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MENINGITES MENINGES → Garantem proteção mecânica e biológica (por macrófagos). → Contém células justapostas - adesão entre essas células (tight-junctions). → A dura-máter possui dois folhetos: visceral e parietal; → Aracnoide-máter: muito vascularizada. o Espaço subaracnoide: localizado entre pia-máter e aracnoide-máter; por onde o líquor circula. → Pia-máter: contato direto com o encéfalo. → LEPTOMENINGE (meninges finas): aracnoide + pia-máter. → PAQUIMENINGE (meninge grossa): dura- máter. MENINGITE → Processo inflamatório do espaço subaracnóideo e das meninges que revestem o SNC (leptomeninge). → Doença grave com evolução rápida. o Se apresenta de uma forma muito aguda (em torno de 24 horas). o MENINGOENCEFALITE: pode ser uma evolução da meningite (quadro mais comum); quando patógeno penetra no parênquima cerebral - paciente tem sintomas como crise convulsiva. → Abordagem clínica, neurológica e por infectologista. → Tratamento: ATB mesmo em suspeita - atrasar introdução pode piorar prognóstico do paciente (maiores complicações e maior tempo de internamento). o Ceftriaxone. → Sistema de defesa cerebral: o MHC o Moléculas de adesão o Tight-junctions o Barreira hematoencefálica (BHE): endotélio vascular cerebral não permite passagem de células grandes. o Líquido cefalorraquidiano (LCR): possui ambiente metabólico e imunológico local particular graças a BHE e barreira hematoliquórica (BHL). MANEJO DAS NEUROINFECÇÕES → Quanto maior o tempo até coletar o líquor, mais difícil será de achar o patógeno, uma vez que esse MO pode sair da meninge e penetrar o parênquima cerebral ou pode ser atacado pelo próprio sistema imune do ser humano (diminuição da quantidade desse MO no LCR). o A cada 1 hora que demora para colher o LCR diminui 1% de chance de identificação do agente etiológico. ANAMNESE NAS MENINGITES → Idade: patógeno varia com a idade. → Higiene: quanto pior, maior probabilidade de desenvolvimento da doença. → Condições de moradia (aglomerações). → Sazonalidade: no inverno, a meningite bacteriana é mais comum. No verão, a meningite viral é mais frequente. → Sintomas associados: cefaleia, febre e rigidez de nuca - sintomas cardinais da meningite (tríade clássica). → Algumas comorbidades favorecem o surgimento dessa doença: HIV, TB, diabetes, câncer - por diminuição da imunidade do paciente, aumenta-se a incidência por meningite. → Calendário vacinal na criança: no esquema vacinal infantil há vacinas que protegem o desenvolvimento de meningite. → História de TCE. → Fatores de risco: Alcoolismo e tabagismo. o Em pacientes idosos (acima de 50 anos): patógeno mais comum é a listeria (gram + flagelado) - presente em alimentos contaminados, diante disso pode chegar ao cérebro ao cair na corrente sanguínea. • Neonatos (< 2 anos )também são susceptíveis a esse agente. o Pacientes pediátricos com infecções de repetição (em torno de 5 eventos infecciosos por ano - criança é hiperrreativa, devido processo de maturação incompleto do sistema imune) são susceptíveis a meningites por Haemophilus influenzae. • HLA B12: maior chance de repetição de casos de meningites por infecção desse agente. ETIOLOGIAS → Infecciosas: vírus, bactérias, fungos, protozoários e helmintos. → Não infecciosas: o Autoimune: secundária a doenças paraneoplásicas. o Química: • Farmacológica: causadas por fármacos - uso de AINES em pacientes com lúpus. • AVCh pode causar meningite química: secundária a presença de sangue (circulação sanguínea em processo de degeneração). o Neoplásica: alguns cânceres (mama, próstata e linfoma) se infiltram na meninge e paciente apresenta células neoplásicas no LCR - prognóstico reservado. • Tratamento é realizado com quimioterápico no LCR, quando confirma essa etiologia. No entanto, ainda durante a suspeita de meningite, introduz ATB primariamente. Neisseria, Haemophilus e Streptococcus pneumoniae são as bactérias mais comuns, nessa ordem. Seguido das bactérias Tuberculosis, Staphylococcus aureus (contaminação da pele) e Listeria. Vírus: grupo da família da Herpes (HSV-1 e HSV-2) - podem penetrar o parênquima