Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
SUMÁRIO 1. PRINCIPIOS DO DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO ...................... 1 1.1 DA PROTEÇÃO ............................................................................................................... 1 1.2 PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DE DIREITOS ................................................................... 3 1.3 PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DA RELAÇÃO DE EMPREGO ...................................................... 3 1.4 PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE .............................................................................. 4 1.5 PRINCÍPIO DA NÃO DISCRIMINAÇÃO .................................................................................... 4 2. DAS FONTES .................................................................................... 6 2.1 FONTES AUTÔNOMAS ...................................................................................................... 6 2.2 FONTES HETERÔNOMAS .................................................................................................. 6 2.3 APLICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA TRABALHISTA .................................................................... 6 3. DIREITO CONSTITUCIONAL DO TRABALHO ..................................... 7 4. CTPS, EMPREGADO E EMPREGADOR .............................................. 11 4.1 CARTEIRA DE TRABALHO E PREVIDÊNCIA SOCIAL (CTPS) ................................................... 11 4.2 EMPREGADO ............................................................................................................... 12 4.3 EMPREGADOR ............................................................................................................. 14 4.3.1 CONCEITO ............................................................................................................... 14 4.3.2 PODER DIRETIVO ...................................................................................................... 15 4.3.3 GRUPO ECONÔMICO .................................................................................................. 17 4.3.4 SÓCIO RETIRANTE ..................................................................................................... 18 4.3.5 ALTERAÇÃO NA ESTRUTURA JURÍDICA DO EMPREGADOR .................................................. 18 4.3.6 DA SUCESSÃO EMPRESARIAL ....................................................................................... 18 5. CONTRATO DE TRABALHO ............................................................. 19 5.1 CONCEITO .................................................................................................................. 19 5.2 PRAZO DO CONTRATO ................................................................................................... 20 5.3 EMPREGADO HIPERSUFICIENTE ...................................................................................... 21 5.4 ALTERAÇÃO CONTRATUAL ............................................................................................. 21 5.5 UNIFORME .................................................................................................................. 22 5.6 CONTRATO DE TELETRABALHO ....................................................................................... 23 5.7 CONTRATO INTERMITENTE ............................................................................................. 24 5.8 TERMOS DE QUITAÇÃO ANUAL ....................................................................................... 24 5.9 CLÁUSULA DE ARBITRAGEM ........................................................................................... 25 5.10 DANO EXTRAPATRIMONIAL .......................................................................................... 25 5.11 INTERRUPÇÃO E SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO ................................................ 26 5.12 TERCEIRIZAÇÃO – LEI 6.019-74 ............................................................................. 28 5.13 CONTRATO TEMPORÁRIO - LEI 6.019-74 ................................................................ 30 7. JORNADA DE TRABALHO ................................................................ 34 7.1 JORNADA ................................................................................................................... 34 7.2 TEMPO A DISPOSIÇÃO ................................................................................................... 34 7.3 EMPREGADO EM REGIME DE TEMPO ESPECIAL .................................................................. 35 7.4 EMPREGADO EM TURNO ININTERRUPTO DE REVEZAMENTO .................................................. 36 8. HORAS EXTRAS, BANCO DE HORAS E COMPENSAÇÃO DE JORNADA ........................................................................................................... 37 8.1 DAS HORAS EXTRAS ..................................................................................................... 37 8.2 DO BANCO DE HORAS .................................................................................................. 38 8.3 DA COMPENSAÇÃO DE JORNADA ..................................................................................... 38 8.3.1 JORNADA 12 X 36 .................................................................................................... 40 8.4 HORA NOTURNA ........................................................................................................... 40 8.4.1 HORA NOTURNA URBANA ............................................................................................ 40 8.4.2 HORA NOTURNA RURAL .............................................................................................. 41 8.4.3 HORA NOTURNA DO ADVOGADO ................................................................................... 41 8.5 CONTROLE DE JORNADA ............................................................................................... 42 8.6 EXCLUÍDOS DA JORNADA DE TRABALHO .......................................................................... 44 8.7 SOBREAVISO E PRONTIDÃO ........................................................................................... 46 8.8 INTERVALOS ............................................................................................................... 47 8.8.1 INTERJORNADA ......................................................................................................... 47 8.8.2 INTRAJORNADA ......................................................................................................... 48 8.8.3 DSR ...................................................................................................................... 49 8.8.4 FÉRIAS ................................................................................................................... 50 8.8.4.1 FÉRIAS COLETIVAS ................................................................................................ 54 8.9 INTERVALOS ESPECIAIS ................................................................................................. 55 9. REMUNERAÇÃO E SALÁRIO ............................................................ 56 9.1 CONCEITO ............................................................................................................... 56 9.2 SALÁRIO IN NATURA ................................................................................................ 61 9.3 PRAZO E FORMA DE PAGAMENTO ........................................................................... 62 9.4 EQUIPARAÇÃO SALARIAL ........................................................................................ 64 9.5 DESCONTO SALARIAL ............................................................................................. 66 9.6 COMISSÕES ............................................................................................................ 67 9.7 GRATIFICAÇÕES ......................................................................................................68 9.7.1 GRATIFICAÇÃO PELO EXERCÍCIO DA FUNÇÃO DE CONFIANÇA ............................................. 68 9.7.2 GRATIFICAÇÃO NATALINA (LEI 4090/62) ...................................................................... 69 9.7.3 GRATIFICAÇÃO PELO TEMPO DE SERVIÇO ...................................................................... 69 9.8 PRÊMIOS .................................................................................................................... 70 9.9 ADICIONAIS ................................................................................................................ 70 9.9.1 DE HORAS EXTRAS .................................................................................................... 