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Sinais Vitais



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Universidade Federal do Pará
Instituto de Ciências da Saúde
Faculdade de Medicina 
Módulo de Habilidades Médicas II
SINAIS VITAIS
 Monitor Michel Holanda
1 - Conceito
Os sinais vitais (ssvv) são indicadores das funções vitais, cujos resultados identificam problemas fisiológicos, orientam o diagnóstico inicial, permitem o acompanhamento da evolução do quadro clínico do paciente, bem como monitorar a resposta do paciente ao tratamento. 
São eles: Pressão arterial, Pulso, Respiração e Temperatura...
Importante
Para uma correta interpretação dos resultados obtidos, é fundamental que se disponham tanto dos instrumentos necessários – estetoscópio, esfigmomanômetro, termômetro e relógio* - bem como das circunstâncias adequadas – local. 
2 – Pressão Arterial
 - É um parâmetro de suma importância na investigação diagnóstica;
 - Obrigatória em toda consulta de qualquer especialidade;
 - Consiste na pressão exercida pelo sangue no interior das artérias;
 - Depende da força desenvolvida pelo ventrículo esquerdo – VE - do coração, do volume sanguíneo e da resistência vascular periférica (artérias);
 - Durante a contração do VE (sístole) a pressão está no seu valor máximo - Pressão sistólica ou máxima;
 - Durante o seu relaxamento (diástole), a pressão está no seu valor mínimo ou basal - Pressão diastólica ou mínima. 
 - É medida em milímetros de mercúrio (mmHg);
 - Embora não haja consenso quanto ao “valor normal”, diz-se que 120/80 mmHg é o valor considerado ideal para um adulto jovem (ver tabela 1);
 - Posição do paciente (em pé, sentado ou deitado), atividade física recente e manguito inapropriado também pode alterar os níveis da pressão;
 - Condições particulares (doença cardíaca, doença renal, diabetes, hipovolemia ou lesão craniana) – alterações nos parâmetros;
 
 - Os equipamentos necessários são:
 1 – Esfigmomanômetro: O tamanho do aparelho depende da circunferência do braço a ser examinado: bolsa inflável do manguito - largura (40% da circunferência do braço) e comprimento (80%). manguitos muito curtos ou estreitos podem fornecer leituras falsamente elevadas. 
Outros Aparelhos
Digital Coluna de Mercúrio
2.1 - Locais para Aferição
 - O local mais comum de verificação da pressão arterial é no membro superior, usando como ponto de ausculta a artéria braquial – radial não é recomendada - embora, em circunstâncias especiais, possa ser realizada nos membros inferiores.
 Pulso Radial Pulso Poplíteo Pulso Pedioso / Tibial posterior
Tabela 1 – Diretrizes Brasileiras de Hipertensão
2.2 - FATORES DETERMINANTES DA PRESSÃO ARTERIAL
Determinada pela relação PA = DC x RP, onde DC é o débito cardíaco e RP significa resistência periférica;
Débito cardíaco (em média de 5 a 6 lts/min): resultante do volume sistólico (VS) multiplicado pela freqüência cardíaca (FC), sendo que o volume sistólico é a quantidade de sangue que é expelida do VE em cada sístole;
Resistência periférica: representada pela vasocontratilidade da rede arteriolar, sendo este fator importante na regulação da pressão arterial diastólica; é dependente das fibras musculares na camada média dos vasos dos vasos, dos esfíncteres pré-capilares e de substâncias humorais como a angiotensina e catecolamina.
Distensibilidade: característica dos grandes vasos, principalmente da aorta que possuem grande quantidade de fibras elásticas. A diminuição da elasticidade da aorta, como ocorre em pessoas idosas, resulta de aumento da pressão sistólica sem elevação da diastólica – PA divergente;
Volemia: interfere de maneira direta e significativa nos níveis da pressão arterial sistólica e diastólica. Hipovolemias (desidratação e hemorragias) → diminuição da pressão arterial.
Viscosidade sangüínea: também é um fator determinante, porém de menor importância; nas anemias graves → pode-se encontrar níveis mais baixos de pressão arterial; poliglobulia → podem estar elevados.