cerebral e destruí-lo, logo, o tratamento deve ser agressivo (Aciclovir por 14 a 21 dias). ▪ Os demais vírus são benignos e tratamento é de suporte (não há agente antimicrobiano específico) - resolução espontânea. Pacientes HIV+ e em quimioterapia: são mais acometidos por meningite de etiologia fúngica por Cryptococcus neoformans (patógeno muito agressivo). TRANSMISSÃO → Contato com o portador assintomático: grande presença do patógeno em via aérea, mesmo sem causar infecção no hospedeiro. → Variam de acordo com o agente etiológico: o Gotículas respiratórias: meningite bacteriana. o Inalação de esporos: fungos. o Internamento hospitalar prolongado: meningite por candida sp. o Picadas de mosquitos: arbovírus (tratamento da doença e não da meningite - tratamento de suporte) o Fecal-oral: enterovírus. o Ingestão de alimentos contaminados: Listeria. EPIDEMIOLOGIA → Doença rara nos EUA: 0,9/100.000 o Abaixo de 20/100.000 já é considerado raro. o Motivo: presença de saneamento básico. → No Brasil é uma doença de notificação compulsória. o Em 2019: 15.678 casos de meningite no Brasil e 346 na Bahia. → África (oriental e central): 1.000/100.000 pessoas. QUADRO CLÍNICO → Tríade clássica (45% dos casos): cefaleia (87%), febre (77%) e rigidez de nuca (meningismo - 83%). → Disfunção cognitiva (69%): Glasgow alterado, alteração de linguagem. o 1 estudo foi feito com essas 4 manifestações : na presença de 2 desses 4 sinais, já pensa-se em meningite (90% dos casos apresentavam apenas 2 sintomas nesse estudo e confirmava-se o diagnóstico de meningite). → Crise epilética: se apenas 1 crise, indica irritação do córtex, logo, patógeno não está presente apenas nas meninges - quadro de meningoencefalite. → Sinais de hipertensão intracraniana: meningoencefalite. → Em crianças de até 9 meses poderão não apresentar os sinais clássicos de irritação meníngea - caso mais complexo. o Outros sinais e sintomas que permitem a suspeita diagnóstica: • Febre • Irritabilidade ou agitação • Choro persistente • Grito meníngeo: criança grita ao ser manipulada, principalmente quando se flete as pernas para trocar a fralda. • Recusa alimentar que pode vir ou não acompanhada por vômitos • Convulsões • Abaulamento da fontanela (tensa a palpação). EXAME FÍSICO → Testes de pesquisa de irritação meníngea: Sinal de Brudzinski, Kerning e Lasegue. SINAIS DE ALARME → Hipertensão intracraniana (HIC): vômitos, papiledema, cefaleia e comprometimento cognitivo (alteração do nível de consciência - sonolência). o Piora da HIC: paciente apresenta REFLEXO ou TRÍADE DE CUSHING (hipertensão, bradicardia e respiração irregular) - alta probabilidade de morte encefálica; iminência de complicações irreversíveis cerebrais. MENINGITES BACTERIANAS FISIOPATOLOGIA → A bactéria segrega uma protease que inativa anticorpos do hospedeiro e facilita a aderência à mucosa respiratória, posteriormente atinge a corrente sanguínea e se adere ao endotélio dos capilares cerebrais → atravessam a BHE e alcançam o LCR. → Com a presença de bactérias no líquor há liberação de produtos bacterianos → indução da resposta inflamatória (citocinas inflamatórias e quimiocinas) pelo hospedeiro para tentativa de lise bacteriana. → 3 vias são ativadas pelo processo de inflamação: o Ativação de leucócitos: favorece edema citotóxico (por influxo de líquido para dentro da célula) e intersticial (entre os neurônios) → aumento do volume do parênquima (menor quantidade de reabsorção do LCR) → aumento da PIC. o Lesão endotelial: fragilidade e aumento da permeabilidade da BHE → extravasamento de proteínas séricas para o LCR (efluxo delíquido) causando edema vasogênico → aumento da PIC. o Trombose: processo inflamatório pode ativar a cascata da coagulação, favorecendo a agregação plaquetária → redução do fluxo sanguíneo cerebral (FSC). • AVCi secundário a meningite. ETIOLOGIAS → Agentes etiológicos mais comuns a depender da faixa etária - tratamento empírico com ATB. legenda: em neonatos, os gram – dizem respeito a haemophilus influenzae. MENINGOCOCO → Neisseria meningitidis: o Diplococo gram negativo. o Sorogrupos: A, B, C, W135 e Y. o Principal agente