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3 LIGAÇÕES PARAFUSADAS 33 Os parafusos - juntamente com as barras redondas rosqueadas, usadas como chumbadores ou como tirantes – são um dos meios de ligação reconhecidos pela norma. 3.1 MORFOLOGIA DOS PARAFUSOS FIGURA 1 - MORFOLOGIA DO PARAFUSO 3.2 TIPOS DE PARAFUSOS PARA CONSTRUÇÕES METÁLICAS Parafusos de alta resistência são parafusos que possuem suas resistências aumentadas por tratamentos térmicos. São mais caros e são identificados por especificação em relevo na cabeça do parafuso, normalmente possuem proteção por galvanização. Os parafusos de alta resistência possuem especificações, conforme tabela 3.A. Também podem possuir especificações adicionais conforme a posição do plano de cisalhamento em relação à rosca do parafuso. Parafusos Comuns - ASTM A307 ou A307 Fabricado em aço-carbono, designados como ASTM A307 ou ISSO 4.6, ou apenas como A307 são usados para pequenas treliças, plataformas simples, passadiços, terças, vigas de tapamento, estruturas leves etc. Possuem baixo custo, porém também possuem baixa resistência. Parafusos de Alta Resistência – ASTM 325 ou A325, ASTM 490 ou A490 N = a rosca do parafuso está no plano de corte, isto é, a rosca esta no plano de cisalhamento do parafuso. X = a rosca do parafuso esta fora do plano de cisalhamento do corpo do parafuso. F = resistência por atrito ISO 4.6 (comum) 8.8 (alta resistência) Transmitem esforços de tração, cisalhamento e esforços combinados tração+cisalhamento, e também em ligações por atrito. 3.3 PROPRIEDADES DE AÇOS UTILIZADOS EM PARAFUSOS As principais propriedades mecânicas dos aços utilizados em parafusos são tensões de escoamento e tensão de ruptura , são apresentados na tabela 3.A associados aos respectivos diâmetros encontrados no mercado. Nota: os parafusos fabricados com aço temperado não podem ser soldados nem aquecidos. TABELA 3.A — MATERIAIS USADOS EM PARAFUSOS Especificação Mpa Mpa Diâmetro mm pol ASTM A307 - 415 - 1/2 ≤ ≤ 4 ISO 898-1 Classe 4.6 235 400 12 ≤ ≤ 36 - ASTM A325 1) 635 560 825 725 16 ≤ ≤ 24 24 ≤ ≤ 36 1/2 ≤ ≤ 1 1 ≤ ≤ 1½ ISO 4016 Classe 8.8 640 800 12 ≤ ≤ 36 - ASTM A490 895 1035 16 ≤ ≤ 36 1/2 ≤ ≤ 1½ ISO 4016 Classe 10.9 900 1000 12 ≤ ≤ 36 - 1) Disponíveis também com resistência à corrosão atmosférica comparável à dos aços AR 350 COR ou à dos aços ASTM A588. Fonte: ABNT NBR 8800:2008. 3.4 PARÂMETROS E GEOMETRIA FIGURA 2 - GEOMETRIA E PARÂMETRO DE UMA LIGAÇÃO PARAFUSADA = distância da borda do furo até a borda da chapa, medido na direção do esforço, ou distancia entre as bordas de dois furos consecutivos. FIGURA 3 - ÁREA EFETIVA DE CONTATO = diâmetro do parafuso = espessura da chapa 3.4.1 ÁREA DO PARAFUSO Área efetiva para Pressão de Contato do parafuso é igual ao diâmetro do parafuso multiplicado pela espessura da chapa considerada. Área resistente ou Área efetiva de um parafuso para tração é um valor compreendido entre a área bruta e a área da raiz da rosca. A área , é um valor aproximado e recomendado pela norma devido à margem de segurança existente nos coeficientes de majoração de resistências e solicitações. A tabela 3.B apresenta valores precisos para e , calculados com base na geometria da rosca. TABELA 3.B - ÁREAS BRUTA E EFETIVA DE PARAFUSOS E BARRAS ROSQUEADAS Diâmetro Passo da Rosca "P" (mm) Área Bruta "Ap" (mm 2 ) Área Efetiva à Tração "Ae" (mm 2 ) 1/2" 1,95 126 91,6 5/8" 2,31 198 146 3/4" 2,54 285 215 7/8" 2,82 388 298 1" 3,18 506 391 1 1/8" 3,63 641 492 1 1/4" 3,63 792 625 1 3/8" 4,23 958 745 1 1/2" 4,23 1140 907 1 3/4" 5,08 1552 1126 2" 5,64 2027 1613 Fonte: manual SIDERBRÁS, Ligações em Estruturas Metálicas. 