2.3 - Técnica
 - Após a lavagem das mãos, reunir todo o material e dirigir-se à unidade do paciente, orientando-o para o procedimento, o qual deve estar em repouso por pelo menos cinco minutos, em abstenção de fumo ou cafeína nos últimos 30 minutos;
 - O braço selecionado deve estar livre de vestimentas, relaxado e mantido ao nível do coração (aproximadamente no quarto espaço intercostal); 
 - Quando o paciente está sentado, coloca-se o braço por sobre uma mesa; a pressão arterial poderá estar falsamente elevada caso a artéria braquial fique abaixo do nível do coração;
 
- Palpar o pulso braquial, posicionar a bolsa inflável de maneira centralizada por sobre a artéria braquial, sendo que a margem inferior do manguito deve permanecer 2,5 cm. acima da prega anti-cubital; 
 - Prende-se o manguito e posiciona-se o braço de modo que fique levemente fletido.
2.3.1 - Método palpatório
Insufla-se o manguito, fechando-se a válvula e apertando-se a “pera” rapidamente até o desaparecimento do pulso radial, verificando-se o valor e acrescentando-se 30 mmHg a este. Após, desinsufla-se lenta e completamente o manguito até o aparecimento do pulso, o que é considerado a pressão arterial máxima. Desinsufla-se a seguir o manguito rapidamente. O método palpatório só permite a verificação da pressão arterial máxima.
2.3.2 - Método auscultatório
Coloca-se o diafragma do estetoscópio suavemente por sobre a artéria braquial; insufla-se o manguito suavemente até o nível previamente determinado e em seguida desinsufla-se lentamente, à uma velocidade de 2 a 3 mmHg por segundo. Verifica-se o nível no qual os ruídos (de Korotkoff) são auscultados, o que corresponde à pressão arterial máxima. Continua-se baixando a pressão até o abafamento das bulhas e a seguir o desaparecimento completo dos ruídos de Korotkoff, o que corresponde à pressão arterial mínima.
2.4 - Observações
 - Em algumas pessoas, o ponto de abafamento e o de desaparecimento ficam muito afastados, e em raras situações chegam a não desaparecer;
 - A diferença entre a pressão arterial máxima e mínima é chamada de pressão de pulso;
 - Durante a ausculta dos ruídos, pode existir uma ausência temporária dos mesmos, sendo este fenômeno chamado de hiato auscultatório, comum em hipertensos graves a em patologias da válvula aórtica.
variações na posição e na pressão do receptor do estetoscópio interferem com o resultado dos níveis tencionais.
a pressão arterial deve ser medida em ambos os braços. 
as diferenças de pressão acima de 10 mmHg sugerem obstrução ou compressão arterial do lado de menor pressão 
a roupa da paciente não deve fazer constrição no braço 
a presença de arritmias importantes interfere na medida da PA 
em pacientes obesos, a maior circunferência do braço determina níveis pressóricos falsamente elevados - medida da PA no ante-braço, com o estetoscópio sobre a artéria radial. 
em crianças, na determinação da PA diastólica, leva-se em conta a diminuição dos ruídos de Korotkoff, já que o desaparecimento pode não ocorrer.
Exemplo de inadequação na aferição da PA
3 - Pulso
A palpação do pulso é um dos procedimentos clínicos mais antigos da prática médica, e representa também um gesto simbólico, pois é um dos primeiros contato físico entre o médico e o paciente; 
Definido como a onda provocada pela pressão do sangue contra a parede arterial cada vez que o ventrículo esquerdo se contrai. Em locais onde as artérias de grosso calibre se encontram próximas à superfície cutânea, pode ser sentido à palpação;
Locais de verificação: artéria radial, carótidas, braquial, femurais, pediosas, temporal, poplítea e tibial posterior. Nessas artérias pode ser avaliado: o estado da parede arterial, a freqüência, o ritmo, a amplitude e a tensão;
Atentar para a comparação com a artéria contra - lateral. 
3.1 - Procedimento
Lavar as mãos
Orientar o paciente quanto ao procedimento
Colocar o paciente em posição confortável, sentado ou deitado, porém sempre com o braço apoiado
Realizar o procedimentode acordo com a técnica descrita abaixo
Contar durante 1 minuto inteiro**
Lavar as mãos 
Anotar no prontuário
3.1.1 - Pulso radial:
A artéria radial encontra-se entre a apófise estilóide do rádio e o tendão dos flexores, sendo que para palpá-los emprega-se os dedos indicador e médio, com o polegar fixado no dorso do punho do paciente, sendo que o examinador usa a mão direita para examinar o pulso esquerdo e vice versa.
3.1.2 - Pulso carotídeo:
As pulsações da carótida são visíveis e palpáveis medialmente aos músculos esternocleidomastoideos. Para sua palpação, devemos colocar o polegar esquerdo (ou o indicador e dedo médio) sobre a carótida direita e vice-versa, no terço inferior do pescoço, adjacente à margem medial do músculo esternocleiomastoideo bem relaxado, aproximadamente ao nível da cartilagem cricóide.
