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Contestação - Caso 7

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 99ª VARA DO TRABALHO DA COMARCA DE BELÉM – PA
PROCESSO Nº: XXX
CONTESTANTE: BANCO DINHEIRO BOM S/A
CONTESTADA: PAULA
BANCO DINHEIRO BOM S/A, (CNPJ), COM SEDE NA (ENDEREÇO COMPLETO), (ENDEREÇO ELETRÔNICO), vem a presença de Vossa Excelência, por seu Advogado, com procuração em anexo, apresentar CONTESTAÇÃO, com fulcro do art. 847 da legislação consolidada e art. 336 do CPC/15, à Reclamação Trabalhista ajuizada por Paula, devidamente qualificada nos autos em epígrafe, pelos fundamentos de fato e de direito a seguir delineados. 
1. DA SÍNTESE FÁTICA
	A reclamante, alega que fora gerente geral da agência da contestante, por 4 anos, com remuneração na ordem de R$ 8.000,00 (oito mil reais) acrescida de 50% de gratificação.
	Aduz que seu salário era menor do que o de João Petrônio, que recebia R$ 10.000,00 (dez mil reais), sendo gerente de agência de grande porte atendendo pessoas físicas e jurídicas. 
	Aponta, que trabalhava de 8h às 20h, de segunda a sexta, com intervalo de 20 minutos. 
Relata que foi transferida de São Paulo para Belém, após um ano de serviço, tendo lá fixado residência com sua família. 
A reclamante afirma que assinou no ato da admissão contrato do plano de saúde e indicou dependentes. 
Alega ainda, que fora notificada da dispensa no dia 06/02/2017, uma segunda-feira, e a empresa só pagou as verbas rescisórias e efetuou a homologação no dia 16/02/2017, um dia após o prazo. 
Nesse sentido, dita fazer jus as seguintes verbas: Diferença salariais e reflexos em relação ao valor recebido a menor comparado com o colega; Horas extras e reflexos referentes ao excesso de jornada de trabalho; o pagamento do adicional de transferência, devido a sua mudança de residência; a devolução dos descontos relativos ao plano de saúde; a multa do art. 477 da CLT, tendo em vista o não cumprimento do prazo para pagamento das verbas rescisórias e homologação da dispensa. 
No entanto, tais pedidos não condizem com a realidade e por isso não merecem deferimento, como será demonstrado a seguir. 
2. DA REALIDADE DOS FATOS
	A contestada foi gerente geral da agência de pequeno porte da contestante, no período de 4 anos, atendendo apenas clientes pessoa física e era responsável por controlar o desempenho profissional e a jornada de trabalho dos funcionários da agência, além do desempenho comercial desta. 
	No ato de sua admissão, assinou contrato do plano de saúde, inclusive indicou dependentes, esse sendo descontado em folha de pagamento. Após um ano de trabalho, fora transferida para Belém, lá fixando residência em definitivo com sua família. 
	Sua jornada de trabalho era diferenciada, em virtude da função de confiança que exercia, sendo de 8h às 20h, com 20 minutos de intervalo. 
	Vale salientar, que ela fora notificada da sua dispensa na data de 06/02/2017 e o pagamento de suas verbas rescisórias, bem como a homologação da sua dispensa foram realizados no dia 16/02/2017, dentro do prazo previsto na legislação. 
3. DA IMPUGNAÇÃO AOS PEDIDOS DA RECLAMAÇÃO 
	A contestante preza pelo compromisso de cumprir com suas obrigações, bem como é uma empresa conceituada no mercado e zela pelo título que lhe é conferido. Dessa forma, afirma que não feriu a legislação e vem respeitosamente a presença de Vossa Excelência, por não serem justas as reivindicações ora oferecidas, demonstrar ponto a ponto os motivos pelo qual os pedidos formulados devem ser declarados improcedentes. 
