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Patrício Luciano Gaiondo Espectroscopia de raio-X Licenciatura em Ensino de Química, Habilitação em Ensino de Biologia Universidade Púnguè Extensão de Tete 2020 Patrício Luciano Gaiondo Licenciatura em Ensino de Química, Habilitação em Ensino de Biologia Universidade Púnguè Extensão de Tete 2020 O presente trabalho a ser apresentado na cadeira de Química Física II, no curso de Licenciatura em Ensino de Química, Habilitação em Ensino de Biologia, na Universidade Púnguè - Extensão de Tete, como requisito de avaliação parcial, sob orientação de docente: MSc. Otílio Mulandeza Índice 1. Introdução ........................................................................................................................... 5 1.1. Objectivos ................................................................................................................ 5 1.2. 1. Geral ................................................................................................................. 5 1.2.2. Específicos ............................................................................................................ 5 2. Espectroscopia de raios-X .................................................................................................. 6 2.1 Raios-X ......................................................................................................................... 6 2.2. Produção de Raios-X ................................................................................................... 6 2.3. Radiação Sincrotrões ................................................................................................... 8 3. Princípios básicos da espectroscopia de raio X .................................................................. 9 3.1. Princípios Básicos de XAS e XPS ............................................................................... 9 3.2. Princípio Básico de XPS – O Efeito Fotoelétrico ...................................................... 11 4. Espectroscopia de absorção de raios-X ............................................................................ 13 4.1 XAS ............................................................................................................................ 13 4.2 Física de XAFS ........................................................................................................... 14 4.2. Espectroscopia de fotoemissão de raios-X ................................................................ 16 4.3.Teoriocamente ......................................................................................................... 17 4.4. A fluorescência de raios X e seus princípios físicos .................................................. 17 5. XRF e suas aplicações ...................................................................................................... 18 6.Aplicação prática-determinação de estruturas de substâncias ........................................... 19 6.1. Fluorescência de raios-x ............................................................................................ 19 6.2. Espectroscopia de fluorescência de Raio-X aplicada a identificação elementar de amostra .............................................................................................................................. 20 6.4. Fluorescência de raios-X com dispersão por comprimento de onda ......................... 21 6.5.As primeiras aplicações dos raios-x ............................................................................ 21 6.6. Interpretação da Radiação X .................................................................................. 21 Conclusão ............................................................................................................................. 23 Referências bibliográficas .................................................................................................... 24 1. Introdução O presente trabalho debruçará acerca de espectroscopia de raio-X. Os raios-X são uma forma de radiação eletromagnética localizada entre a radiação ultravioleta (comprimentos de onda maiores) e os raios gama (comprimentos de onda menores) no espectro eletromagnético. Pós possui frequências >3 x 1018s−1. Rontgen descobriu os raios-X em novembro de 1895, em seu laboratório da universidade de Wursburg, na Alemanha, por meio de estudos de radiação por descargas de elétrodos em tubos de vidro a vácuo. Os raios X interagem com a matéria em, principalmente, duas formas diferentes, dependendo de sua energia e da composição do material. São elas: Absorção Fotoelétrica: é aquela na qual o fótões de raios-X é absorvido e toda sua energia é transferida para um elétron. Acontece principalmente com raios X moles. Espalhamento Comptão: é uma forma de espalhamento inelástico, onde o fótões incidente perde energia para, por exemplo, um elétron, e a radiação espalhada tem então um comprimento de onda maior do que o da radiação incidente. É o mecanismo predominante em raios X duros, e é o utilizado para gerar imagens médicas. 1.1. Objectivos 1.2. 1. Geral Conhecer a espectroscopia de raio x Conhecer os princípios básicos da espectroscopia de raio x 1.2.2. Específicos Identificar a origem dos raios X; Descrever a produção dos raios x Identificar a aplicação dos raio x 2. Espectroscopia de raios-X 2.1 Raios-X Os raios-X são uma forma de radiação eletromagnética localizada entre a radiação ultravioleta (comprimentos de onda maiores) e os raios gama (comprimentos de onda menores) no espectro eletromagnético. Tipicamente, suas energias estão na faixa entre 100 eV e 100 keV, apesar de algumas aplicações industriais e medicinais utilizarem raios X com energias da ordem e 1 MeV. Raios X com energias de até 5 keV são chamados de raios-X moles, e com energias acima disso, de raios-X duros. Essa radiação possui comprimento de onda comparável ao tamanho dos átomos, energia suficientemente grande para ionizar moléculas e ainda tem um grande poder de penetração, o que faz com que seu uso seja bem variado tanto do ponto de vista científico quanto aplicado. Os raios X interagem com a matéria em, principalmente, duas formas diferentes, dependendo de sua energia e da composição do material. São elas: Absorção Fotoelétrica: é aquela na qual o fótões de raios-X é absorvido e toda sua energia é transferida para um elétron. Acontece principalmente com raios X moles. Espalhamento Comptão: é uma forma de espalhamento inelástico, onde o fótões incidente perde energia para, por exemplo, um elétron, e a radiação espalhada tem então um comprimento de onda maior do que o da radiação incidente. É o mecanismo predominante em raios X duros, e é o utilizado para gerar imagens médicas. 