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P á g i n a | 1 Isabela Terra Raupp Profª Angela Infecções de SNC Introdução Na emergência: Desafio: reconhecer condição potencialmente grave em meio a sintomas inespecíficos. Sinais e sintomas: o Febre sem ser de foco usual (Vias aéreas) o Cefaleia de início recente ou cefaleia crônica com características diferentes o Alteração do estado mental (confusão, coma) o Alterações comportamentais (agressividade, psicose, alucinações). Meningites Fisiopatologia: Através da via hematogênica, bactéria, vírus e fungos alcançam o espaço liquorico (espaço onde estão os vasos sanguíneos que rodeiam o espaço entre aracnoide e pia mater e preenchido por LCR). Ocasionam resposta imunológica, atraindo células de defesa e ocasionam resposta inflamatória das meninges. Classificação: o Agudas: sintomas iniciados em até 15 dias. o Crônicas: queixas recorrentes. Exemplo: fúngicas, tuberculosa. Esses agentes não causam inflamação aguda acentuada das meninges, então os sintomas não são tão intensos, são mais discretos e vão se agravando de maneira insidiosa. Clínica: Tríade clássica completa: febre/rigidez de nuca/alteração do estado mental → presente em uma minoria, mas a maioria apresenta pelo menos 1 destes. Outros sintomas: cefaleia, náuseas, vômitos, anormalidades de nervos cranianos, crises epilépticas, rash petequial, letargia, irritabilidade Sinais de Kerning e Brudzinski: baixa sensibilidade mas elevada especificidade. Encefalite: Pode ter infecção do parênquima cerebral associada a irritação meníngea. É uma infecção mais invasiva. Meningites Ocasionam resposta inflamatória por infecção do espaço subaracnoide e irritação das meninges, principalmente pia-máter e aracnoide. Febre Rigidez de nuca Alteração do estado mental P á g i n a | 2 o Fletir a coxa em direção ao tronco no momento em que move a cabeça – Brudzinski. o Elevar uma das pernas a 45º e quando tentar esticar a perna o paciente vai referir muita dor – Kernig o Pouco sensíveis mas bem específicos – quando presentes é um forte indicativo de irritação meníngea. Rash petequial: Meningococemia → coagulação intravascular disseminada que causam pequenas tromboses. Isso causa captura de elementos relacionados a coagulação como plaquetas e fatores de coagulação e fazem pequenas rupturas em outros sítios, principalmente as extremidades. Rash petequial com predomínio nos membros, podendo inclusive poupar o tronco ou distribuição menor no tronco. o Investigação complementar - LCR: Punção lombar: sempre que possível, porque dá o diagnóstico definitivo de meningite; jamais atrasar início do tratamento, em caso de elevada suspeita, por impossibilidade de puncionar TC: antes da PL em pacientes imunocomprometidos, início de crises epilépticas há 1 semana, achados no exame físico compatíveis com papiledema (HIC), alteração do nível de consciência ou alteração neurológica focal. o HIC: aumento não se comunica com o restante do sistema LCR (o sistema medular), por uma obstrução de aqueduto, por exemplo, fazendo diferenças de pressão significativas entre a pressão intracraniana e do LCR na medula. No momento da punção eu vou reduz ainda mais a pressão na medula e se acentua ainda mais a diferena de pressão, estimulando a passagem do encéfalo pelo forame magno. As amgigdalas do centro respiratório são forçadas, fazendo o paciente morrer por parada respiratória. Outras contra-indicações a PL: coagulopatia grave (altera RNI, plaquetopenia), lesão cutânea no local da punção (escara, herpes-zoster). Avaliar pressão de abertura na PL, sempre que possível – manômetro. Se a pressão for > 170mmHg, vou tirar LCR para fazer o exame e em quantidade suficiente para normalizar a