3.1. DA EQUIPARAÇÃO SALARIAL – DIFERENÇA E REFLEXOS 
	A Constituição Federal de 1988, prevê no art. 7º, XXX, o princípio da igualdade salarial. Como não poderia ser diferente, traz a CLT no art. 461 caput e § 1º, a equiparação salarial, estabelecendo os requisitos de que as funções sejam idênticas, trabalho de igual valor, prestado ao mesmo empregador e no mesmo estabelecimento empresarial.
Art. 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; (CF/88)
Art. 461 - Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo empregador, no mesmo estabelecimento empresarial, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, etnia, nacionalidade ou idade. 
§ 1º - Trabalho de igual valor, para os fins deste Capítulo, será o que for feito com igual produtividade e com a mesma perfeição técnica, entre pessoas cuja diferença de tempo de serviço para o mesmo empregador não seja superior a quatro anos e a diferença de tempo na função não seja superior a dois anos. (CLT) 
Súmula 6, III – TST: A equiparação salarial só é possível se o empregado e o paradigma exercerem a mesma função, desempenhando as mesmas tarefas, não importando se os cargos têm, ou não, a mesma denominação. (ex-OJ da SBDI-1 nº 328 - DJ 09.12.2003)
	Nesse sentido, o pedido de diferença salarial e reflexos não deve prosperar, uma vez que não atende ao disposto no artigo acima citado, bem como a súmula 6, III do TST, pois a reclamante era gerente de pessoa física, em estabelecimento de pequeno porte, enquanto o modelo ora apresentado, atuava em agência de grande porte atendendo pessoas físicas e jurídicas.
3.2. DAS HORAS EXTRAS E REFLEXOS 
	A reclamante estava investida na função de confiança como gerente geral da agência, com responsabilidades de controlar o desempenho profissional e jornada de trabalho dos funcionários e o seu desempenho comercial. Para tanto, fazia jus a gratificação de 50% do seu salário. 
	Dessa forma, a autora enquadra-se na exceção prevista no art. 62, II da CLT c/c súmula 287 do TST, não tendo, portanto, direito as horas extras, tendo em vista que não possui limite de jornada. 
Art. 62 - Não são abrangidos pelo regime previsto neste capítulo:
II - os gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de gestão, aos quais se equiparam, para efeito do disposto neste artigo, os diretores e chefes de departamento ou filial. (CLT)
Súmula 287, TST: A jornada de trabalho do empregado de banco gerente de agência é regida pelo art. 224, § 2º, da CLT. Quanto ao gerente-geral de agência bancária, presume-se o exercício de encargo de gestão, aplicando-se-lhe o art. 62 da CLT.
3.3. DO ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA 
	 A reclamante não possui direito ao referido adicional previsto no art. 469, § 3º, uma vez que sua transferência foi definitiva, fixando ela residência com sua família, não preenchendo o requisito para concessão do benefício previsto na OJ. 113, SBDI-I do TST. 
Art. 469 - Ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua anuência, para localidade diversa da que resultar do contrato, não se considerando transferência a que não acarretar necessariamente a mudança do seu domicílio. 
§ 3º - Em caso de necessidade de serviço o empregador poderá transferir o empregado para localidade diversa da que resultar do contrato, não obstante as restrições do artigo anterior, mas, nesse caso, ficará obrigado a um pagamento suplementar, nunca inferior a 25% (vinte e cinco por cento) dos salários que o empregado percebia naquela localidade, enquanto durar essa situação. (CLT)
ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA. CARGO DE CONFIANÇA OU PREVISÃO CONTRATUAL DE TRANSFERÊNCIA. DEVIDO. DESDE QUE A TRANSFERÊNCIA SEJA PROVISÓRIA. Inserida em 20.11.97
O fato de o empregado exercer cargo de confiança ou a existência de previsão de transferência no contrato de trabalho não exclui o direito ao adicional. O pressuposto legal apto a legitimar a percepção do mencionado adicional é a transferência provisória. (OJ 113, SBDI-I, TST)
3.4. DA DEVOLUÇÃO DOS DESCONTOS DO PLANO DE SAÚDE
 
	Conforme o art. 462 da CLT é vedado descontos no salário dos empregados, salvo previsão legal, contrato coletivo e adiantamentos. No entanto, os descontos alegados pela reclamante foram legais, uma vez que ela os autorizou mediante assinatura do contrato no ato da admissão, livre de qualquer vício do consentimento, havendo inclusive acrescentado dependentes.Art. 462 - Ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários do empregado, salvo quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de contrato coletivo. (CLT)
	Nesse sentido, não é devido a devolução dos valores correspondentes aos descontos, conforme previsão do art. 462 da CLT, c/c OJ 160 do TST e súmula 342 do TST. 