3.5 RESISTÊNCIA DAS LIGAÇÕES PARAFUSADAS 3.5.1 FORÇA DE TRAÇÃO RESISTENTE DE CÁLCULO DO PARAFUSO Os parafusos estão sujeitos ao esforço de tração F quando atuar uma força de tração no eixo longitudinal do parafuso. FIGURA 4 – VISTA 1 LIGAÇÃO COM CHAPA DE TOPO OU EXTREMIDADE FIGURA 5 – VISTA 2 LIGAÇÃO COM CHAPA DE TOPO OU EXTREMIDADE Obs.: a resistência de parafusos solicitados por tração é simples, porem as ligações como as acima se comportam de maneira mais complexa e a força de tração no parafuso é aumentada devido ao efeito chamado efeito alavanca (prying action). O acréscimo na tração varia de acordo com a espessura da chapa e com a posição dos parafusos na ligação. Este assunto mais complexo é visto em ligações rígidas com considerações de calculo adequadas. Ligações rígidas são aquelas que transmitem força cortante, força normal e momento fletor. - força de tração resistente de calculo de um parafuso. - área efetiva da seção do parafuso - tensão de ruptura a tracao - coeficiente de resistência No caso de barras redondas rosqueadas, a força resistente de cálculo não deve ser superior a . Para os coeficientes e , consultar tabela de coeficientes de ponderação das resistências. 3.5.2 RESISTÊNCIA DE CALCULO AO CISALHAMENTO E CONTATO O comportamento de uma ligação por cisalhamento e contato é o mostrado na figura 6. FIGURA 6– LIGAÇÃO POR CISALHAMENTO E CONTATO A força normal N é transferida, de uma chapa para outra, através do cisalhamento do corpo do parafuso, como ilustra os diagramas da figura 6. Porém, para que este cisalhamento ocorra, é necessário que haja pressão de contato entre a superfície lateral do parafuso e a parede do furo, em ambas as chapas. Em ligações por contato, a força N é considerada igualmente distribuída por todos parafusos da ligação (hipótese simplificada). Podemos estabelecer que existem dois critérios para avaliar a resistência da ligação. 3.5.2.1 1° Critério – Resistência ao Cisalhamento dos Parafusos A força de cisalhamento resistente de cálculo de um parafuso ou barra redonda rosqueada é, por plano de corte, igual a: a) para parafusos de alta resistência e barras redondas rosqueadas, quando o plano de corte passa pela rosca e para parafusos comuns em qualquer situação (A307, A325-N, ISSO 4.6) b) para parafusos de alta resistência e barras redondas rosqueadas, quando o plano de corte não passa pela rosca (A325-X, ISSO 8.8) Onde: é a área bruta, baseada no diâmetro do parafuso ou barra redonda rosqueada com diâmetro . é a resistência à ruptura do material do parafuso ou barra redonda rosqueada à tração. 3.5.2.2 2° Critério – Resistência Da Chapa À Pressão De Contato Nas Chapas De Ligação (Resistência Para 1 Parafuso) A força resistente de cálculo à pressão de contato na parede de um furo, já levando em conta o rasgamento entre dois furos consecutivos ou entre um furo extremo e a borda, é dada por: a) no caso de furos-padrão, furos alargados, furos pouco alongados em qualquer direção e furos muito alongados na direção da força: - quando a deformação no furo para forças de serviço for uma limitação de projeto (consideração especial não bordada) ⁄ - quando a deformação no furo para forças de serviço não for uma limitação de projeto ⁄ Considerar área de contato; área de cisalhamento c) no caso de furos muitos alongados na direção perpendicular à da força:⁄ Onde: é a distância livre, na direção da força, entre a borda do furo e a borda do furo adjacente ou a borda da parte ligada; é o diâmetro do parafuso; é a espessura da parte ligada; é a resistência à ruptura do aço da parede do furo. 3.5.3 ATRITO A figura 7 representa uma ligação, semelhante à figura 6, executada com a utilização de parafusos de alta resistência, e protendidos com uma carga . FIGURA 7 - ARRANJO DOS FUROS Entretanto, o comportamento dos parafusos se altera, uma vez que não ocorre mais o contato de suas superfícies laterais, com as das paredes dos furos. A força N é transferida de uma chapa para outra através da força de atrito , onde é o