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CIRURGIA CARDÍACA E FISIOTERAPIA Nas últimas décadas, o número de pacientes com doenças cardiovasculares que necessitem de cirurgia cardíaca aumentou de forma significativa As doenças da aorta também são causas frequentes de tratamento cirúrgico Indicações Insuficiências e estenoses de válvulas cardíacas; Cardiopatias Congênitas; Aneurismas de Vasos ou Ventrículo; Insuficiência Coronariana. Risco Cirúrgico É a avaliação da probabilidade de morbimortalidade conseqüente de processos patológicos coexistentes, que podem influenciar o resultado cirúrgico Fatores de risco Idade Sexo Função cardíaca Reoperação IAM prévio Presença de Co-morbidades Tabagismo Obesidade Avaliação dos Sistemas Cardiovascular Função cardíaca (Ecocardiograma; Cateterismo) Diabetes, IAM < 7 dias, HAS, Bloqueios e Arritmias Pulmonar Complicações 5 a 70% Função pulmonar Presença de infecções, exacerbações de doença preexistente Renal Função renal ( Creatinina; Ureia) Insuficiência renal Endócrino, Neuromuscular, Gastrointenstinal Exames Pré-Operatórios Hemograma Completo Sódio, Potássio e Cálcio séricos Avaliação Hematológica- Coagulação Equilíbrio Ácido-Básico -Gasometria Creatinina e Uréia Glicemia Raio X de Tórax Ecocardiograma Cateterismo Anestesia A forma utilizada em cirurgia cardíaca é a anestesia geral Ela promove a analgesia, a perda da percepção e bloqueio temporário da resposta geral ao estímulo Atualmente se preconiza o uso de anestesia rápida com o objetivo de facilitar a extubação traqueal dentro de poucas horas após a cirurgia – até seis horas A analgesia pós-operatória é muito importante – proporciona conforto e minimiza a taquicardia a e hipertensão devido à liberação de catecolaminas pelos estímulos nociceptivos que poderia levar à isquemia pós-operatória Tipos de Incisões Cirúrgicas Esternotomia Mediana - A incisão é feita desde a fúrcula esternal até o processo xifóide – o esterno é dividido longitudinalmente - O pericárdio é aberto anteriormente para expor o coração - O acesso à aorta torácica descendente pode ser facilitado por uma extensão perpendicular da incisão atrávés do 3º espaço intercostal Toracotomia Transversa bilateral: - É uma incisão alternativa para expor o coração - Pode ser feita através do 4º ou 5º EIC, dependendo da cirurgia - Uma incisão bilateral submamária é feita Toracotomia Ântero- Lateral: - A incisão é feita no tórax ântero-lateral - Essa incisão é particularmente útil para realizar septectomia atrial ou para cirurgias de trocas valvares Toracotomia Póstero-Lateral: - É utilizada para procedimentos que envolvam o arco aórtico distal e a aorta torácica descendente - O paciente é posicionado em prona e a incisão é feita no tórax póstero-lateral Circulação Extracorpórea Permite aos cirurgiões parar o coração , incisar suas paredes e corrigir as lesões existentes sob visão direta É um procedimento utilizado em quase todas as cirurgias cardíacas Compreende um conjunto de máquinas que substituem temporariamente as funções do coração e pulmões As funções de bombeamento do coração são desempenhadas por uma bomba mecânica e as funções dos pulmões são realizadas por um oxigenador que realiza as trocas gasosas com o sangue É essencial que seja inibida a coagulação do sangue durante a CEC É usada a cardioplegia para causar interrupção eletromecânica no coração protegendo o coração São infundidas soluções ricas em potássio na circulação coronariana, denominadas soluções cardioplégicas Efeitos Deletérios da CEC Impede o reflexo normal e o controle receptor da circulação A pressão venosa se eleva A pressão coloidosmótica fica reduzida O fluxo não é pulsátil A temperatura corporal é manipulada Danos difusos em diversos órgãos e tecidos Má perfusão tecidual Alteração da função plaquetária Resposta inflamatória sistêmica Tipos de Cirurgias Cardíacas Revascularização do miocárdio: - É uma anastomose de um enxerto venoso ou arterial nas coronárias obstruídas - É feita por uma incisão chamada ESTERNOTOMIA (toracotomia mediana) É um procedimento em que uma veia ou