70 9.9.2 DE HORA NOTURNA ................................................................................................... 71 9.9.3 DE TRANSFERÊNCIA .................................................................................................. 72 9.9.4 DE INSALUBRIDADE ................................................................................................... 73 9.9.5 DE PERICULOSIDADE ................................................................................................. 75 10. TÉRMINO DO CONTRATO DE TRABALHO ...................................... 78 10.1 AVISO PRÉVIO ........................................................................................................... 78 10.1.1 CONCEITO DO AVISO PRÉVIO .................................................................................... 78 10.1.2 REDUÇÃO DE JORNADA ........................................................................................... 81 10.1.3 DESISTÊNCIA DO AVISO PRÉVIO ................................................................................ 81 10.2 VERBAS RESCISÓRIAS .......................................................................................... 83 11. RESCISÃO DOS CONTRATOS POR PRAZO DETERMINADO ............. 83 11.1 RESCISÃO ANTECIPADA PELO EMPREGADOR .................................................................... 83 11.2 RESCISÃO ANTECIPADA PELO EMPREGADO ..................................................................... 84 11.3 EXTINÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO ......................................................................... 84 11.4 OUTRAS FORMAS DE RESCISÃO .................................................................................... 84 12. RESCISÃO DOS CONTRATO POR PRAZO INDETERMINADO ........... 84 12.1 SEM JUSTA CAUSA ..................................................................................................... 84 12.2 JUSTA CAUSA ........................................................................................................... 85 12.3 PEDIDO DE DEMISSÃO ................................................................................................ 86 12.4 RESCISÃO INDIRETA ................................................................................................... 86 12.5 CULPA RECÍPROCA ..................................................................................................... 87 12.6 ACORDO DE RESCISÃO ................................................................................................ 87 12.7 MORTE DO EMPREGADO .............................................................................................. 87 12.8 MORTE DO EMPREGADOR ............................................................................................ 88 12.9 FATO DO PRÍNCIPE ..................................................................................................... 88 13. ATO DE RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO ........................ 88 14. DISPENSA COLETIVA .................................................................... 90 14.1 PDV – PLANO DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA ..................................................................... 90 15. ESTABILIDADE ............................................................................. 90 15.1 REGRA GERAL ........................................................................................................... 90 16. EMPREGADOS ESTÁVEIS .............................................................. 91 16.1 DIRIGENTE SINDICAL .................................................................................................. 92 16.2 REPRESENTANTE PESSOAL DOS EMPREGADOS ................................................................ 94 16.3 MEMBRO DA CIPA ..................................................................................................... 95 16.4 ACIDENTADO ............................................................................................................ 96 16.5 GESTANTE E ADOTANTE .............................................................................................. 98 16.6 FUNCIONÁRIO PÚBLICO ............................................................................................... 99 17. FORÇA MAIOR ............................................................................ 100 18. FGTS .......................................................................................... 100 18.1 REGRAS PARA O DEPÓSITO DO FGTS .......................................................................... 101 18.2 DA MULTA DOS 40% SOBRE O FGTS .......................................................................... 102 18.3 HIPÓTESES DE SAQUES ............................................................................................. 103 19. MEDICINA E SEGURANÇA DO TRABALHO ................................... 104 19.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS .......................................................................................... 104 19.2 DA INSPEÇÃO PRÉVIA, EMBARGO OU INTERDIÇÃO .......................................................... 105 19.3 DO EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – EPI ....................................................... 106 19.4 DAS MEDIDAS DE PREVENÇÃO .................................................................................... 106 20. PRESCRIÇÃO .............................................................................. 107 20.1 PRESCRIÇÃO ........................................................................................................... 107 20.2 PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE .................................................................................... 109 21. EMPREGADOS ESPECIAIS ........................................................... 109 21.1 BANCÁRIOS............................................................................................................. 109 21.2 TELEFONISTAS ........................................................................................................ 112 21.3 MÚSICOS ............................................................................................................... 113 21.4 DOS OPERADORES CINEMATOGRÁFICOS ....................................................................... 113 21.5 DOS MOTORISTAS PROFISSIONAIS ............................................................................... 114 21.6 DO TRABALHO EM MINAS DE SUBSOLO ......................................................................... 117 21.7 DOS JORNALISTAS ................................................................................................... 118 21.8 DOS PROFESSORES .................................................................................................. 119 21.9 DO TRABALHO DA MULHER ........................................................................................ 120 21.10 DO TRABALHO DO MENOR ....................................................................................... 123 21.11 DO TRABALHO DO APRENDIZ .................................................................................... 124 21.12 DO DIRETOR .........................................................................................................129 21.13 EMPREGADO DOMÉSTICO ........................................................................................ 130 21.14 EMPREGADO RURAL (LEI 5889/73) .......................................................................... 133 22. OUTRAS ESPÉCIES DE RELAÇÃO DE TRABALHO ........................ 134 22.1 ESTÁGIO ................................................................................................................ 135 22.2 TRABALHO VOLUNTÁRIO ............................................................................................ 137 22.3 AUTÔNOMO ............................................................................................................ 137 22.4 EVENTUAL .............................................................................................................. 138 22.5 AVULSO ................................................................................................................. 138 23. SÚMULA DO STF E STJ ............................................................... 139 23.1 SÚMULAS DO STJ ................................................................................................ 139 23.2 SÚMULAS DO STF ................................................................................................ 142 24. DIREITO COLETIVO DO TRABALHO ............................................ 149 24.1 CONCEITO ........................................................................................................... 