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Direito Penal Conceito e Princípios Prof.ª Virgínia Machado 2 - Três aspectos devem ser observados para a definição de Direito Penal: 1. Aspecto formal/estático: conjunto de normas que definem alguns comportamentos humanos como sendo infrações penais, define quem pode ser o sujeito de tais condutas e fixa as sanções penais que serão culminadas; 1. CONCEITO DE DIREITO PENAL: 3 2. Aspecto material: relação com os comportamentos considerados como extremamente reprováveis ou danosos ao grupo social e afetam os bens jurídicos que são mais relevantes à sociedade; 3. Aspecto sociológico/dinâmico: instrumento de controle social de comportamentos desviados, que busca ordenar a vida social permitindo uma convivência harmônica do grupo social. 4 - Manutenção da paz social e uma adequada convivência humana => se dá graças a existência de normas jurídicas que estabelecem orientações de que impõe ou determinam certos comportamentos. - Violadas as regras de conduta => surge para o Estado o poder/dever de punir, seja no âmbito civil ou penal; 5 - Vários ramos do Direito atuam, cada qual na sua esfera de atribuição e com sua devida medida sancionadora, visam inibir qualquer comportamento contrário à ordem social. - As violações a bens jurídicos relevantes, que têm tutela especial do Estado, necessitam de resposta mais severa do Estado => estabelece sanções de natureza penal => regidas pelo Direito Penal; 6 - As normas que são imposta coativamente pelo Estado se diferenciam das normas do Direito Penal em razão da consequência jurídica que são capazes de provocar. - As normas do Direito Penal impõe SANÇÕES PENAIS (cominação de penas ou medidas de segurança) => atuam no combate aos comportamentos mais indesejados, sendo sua aplicação de natureza subsidiária e com alto grau de racionalidade (princípio da intervenção mínima); 7 - Nas palavras de Bitencourt: “Se outras formas de sanção ou outros meios de controle social revelarem-se suficiente para a tutela desse bem, a sua criminalização é inadequada e não recomendável. Se para o restabelecimento da ordem jurídica violada forem suficientes medidas civis ou administrativas, são estas que devem ser empregadas e não as penais”. 8 - Visa analisar a real função do Direito Penal; 1. Funcionalismo teleológico/moderado: Claus Roxin => função do Direito Penal é assegurar os bens jurídicos = considerados os de valores indispensáveis à convivência social => vale-se de medidas de política criminal; - Dois segmentos: 2. FUNCIONALISMO: 9 2. Funcionalismo sistêmico/radical: Günther Jakobs => a função do Direito Penal é assegurar o império das normas => demonstra que o Direito posto existe e não pode ser violado. Quando o Direito Penal é chamado para atuar o bem jurídico já foi violado => sua função principal deixa de ser a segurança dos bens jurídicos e passa ser a garantia da validade do sistema. 10 - Segundo Günther Jakobs: “Aquele que se desvia da norma por princípio não oferece qualquer garantia de que se comportará como pessoa; por isso, não pode ser tratado como cidadão, mas deve ser combatido como inimigo”. 11 - DIREITO PENAL DO INIMIGO => cuida do infiel ao sistema; - Brasil: Direito Penal serve para assegurar os bens jurídicos (Birnbaum-1834) sem deixar de perceber a sua missão indireta/mediata: controle social e limitação do poder punitivo do Estado; - Seleção dos bens jurídicos tutelados => parte da análise da CF: orienta o legislador (estabelece os valores indispensáveis à manutenção da convivência social) + impede que o legislador imponha ou proíba comportamentos que vão violar direitos fundamentais; 12 3. PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL (DP): - Previsão constitucional/legal - art. 5º. XXXIX, CF c/c art. 1º, CP: CF: “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”; (nullum crimen, nula poena sine lege); a) Princípio da Reserva Legal/Estrita Legalidade: CP => Anterioridade da Lei: Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. 13 - Cláusula pétrea → atuará sempre como vetor do sistema do DP; → Exclusividade da lei penal para criação de delitos e contravenções penais + cominação de penas. - Vedação de Medida Provisória sobre matéria penal (art. 62,§1º, I, “b”, CF) → prejudicial ou favorável ao réu 14 3 fundamentos: • JURÍDICO: taxatividade/ certeza/ determinação → indicação precisa, ainda que mínima do conteúdo do tipo penal + sanção + vinculação do juiz ao mandamento legal; • POLÍTICO: proteção do homem em face do arbítrio do Estado no exercício do poder punitivo; • DEMOCRÁTICO: demonstra o respeito ao princípio da divisão de poderes => representantes do povo criam as leis. 15 1. Jurisprudência do STF: Medida Provisória pode ser utilizada na esfera penal para beneficiar o agente = podem versar sobre direito penal não incriminador; OBS.: 2. Inadmissível lei delegada versando sobre direito penal (art. 68,§1º, CF). 