pressão. o Patologias que comumente alteram pressão de abertura: meningite criptocócica. Trata com PL de alívio. Analise Líquor: aspecto físico, glicose sérica e do LCR, proteinorraquia e citologia. Considerar PCR para HSV, BAAR, cultura de micobacteria, pesquisa de antígeno criptocócico e cultura para fungo em casos específicos. Parâmetro Normal Bacteriana Viral Fúngica Pressão de abertura < 170 mm ↑ Normal Normal ou ↑ Contagem de células <5 células/mm³ >1000/mm³ < 1000/mm³ < 500/mm³ Predomínio de células - Neutrófilos* Linfócitos Linfócitos Glicose do LCR 60% glicose sérica ↓ Normal ↓ Proteína < 45mg/dL ↑ Normal ↑ Quadro clínico - Agudo Agudo Arrastado P á g i n a | 3 o *Viragem leucocitária: O paciente que já recebeu ATB nas últimas 48 por qualquer via, podem ter LCR com predomínio de linfócito e ser uma meningite bacteriana! o LCR normal pode ser início da meningite bacteriana ou encefalite viral. o Lactato liquórico: produzido pelo metabolismo bacteriano anaeróbico ou tecido cerebral isquêmico. Acima de 3.9mmol/L apresenta elevada sensibilidade/especificidade para meningite bacteriana (queda importante da sensibilidade em paciente pré tratados com ATB Tratamento: Empírico até resultado de testes etiológicos específicos, muitas vezes a cultura pode não ser positiva em nenhum momento. o Cultura demora 24-48h para dar resultado. Corticosteroides na meningite bacteriana: antes ou associados à primeira dose do antibiótico - reduzem perda auditiva e sequelas neurológicas, redução da mortalidade em Streptococcus Pneumoniae. Meningites virais: o Os agentes mais comuns são: herpes vírus tipo 1, varicela zoster → mais graves, precisam de tratamento. o Adenovirus, enterovírus → meningites mais benignas. Melhora em 48 h sem tratamento. o Sempre que tiver uma PL benigna e sem tratamento, a gente repete a PL em 48-72h para avaliar auto-remissão. o Se não acontecer, pode ser uma meningite fúngica ou meningite tuberculosa que vai ter apresentação semelhante a fungica, com exceção de que a tuberculosa tem as proteínas muito elevadas. o Com frequência fazem meningoencefalite Meningites bacterianas: o Sempre devem ser tratadas. o Sintomas floridos de início agudo, como cefaleia, rash, pressão de abertura elevada, contagem de células elevada. Adultos: Patógenos mais frequentes: S. pneumoniae, N. meningitidis e Haemophilos. Tratamento: ceftriaxone ou cefotaxima + vancomicina (se S. pneumonie resistente) Idosos: Patógenos mais frequentes: S. pneumoniae, N. meningitidis e Haemophilos. Coexistência com L. monocytogenes. QC: acompanhado de diarreia. Tratamento: ceftriaxone ou cefotaxima + vancomicina (se S. pneumonie resistente) + ampicilina P á g i n a | 4 o Enterovirus e adenovírus são os patógenos mais comuns e não precisam de tratamento. o Pacientes com encefalite associada, sempre penso em Herpes simples vírus 1 em imunocompotentes e varicela zoster em imunocomprometido. Precisa de tratamento com antiviral o quanto antes. Encefalites Inflamação do parênquima cerebral, tecnicamente um diagnóstico patológico. Pode ser associada a inflamação de meninges. Elevada suspeita de infecções virais (HSV e VZV) “Achados neurológicos focais: hemiparesia, alteração na sensibilidade... Sempre que achar que é encefalite, associar aciclovir, para evitar sequelas. Encefalite por HSV tem predileção pelos lobos temporais → alteração de personalidade, psicose, alucinações olfatórias ou gustatórias. Considerar encefalite em crises epilépticas de início recente ou déficit neurológico focal acompanhado por febre, cefaleia e alteração do estado mental ou alterações comportamentais. Investigação: o Líquor → nas virais apresentam aumento de hemácias (além da celularidade) sem acidente de