coeficiente de atrito entre as chapas. A forca de atrito surge a partir da pressão entre as chapas que, por sua vez, é conseqüência da força de protensão , conforme ilustrado pelos diagramas do corpo livre da figura. Em ligações por atrito, a forca N também é considerada igualmente distribuída por todos parafusos da ligação. A força resistente de cálculo de um parafuso ao deslizamento, , deve ser igual ou superior à força cortante solicitante de cálculo no parafuso, calculada com as combinações últimas de ações. O valor da força resistente de cálculo é dado por: ( ) Onde: é a força de protensão mínima por parafuso; é a força de tração solicitante de cálculo no parafuso que reduz a força de protensão, calculada com as combinações últimas de ações; é o número de planos de deslizamento; é o coeficiente de ponderação da resistência, igual a 1,20 para combinações normais, especiais ou de construção e 1,00 para combinações excepcionais; é o coeficiente médio de atrito, definido a seguir: a) 0,35 para superfícies classe A, isto é, superfícies laminadas, limpas, isentas de óleos ou graxas, sem pintura, e para superfícies classe C, isto é, superfícies galvanizadas a quente com rugosidade aumentada manualmente por meio de escova de aço (não é permitido o uso de máquinas); b) 0,50 para superfícies classe B, isto é, superfícies jateadas sem pintura; c) 0,20 para superfícies galvanizadas a quente; é um fator de furo, igual a: a) 1,00 para furos-padrão; b) 0,85 para furos alargados ou pouco alongados; c) 0,70 para furos muito alongados. 3.5.4 TRAÇÃO E CISALHAMENTO Quando ocorrer a ação simultânea de tração e cisalhamento, deve ser atendida a seguinte equação de interação: ( ) ( ) Onde: é a força de tração solicitante de cálculo por parafuso ou barra redonda rosqueada; é a força de cisalhamento solicitante de cálculo no plano considerado do parafuso ou barra redonda rosqueada; e são respectivamente força resistente à tração e ao cisalhamento. TABELA 3.C – FORÇAS DE TRAÇÃO E CISALHAMENTO COMBINADAS Meio de ligação Limitação adicional do valor da força de tração solicitante de cálculo por parafuso ou barra redonda rosqueada ¹⁾ Parafusos ASTM A307 ⁄ Parafusos ASTM A325 ⁄ b ⁄ c Parafusos ASTM A490 ⁄ b ⁄ c Barras redondas rosqueadas em geral ⁄ a é a resistência à ruptura do material do parafuso ou barra redonda rosqueada; é a área bruta, baseada no diâmetro do parafuso ou barra redonda rosqueada, , e é a força de cisalhamento solicitante de cálculo no plano considerado do parafuso ou barra redonda rosqueada. b Plano de corte passa pela rosca. c Plano de corte não passa pela rosca. Fonte: Tabela 11, NBR 8800-2008. 3.5.5 LIMITAÇÕES DE DISTANCIA ENTRE FUROS (PARAFUSOS) TABELA 3.D – DISTÂNCIA MÍNIMA DO CENTRO DE UM FURO-PADRÃO À BORDA. Diâmetro Borda cortada com serra ou tesoura mm Borda laminada ou cortada a maçarico 2) mm pol mm 1/2 16 22 19 5/8 29 22 3/4 32 26 7/8 20 35 27 22 38 c 29 24 42 c 31 1 44 32 1 1/8 27 50 38 30 53 39 1 1/4 57 42 36 64 46 > 1 1/4 >36 1,75 1,25 1) São permitidas distâncias inferiores às desta Tabela, desde que a equação da NBR 8800:2008 aplicável de 6.3.3.3 seja satisfeita. 2) Nesta coluna, as distâncias podem ser reduzidas de 3 mm, quando o furo está em um ponto onde a força solicitante de cálculo não exceda 25 % da força resistente de cálculo. 3) Nas extremidades de cantoneiras de ligação de vigas e de chapas de extremidade para ligações flexíveis, esta distância pode ser igual a 32 mm. Fonte: ABNT NBR 8800:2008 - Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios. 3.5.5.1 Espaçamento mínimo entre furos A distância entre centros de furos-padrão, alargados ou alongados, não pode ser inferior a 2,7 , de preferência 3 , sendo o diâmetro do parafuso ou barra redonda rosqueada. Além desse requisito, a distância livre entre as bordas de dois furos consecutivos não pode ser inferior a . 