3.1.3 - Pulso braquial:
Colocar a mão oposta por debaixo do cotovelo do paciente e utilizar o polegar para palpar a artéria braquial imediatamente medial ao tendão do músculo bíceps, sendo que o braço do paciente deve repousar com o cotovelo esticado e as palmas da mão para cima. 
3.2 - Características
FREQÜÊNCIA - A contagem sempre em 1 minuto, sendo que a freqüência varia com a idade e diversas condições físicas. Na primeira infância varia de 120 a 140 bat/min.; na segunda infância de 80 a 100 e no adulto é considerada normal de 60 a 100 bat/min;
Nos valores acima do normal, temos a taquisfigmia e abaixo bradisfigmia; Taquicardia e bradicardia – Termos inadequados, pois nem sempre o número de pulsações periféricas corresponde aos batimentos cardíacos;
Está aumentada em situações fisiológicas como exercício, emoção, gravidez, ou em situações patológicas como estados febris, hipertiroidismo, hipovolemia entre muitos outros;
A bradisfigmia pode ser normal em atletas.
RITMO - É dado pela seqüência das pulsações, sendo que quando ocorrem a intervalos iguais, chamamos de ritmo regular, sendo que se os intervalos são ora mais longos ora mais curtos, o ritmo é irregular – ARRITMIA.
AMPLITUDE OU MAGNITUDE - É avaliada pela sensação captada em cada pulsação e está diretamente relacionada com o grau de enchimento da artéria na sístole e esvaziamento na diástole.
TENSÃO OU DUREZA - Avaliada pela compressão progressiva da artéria. Se for pequena a pressão necessária para interromper as pulsações, caracteriza-se um pulso mole. No pulso duro a pressão exercida para desaparecimento do pulso é grande e pode indicar hipertensão arterial.
4 - Temperatura
Sabemos ser quase constante, a temperatura no interior do corpo, com uma mínima variação, ao redor de 0,6 graus centígrados, mesmo quando expostos à grandes diferenças de temperatura externa, graças à um complexo sistema chamado termorregulador. A mesma é medida através do termômetro clínico.
4.1 - CONTROLE DA TEMPERATURA CORPORAL
O calor produzido no interior do organismo chega à superfície corporal através dos vasos sangüíneos e se difundem através do plexo sub-cutâneo;
O grau de aporte de sangue pela pele é controlado pela constricção ou relaxamento das artérias, sendo que ao chegar na superfície, o calor é transferido do sangue para o meio externo, através de: irradiação, condução e evaporação.
Controle da temperatura realizado pelo chamado centro termorregulador situado no hipotálamo;
Elevação da temperatura → estímulo das glândulas sudoríparas e pela vasodilatação → sudorese → perda importante de calor;
4.2 - LOCAIS DE VERIFICAÇÃO DA TEMPERATURA
Os locais habituais: axila, boca, reto e mais raramente a prega inguinal;
Valores absoluto e relativo. P.ex. temperatura retal maior que a axilar em valores acima de 1 grau, pode ser indicativo de processo inflamatório intra-abdominal;
Na medida oral, o termômetro deverá ser colocado sob a língua, posicionando-o no canto do lábio, sendo contra-indicada em crianças, idosos, pacientes graves, inconscientes, psiquiátricos, portadores de alterações orofaríngeas, após fumar e após ingestão de alimentos quentes ou gelados;
Na temperatura retal, o termômetro deverá possuir bulbo arredondado e ser de maior calibre, sendo contra-indicações para a verificação do método pacientes com cirurgias recente no reto ou períneo ou portadores de processos inflamatórios neste local. É considerada a temperatura mais precisa.
4.3 - MATERIAL - bandeja, termômetro, algodão, álcool e sacos para algodão seco e úmido. 
4.4 - PROCEDIMENTO
Orientar o paciente quanto ao procedimento
Deixar o paciente deitado ou recostado confortavelmente
Limpar o termômetro com algodão embebido em álcool
Enxugar a axila se for o caso, com as próprias vestimentas do paciente
Descer a coluna de mercúrio até o ponto mais baixo, segurando o termômetro firmemente e sacudindo-o com cuidado
Colocar o termômetro na axila, se for o caso, mantendo-o com o braço bem encostado ao tórax
Retirar o termômetro após 5 a 7 minutos
Ler a temperatura na escala
Limpar com algodão embebido em álcool
Anotar no prontuário da paciente
4.5 - VALORES NORMAIS DA TEMPERATURA 
Locais habituais da medida da temperatura corpórea são: a axila, a boca e o ânus, sendo que existem diferenças fisiológicas entre os locais:
Axilar - 35,5 a 37,0 0C; Bucal - 36,0 a 37,4 0C; Retal - 36,0 a 37,5 0C
Hipertermia e Hipotermia. 