16 1. Completa: dispensa complemento valorativo (pelo juiz) ou normativo (por outra norma). Ex.: art. 121, CP; OBS.: Classificação da lei penal, quanto ao conteúdo: 2. Incompleta: depende de elemento valorativo (tipo aberto) ou normativo (norma penal em branco). a) Tipo aberto: depende de elemento valorativo => dado pelo juiz diante do caso completo. Ex.: crimes culposos; ato obsceno. b) Norma penal em branco: norma que depende de complemento normativo => preceito primário (descrição da conduta) é incompleto e depende de complementação por outro ato normativo. Seu preceito secundário é completo. 17 b.1. Norma penal em branco própria/sentido estrito/heterogênea: elemento normativo que vai complementar não é uma lei, mas sim outro tipo de ato normativo. Ex.: crimes da Lei nº 11.343/06 relacionado ao tráfico de drogas, sendo que o complemento encontra- se na Portaria do Ministério da Saúde (Portaria n. 344/98); b.2. Norma penal em branco imprópria/sentido amplo/homogênea: complemento normativo é a própria lei, que pode ser na própria lei que precisa ser complementada ou em lei diversa; 18 I. Norma penal em branco imprópria homovitelina: complemento emana da mesma instância legislativa (norma incompleta e seu complemento integram a mesma estrutura normativa) – Ex.: conceito de funcionário público para os crimes contra a Administração; II. Norma penal em branco heterovitelina: complemento da norma emana ide instância legislativa diversa (norma incompleta e seu complemento estruturas normativas diversas). Ex.: art. 236, CP com complemento no Código Civil (art. 1.521, CC); 19 b.3. Norma penal em branco ao revés/invertida: complemento é relativo à sanção, preceito secundário, não ao conteúdo proibitivo (preceito primário). Ex.: Lei nº 2.889/56 – lei de genocídio; b.4. Norma penal em branco ao quadrado: norma penal requer complemento que também deve ser integrado por outra norma. Ex.: art. 38, Lei nº 9.605/98, pune as condutas de destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente. Conceito de floresta de preservação permanente encontra-se no Código Florestal, que determina que área de preservação permanente será considerada após declaração de interesse social por parte do Chefe do PE; 20 b.5. Norma penal em branco e instâncias federativas diversas: lei penal em branco pode ser complementada por normas oriundas de instâncias federativas diversas; b.6. Norma penal em branco e complemento internacional: possível que a complementação da norma seja proveniente de tratados internacionais. 21 - Crime + pena = definidos na lei prévia ao fato cuja punição se pretende; b) Princípio da Anterioridade - art. 5º, XXXIX, CF c/c art. 1º, CP: - Lei produz efeitos a partir da entrada em vigor → por isso: irretroatividade → não se aplica a comportamentos pretéritos, salvo: beneficiar o réu → art. 5º, XL, CF: “XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”; 22 - Proibição de aplicação da lei inclusive durante período de vacatio legis (formalmente publicada, mas aindanão está em vigor → não alcança condutas no período); 23 - Finalidade: interpretação mais restritiva da lei penal. c) Princípio da Insignificância ou da Criminalidade de Bagatela: - Tipo penal é amplo e abrangente → postulado da criminalidade de bagatela serve para limitar incidência prática; 24 - Segundo STF: “vetor imperativo do tipo penal → restringir a qualificação de condutas que sejam consideradas como ínfima lesão ao bem jurídico nele albergado → relação com medida de política criminal → visa descaracterização + descongestionamento da Justiça Penal → preocupar com as infrações socialmente mais graves. Estimula tolerância, se bem aplicado não gera ideia de impunidade”. Ex.: furto de uma folha de papel, grampo de cabelo; 25 - Diminui a intervenção penal; - Natureza jurídica: causa de exclusão da tipicidade → presença acarreta na atipicidade do fato (Tipicidade = tipicidade formal + tipicidade material). 