punção. o Pode se apresentar normal no início e por isso sempre se deve acompanhar o paciente. o Anti HIV o Imagem: RM (90%) mais sensível que TC (25%) o EEG não indicado de rotina, útil como complementação diagnóstica eem pacientes comatosos, porque podem estar fazendo status epiléptico não motor (crises epilépticas recorrentes que não são motoras). Abcessos cerebrais Coleção de material purulento decorrente de infecção no interior do parênquima cerebral. Está contida no parênquima. Focos: Foco contíguo de infecção presente em mais da metade dos casos de abcesso bacteriano: otite, mastoidite, sinusite, meningites, infecções odontogênicas. Disseminação hematogênica de foco distante (endocardite bacteriana, infecção pulmonar) respondem por 1/3 dos casos Agente etiológico: Streptococcus e Staphilococcus implicados na grande maioria dos casos. ¼ polimicrobinao. Nocardia, fungos (cândida, aspergillus, criptococcus) e parasitas (toxoplasma) são encontrados em pacientes imunocomprometidos. Sintomas: Febre em metade dos casos. “O primeiro passo na investigação de um quadro de infecção do SNC é determinar a probabilidade de meningite bacteriana e iniciar antibioticoterapia empírica. Contudo, quando existe também evidência de envolvimento do parênquima cerebral na forma de achados neurológicos focais ou crises convulsivas, devemos considerar encefalite também, levando em consideração a etiologia viral inicialmente” P á g i n a | 5 Sintomatologia varia de cefaleia isolada a sintomas neurológicos indolentes, de evolução insidiosa. o Todo paciente com cefaleia nova ou que muda de característica deve ser investigado. o Sinal de crescimento: cerebrite. Sinais de irritação meníngea se abcesso associado a meningite ou ruptura para o espaço ventricular. Atentar para história de procedimentos invasivos e pós acidentes (como TCE). Investigação: RM mais sensível, opção TC contrastada. Hemoculturas podem ajudar na elucidação etiológica uma vez que a disseminação hematogênica frequente. Tratamento: Combinação de tratamento farmacológico e cirúrgico - mais eficaz. Terapia empírica para Staphilococcus, Streptococcus, gram negativos e anaeróbios pode ser feita com a combinação de vancomicina, cefalosporina de terceira ou quarta geração (ceftriaxone, cefepime) e metronizadol. O tratamento farmacológico geralmente tem duração de 6-8 semanas. Prions Príons são um grupo de proteínas (PrP sc) que sofreram alteração conformacional (misfolded) e passaram a causar lesão no SNC. São variantes da proteína priônica celular (PrP c), presente em indivíduos normais na superfície celular de neurônios. A alteração conformacional gera proteínas resistentes a proteases e que acumulam-se no parênquima cerebral e ocasionam morte neuronal, e que são agrupadas sob a denominação de Encefalopatias Espongiformes Transmissíveis. A PrP sc induz a transformação de PrPc em PrP sc. Altamente resistente, mesmo com a autoclavagem e raios UV. Notificação compulsória. Agrupam-se nas EET: Kuru, Doença de Creutzfeldt-Jacob (vaca louca), Síndrome de Gerstmann- Straussler- Scheinker e Insonia Familiar Fatal Manifestações: forma esporádica (alteração conformacional ocorre aparentemente sem outra causa, em determinado momento), genética ou adquirida ou através da exposição ao tecido de paciente infectado. Alteração conformacional de proteínas da superfície do neurônio Proteínas resistentes a proteases Acúmulo de príons no parênquima morte neuronal DCJ: Forma mais comum. QC: demência rapidamente progressiva associada a sinais piramidais e extrapiramidais. EEG: Complexos de ondas agudas trifásicas. líquor: proteína 14.3.3 RM: hipersinal em caudado e putâmen
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