151 24.2 PRERROGATIVAS E DEVERES ............................................................................. 156 24.3 ACORDO E CONVENÇÃO COLETIVA .................................................................... 156 24.3.1 CONCEITO ........................................................................................................... 157 24.3.2 O QUE PODE SER NEGOCIADO POR INSTRUMENTO COLETIVO ......................................... 158 24.3.3 O QUE NÃO PODE SER NEGOCIADO POR INSTRUMENTO COLETIVO .................................. 160 25. GREVE ........................................................................................ 161 1 PRINCIPIOS E FONTES 1. PRINCIPIOS DO DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO O direito é composto por regras e princípios. Por princípio entende-se tudo aquilo que orienta o operador do direito na sua atividade interpretativa. Em alguns casos, o princípio jurídico assume as feições da própria regra jurídica ao estabelecer normas de conduta a serem observadas pelas pessoas. (CAIRO Jr., 2015, p. 87) O Direito Individual do Trabalho tem os seus princípios próprios, dos quais destacamos os principais, relacionados nos subcapítulos a seguir. 1.1 Da proteção Surge para proteger a parte vulnerável, hipossuficiente, nas relações laborais, típicas relações assimétricas. O Estado cria mecanismo limitadores à autonomia privada, na busca de um equilíbrio contratual entre os desiguais, o qual é alcançado a partir de três variáveis (MARTINEZ, 2012, p. 84-89): a) Manutenção da condição mais benéfica (ou inalterabilidade contratual in pejus): Somente é possível a alteração do contrato se for uma condição mais benéfica ao empregado – ver arts. 468 e 469 da CLT. Art. 468 da CLT - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia. § 1º Não se considera alteração unilateral a determinação do empregador para que o respectivo empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente ocupado, deixando o exercício de função de confiança. § 2º A alteração de que trata o § 1o deste artigo, com ou sem justo motivo, não assegura ao empregado o direito à manutenção do pagamento da gratificação correspondente, que não será incorporada, independentemente do tempo de exercício da respectiva função. Art. 469 - Ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua anuência, para localidade diversa da que resultar do contrato, não se considerando transferência a que não acarretar necessariamente a mudança do seu domicílio. § 1º - Não estão compreendidos na proibição deste artigo: os empregados que exerçam cargo de confiança e aqueles cujos contratos tenham como condição, implícita ou explícita, a transferência, quando esta decorra de real necessidade de serviço. § 2º - É licita a transferência quando ocorrer extinção do estabelecimento em que trabalhar o empregado. 2 § 3º - Em caso de necessidade de serviço o empregador poderá transferir o empregado para localidade diversa da que resultar do contrato, não obstante as restrições do artigo anterior, mas, nesse caso, ficará obrigado a um pagamento suplementar, nunca inferior a 25% (vinte e cinco por cento) dos salários que o empregado percebia naquela localidade, enquanto durar essa situação. Art. 470 - As despesas resultantes da transferência correrão por conta do empregador. Referido princípio também garante que tudo aquilo que foi adquirido de forma voluntária adere ao contrato de trabalho de forma definitiva. Súmula n. 288 do TST – COMPLEMENTAÇÃO DOS PROVENTOS DA APOSENTADORIA I - A complementação dos proventos de aposentadoria, instituída, regulamentada e paga diretamente pelo empregador, sem vínculo com as entidades de previdência privada fechada, é regida pelas normas em vigor na data de admissão do empregado, ressalvadas as alterações que forem mais benéficas (art. 468 da CLT). II - Na hipótese de coexistência de dois regulamentos de planos de previdência complementar, instituídos pelo empregador ou por entidade de previdência privada, a opção do beneficiário por um deles tem efeito jurídico de renúncia às regras do outro. III – Após a entrada em vigor das Leis Complementares nºs 108 e 109, de 29/05/2001, reger-se-á a complementação dos proventos de aposentadoria pelas normas vigentes na data da implementação dos requisitos para obtenção do benefício, ressalvados o direito adquirido do participante que anteriormente implementara os requisitos para o benefício e o direito acumulado do empregado que até então não preenchera tais requisitos. IV – O entendimento da primeira parte do item III aplica-se aos processos em curso no Tribunal Superior do Trabalho em que, em 12/04/2016, ainda não haja sido proferida decisão de mérito por suas Turmas e Seções. Súmula n. 51 do TST - NORMA REGULAMENTAR. VANTAGENS E OPÇÃO PELO NOVO REGULAMENTO. ART. 468 DA CLT I - As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do regulamento. II - Havendo a coexistência de dois regulamentos da empresa, a opção do empregado por um deles tem efeito jurídico de renúncia às regras do sistema do outro. b) Aplicação da fonte jurídica mais benéfica: Havendo previsão de um direito em mais de uma fonte, (ex. Acordo Coletivo, Convenção Coletiva, CLT, Sentença Normativa), aplica-se aquela que foi mais benéfica. Atenção à exceção: Entre acordo e convenção coletiva, sempre deve aplicar o disposto no acordo (Art. 620 da CLT): Art. 620. As condições estabelecidas em acordo coletivo de trabalho sempre prevalecerão sobre as estipuladas em convenção coletiva de trabalho. 3 c) In Dubio Pro Operário: Na dúvida de interpretação de uma norma jurídica, deve ocorrer da maneira que favoreça o empregado. 1.2 Princípio da indisponibilidade de direitos (ou da irrenunciabilidade de direitos): A lei presume o vício na manifestação da vontade do empregado quando se manifesta no sentido de renunciar determinado direito trabalhista, desde que isso ocorra na formação ou na execução do contrato (CAIRO Jr., 2015, p. 92). Logo, o empregadonão pode dispor de direito trabalhista, sob pena de nulidade do ato. (MARTINEZ, 2012, p. 90). Por exemplo, não querer usufruir das suas férias. (Ver art. 9 da CLT): Art. 9º - Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação. Atenção à exceção: Havendo comprovação de que tenha obtido novo emprego, o empregado pode renunciar ao aviso prévio, conforme S. 276 do TST: Súmula nº 276 do TST. AVISO PRÉVIO. RENÚNCIA PELO EMPREGADO (mantida) - O direito ao aviso prévio é irrenunciável pelo empregado. O pedido de dispensa de cumprimento não exime o empregador de pagar o respectivo valor, salvo comprovação de haver o prestador dos serviços obtido novo emprego. 1.3 Princípio da continuidade da relação de emprego O contrato de trabalho, ordinariamente, é celebrado por tempo indeterminado. Só em casos excepcionais admite-se o ajuste de um contrato de trabalho a termo. Por conta dessa circunstância, presume-se que a intenção dos contratantes e principalmente do empregado é de protrair indefinitivamente, no tempo, a execução do pacto laboral. (CAIRO Jr., 2015, p. 93) Exemplos: Súmula n. 212 do TST; Súmula n. 32 do TST; Art, 482, “i” da CLT: Súmula nº 32 do TST - Presume-se o abandono de emprego se o trabalhador não retornar ao serviço no prazo de 30 (trinta) dias após a cessação do benefício previdenciário nem justificar o motivo de não o fazer. 4 Súmula nº 212 do TST - O ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação de serviço e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da continuidade da relação de emprego constitui presunção favorável ao empregado. Art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo empregador: i) abandono de emprego; 1.4 Princípio da primazia da realidade A realidade dos fatos prevalece sobre meras cláusulas contratuais ou registros documentais, ainda que em sentido contrário. Aplicação a favor ou contra o empregado. (MARTINEZ, 2012, p. 98). Em outras palavras: Não importa o que está no papel, mas sim o que de fato realmente aconteceu. Exemplos: Súmula n. 338 do TST. Súmula n. 225 do STF. Súmula nº 338 do TST I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) empregados o registro da jornada de trabalho na forma do art. 74, § 2º, da CLT. A não- apresentação injustificada dos controles de frequência gera presunção relativa de veracidade da jornada de trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrário. II - A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que prevista em instrumento normativo, pode ser elidida por prova em contrário. III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e saída uniformes são inválidos como meio de prova, invertendo-se o ônus da prova, relativo às horas extras, que passa a ser do empregador, prevalecendo a jornada da inicial se dele não se desincumbir. SÚMULA 225 DO STF - Não é absoluto o valor probatório das anotações da carteira profissional. 