3.5.5.2 Espaçamento máximo entre furos O espaçamento máximo entre parafusos que ligam uma chapa a um perfil ou a outra chapa, em contato contínuo, deve ser determinado como a seguir: a) em elementos pintados ou não sujeitos à corrosão, o espaçamento não pode exceder 24 vezes a espessura da parte ligada menos espessa, nem 300 mm; b) em elementos sujeitos à corrosão atmosférica, executados com aços resistentes à corrosão, não pintados, o espaçamento não pode exceder 14 vezes a espessura da parte ligada menos espessa, nem 180 mm. 3.5.5.3 Distância mínima de um furo às bordas Furos-padrão A distância do centro de um furo-padrão a qualquer borda de uma parte ligada não pode ser inferior ao valor indicado na Tabela 14, na qual é o diâmetro do parafuso ou barra redonda rosqueada. Furos alargados ou alongados A distância do centro de um furo alargado ou alongado a qualquer borda de uma parte ligada não pode ser inferior ao valor indicado para furos-padrão, dado na Tabela 14, acrescido de , sendo o diâmetro do parafuso e definido como a seguir: a) para furos alongados na direção paralela à borda considerada; b) para furos alargados; c) para furos pouco alongados na direção perpendicular à borda considerada; d) para furos muito alongados na direção perpendicular à borda considerada (se o comprimento do furo muito alongado for inferior ao dado na Tabela 12, o produto pode ser reduzido de uma quantia igual à metade da diferença entre o comprimento dado na Tabela e o comprimento real). TABELA 3. E - FURAÇÃO EM CANTONEIRAS PARA JUNTA SIMPLES BITOLA GAB. PARAFUSO FURO LINHA DE FURAÇÃO Polegada mm C polegada mm A (e) B (s) 1 1/2" 1/8" 38 3 22 1/2" 14,5 25 50 3/16" 5 1/4" 6 1 3/4" 1/8" 45 3 25 1/2" 14,5 25 50 3/16" 5 1/4" 6 2" 1/8" 51 3 30 1/2" 14,5 25 50 3/16" 5 1/4" 6 2 1/2" 3/16" 63 5 35 1/2" 14,5 25 50 1/4" 6 5/16" 8 5/8" 18,0 30 60 3/8" 10 3" 3/16" 76 5 40 5/8" 18,0 30 60 1/4" 6 5/16" 8 3/8" 10 3/4" 22,0 40 70 7/16" 11 4" 1/4" 102 6 55 5/8" 18,0 30 60 5/16" 8 3/8" 10 3/4" 22,0 40 70 7/16" 11 1/2" 13 7/8" 24,0 45 80 9/16" 14 1" 27,0 50 90 5/8" 16 5" 3/8" 127 10 75 3/4" 22,0 40 70 1/2" 13 7/8" 24,0 45 80 5/8" 16 1" 27,0 50 90 6" 3/8" 152 10 90 3/4" 22,0 40 70 1/2" 13 7/8" 24,0 45 80 5/8" 16 1" 27,0 50 90 REFERÊNCIAS ABNT NBR 8800. Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios. Rio de Janeiro, 2008. ABNT NBR 6120. Cargaspara o cálculo de estruturas de edificações. Rio de Janeiro, 1988. ANDRADE P. B.. • Curso Básico de Estruturas de Aço. Belo Horizonte, 2000. http://sistemasestruturais3.pbworks.com/f/EstruturasMetalicas-Cap.3- Perfis_Metalicos_Usuais.pdf EXERCÍCIOS 1) Determinar a carga máxima que suporta a ligação: Dados: - Parafuso ϕ 7/8” – A-325 N. - Chapa de aço ASTM A-572 grau 50, para chapa de 8mm - Chapa de aço ASTM SAC-41, para chapa de 20mm. Pede-se: a) Calcular a resistência de um parafuso nas seguintes condições: - Rosca no plano de corte - Rosca fora do plano de corte - Comparar os valores fornecidos pela tabela b) Calcular a resistência da chapa ao esmagamento c) Concluir sobre a resistência total da ligação d) Calcular os valores de “e” e “s” para que a chapa possua a mesma resistência dos parafusos. 40 mm 75 mm 35 mm 40 mm 70 mm 40 mm 20 mm P/2 P/2 P 2) Projetar a ligação parafusada da treliça a) Projetar a ligação parafusada no ponto A b) Com o auxilio da tabela, determinar a máxima bitola dos parafusos c) Calcular a resistência ao cisalhamento para 01 parafuso d) Calcular o numero de parafusos necessários para cada situação e) Verificar a resistência da chapa ao esmagamento f) Desenhar a ligação com as cotas Dados: Chapa de ligação 8mm; aço MR 250. BARRA TRAÇÃO (kN) BITOLA (mm) PARAFUSO QUANTIDADE 01 120 ┐┌ 50X3 02 100 ┐┌ 45X3 03 180 █ 100X10 Nó A 1 2 3
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