OJ-SBDI-I-160 DESCONTOS SALARIAIS. AUTORIZAÇÃO NO ATO DA ADMISSÃO. VALIDADE (inserida em 26.03.1999)
É inválida a presunção de vício de consentimento resultante do fato de ter o empregado anuído expressamente com descontos salariais na oportunidade da admissão. É de se exigir demonstração concreta do vício de vontade.
Súmula 342, TST: Descontos salariais efetuados pelo empregador, com a autorização prévia e por escrito do empregado, para ser integrado em planos de assistência odontológica, médico-hospitalar, de seguro, de previdência privada, ou de entidade cooperativa, cultural ou recreativo-associativa de seus trabalhadores, em seu benefício e de seus dependentes, não afrontam o disposto no art. 462 da CLT, salvo se ficar demonstrada a existência de coação ou de outro defeito que vicie o ato jurídico. 
3.5. DA MULTA DO ART. 477 DA CLT. 
	O art. 477 da CLT, estabelece uma multa para o empregador caso o pagamento das verbas rescisórias e a homologação da dispensa não ocorram dentro do prazo de 10 dias, conforme § 6º, do referido artigo.
	Ocorre excelência que o pagamento das verbas rescisórias da reclamante, bem como a homologação da dispensa, foram realizadas dentro do prazo estipulado na legislação, sendo que a dispensa ocorreu em 06/02/2017 e o pagamento e homologação no dia 16/02/2017, compreendendo o prazo de 10 dias, visto que conta-se excluindo o dia da notificação e incluindo o dia do vencimento, nos termos do art. 132 do CC/2002 c/c OJ 162 da SBDI-I do TST
Art. 132. Salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se os prazos, excluído o dia do começo, e incluído o do vencimento. (CC/02)
MULTA. ART. 477 DA CLT. CONTAGEM DO PRAZO. APLICÁVEL O ART. 132 DO CÓDIGO CIVIL DE 2002. (atualizada a legislação e inserido dispositivo, DJ 20.04.2005)
A contagem do prazo para quitação das verbas decorrentes da rescisão contratual prevista no artigo 477 da CLT exclui necessariamente o dia da notificação da demissão e inclui o dia do vencimento, em obediência ao disposto no artigo 132 do Código Civil de 2002 (artigo 125 do Código Civil de 1916). (OJ !162 da SBDI-I, do TST. 
4. DOS PEDIDOS 
	Diante o exposto, a contestante requer que Vossa Excelência receba a presente contestação e defira os pedidos a seguir:
a) Julgue improcedente todos os pedidos formulados na reclamação ora contestada, tais como: equiparação salarial – diferenças e reflexos; horas extras e reflexos; adicional de transferência; devolução dos descontos relativos ao plano de saúde; multa do art. 477 da CLT. 
b) A condenação da contestada nas custas processuais;
c) Requer a produção de todos os meios de prova admitidos em direito, nos termos do art. 369 do CPC/15, em especial a documental, testemunhal e depoimento das partes. 
Nestes termos, 
Pede e espera deferimento. 
Belém-PA, data
Advogado 
OAB/UF

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