26 - Sua incidência: tipicidade material; - A tipicidade formal (juízo de adequação entre fato praticado na vida real + modelo de crime descrito na norma penal); 27 Falta tipicidade material → lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico. Deve ser analisado com os postulados da fragmentariedade e da intervenção mínima em matéria penal; Requisitos: requisitos objetivos (relacionados ao fato) + requisitos subjetivos (relacionados ao agente e à vítima) → analisado no caso concreto. 28 Requisitos objetivos: 1. Mínima ofensividade da conduta; 2. Ausência de periculosidade social da ação; 3. Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; 4. Inexpressividade da lesão jurídica. 29 Requisitos subjetivos: não relacionado com o fato e sim com o agente e a vítima do fato; 1.1. Reincidente: 1ª corrente: Vedação → não aplica o benefício a quem fora definitivamente condenado (TJMG); 2ª corrente: Admite → possível princípio da insignificância em favor do reincidente. Postulado exclui a tipicidade do fato + reincidência (agravante genérica) utilizada somente na dosimetria. Não há relevância penal para o primário como para o reincidente (STF e STJ); 1. Condições pessoais do agente: 30 1.2. Crime Habitual: Criminoso habitual → aquele que faz da prática de delito meio de vida. A esse não se aplica a insignificância → lei penal seria inócua se tolerada a reiteração do mesmo crime, seguidas vezes, em frações, que, isoladamente não superassem um determinado valor tido como irrelevante, mas o excedesse em sua totalidade. Ex.: agente subtrai diariamente R$30,00 de seu trabalho; 1.3. Militares: vedação de utilização de insignificância - crime cometidos por militares em face elevada reprovabilidade da conduta e da hierarquia que regulam a atuação + desprestígio do Estado responsável pela segurança pública; 31 • Necessário analisar a extensão do dano causado ao ofendido é imprescindível. 2. Condições da vítima: conjugar a importância do objeto material para a vítima → leva em consideração a condição econômica, valor sentimental do bem, circunstâncias e o resultado do crime = determinar se houve relevante lesão. Ex.: furto de bicicleta velha. • Valor sentimental para a vítima → impede insignificância; 32 • Inaplicáveis: hediondos e equiparados + racismo + ação de grupos armados civis/militares e contra ordem constitucional. 3. Aplicabilidade: em qualquer delito que seja com ele compatível e não somente a crimes patrimoniais. 33 3.1. Roubo e demais crimes cometidos com grave ameaça/violência → não cabe insignificância → reflexos não são irrelevantes; Ex.: peculato de clips (deve ser tratado na esfera administrativa). 3.2. Crimes contra Administração Pública → posição tradicional do STJ não admite a bagatela, pois ofende a moralidade adm. + probidade dos agente. STF, já decidiu no sentido contrário → possível bagatela em situações extremas. 34 3.3. Crimes previstos na lei de drogas (Lei nº 11.343/06) → crimes de perigo abstrato (ou presumido) e tutelam a saúde pública. Tráfico → inaplicabilidade. Mesmo entendimento na posse de droga para consumo pessoal, pois entendimento diverso seria equivalente a descriminalizar, contra o espírito da lei (STJ). STF já admitiu. 3.4. Descaminho e crimes tributários → Princípio incide nos crimes de natureza tributária, especialmente no descaminho, quando o valor do tributo não ultrapassa R$10 mil (STJ). 3.5. Contrabando → Não aplicável → natureza proibida da mercadoria. 35 3.6. Crimes ambientais → Inicialmente parece incompatível, devido natureza difusa. Porém STF já admitiu: pesca no período de defeso de 05 peixes. 3.7. Crimes contra a fé pública → Bem jurídico tutelado é a credibilidade depositada nos documentos, nos sinais e símbolos empregados nas relações indispensáveis à vida em sociedade → não cabe insignificância; 3.8. Tráfico internacional de arma de fogo → art. 18, Lei nº 10.826/03 → não comporta insignificância → crime de perigo abstrato e atentatório à segurança pública; 36 3.9. Rádio pirata: 1ª posição → STF é possível a incidência da criminalidade de bagatela desde que o serviço apresente finalidade social e objeto lícito e não apresente capacidade para interferir nos demais meios de comunicação e na segurança de tráfego aéreo; 2ª posição → STJ é incompatível com o princípio da insignificância; 3.10. Atos Infracionais: crimes ou contravenções cometidas por crianças e adolescentes. Dependendo da natureza do ato infracional o STF aceita a incidência do princípio da insignificância; 3.11. Atos de Improbidade: definidos na Lei n. 8429/92 → não são infrações penais → STJ não admite insignificância, pois o bem jurídico tutelado é a moralidade; 37 4. Infrações penais de menor potencial ofensivo: art. 61, Lei nº 9.099/95 → crimes e contravenções penais com pena privativa de liberdade em abstrato igual ou inferior a 2 anos (cumulado ou não com multa) → não há que se falar em insignificância automática. 