FEBRE - Elevação da temperatura – sinal - acima da normalidade, causada por alterações do centro termo regulador ou por substâncias que interferem com o mesmo. Muitas proteínas ou produtos como as toxinas de bactérias causam elevação da temperatura e são chamadas de substâncias pirogênicas.
Outros sinais e sintomas: astenia, inapetência, cefaléia, taquicardia, taquipnéia, taquisfigmia, oligúria, dor pelo corpo, calafrios, sudorese, nauseas, vômitos, delírio, confusão mental e até convulsões, (recém-nascidos e crianças). Síndrome febril. 
SEMIOLOGIA DA FEBRE - As seguintes características da febre devem ser avaliadas: início, intensidade, duração, modo de evolução e término.
INÍCIO - Pode ser súbito, onde percebe-se a elevação brusca da temperatura - com freqüência acompanha-se de sinais e sintomas da síndrome febril - ou pode ocorrer de maneira gradual.
INTENSIDADE - A classificação obedece a temperatura axilar, devendo sempre lembrar que a intensidade também depende da capacidade de reação do organismo, sendo que pacientes extremamente debilitados e idosos podem não responder diante de um processo infeccioso. A intensidade e é assim caracterizada:
febre leve ou febrícula - até 37,5 graus
febre moderada - de 37,5 até 38,5 graus
febre alta ou elevada - acima de 38,5 graus
DURAÇÃO - Característica importante, podendo interferir na conduta médica. É dita prolongada quando a duração é maior do que 10 dias - tuberculose, septicemia, endocardite, linfomas entre outras.
MODO DE EVOLUÇÃO - Dado fornecido pelo paciente ou pela análise diária da temperatura, registrada em gráficos próprios chamados de gráficos ou quadro térmico, cuja anotação pode ser feita duas vezes ou mais por dia.
Febre contínua - aquela que sempre permanece acima do normal, com variações de até 1 grau; exemplo freqüente é a febre da pneumonia
Febre remitente - Hipertermia diária; variações acima de 1 grau; são exemplos a febre dos abcessos, septicemias...
Febre intermitente - Hipertermia é interrompida por períodos de temperatura normal, que podem ser de alguma medida no mesmo dia, ou um ou mais dias com temperatura normal; característica da malária.
Febre recorrente ou ondulante - caracteriza-se por períodos de temperatura normal que duram dias, seguidos de elevações variáveis da temperatura; são encontradas por exemplo nos portadores de neoplasias malignas.
Término - é dito em crise, quando a febre desaparece subitamente, não raro nesses casos acompanhado de sudorese profusa e prostração. 
5 - Respiração
A respiração é a troca de gases dos pulmões com o meio exterior, que tem como objetivo a absorção do oxigênio e eliminação do gás carbônico.
5.1 - FREQÜÊNCIA RESPIRATÓRIA
crianças - 30 a 40 movimentos respiratórios/minuto
adulto - 14 a 20 movimentosrespiratórios/minuto
5.2 - ALTERAÇÕES DA RESPIRAÇÃO
Dispnéia: Respiração difícil, trabalhosa ou curta. Sintoma comum de várias doenças pulmonares e cardíacas; pode ser súbita ou lenta e gradativa.
Ortopnéia: Incapacidade de respirar facilmente, exceto na posição
ereta.
Taquipnéia : respiração acima dos valores da normalidade, freqüentemente pouco profunda.
Bradipnéia : respiração lenta, abaixo da normalidade.
Apnéia: ausência da respiração
5.3 - MATERIAL
Relógio com ponteiro de segundos
Papel e caneta para anotações
5.4 - TÉCNICA
Orientar o paciente quanto ao exame
Não deixar o paciente perceber que estão sendo contados os movimentos 
Contagem pelo período de 1 minuto
Anotar no prontuário 
6 – Considerações Finais
 - Sinais vitais fornecem dados de suma importância para a condução clínica dos pacientes, não devendo, pois, ser negligenciados;
 - Adequação material e ambiental para minimizar falsos resultados;
 - Lembrar que existem outros “Sinais vitais” constituintes do exame clínico, sejam invasivos ou não.