1.5 Princípio da não discriminação O direito do trabalho não admite qualquer forma de discriminação. Assim, O empregado não pode ser discriminado, em razão de cor, raça, credo, idade, sexo ou opinião, tanto no momento da sua admissão quanto durante a execução do contrato. (CAIRO Jr., 2015, p. 97). Ocorrendo dispensa discriminatória, o empregado faz jus a reintegração: https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/seq-sumula225/false 5 Súmula nº 443 do TST DISPENSA DISCRIMINATÓRIA. PRESUNÇÃO. EMPREGADO PORTADOR DE DOENÇA GRAVE. ESTIGMA OU PRECONCEITO. DIREITO À REINTEGRAÇÃO - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012 Presume-se discriminatória a despedida de empregado portador do vírus HIV ou de outra doença grave que suscite estigma ou preconceito. Inválido o ato, o empregado tem direito à reintegração no emprego. Exemplos: Art. 461 da CLT. Art. 442-A da CLT. Art. 442-A. Para fins de contratação, o empregador não exigirá do candidato a emprego comprovação de experiência prévia por tempo superior a 6 (seis) meses no mesmo tipo de atividade. Art. 461. Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo empregador, no mesmo estabelecimento empresarial, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, etnia, nacionalidade ou idade. § 1º - Trabalho de igual valor, para os fins deste Capítulo, será o que for feito com igual produtividade e com a mesma perfeição técnica, entre pessoas cuja diferença de tempo de serviço para o mesmo empregador não seja superior a quatro anos e a diferença de tempo na função não seja superior a dois anos. § 2º - Os dispositivos deste artigo não prevalecerão quando o empregador tiver pessoal organizado em quadro de carreira ou adotar, por meio de norma interna da empresa ou de negociação coletiva, plano de cargos e salários, dispensada qualquer forma de homologação ou registro em órgão público. § 3º - No caso do § 2o deste artigo, as promoções poderão ser feitas por merecimento e por antiguidade, ou por apenas um destes critérios, dentro de cada categoria profissional. § 4º - O trabalhador readaptado em nova função por motivo de deficiência física ou mental atestada pelo órgão competente da Previdência Social não servirá de paradigma para fins de equiparação salarial. § 5º - A equiparação salarial só será possível entre empregados contemporâneos no cargo ou na função, ficando vedada a indicação de paradigmas remotos, ainda que o paradigma contemporâneo tenha obtido a vantagem em ação judicial própria. § 6º - No caso de comprovada discriminação por motivo de sexo ou etnia, o juízo determinará, além do pagamento das diferenças salariais devidas, multa, em favor do empregado discriminado, no valor de 50% (cinquenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social. 6 Para finalizar, o esquema abaixo facilita a compreensão: *Para todos verem: esquema 2. DAS FONTES 2.1 Fontes autônomas Produzidas pelas partes. Ex: Acordo coletivo, convenção coletiva, regimento interno, contrato de trabalho, etc. 2.2 Fontes heterônomas Produzidas por terceiros. Ex: CF, CLT, Normas Internacionais, sentenças, etc. 2.3 Aplicação da norma jurídica trabalhista Art. 7º da CLT - Os preceitos constantes da presente Consolidação salvo quando for em cada caso, expressamente determinado em contrário, não se aplicam: a) aos empregados domésticos, assim considerados, de um modo geral, os que prestam serviços de natureza não-econômica à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas; Princípio da Proteção Princípio da Indisponibilidade de Direitos Princípio da Continuidade da Relação de emprego Princípio da Primazia da Realidade Princípio da não-discriminação Princípio da aplicação da fonte jurídica mais benéfica Princípio da manutenção da condição mais benéfica In dubio pró operário 7 b) aos trabalhadores rurais, assim considerados aqueles que, exercendo funções diretamente ligadas à agricultura e à pecuária, não sejam empregados em atividades que, pelos métodos de execução dos respectivos trabalhos ou pela finalidade de suas operações, se classifiquem como industriais ou comerciais; c) aos funcionários públicos da União, dos Estados e dos Municípios e aos respectivos extranumerários em serviço nas próprias repartições; d) aos servidores de autarquias paraestatais, desde que sujeitos a regime próprio de proteção ao trabalho que lhes assegure situação análoga à dos funcionários públicos. e) aos empregados das empresas de propriedade da União Federal, quando por esta ou pelosEstados administradas, salvo em se tratando daquelas cuja propriedade ou administração resultem de circunstâncias transitórias. f) às atividades de direção e assessoramento nos órgãos, institutos e fundações dos partidos, assim definidas em normas internas de organização partidária. Parágrafo único (Revogado pelo Decreto-lei nº 8.249, de 1945) Art. 8º da CLT - As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por equidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público. § 1º - O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho. § 2o - Súmulas e outros enunciados de jurisprudência editados pelo Tribunal Superior do Trabalho e pelos Tribunais Regionais do Trabalho não poderão restringir direitos legalmente previstos nem criar obrigações que não estejam previstas em lei. § 3o No exame de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, a Justiça do Trabalho analisará exclusivamente a conformidade dos elementos essenciais do negócio jurídico, respeitado o disposto no art. 104 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), e balizará sua atuação pelo princípio da intervenção mínima na autonomia da vontade coletiva. 3. DIREITO CONSTITUCIONAL DO TRABALHO Importante a leitura dos arts. 7ª ao 11ª da CF, ao qual segue a transcrição abaixo: Art. 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: I - Relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos. II - Seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário. ► Ver Lei 7.998/90 III - fundo de garantia do tempo de serviço; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/1937-1946/Del8249.htm#art5 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm#art104 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm#art104 8 ► Ver Lei 8.036/90, em especial os arts. 15, 18 e 20. IV - Salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim. V - Piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho. VI - Irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo. ► Ver art. 611-A, §3ºda CLT. VII - Garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável. VIII - Décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria. ► Ver Lei 4.749/65 e Lei 4.090/62. IX – Remuneração do trabalho noturno superior à do diurno. ► Ver art. 73 da CLT. X - Proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa. XI – Participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei. XII - Salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei. ► Ver Lei 4.266/63 XIII - Duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho. ► Ver art. 58 a 62 da CLT. XIV - Jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva. ► Ver Súmula n. 423 do TST e OJ n. 420 e 275 da SDI-1 do TST. XV - Repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos. ► Ver art. 385 e 67 da CLT. XVI - Remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal. ► Ver art. 59, §1º da CLT. XVII - Gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal. XVIII - Licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias. XIX - Licença-paternidade, nos termos fixados em lei; 9 XX - Proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei. ► Ver art. 372 a 401 da CLT. XXI - Aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei. ► Ver art. 487 a 491 da CLT. XXII - Redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança. ► Ver art. 154 a 200 da CLT. XXIII - Adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei. ► Ver arts. 189 a 197 da CLT. XXIV – Aposentadoria. XXV - Assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas. XXVI - Reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho. ► Ver arts. 611 a 625 da CLT. XXVII - Proteção em face da automação, na forma da lei. XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa. XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho. ► Ver art. 11 e 11-A da CLT. XXX - Proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil. ► Ver art. 461 da CLT. XXXI - Proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência. ► Ver art. 461 da CLT. XXXII - Proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos. ► Ver art. 461 da CLT. XXXIII - Proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos. Não existe regulamentação para atividades penosas, logo tal direito não é devido 10 ► Ver art. 402 a 440 da CLT. XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso. ► Ver lei 12.023-2009 Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social. Art. 8º - É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: I - A lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical. II - É vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município. III - Ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusiveem questões judiciais ou administrativas. IV - A assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei. V - Ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato. VI - É obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho. VII - O aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais. VIII - É vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer. Art. 9º - É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. § 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. § 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei. Art. 10. - É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação. Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores. ► Ver arts. 510-A até 510-D da CLT; 11 4. CTPS, EMPREGADO E EMPREGADOR 4.1 Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) A CTPS é um documento obrigatório servindo principalmente para identificação do empregado e suas relações emprego, lembrando que a falta da CTPS e a falta da devida anotação de um emprego por si só não afasta o direito do empregado do reconhecimento do vínculo. O conteúdo da Carteira de Trabalho e previdência Social está previsto na CLT nos arts. 13 ao 58 da CLT, sendo o principal artigo o 29, conforme segue transcrição: Art. 29 da CLT - O empregador terá o prazo de 5 (cinco) dias úteis para anotar na CTPS, em relação aos trabalhadores que admitir, a data de admissão, a remuneração e as condições especiais, se houver, facultada a adoção de sistema manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério da Economia. § 1º As anotações concernentes à remuneração devem especificar o salário, qualquer que seja sua forma de pagamento, seja ele em dinheiro ou em utilidades, bem como a estimativa da gorjeta. § 2º - As anotações na Carteira de Trabalho e Previdência Social serão feitas: a) na data-base; b) a qualquer tempo, por solicitação do trabalhador; c) no caso de rescisão contratual; ou d) necessidade de comprovação perante a Previdência Social. § 3º - A falta de cumprimento pelo empregador do disposto neste artigo acarretará a lavratura do auto de infração, pelo Fiscal do Trabalho, que deverá, de ofício, comunicar a falta de anotação ao órgão competente, para o fim de instaurar o processo de anotação. § 4o É vedado ao empregador efetuar anotações desabonadoras à conduta do empregado em sua Carteira de Trabalho e Previdência Social. § 5o O descumprimento do disposto no § 4o deste artigo submeterá o empregador ao pagamento de multa prevista no art. 52 deste Capítulo. § 6º A comunicação pelo trabalhador do número de inscrição no CPF ao empregador equivale à apresentação da CTPS em meio digital, dispensado o empregador da emissão de recibo. § 7º Os registros eletrônicos gerados pelo empregador nos sistemas informatizados da CTPS em meio digital equivalem às anotações a que se refere esta Lei. § 8º O trabalhador deverá ter acesso às informações da sua CTPS no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas a partir de sua anotação. Súmulas 225 do STF - Não é absoluto o valor probatório das anotações da carteira profissional. OJ n. 82 da SDI-1 do TST – A anotação do término do Contrato de trabalho, é após o aviso prévio, ainda que indenizado. 12 Uma informação importante, a prescrição (da qual falaremos no capítulo 21) não atinge o pedido de anotação e retificação na CTPS conforme previsto no art. 11, §1º, da CLT. Art. 11 da CLT. A pretensão quanto a créditos resultantes das relações de trabalho prescreve em cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho. [...] § 1º O disposto neste artigo não se aplica às ações que tenham por objeto anotações para fins de prova junto à Previdência Social. Importante!! 4.2 Empregado A expressão relação de trabalho tem caráter genérico. Todas as relações jurídicas caracterizadas por terem sua prestação essencial centrada em uma obrigação de fazer consubstanciada em labor humano (toda modalidade de contratação de trabalho humano modernamente admissível), em troca de um valor pecuniário ou não pecuniário, consistem numa relação de trabalho. (MARTINS, 2011, p. 88). Diferentemente, a relação de emprego é firmada mediante contrato de trabalho e assinatura da Carteira de Trabalho do empregado mediante o preenchimento dos requisitos. O conceito e requisitos para que ocorra a configuração do vínculo de empregado, estão previstos no art. 3 da CLT, ao qual segue transcrição: Prazo para anotação da CTPS 5 dias úteis Não pode anotação desabonadora Havendo anotação desabonadora, possível o pedido de indenização por dano extrapatrimonial, nos termos dos arts. 223-A a 223-G da CLT. A prescrição não atinge pedido de anotação e retificação da CTPS para anotação da CTPS 5 dias úteis 13 Art. 3º da CLT - Considera-se empregada toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. Parágrafo único - Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual. Conforme redação do artigo supracitado, são requisitos para configuração de vínculo de emprego: a) Ser pessoa física: pessoa jurídica não pode pleitear o reconhecimento do vínculo de emprego); b) Onerosidade: para todo trabalho haverá sempre uma retribuição. O contrato de trabalho é oneroso. O fato de o empregador deixar de pagar o salário não afasta a existência de onerosidade e, portanto, não descaracteriza o contrato de trabalho, pois a obrigação de pagar o salário existe, apenas não está sendo cumprida. (ROMAR, 2013, p, 103). c) Trabalho não-eventual: independentemente da pessoalidade ou da subordinação, aquele que presta serviço em caráter eventual não é empregado. Portanto, na relação de emprego, a prestação de serviço é habitual, repetitiva, rotineira. As obrigações das partes se prolongam no tempo, com efeitos contínuos. (ROMAR, 2013, p. 99). d) Pessoalidade: ideia de intransferibilidade, ou seja, somente o empregado (pessoa física que consta no contrato) pode prestar o serviço. (MARTINEZ, 2012, p. 126). A característica da pessoalidade produz efeito não só para a configuração do vínculo empregatício e durante a execução do contrato, mas também no momento da sua própria extinção, pois, em razão da pessoalidade, a relação de emprego e as obrigações a ela inerentes não se transmite a herdeiros e sucessores. A morte do empregado, portanto, implica necessariamente na extinção da relação de emprego.(DELGADO, 2010, p. 272). e) Subordinação: é evidenciada na medida em que o tomador de serviço define o tempo e o modo de execução daquilo que foi contratado. É “uma situação 14 que limita a ampla autonomia de vontade do prestador dos serviços”. Verifica-se uma intensidade de ordens, uma sujeição (obediência) ao comando e um respeito à hierarquia. (MARTINEZ, 2012, p. 129). IMPORTANTE! Súmula nº 386 do TST - Preenchidos os requisitos do art. 3º da CLT, é legítimo o reconhecimento de relação de emprego entre policial militar e empresa privada, independentemente do eventual cabimento de penalidade disciplinar prevista no Estatuto do Policial Militar. 4.3 Empregador 4.3.1 Conceito Empregador, no âmbito da relação de trabalho subordinado, é a pessoa que remunera e dirige a prestação de serviço do obreiro. Celebrado o contrato de trabalho, o empregador assume a obrigação principal de pagar salários ao trabalhador. Ao lado dessa obrigação principal, criam-se outras obrigações ditas acessórias, mas de importância vital para a manutenção de bem-estar do empregado como, por exemplo, a concessão de férias anuais e de outros períodos de descanso mais curtos, o pagamento de 13º salário (CAIRO Jr., 2015, p. 361). Art. 2º da CLT - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. § 1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados. Todos os elementos devem estar presentes de forma concomitante para configurar o vínculo de emprego O policial militar será considerado empregado se preenchidos todos os requisitos (Súmula n. 386 do TST) Ter exclusividade não é requisito para configuração de vínculo 15 Um cuidado que deve o aluno ter ao analisar uma questão sobre empregador é que o risco do negócio é exclusivo seu, não podendo haver a transferência de prejuízos para o empregado. 