de meningite bacteriana no Brasil o 30% dos casos em menores de 5 anos. o Agente com alto nível de contaminação, mas apenas 6 horas de antibioticoterapia é suficiente para resolução do quadro. o Essa bactéria mexe bastante com a cascata de coagulação do indivíduo infectado, diante disso o paciente apresenta eventos hemorrágicos: • Quadro clínico se inicia com a presença de petéquias na pele - constitui indicação para ATB • A infecção bacteriana leva a hemorragia maciça de uma ou ambas (geralmente) suprarrenais → choque grave (Síndrome de Waterhouse- Friderichsen). → Principais formas clínicas: o Meningite meningococcia: patógeno é encontrado apenas nas meninges. o Meningococcemia: patógeno é encontrado apenas na corrente sanguínea. o Meningite meningococcia + meningococcemia: patógeno é encontrado nas meninges e na corrente sanguínea. HAEMOPHILUS INFLUENZAE → Bastonete gram negativo. → 6 sorotipos (A, B, C, D, E, F). → Saprófita das vias respiratórias. → 1999: vacinação para Hib (H. influenzae do tipo B) no Programa Nacional de Imunização (PNI). o Antes da introdução da vacina conjugada contra a Hib, esse agente era responsável por 95% das doenças invasivas (meningite, septicemia, pneumonia, epiglotite, celulite, artrite séptica, osteomielite e pericardite). → Adultos com sinusite aguda, otite média ou fratura do crânio podem complicar com meningite por esse patógeno. o Associação com imunocomprometimento, diabetes e etilismo. o Crianças podem estar associados a esse mesmo quadro, além de casos de pneumonia (mais comum do que em adultos). STREPTOCOCOS PNEUMONIAE → Diplococos gram positivos; organização em cadeias - mais de 90 sorotipos. → Pneumococo de alto potencial destrutivo. → Comum em idosos. → Mais de 50% dos pacientes têm menos de 1 ano ou mais de 50 anos de idade. → Complicação da otite média, mastoidite, sinusite, fraturas de crânio (rompimento das barreiras naturais, permitindo infecções no SNC), infeções respiratórias superiores e infecções pulmonares. → Alcoolismo (quando crônico, paciente é imunossupresso), asplenismo (baço consegue destruir bactérias encapsuladas) e doença falciforme são fatores de risco. MENINGITES TUBERCULOSAS → TB + HIV: quadros de tuberculose podem indicar algum tipo de imunossupressão. → Tuberculose: o 0.9% dos casos desenvolvem meningite o Extra-pulmonar: 6% → Mortalidade: o 19,3% (crianças) o TB + HIV: 40% legenda: sequência flair em RM - hipersinal na região frontal e periventricular → tuberculoma (invasão do parênquima cerebral); quando há meninge está inflamada, há realce meníngeo (desenho da meninge) por contraste na RM; DIAGNÓSTICO DIAGNÓSTICO DAS MENINGITES → Exame clínico + laboratorial. → Estudo do LCR: o Quimiocitológico: pesquisa de células. o Bacterioscopia direta: visualização no microscópio. o Cultura: positiva se etiologia bacteriana. o Aglutinação pelo látex: pesquisa do antígeno bacteriano. o Reação em Cadeia da Polimerase em Tempo Real (qPCR): diagnósticos dos quadros virais; são vistos fragmentos de DNA e RNA. → Aspecto do líquor já é um indicativo de infecção: o Normal: límpido e incolor. o Infecção: turvo. → Indicações de realizar TC de crânio antes da punção liquórica: o Idade > 60 anos o Pacientes imunocomprometidos o Doença do snc o Crises convulsivas na última semana, além de sintomas de meningite o Alterações do nível de consciência, além de sintomas de meningite o presença de déficits focais como hemiparesia, afasia, paralisia facial, alterações no campo visual, olhar fixo o papiledema. → Outros exames: o Hemograma: avaliação de plaquetas o Glicemia: para comparar com a quantidade presente no LCR. o VSH: atenção para processos inflamatórios o Hemocultura: em torno de 50 a 70% dos casos de meningite, o patógeno causador aparece nesse exame. o Coagulograma: para avaliação da coagulopatia. LÍQUOR NAS MENINGITES → Normal: o Presença de linfócitos ou monócitos em pequena quantidade. o Glicose: ⅔ da glicemia do paciente o Baixa quantidade de lactato: demonstra que não há ciclo de anaerobiose no LCR. → Etiologia viral: o Predomínio de células mononucleares: linfócitos e monócitos. • Alguns