38 5. Furto privilegiado: Furto privilegiado = coisa de pequeno valor (menor que 1 salário mínimo), na bagatela é insignificante não coloca o bem jurídico tutelado em risco. 39 6. Insignificância e valoração pela autoridade policial: STJ entende que somente o PJ é dotado de poderes para efetuar reconhecimento da insignificância. • Autoridade policial é obrigada a efetuar a prisão em flagrante e colocar o preso à presença da autoridade judiciária. 40 7. Insignificância imprópria ou de criminalidade de bagatela imprópria: Infração penal caracterizada, a aplicação da pena se torna desnecessária e inoportuna. Surge como relevante para o DP pois apresenta desvalor da conduta e o desvalor do resultado. • O fato é típico e ilícito, o agente é dotado de culpabilidade e o Estado possui o direito de punir (punibilidade). 41 • Mas após a prática do fato a pena revela-se incabível, no caso concreto e diversos fatores recomendam o afastamento, tais como: personalidade ajustada ao convívio social (primário e sem antecedentes), colaboração com a justiça, reparação do dano causado à vítima, reduzida reprovabilidade do comportamento, reconhecimento de culpa, ônus provocado pelo fato de ter sido processado ou preso provisório. 42 - Art. 5º, XLVI, CF: d) Princípio da Individualização da Pena: Deve distribuir a cada indivíduo o que lhe cabe, de acordo com as circunstâncias específicas de seu comportamento → aplica a pena observando aspectos subjetivos e objetivos do crime. “XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: a) privação ou restrição da liberdade; / b) perda de bens; / c) multa; / d) prestação social alternativa; / e) suspensão ou interdição de direitos;” 43 Três planos: • Legislativo; • Judicial; • Administrativo. 44 “não haverá penas: OBS. 1: penas proibidas: art. 5º, XLVII, CF: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis;” 45 OBS. 2: art. 5º, CF: “XLVIII. a pena será cumprida em estabelecimentos distintos,de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral; L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação;” 46 - Requisito para existência do fato típico → premissa de que todos devem esperar por parte das demais pessoas comportamentos responsáveis e em consonância com o ordenamento jurídico, almejando evitar danos a terceiros; e) Princípio da confiança: - Comportamento dos outros se dará de acordo com as regras da experiência, levando-se em conta um juízo estatístico alicerçado naquilo que normalmente acontece (id quod plerumque accidit). 47 - Todo aquele que atende adequadamente ao cuidado objetivamente exigido, pode confiar que os demais coparticipantes da mesma atividade operem cuidadosamente. 48 - Não pode ser considerado criminoso o comportamento humano → mesmo que tipificado na lei, não afrontar o sentimento de justiça; f) Princípio da adequação social: Ex.: trotes nas faculdades e circuncisão pelos judeus; 49 - Autorização legal para exercício de profissão não implica automaticamente na adequação social de crimes praticados em seu bojo. Ex.: crime de descaminho praticado por camelô → existência de lei que regulamenta a atividade não conduz ao reconhecimento de que o descaminho é socialmente aceitável; 50 - Legítima intervenção penal apenas quando a criminalização de um fato se constituir meio indispensável para a proteção de determinado bem ou interesse, não podendo ser tutelado por outros ramos do direito; g) Princípio da Intervenção Mínima: - DP tutela bens jurídicos mais relevantes → intervenção penal deve ter caráter fragmentário → proteger bens jurídicos mais importantes e em casos de lesão de maior gravidade; 51 - Destinatários: legislador (moderação no momento de eleger condutas dignas de proteção penal → abster de incriminar qualquer comportamento); e intérprete (não proceder à operação da tipicidade quando constatar que a pendência pode ser satisfatoriamente resolvida com atuação de outros ramos); - Sistema jurídico deve considerar como muito relevante a circunstância de que a privação da liberdade e a restrição de direitos do indivíduo somente se justificam outros bens jurídicos essenciais. 