artéria é utilizada para criar um caminho (ponte) para o fluxo sanguíneo do coração ultrapassando o bloqueio arterial, através de anastomoses nas artérias coronárias Atualmente três tipos de enxertos vasculares têm sido feitos: - Artéria Mamária - Veia Safena - Artéria Radial A indicação de cada uma depende da escolha do cirurgião, de características do paciente, do leito a ser revascularizado A veia safena apresenta vantagens do ponto de vista cirúrgico e funcional – maior comprimento, menor possibilidade de espasmos no peri e pós-operatório Porém a safena possui uma durabilidade reduzida quando comparada às artérias Estudos mostram que a sobrevida dos pacientes que receberam veia safena como enxerto é de apenas 40-60% em comparação com 90% naqueles que receberam artéria mamária Entretanto, a retirada da mamária requer um tempo maior de operação e necessidade de colocação de dreno pleural Cirurgia nas Valvopatias As valvas mais acometidas são a mitral e a aórtica Atualmente existem duas modalidades de cirurgias valvares: reparo ou troca valvar A reconstrução valvar constitui-se da anuloplastia– o anel da valva é fixado pela colocação de um anel de metal, pano ou tecido ao redor da valva - ou o reparo(valvotomia) é o processo onde os folhetos valvares , a cordoalha tendínea ou o músculo papilar são reconstruídos sob visão direta A troca valvar é um tipo de cirurgia onde a valva é substituída por uma prótese artificial que pode ser mecânica ou biológica As valvas metálicas têm a vantagem de apresentar um tempo de vida longo – 30 anos Sofrem menor deterioração Porém os pacientes precisam tomar anticoagulantes para o resto da vida As valvas biológicas podem ser aloenxerto ou homoenxerto, são combinações de materiais artificiais e de tecidos animais As valvas biológicas têm a vantagem de não causar coagulação do sangue e não necessitar de terapia anticoagulante prolongada Porém têm um tempo de vida curto – 10 anos, necessitando reoperações Cirurgia nas Doenças da Aorta Aneurismas São dilatações localizadas nas paredes da artéria A dilatação progressiva pode levar à dissecção aguda ou à ruptura espontânea causando a morte O tratamento cirúrgico consiste na remoção da dilatação com sua substituição por um tubo, às vezes acompanhado de próteses valvares e reimplante de vasos Dissecção da aorta Ocorre quando o fluxo sanguíneo é redirecionado do verdadeiro lúmen da aorta, em contato com a camada íntima para um lúmen falso, entre as camadas média e adventícia da parede da aorta Esse processo resulta frequentemente da degeneração das fibras elásticas devido à lesão hipertensiva Normalmente o processo cirúrgico consiste na correção do segmento acometido através da utilização de enxertos Podem apresentar diversas complicações: ruptura aórtica, formação de pseudo-aneurisma, isquemia grave visceral ou de extremidades Complicações Pós-Operatórias da Cirurgia Cardíaca Complicações Cardiovasculares: - Hipertensão arterial – é a complicação mais frequente no pós-operatório – mais de 50% dos casos Devido à estimulação do SNS – níveis elevados de adrenalina, noradrenalina, renina-angiotensina e vasopressina associadas à CEC Dor, agitação, TOT, despertar anestésico, confusão Está associada Á sangramentos, ruptura de suturas, aumento do consumo de O2 pelo miocárdio, isquemia, arritmias Infarto Agudo do Miocárdio Perioperatório: - Constitui a principal causa de óbito – prevalência de 3 – 30% - Como causas do IAM perioperatório temos: Revascularização incompleta Espasmos Embolia ou trombose CEC – resposta inflamatória, depressão miocárdica, vasoconstrição coronária e isquemia Arritmias: - Podem variar desde extra-sístoles até fibrilação ventricular e PCR - Arritmias atriais (FA) ocorrem em 30%nas RVMe 60% nas cirurgias valvares Sangramento: Reoperaçãoes, uso de antiagregantes, antitrombolíticos tempo prolongado de CEC (> 120 min) aumentam o risco de sangramento Derrame Pericárdico: - Está associado ao uso de artéria mamária na RVM e à terapia anticoagulante Tamponamento cardíaco: - Descompensação circulatória que resulta da