4.3.2 Poder diretivo Como já visto, o empregador, dentro da relação de emprego, é a pessoa que remunera e dirige a prestação de serviço do obreiro, assumindo, assim, os riscos do negócio. Outra característica relevante, é seu poder de direção, ou seja, prerrogativa atribuía ao empregador para que execute e organize o bom desempenho da empresa e manutenção da relação de emprego. Dentre seus principais poderes de direção, destaca-se: A) PODER DE ORGANIZAÇÃO: O empregador tem todo o direito de organizar seu empreendimento, decorrente até mesmo do direito de propriedade. Estabelecerá o empregador qual a atividade que será desenvolvida: agrícola, comercial, industrial, de serviços etc.., diante a livre iniciativa. A estrutura jurídica também será determinada pelo empregador, que estabelecerá ser o melhor o desenvolvimento de suas atividades mediante sociedade limitada, por ações etc. Dentro do poder de regulamentação, está a possibilidade de o empregador regulamentar o trabalho, elaborando regulamento da empresa. (MARTINS, 2016, p. 334) B) PODER DE CONTROLE: O empregador tem o direito de fiscalizar e controlar as atividades de seus empregados. O controle é sobre o trabalho e não sobre a pessoa do trabalhador. (MARTINS, 2016, p. 334) Martins (2016, p. 334-335), destaca algumas situações sobre o poder de controle: b1) Revista no Trabalho: Os empregados poderão ser revistados no final do expediente. A revista do empregado é uma forma de salvaguarda do patrimônio da empresa. Não poderá ser a revista feita de maneira abusiva ou vexatória, ou seja, dever ser moderada. Vedada será a revista que violar a intimidade do empregado (Art. 5, X 16 da CF), além do que ninguém será submetido a tratamento desumano ou degradante. As revistas íntimas não podem ser feitas tanto em mulheres (Art. 373-A, VI da CLT), como em homens, por violarem a intimidade do empregado. A revista não pode ser realizada em local não apropriado e na presença de clientes, pois se torna vexatória. b2) Monitoramento de Atividade no Computador: Poderá o empregador monitorar a atividades do empregado no computador. O empregador deverá tomar cuidado de não fazer um controle vexatório e quanto a dados pessoais do empregado, pois um dos princípios da República Federativa do Brasil é a dignidade da pessoa humana. O telefone e o sistema utilizados para acesso à Internet são do empregador. Assim, o recebimento da comunicação é do empregador e não do empregado, como na hipótese de questões relacionadas apenas com o serviço. b3) Instalação de Câmeras e Microfones: Considera-se lícita a instalação de câmeras ou microfones no local de trabalho para fiscalizar o empregado, desde que não a intimidade do trabalhador, nem sejam vexatórios. Será vedado ao empregador utilizar de tais mecanismos em locais de intimidade do empregado, como banheiros, vestiários, etc. b4) Exames Toxicológicos: É um dever de o motorista profissional submeter- se a exames toxicológicos com janela de detecção mínima de 90 dias e programa de controle de uso de droga e de bebida alcoólica, instituído pelo empregador, com sua ampla ciência, pelo menos uma vez a cada dois anos e seis meses, podendo ser utilizado para esse fim o exame obrigatório previsto no Código de Trânsito, desde que realizado nos últimos 60 dias. Os pilotos de avião também devem se submeter a exames toxicológicos, pois põem em risco a segurança das pessoas. A recusa do empregado em submeter-se ao teste e ao programa de controle de uso de droga e de bebida alcoólica será considerada infração disciplinar, passível de punição nos termos da lei (parágrafo único do art. 235-B da CLT) 17 C) PODER DISCIPLINAR: O poder disciplinar um complemento do poder de direção, do poder de o empregador determinar ordens da empresa, que, se não cumpridas, podem gerar penalidades ao empregado, que deve ater-se à disciplina e respeito a seu patrão, por estar sujeito a ordens de serviço, que devem ser cumpridas, salvo se ilegais ou imorais. Logo, o empregador pode estabelecer penalidades a seus empregados. (MARTINS, 2016, p. 338). O empregado poderá ser advertido (verbalmente ou por escrito) e suspenso. Não poderá ser multado, salvo o atleta profissional. Como sinônimo de advertência são usadas as palavras admoestação, repreensão. A advertência muitas vezes é feita verbalmente. Caso o empregado reitere o cometimento de uma falta, aí será advertido por escrito. Na próxima falta, deveria ser suspenso. O empregado não poderá, porém, ser suspenso por mais de 30 dias, o que importará a rescisão injusta do contrato de trabalho (Art. 474 da CLT). Normalmente o empregado é suspenso por 5 dias. (MARTINS, 2016, p. 338-339) *** Lei 13.271/16 Dispõe sobre a proibição de revista íntima de funcionárias nos locais de trabalho e trata da revista íntima em ambientes prisionais. Art. 1o - As empresas privadas, os órgãos e entidades da administração pública, direta e indireta, ficam proibidos de adotar qualquer prática de revista íntima de suas funcionárias e de clientes do sexo feminino. Art. 2o - Pelo não cumprimento do art. 1o, ficam os infratores sujeitos a: I - multa de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) ao empregador, revertidos aos órgãos de proteção dos direitos da mulher; II - multa em dobro do valor estipulado no inciso I, em caso de reincidência, independentemente da indenização por danos morais e materiais e sanções de ordem penal. 4.3.3 Grupo econômico Art. 2 da CLT: § 2o Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, ou aindaquando, mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de emprego. § 3o Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de sócios, sendo necessárias, para a configuração do grupo, a demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta das empresas dele integrantes. 18 A prestação de serviços a mais de uma empresa do mesmo grupo econômico, durante a mesma jornada de trabalho, não caracteriza a coexistência de mais de um contrato de trabalho, salvo ajuste em contrário. (Súmula n. 129 do TST). 4.3.4 Sócio retirante Art. 10-A da CLT - O sócio retirante responde subsidiariamente pelas obrigações trabalhistas da sociedade relativas ao período em que figurou como sócio, somente em ações ajuizadas até dois anos depois de averbada a modificação do contrato, observada a seguinte ordem de preferência: I - A empresa devedora. II - Os sócios atuais; e III - Os sócios retirantes. Parágrafo único. O sócio retirante responderá solidariamente com os demais quando ficar comprovada fraude na alteração societária decorrente da modificação do contrato. 4.3.5 Alteração na estrutura jurídica do empregador Art. 10 da CLT - Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os direitos adquiridos por seus empregados. Art. 448 da CLT - A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados. 4.3.6 Da sucessão empresarial Art. 448-A da CLT - Caracterizada a sucessão empresarial ou de empregadores prevista nos arts. 10 e 448 desta Consolidação, as obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que os empregados trabalhavam para a empresa sucedida, são de responsabilidade do sucessor. Parágrafo único. A empresa sucedida responderá solidariamente com a sucessora quando ficar comprovada fraude na transferência. São necessários dois requisitos para a configuração da sucessão: a) Transferência de estabelecimento: Transferência de unidade ao qual o sucessor continue explorando a unidade produtiva. b) Não ocorrência da paralisação da atividade: Não pode haver a paralisação por muito tempo do empreendimento. Responsabilidade de empresa do mesmo grupo econômico é SOLIDÁRIA. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm#art10 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm#art448 19 Realizada a sucessão trabalhista, o sucessor responderá pelos débitos trabalhistas, ou seja, irá assumir o bônus e arcar com o ônus. Atenção! A doutrina tem citado como principais características do empregador a DESPERSONALIZAÇÃO ou IMPESSOALIDADE, que possibilita a alteração subjetiva no polo empresarial sem que importe extinção contratual; e a ALTERIDADE, por meio da qual todos os riscos de empreendimento são suportados pelo empregador (CAIRO Jr., 2015, p. 362) 5. CONTRATO DE TRABALHO O conteúdo referente ao contrato de trabalho está previsto na CLT no art. 442 e seguintes da CLT, ao qual destacamos os dispositivos abaixo elencados. 5.1 Conceito Art. 442 da CLT - Contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso, correspondente à relação de emprego. Parágrafo único - Qualquer que seja o ramo de atividade da sociedade cooperativa, não existe vínculo empregatício entre ela e seus associados, nem entre estes e os tomadores de serviços daquela. Art. 442-A da CLT - Para fins de contratação, o empregador não exigirá do candidato a emprego comprovação de experiência prévia por tempo superior a 6 (seis) meses no mesmo tipo de atividade. Enunciado (OAB FGV XXVI) Uma sociedade empresária do ramo de confecções publicou um anúncio em jornal de grande circulação informando que admitiria vários profissionais para o seu quadro de funcionários, a título de contrato de experiência, desde que comprovada a seguinte exigência profissional: para costureiras, experiência comprovada de cinco meses na função; para estoquistas, experiência comprovada de um ano na função; para auxiliar de serviços gerais, experiência comprovada de dois meses na função; e para administradores, experiência mínima de dois anos na função. Diante da situação apresentada e dos termos da CLT, responda aos itens a seguir. A) A exigência em relação aos estoquistas é válida? Justifique. B) Informe o prazo máximo admissível no contrato de experiência. 