referente aos empregados (§ 5º, do art. 216, do Decreto 3.048/99), sem prejuízo da possibilidade de recebimento da contribuição social pelo INSS quando do efetivo pagamento do crédito trabalhista, descontando-se dos substituídos. Em fase de acertamentos a segunda requerida comprovará que efetuou o recolhimento de que cuida o art. 219, c a p u t, do Decreto 3.048/99, sob pena de responder solidariamente pela contribuição social referente aos substituídos. Honorários advocatícios, a cargo das requeridas, reversíveis ao Sindicato-autor, na base de 15% do valor da liquidação, a ser corrigido monetariamente de acordo com o art. 1º da lei 6.899/81. Custas, pelas rés, calculadas sobre o valor arbitrado à condenação, de R$ 200.000,00, no importe de R$ 4.000,00. Intimem-se as partes. Notifique-se o INSS, nos termos do art. 277 do Decreto 3.048/99. NADA MAIS.
A priori a empresa encontra-se em processo de decretação de falência em trâmite, o que não significa que não irá realizar o pagamento de todas as verbas trabalhistas devidas aos empregados, pois ocorrerá ao final do processo. 
Com base no Princípio da Primazia da Realidade, é notório que a realidade da Empresa empregadora não constitui condições suficientes para pagar de imediato todos os valores pedidos pela requerente, uma vez que este princípio vigora que o que vale é o que está acontecendo de fato e não o que está formalizado no contrato de trabalho, portanto, a verdade dos fatos impera sobre qualquer contrato formal, o que justifica o fato da Consoft não cumprir com a Convenção coletiva, pois o fato dessa decretar falência evidencia a incapacidade de quitar as verbas trabalhistas de imediato, o que também torna inviável cumprir com a execução. Sendo assim, o Sr. Excelentíssimo Dr. Juiz julgou procedente em desfavor da empresa empregadora equivocadamente, não observando a verdadeira realidade dos fatos. Portanto, em nome do Princípio da Primazia da realidade dever-se-á ratificar a improcedência do pedido na Execução.
Ademais, com base na legislação de regência, as ações trabalhistas serão julgadas na Justiça do Trabalho até a apuração do respectivo crédito, e o valor será determinado na sentençae depois inscrito no quadro geral de credores, para que assim sejam sanadas as dívidas. Sendo assim torna-se inviável o prosseguimento da execução.
Segundo a Lei de Falência, em seus artigos 83 e 151, dispõe que:
"Art. 83. A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem:
“I – os créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150 (cento e cinquenta) salários-mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes de trabalho;”
"Art. 151. Os créditos trabalhistas de natureza estritamente salarial vencidos nos 3 (três) meses anteriores à decretação da falência, até o limite de 5 (cinco) salários-mínimos por trabalhador, serão pagos tão logo haja disponibilidade em caixa." (BRASIL, 2015)
Ou seja, os créditos trabalhistas de natureza salarial vencidas nos três meses anteriores serão pagos de imediato caso haja disponibilidade em caixa, o que não ocorre na Consoft, e caso houvesse saldo em caixa limitaria o valor de cinco salários-mínimos por empregado, e os demais créditos trabalhistas deve aguardar a resolução do processo.
BRASIL, Lei 11.101/2005. Disponível em http://www.planalto.g ov.br/ccivil 03/_ato2004-2006/2005/lei/L11101.htm>. Acesso em 28/11/2019.
JUNIOR, J. A.O, Principais Princípios Norteadores do Direito do Trabalho, 2017. Disponível em https://jus.com.br/artigos/58158/principais-principios-norteadores-do-direito-do-trabalho>. Acesso em 28/11/2019.
CRUZ, A. P, Princípios do Direito do Trabalho, 2016. Disponível em https://www.direito net .com.br/artigos/exibir/9656/Principios-do-direito-do-trabalho>. Acesso em 28/11/2019.

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