vírus, principalmente enterovírus, o início da infecção pode ser caracterizado pela presença de polimorfonucleares, mas após 8 - 48 horas há diminuição da quantidade dessas células. o Proteínas podem estar normais ou alteradas (não é específica). → Etiologia bacteriana: o Alta celularidade: predomínio de polimorfonucleares (neutrófilos) o Proteínas totais elevadas, geralmente acima de 100 mg/dl, em função de alterações da BHE. o Glicose diminuída devido consumo de glicose por esse patógeno. → Etiologia tuberculosa ou fúngica: o Quantidade equiparada de mono e polimorfonucleares. o Glicose normal na fúngica e baixa na tuberculosa (uma das que mais abaixa). • LCR levemente alterado, mas com pouca glicose: suspeita-se de TB. CONTRAINDICAÇÃO ABSOLUTA PARA COLETA D O LCR → Desvio da linha média. → Perda das cisternas de base: bolsões de LCR ao redor do tronco encefálico. → Lesão em massa (tumor) na fossa posterior: áreas - ponte, mesencéfalo, bulbo e cerebelo. A punção liquórica causa herniação nessas estruturas - iatrogenia médica. Quando LCR não pode ser coletado (punção lombar), a hemocultura é o exame de escolha. CONTRAINDICAÇÃO RELATIVA PARA COLETA DO LCR → Hipertensão intracraniana: o Quando secundária a processo liquórico, pode fazer punção. o Em casos de aumento do volume do parênquima, há risco de herniação, logo, não se faz a punção. • TC diferencia causas . → Coagulopatia: risco de hemorragia em plaquetopenia (abaixo de 50 mil). o Correção deve ser feita durante coleta de LCR. Quando não puder coletar, faz hemocultura. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS → Dependerá da forma de apresentação da doença. → Meningococemia: patógeno presente apenas na corrente sanguínea - paciente pode apresentar petéquias na pele. o Sepse de outras etiologias; o Febre hemorrágicas (dengue também causa). → Quadros leves: o Doenças exantemáticas virais; o Doenças do trato respiratório superior: sinusite (examinador pode palpar os seios da face; paciente apresentará cefaleia - dor assimétrica, em região desses seios da face, além da presença de coriza) - pode complicar para meningite. COMPLICAÇÕES → Perda da audição → Distúrbios de linguagem por destruição de parte do parênquima cerebral → Retardo mental → Distúrbios visuais → Meningoencefalite: penetração do patógeno no parênquima cerebral → Abcessos cerebrais: bactéria afeta por contiguidade, penetração mais profunda no parênquima. → HIC → Óbito TRATAMENTO → Ambiente hospitalar → Monitorização → Medidas de suporte → Tratamento varia de acordo com o agente etiológico: o Corticoide: usado em meningites bacterianas a fim de reduzir a intensidade da inflamação e consequente diminuição da agressão ao tecido cerebral. • Dexametasona. o Antibioticoterapia: etiologia bacteriana o Antifúngico: etiologia fúngica o Antiviral: casos em que o patógeno é um vírus do grupo da família herpes o Esquema para TB: por 9 meses → Quimioprofilaxia para os contactantes (família e pessoas que entrou em contato por mais de 8 horas), se meningococcica.o Ciprofloxacino, rifampicina e ceftriaxone. NOTIFICAÇÃO → Doença de notificação compulsória (Portaria nº 104, 25/01/2011). → É de responsabilidade do serviço de saúde notificar qualquer caso SUSPEITO. → Todos os profissionais de saúde são responsáveis pela notificação. → Contato telefônico, fax, e-mail ou outras formas de comunicação. → Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), por meio do preenchimento da Ficha de Investigação de Meningite. PREVENÇÃO → Existe prevenção primária para alguns agentes. → As vacinas disponíveis no calendário de vacinação da criança do Programa Nacional de Imunização são: o Vacina meningocócica C (Conjugada): protege contra a doença meningocócica causada pelo sorogrupo C. o Vacina pneumocócica 10-valente (conjugada): protege contra as doenças invasivas causadas pelo Streptococcus pneumoniae, incluindo meningite. o Pentavalente: protege contra as doenças invasivas causadas pelo Haemophilus influenzae sorotipo B, como meningite, e também contra a difteria, tétano, coqueluche e hepatite B.
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