20 Resposta e distribuição de pontos ITEM PONTUAÇÃO PONTUAÇÃO DO ALUNO a) É inválida porque o empregador não poderá exigir experiência superior a seis meses (0,55). Indicação Art. 442-A, CLT (0,10). 0,00/0,55/0,65 b) O prazo máximo é de 90 dias (0,50), conforme o Art. 445, parágrafo único, da CLT. (0,10) 0,00/0,50/0,60 TOTAL: Art. 442-B da CLT - A contratação do autônomo, cumpridas por este todas as formalidades legais, com ou sem exclusividade, de forma contínua ou não, afasta a qualidade de empregado prevista no art. 3o desta Consolidação. 5.2 Prazo do contrato Em regra, é por prazo indeterminado, podendo em alguns casos, ser celebrado com prazo determinado. Art. 443 da CLT - O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou expressamente, verbalmente ou por escrito, por prazo determinado ou indeterminado, ou para prestação de trabalho intermitente. § 1º - Considera-se como de prazo determinado o contrato de trabalho cuja vigência dependa de termo prefixado ou da execução de serviços especificados ou ainda da realização de certo acontecimento suscetível de previsão aproximada. § 2º - O contrato por prazo determinado só será válido em se tratando: a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo; b) de atividades empresariais de caráter transitório; c) de contrato de experiência. Prazo do contrato por tempo determinado: dispõe o art. 445, caput, da CLT (citado abaixo) que o contrato de trabalho por prazo determinado não poderá ser estipulado por mais de 2 (dois) anos, observada a regra do art. 451. Importante: É nulo contrato de trabalho inerente à prática do jogo do bicho. (OJ n. 199 da SDI-1 do TST) *** O disposto no art. 443 da CLT não se aplica aos atletas profissionais *** Art. 30 da lei 9.615/98 – Mínimo 3 meses máximo 5 anos. 21 Prazo (especial) do contrato de experiência: não poderá exceder de 90 dias (parágrafo único do art. 445 da CLT). Pode haver prorrogação, permanecendo dentro do limite dos 90 dias. Atenção! Somente pode ser prorrogado uma vez dentro do período estabelecido pela lei. Art. 445 da CLT - O contrato de trabalho por prazo determinado não poderá ser estipulado por mais de 2 (dois) anos, observada a regra do art. 451. Parágrafo único. O contrato de experiência não poderá exceder de 90 (noventa) dias. Art. 451 da CLT - O contrato de trabalho por prazo determinado que, tácita ou expressamente, for prorrogado mais de uma vez passará a vigorar sem determinação de prazo. Art. 452 da CLT - Considera-se por prazo indeterminado todo contrato que suceder, dentro de 6 (seis) meses, a outro contrato por prazo determinado, salvo se a expiração deste dependeu da execução de serviços especializados ou da realização de certos acontecimentos. 5.3 Empregado Hipersuficiente Art. 444 da CLT - As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulação das partes interessadas em tudo quanto não contravenha às disposições de proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competentes. Parágrafo único. A livre estipulação a que se refere o caputdeste artigo aplica-se às hipóteses previstas no art. 611-A desta Consolidação, com a mesma eficácia legal e preponderância sobre os instrumentos coletivos, no caso de empregado portador de diploma de nível superior e que perceba salário mensal igual ou superior a duas vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social. 5.4 Alteração Contratual As alterações do contrato de trabalho somente serão válidas de forem mais benéficas ao empregado e o mesmo concordar com as alterações, conforme dispõe o art. 468 e 469 da CLT: Art. 468 da CLT - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia. 22 § 1o Não se considera alteração unilateral a determinação do empregador para que o respectivo empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente ocupado, deixando o exercício de função de confiança. § 2o A alteração de que trata o § 1o deste artigo, com ou sem justo motivo, não assegura ao empregado o direito à manutenção do pagamento da gratificação correspondente, que não será incorporada, independentemente do tempo de exercício da respectiva função. Art. 469 da CLT - Ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua anuência, para localidade diversa da que resultar do contrato, não se considerando transferência a que não acarretar necessariamente a mudança do seu domicílio. § 1º - Não estão compreendidos na proibição deste artigo: os empregados que exerçam cargo de confiança e aqueles cujos contratos tenham como condição, implícita ou explícita, a transferência, quando esta decorra de real necessidade de serviço. § 2º - É licita a transferência quando ocorrer extinção do estabelecimento em que trabalhar o empregado. § 3º - Em caso de necessidade de serviço o empregador poderá transferir o empregado para localidade diversa da que resultar do contrato, não obstante as restrições do artigo anterior, mas, nesse caso, ficará obrigado a um pagamento suplementar, nunca inferior a 25% (vinte e cinco por cento) dos salários que o empregado percebia naquela localidade, enquanto durar essa situação. Art. 470 da CLT- As despesas resultantes da transferência correrão por conta do empregador. 5.5 Uniforme Art. 456-A da CLT - Cabe ao empregador definir o padrão de vestimenta no meio ambiente laboral, sendo lícita a inclusão no uniforme de logomarcas da própria empresa ou de empresas parceiras e de outros itens de identificação relacionados à atividade desempenhada. Parágrafo único. A higienização do uniforme é de responsabilidade do trabalhador, salvo nas hipóteses em que forem necessários procedimentos ou produtos diferentes dos utilizados para a higienização das vestimentas de uso comum. Enunciado (OAB FGV XXV) Renato foi contratado no dia 27 de janeiro de 2018 como operador de caixa em um supermercado. Quando da admissão, o empregado recebeu o uniforme da sociedade empresária, sendo que, na camisa, havia a logomarca de dois parceiros comerciais do supermercado: a de uma fabricante de massas e a de uma produtora de achocolatados. Renato foi cientificado de que deveria manter, por sua conta, o uniforme limpo e asseado, para se adequar ao padrão esperado pela sociedade empresária. Diante da situação apresentada e dos termos da CLT, responda aos itens a seguir. A) Caso Renato ajuizasse ação postulando indenização pelo uso de imagem (por haver usado em serviço camisa com logomarca de sociedades empresárias que não eram suas empregadoras), que tese você, como advogado(a) do supermercado, sustentaria em juízo? Justifique. 23 B) Qual tese você, como advogado(a) da sociedade empresária, sustentaria, caso Renato ajuizasse ação postulando o ressarcimento do gasto que teve para lavar o seu uniforme (água, sabão em pó e amaciante) ao longo do contrato? Justifique. Resposta e distribuição de pontos ITEM PONTUAÇÃO PONTUAÇÃO DO ALUNO a) O uso de uniforme com inclusão de sociedades empresárias parceiras do empregador é lícita, não gerando direito a qualquer indenização (0,55). Indicação Art. 456-A, caput, CLT (0,10). 0,00/0,55/0,65 b) A higienização de uniforme (de uso comum), como regra, é de responsabilidade do trabalhador (0,50). Indicação Art. 456-A, parágrafo único, CLT (0,10). 0,00/0,50/0,60 TOTAL: 5.6 Contrato de Teletrabalho Art. 75-A da CLT - A prestação de serviços pelo empregado em regime de teletrabalho observará o disposto neste Capítulo. Art. 75-B da CLT - Considera-se teletrabalho a prestação de serviços preponderantemente fora das dependências do empregador, com a utilização de tecnologias de informação e de comunicação que, por sua natureza, não se constituam como trabalho externo. Parágrafo único. O comparecimento às dependências do empregador para a realização de atividades específicas que exijam a presença do empregado no estabelecimento não descaracteriza o regime de teletrabalho. Art. 75-C da CLT - A prestação de serviços na modalidade de teletrabalho deverá constar expressamente do contrato individual de trabalho, que especificará as atividades que serão realizadas pelo empregado. § 1o Poderá ser realizada a alteração entre regime presencial e de teletrabalho desde que haja mútuo acordo entre as partes, registrado em aditivo contratual. § 2o Poderá ser realizada a alteração do regime de teletrabalho para o presencial por determinação do empregador, garantido prazo de transição mínimo de quinze dias, com correspondente registro em aditivo contratual. Art. 75-D da CLT - As disposições relativas à responsabilidade pela aquisição, manutenção ou fornecimento dos equipamentos tecnológicos e da infraestrutura necessária e adequada à prestação do trabalho remoto, bem como ao reembolso de despesas arcadas pelo empregado, serão previstas em contrato escrito. Parágrafo único. As utilidades mencionadas no caput deste artigo não integram a remuneração do empregado. Art. 75-E da CLT - O empregador deverá instruir os empregados, de maneira expressa e ostensiva, quanto às precauções a tomar a fim de evitar doenças e acidentes de trabalho. 