compressão cardíaca devido ao acúmulo de líquido no espaço pericárdico. - É uma complicação grave levando à elevação da PVC, limitação do enchimento diastólico ventricular, redução do volume sistólico e do DC - É causado por resultar de obstrução a drenagem mediastínica, aumento do sangramento, anticoagulantes, pericardite infecciosa Tamponamento cardíaco Derrame Pericárdico Síndrome de Baixo Débito Cardíaco: - Incapacidade do coração em distribuir fluxo sanguíneo para a demanda metabólica tecidual - Pode estar relacionado a diversos fatores: Diminuição da pré-carga de VE – hipovolemia, vasodilatação, tamponamento cardíaco, uso de VPP,penumotórax hipertensivo Diminuição da contratilidade – baixa FE prévia, IAM perioperatório, RVM incompleta, problemas nos enxertos Aumento da pós-carga – hipervolemia, disfunção diastólica Taquicardias Sepse Complicações gastrointestinais: - Varia de 1 a 2 % - Hemorragia digestiva alta - Perfuração de úlcera gastroduodenal - Colecistite aguda - Isquemia mesentérica Complicações Renais: - Insuficiência Renal Aguda – 15% - Tem como principal causa o baixo DC - Fatores de risco – idade, RVM e troca valvar concomitantes, CEC prolongada, função ventricular ruim, necessidade de uso de vasopressores , depleção de volume Complicações Neurológicas: - Principais causas: Hipoperfusão cerebral por hipotensão arterial Embolização de ar, trombo ou debris aórtico AVE (1 – 6%), encefalopatia metabólica, distúrbios neuropsicológicos, crises convulsivas, neuropatia periférica Complicações Respiratórias: - São consideradas as maiores causas de morbidade no pós-operatório de cirurgia cardíaca Devido à anestesia: - Diminuição da CRF - Atelectasias - Piora de relação ventilação/perfusão - Diminuição do clearance mucociliar (2 – 6 dias) - Depressão do reflexo de tosse Devido à incisão cirúrgica: - Diminuição da CVF, VEF1, VVM, PF Hipoxemia: - A oxigenação pode ficar prejudicada por uma semana ou mais - Tem como causas: Ativação leucocitária Atelectasias Acúmulo de líquido no pulmão Redução dos volumes pulmonares( dor, relaxamento do diafragma, diminuição da CP,aumento da resistência) Atelectasias: junto com DP são as anormalidades mais comuns no pós-operatório de cirurgias cardíacas - Causas: - Anestesia geral - Compressão manual do pulmão para procedimentos cirúrgicos - Tosse ineficaz - Dificuldade em realizar inspirações profundas - Derrame pleural - Distensão gástrica - Congestão pulmonar Derrame Pleural: - Localizam-se preferencialmente no lado esquerdo do tórax, são pequenos, assintomáticos e resolvem-se espontaneamente com exercícios de fisioterapia - Causas: - Sangramentos - Atelectasias - Pneumonias - Edema pulmonar - Quando extenso deve ser drenado por toracocentese ou dreno de tórax Pneumonia: - É a mais mórbida e mortal infecção que ocorre após a cirurgia cardíaca - Sua incidência varia de 2 – 22% - Causas: - Atelectasias - Tosse ineficaz - Edema pulmonar - Danos neurológicos e cognitivos - Intubação e VM prolongadas Derrame pleural e pneumonia Edema Pulmonar: - Processo difuso do parênquima pulmonar é a principal causa de dispnéia pós-operatória - Ocorre devido à reduzida função do VE SARA - O mecanismo responsável é uma resposta inflamatória sistêmica que leva ao aumento da permeabilidade do endotélio pulmonar - O uso da CEC está associado à ativação dos leucócitos e liberação de citocinas inflamatórias - A baixa perfusão perfusão tecidual que ocorre durante a CEC que pode causar hipoperfusão intestinal, isquemia e translocação de toxinas Embolia Pulmonar: - Embolização de material trombótico aos pulmões – TVP - Incidência de 0,3 a 9,5 % Lesão do nervo Frênico Complicação grave levando à VM prolongada, pneumonias Sintomas: Movimento paradoxal do diafragma, elevação do diafragma ao RX, CV reduzida Deve ser investigada em todos os pacientes com dificuldade no desmame Pneumotórax: - Pode ser por lesão direta durante a cirurgia e a canulação venosa central, barotrauma ou ruptura de bolhas - Sua incidência é 0,7 a 1,7% e 5,3% nos enxertos mamários Pneumopericárdio: - Acúmulo de ar no saco pericárdico - Incidência rara - O pneumopericárdio hipertensivo é uma emergência e deve ser tratado imediatamente Pneumotórax e Atelectasia Pneumopericárdio: - Acúmulo de ar no saco pericárdico - Incidência rara -O pneumopericárdio hipertensivo é uma emergência e deve ser tratado imediatamente Avaliação Pré-Operatória Avaliação Clínica Geral – HDA, antecedentes familiares, fatores de risco, sinais e sintomas, exames complementares e exame físico Fatores de risco para mortalidade e morbidade: Escores de gravidade da AHA (American Heart Association) e várias outras escalas que avaliam a morbimortalidade dos pacientes Avaliação do sistema respiratório: - Considerado um dos itens mais importantes da avaliação - É um dos sistemas mais afetados no pós-operatório – 100% dos casos com algum tipo de complicação respiratória - Exames de imagem, força muscular, volumes e capacidades pulmonares devem estar na rotina Avaliação do sistema cardiovascular: - FC - Pulso arterial e venoso - SaTo2 - Eletrocardiografia - Ecocardiografia - Teste de esforço - Teste de caminhada Avaliação do sistema músculo-esquelético: - Amplitude dos movimentos - Força muscular - Controle motor - Comportamento frente à atividade física Preparação do Paciente Avaliação de Exames e Física Planejamento Cirúrgico Avaliação da medicação Manter medicação: antiarritmica, anti-hipertensiva, Suspensão de medicamentos: anticoagulantes, antiagregante plaquetário, antiinflamatórios que alteram a agregação plaquetária. Orientações gerais Orientações Gerais no Pré-Operatório Orientar quanto ao procedimento cirúrgico: sondas, drenos, dor, necessidade de tossir, respirações profundas Interrupção do cigarro Explicações sobre o ato cirúrgico: incisão, IOT, sedação Explicações sobre a recuperação na CTI: VM, extubação, drenos, fisioterapia, sedestação e deambulação precoces, alta Importância da tosse e os cuidados nesse procedimento, exercícios respiratórios Pré-Operatório Avaliação (Respiratória, Capacidade Funcional, Física e HDA). Início da fisioterapia (exercícios para fortalecimento muscular respiratório, inspirômetros de incentivo). Orientações sobre cirurgia e pós-operatório. Fisioterapia no Pós-Operatório Admissão na Unidade de tratamento Intensivo Avaliação: nível de consciência, inspeção geral, palpação, percussão e ausculta, sinais vitais, exames complementares, monitorizações , sondas, drenos e catéteres, posicionamento do TOT Ventilação Mecânica: ajuste de parâmetros Recrutamento alveolar – pacientes estáveis hemodinamicamente Chegada na UTI Catéter de Swan-Gans Cateterização AP Medidas: PAP, PCP, DC Inserção veia jugular interna, subclávia, veia femoral ou veia basílica. Principal objetivo: oxigenação tecidual adequada e informações seguras do DC e relação entre fornecimento e consumo de oxigênio. Drenos de tórax e mediastino Paciente acordado, respondendo a comandos verbais. Hemodinamicamente Estável. Elevar Cabeceira da cama de 30º a 45 º. Parâmetros ventilatórios Mínimos. Aspiração de Tubo orotraqueal; Aspiração de Vias Aéreas Superioes; Extubação; Desmame e Extubação 1° Pós- Operatório Avaliação do estado geral, parâmetros hemodinâmicos, ausculta pulmonar, gasometria arterial e raio –X. - Monitorização rigorosa: eletrocardiograma,catéter de Swan-Gans, débito urinário, Índice de Oxigenação, mecânica respiratória - Manobras de Higiene Brônquica, se necessário Exercícios de reexpansão pulmonar Exercícios diafragmáticos Incentivadores respiratórios PEEP e VNI Estímulo à tosse Exercícios de MMSS e MMII Uso do PEEP no Pós-operatório PEEP Acapella Threshold PEP Inspirômetros de incentivo 2° Pós-Operatório Retirada dos drenos de tórax e mediastino Análise do RX Sedestação fora do leito Continuação dos exercícios e manobras Exercícios ativos Acapella VNI 3° Pós-Operatório Continuar sequência anterior Exercícios ativos fora do leito Deambulação Ventilação Não-Invasiva Sedestação Na Unidade de Internação: - Exercícios respiratórios - Exercícios ativos de MMSS e MMII - Deambulação - Exercícios resistidos leves
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