52 - Nem todos os ilícitos são infrações penais → apenas aqueles que atentam contra valores fundamentais para manutenção e o progresso do ser humano e da sociedade; g.1. Princípio da fragmentariede ou caráter fragmentário do DP: - Todo ilícito penal será também ilícito perante os demais ramos, mas a recíproca não é verdadeira; 53 - DP é a última etapa de proteção do bem jurídico; - Princípio utilizado no plano abstrato → criação de tipos penais somente quando demais ramos tiverem falhado na proteção do bem jurídico → DP preocupa apenas com alguns comportamentos = fragmentos contrários ao ordenamento jurídico; 54 - Aplicação do DP somente quando os outros ramos do Direito/demais meios de controle social tiverem se revelados impotentes para controle da ordem pública; g.2. Princípio da subsidiariedade: • DP: quando meios estatais mais brandos e menos invasivos da liberdade individual não forem suficientes; 55 - Funciona como barreira impositiva de limites ao legislador → lei penal que não protege bem jurídico é ineficaz e tem intervenção excessiva. h) Princípio da Proporcionalidade: - Aplicado na fixação da pena base. 56 Destinatários: • Legislador (proporcionalidade abstrata → eleitas penas mais adequadas para cada infração => seleção quantitativa); • Juiz da ação penal (proporcionalidade concreta/judicial → orienta o juiz no julgamento da ação penal promove a individualização da pena adequada ao caso) e • Órgãos de execução penal (proporcionalidade executória/ administrativa → incidem regras inerentes ao cumprimento da pena, levando-se em conta as condições pessoais e o mérito do condenado); 57 Constitui proibição do excesso x proteção insuficiente dos bens jurídicos; 58 - Inconstitucionalidade da criação de tipos penais ou cominação de penas que violam incolumidade física/moral de alguém. i) Princípio da humanidade: → Impossibilidade da pena passar da pessoa do condenado → exceção: efeitos extrapenais da condenação, como a reparação na esfera cível - art. 5º, XLV: 59 - Não há infração penal quando a conduta não tiver oferecido ao menos perigo de lesão ao bem jurídico → exigência de delimitação do DP; Legislador deve ser impedido de configurar tipos penais que já tenham sido constituídos in abstracto como fatores indiferentes e preexistentes à norma. j) Princípio da ofensividade ou da lesividade: 60 - Veda preocupação do DP com intenções e pensamentos das pessoas/modo de viver/pensar/condutas internas não exteriorizadas; k) Princípio da Exclusiva proteção do bem jurídico: - DP não pode cuidar de questões de ordem moral/ ética/ ideológica/ religiosa, etc. → cuida de bens jurídicos fundamentais para o indivíduo/ sociedade; 61 - DP não pode castigar aquele que atue sem culpabilidade → não admite punição ao agente inimputável (sem potencial consciência da ilicitude/de quem não se pode exigir conduta diversa) → fundamento: culpabilidade (nulla poena sine culpa); l) Princípio da Imputação Pessoal: 62 - Tipos penais devem definir fatos + penas → não esteriotipar autores em razão de alguma condição específica → não admite o DP do autor e SIM o DP do fato; m) Princípio da Responsabilidade pelo Fato: - Ninguém pode ser punido por alguma condição pessoal; 63 - Ninguém poderá ser responsabilizado por fato cometido por terceira pessoa; n) Princípio da Personalidade/Intranscendência: - Pena não pode passar da pessoa do condenado (art. 5º, XLV, CF); 64 - Nenhum resultado relevante pode ser atribuído a quem não tenha produzido por dolo/culpa → exclui a responsabilidade penal objetiva (art. 19, CP); o) Princípio da Responsabilidade penal Subjetiva: 65 - Deriva da dignidade da pessoa humana → proíbe a dupla punição pelo mesmo fato; p) Princípio do “ne bis in idem”: - Súmula 241, STJ: “A reincidência penal não pode ser consideradas como circunstância agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial”. 66 - Tratar igualmente os iguais, e desigualmente aos desiguais, na medida de suas desigualdades; Pessoas em iguais situações devem ter o mesmo tratamento e aquelas que estão em posições diferentes devem ter o enquadramento diverso → pela lei e pelo juiz. q) Princípio da Isonomia/Igualdade: 67 - Art. 5º, XLVII, CF - não serão admitidas penas: de morte (salvo caso de guerra declarada, de acordo com o art. 84, XIX, CF); de caráter perpétuo; de trabalhos forçados; de banimento; cruéis. r) Princípio da Inadmissibilidade de penas ilícitas:
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