24 Parágrafo único. O empregado deverá assinar termo de responsabilidade comprometendo-se a seguir as instruções fornecidas pelo empregador. 5.7 Contrato Intermitente Art. 443 § 3o da CLT - Considera-se como intermitente o contrato de trabalho no qual a prestação de serviços, com subordinação, não é contínua, ocorrendo com alternância de períodos de prestação de serviços e de inatividade, determinados em horas, dias ou meses, independentemente do tipo de atividade do empregado e do empregador, exceto para os aeronautas, regidos por legislação própria. Art. 452-A da CLT - O contrato de trabalho intermitente deve ser celebrado por escrito e deve conter especificamente o valor da hora de trabalho, que não pode ser inferior ao valor horário do salário mínimo ou àquele devido aos demais empregados do estabelecimento que exerçam a mesma função em contrato intermitente ou não. § 1o O empregador convocará, por qualquer meio de comunicação eficaz, para a prestação de serviços, informando qual será a jornada, com, pelo menos, três dias corridos de antecedência. § 2o Recebida a convocação, o empregado terá o prazo de um dia útil para responder ao chamado, presumindo-se, no silêncio, a recusa. § 3o A recusa da oferta não descaracteriza a subordinação para fins do contrato de trabalho intermitente. § 4o Aceita a oferta para o comparecimento ao trabalho, a parte quedescumprir, sem justo motivo, pagará à outra parte, no prazo de trinta dias, multa de 50% (cinquenta por cento) da remuneração que seria devida, permitida a compensação em igual prazo. § 5o O período de inatividade não será considerado tempo à disposição do empregador, podendo o trabalhador prestar serviços a outros contratantes. § 6o Ao final de cada período de prestação de serviço, o empregado receberá o pagamento imediato das seguintes parcelas: I - Remuneração; II - Férias proporcionais com acréscimo de um terço; III - Décimo terceiro salário proporcional; IV - Repouso semanal remunerado; e V - Adicionais legais. § 7o O recibo de pagamento deverá conter a discriminação dos valores pagos relativos a cada uma das parcelas referidas no § 6o deste artigo. § 8o O empregador efetuará o recolhimento da contribuição previdenciária e o depósito do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, na forma da lei, com base nos valores pagos no período mensal e fornecerá ao empregado comprovante do cumprimento dessas obrigações. § 9o A cada doze meses, o empregado adquire direito a usufruir, nos doze meses subsequentes, um mês de férias, período no qual não poderá ser convocado para prestar serviços pelo mesmo empregador. 5.8 Termos de Quitação Anual Art. 507-B da CLT - É facultado a empregados e empregadores, na vigência ou não do contrato de emprego, firmar o termo de quitação anual de obrigações trabalhistas, perante o sindicato dos empregados da categoria. Parágrafo único. O termo discriminará as obrigações de dar e fazer cumpridas mensalmente e dele constará a quitação anual dada pelo empregado, com eficácia liberatória das parcelas nele especificadas. 25 5.9 Cláusula de Arbitragem Art. 507-A da CLT - Nos contratos individuais de trabalho cuja remuneração seja superior a duas vezes o limite máximo estabelecido para os benefícios do Regime Geral de Previdência Social, poderá ser pactuada cláusula compromissória de arbitragem, desde que por iniciativa do empregado ou mediante a sua concordância expressa, nos termos previstos na Lei no 9.307, de 23 de setembro de 1996. 5.10 Dano Extrapatrimonial Art. 223-A da CLT - Aplicam-se à reparação de danos de natureza extrapatrimonial decorrentes da relação de trabalho apenas os dispositivos deste Título. Art. 223-B da CLT - Causa dano de natureza extrapatrimonial a ação ou omissão que ofenda a esfera moral ou existencial da pessoa física ou jurídica, as quais são as titulares exclusivas do direito à reparação. Art. 223-C da CLT - A honra, a imagem, a intimidade, a liberdade de ação, a autoestima, a sexualidade, a saúde, o lazer e a integridade física são os bens juridicamente tutelados inerentes à pessoa física. Art. 223-D da CLT - A imagem, a marca, o nome, o segredo empresarial e o sigilo da correspondência são bens juridicamente tutelados inerentes à pessoa jurídica. Art. 223-E da CLT - São responsáveis pelo dano extrapatrimonial todos os que tenham colaborado para a ofensa ao bem jurídico tutelado, na proporção da ação ou da omissão. Art. 223-F da CLT - A reparação por danos extrapatrimoniais pode ser pedida cumulativamente com a indenização por danos materiais decorrentes do mesmo ato lesivo. § 1o Se houver cumulação de pedidos, o juízo, ao proferir a decisão, discriminará os valores das indenizações a título de danos patrimoniais e das reparações por danos de natureza extrapatrimonial. § 2o A composição das perdas e danos, assim compreendidos os lucros cessantes e os danos emergentes, não interfere na avaliação dos danos extrapatrimoniais. Art. 223-G da CLT - Ao apreciar o pedido, o juízo considerará: I - A natureza do bem jurídico tutelado. II - A intensidade do sofrimento ou da humilhação. III - A possibilidade de superação física ou psicológica. IV - Os reflexos pessoais e sociais da ação ou da omissão. V - A extensão e a duração dos efeitos da ofensa. VI - As condições em que ocorreu a ofensa ou o prejuízo moral. VII - O grau de dolo ou culpa. VIII - A ocorrência de retratação espontânea. IX - O esforço efetivo para minimizar a ofensa. X - O perdão, tácito ou expresso. XI - A situação social e econômica das partes envolvidas. XII - O grau de publicidade da ofensa. § 1o Se julgar procedente o pedido, o juízo fixará a indenização a ser paga, a cada um dos ofendidos, em um dos seguintes parâmetros, vedada a acumulação: 26 I - Ofensa de natureza leve, até três vezes o último salário contratual do ofendido. II - Ofensa de natureza média, até cinco vezes o último salário contratual do ofendido. III - Ofensa de natureza grave, até vinte vezes o último salário contratual do ofendido. IV - Ofensa de natureza gravíssima, até cinquenta vezes o último salário contratual do ofendido. § 2o Se o ofendido for pessoa jurídica, a indenização será fixada com observância dos mesmos parâmetros estabelecidos no § 1o deste artigo, mas em relação ao salário contratual do ofensor. § 3o Na reincidência entre partes idênticas, o juízo poderá elevar ao dobro o valor da indenização. 5.11 Interrupção e suspensão do contrato de trabalho As regras básicas sobre interrupção e suspensão do contrato de trabalho encontram-se nos arts. 471 a 476-A da CLT, todos abaixo: Art. 471 da CLT - Ao empregado afastado do emprego, são asseguradas, por ocasião de sua volta, todas as vantagens que, em sua ausência, tenham sido atribuídas à categoria a que pertencia na empresa. Art. 472 da CLT - O afastamento do empregado em virtude das exigências do serviço militar, ou de outro encargo público, não constituirá motivo para alteração ou rescisão do contrato de trabalho por parte do empregador. § 1º - Para que o empregado tenha direito a voltar a exercer o cargo do qual se afastou em virtude de exigências do serviço militar ou de encargo público, é indispensável que notifique o empregador dessa intenção, por telegrama ou carta registrada, dentro do prazo máximo de 30 (trinta) dias, contados da data em que se verificar a respectiva baixa ou a terminação do encargo a que estava obrigado. § 2º - Nos contratos por prazo determinado, o tempo de afastamento, se assim acordarem as partes interessadas, não será computado na contagem do prazo para a respectiva terminação. SUSPENSÃO INTERRUPÇÃO ACIDENTE DE TRABALHO E SERVIÇO MILITAR SALÁRIO Não é devido Devido Não é devido TRABALHO Não há Não há Não há TEMPO DE SERVIÇO E FGTS Não conta e não deposita Conta e deposita Conta e deposita IMPORTANTE!! Dano extrapatrimonial = Dano moral Tanto pessoa física quanto jurídica pode sofrer dano extrapatrimonial Pode cumular o pedido de dano material com o de dano extrapatrimonial 27 § 3º - Ocorrendo motivo relevante de interesse para a segurança nacional, poderá a autoridade competente solicitar o afastamento do empregado do serviço ou do local de trabalho, sem que se configure a suspensão do contrato de trabalho. § 4º - O afastamento a que se refere o parágrafo anterior será solicitado pela autoridade competente diretamente ao empregador, em representação fundamentada com audiência da Procuradoria Regional do Trabalho, que providenciará desde logo a instauração do competente inquérito administrativo. § 5º - Durante os primeiros 90 (noventa) dias desse afastamento, o empregado continuará percebendo sua remuneração. Art. 473 da CLT - O empregado poderá deixar de comparecer
Compartilhar