2.2. Produção de Raios-X Rontgen descobriu os raios-X em novembro de 1895, em seu laboratório da universidade de Würsburg, na Alemanha, por meio de estudos de radiação por descargas de eletrodos em tubos de vidro a vácuo. Porém, como a forma de obtenção de raios-X desenvolvidas por Röntgen era trabalhosa, e inviável comercialmente, em 1912 W. D. Coolidge nos laboratórios da General Electric em Nova York desenvolveu um novo tubo, onde elétrões eram produzidos em um filamento incandescente e subsequentemente acelerados na direção de um ânodo metálico resfriado por água, obtendo uma potência máxima em torno de 1kW. A produção dos raios X é explicada do seguinte modo: os elétron emitidos pelo cátodo são fortemente atraídos pelo ânodo, e chegam a este com grande energia cinética. Chocando-se com o ânodo, eles perdem a energia cinética, e cedem energia aos elétron que estão nos átomos do ânodo. Estes elétronsão então acelerados. E acelerados, emitem ondas eletromagnéticas que são os raios X. Já tínhamos visto, que os raios X são ondas eletromagnéticas de comprimento de onda muito pequeno. Propriedade dos raios X Sendo ondas eletromagnéticas, os raios X possuem todas as propriedades gerais dessas ondas, que o leitor já conhece para o caso da luz: Sofrem reflexão, refração, interferência, difração, polarização. Propagam-se em linha reta, com velocidade igual à da luz. Tornam fluorescentes muitos corpos sobre os quais incidem, como por exemplo, platino cianureto de bário (e por esta propriedade que permitiu sua descoberta). Provocam ação química em certas substâncias. Por exemplo, impressionam chapas fotográficas. Esta propriedade é muito mais intensa nos raios X que na luz, porque, como eles têm menor comprimento de onda, têm maior energia que a luz. Eles impressionam chapas fotográficas mesmo quando elas estão protegidas por superfícies que a luz não atravessa, como por exemplo, caixas de papelão, ou papel preto, etc.. Atravessam grandes espessuras de materiais. A facilidade maior ou menor com que os raios X atravessam as substâncias depende do comprimento de onda dos raios X, da espessura da substância e do seu peso atômico. Os raios X de menor comprimento de onda, da ordem de 0,01A, têm maior facilidade para penetrar nos corpos: são chamados raios X duros. Ionizam as moléculas dos gases por onde passam, isto é, arrancam elétrons dessas moléculas.Como são ondas eletromagnéticas, e, portanto, não têm carga elétrica, não são desviados por campo elétrico, nem por campo magnético. Fonte: J. Als-Nielsen, D. Mcmorrow, 2.3. Radiação Sincrotrões Vários aspectos de uma fonte de raios-X determinam a qualidade do feixe de raios-X produzido. Estes aspectos podem ser combinados em uma única qualidade, denominada brilhancia, a qual permite comparar a qualidade dos feixes de raios-X de diferentes fontes. Primeiramente, têm-se o número de fotõess emitidos por segundo (fótões/s), em seguida a colimação do feixe (dada em mili radianos=mrad). Isto descreve quanto o feixe está divergindo, ao se propagar. Em terceiro, considera-se a área da fonte (mm2), por sua relevância para focar o feixe. E finalmente, existe a relevância da distribuição espectral. Algumas fontes de raios-X produzem espectros bem suaves, outras têm picos até certas energias dos fotõess. Então ao se comparar a brilhancia de diferentes fontes, é importante considerar qual é a faixa de energia dos fotõess que está contribuindo para medida de intensidade. É convencionado então definir a faixa de energia do fóton como a energia relativa fixa da largura de banda (BW), a qual foi escolhida em 0,1%. Juntando estes aspectos, define-se a brilhancia como: Brilhancia= 𝐹𝑜𝑡õ𝑒𝑠/𝑠 (𝑚𝑟𝑎𝑑)2. (𝑚𝑚2−á𝑟𝑒𝑎).(𝑜,1% 𝐵𝑊) A ilustração da figura a seguir contém um histograma da evolução das fontes de raios-X. Brilho das fontes de raio-X em função de tempo 3. Princípios básicos da espectroscopia de raio X 3.1. Princípios Básicos de XAS e XPS Os princípios básicos das espectroscopias de absorção e fotoeletrônica de raios-X (XAS e XPS) e seus principais equipamentos e métodos de tratamento de dados utilizados são introduzidos. A XPS permite a investigação da superfície, sendo principalmente usada na investigação de mudanças química e estrutural dos elementos presentes na superfície do material estudado. A XAS fornece informações do volume (bulk) da amostra e sonda a ordem a curto alcance ao redor do átomo de interesse. Os exemplos descritos mostram que essas técnicas são complementares na caracterização de materiais. Para a caracterização da superfície dos sólidos inorgânicos, vários métodos espectroscópicos e microscópicos são utilizados, uma vez que o estudo das propriedades superficial tem grande importância para diversas áreas, tais como catálise heterogênea, semicondutores, mecanismos de corrosão, atividade de superfícies metálica, propriedades ácidas de óxidos mistos, estudos e comportamento de membranas biológicas, cerâmicas, vidros etc. Dentre as técnicas espectroscópicas, a de fotoelétrons excitados por raios-X (X-Ray Photoelectron Spectroscopy, XPS, também conhecida por Electron Spectroscopy for Chemical Analysis, ESCA) é uma das mais utilizadas. Esta técnica fornece dados sobre a composição atômica da superfície, a identificação elementar, o estado químico e o número de coordenação dos átomos locados próximos a superfície da amostra. A técnica espectroscópica de elétrons Auger3 (Auger Electron Spectroscopy, AES) é empregada na análise qualitativa da superfície dos sólidos; outras técnicas espectroscópicas também podem ser utilizadas como a espectroscopia fotoeletrônica no ultravioleta4 (Ultraviolet Photoelectron Spectroscopy, UPS), a espectrometria de massa de íões secundários5 (Secondary Ion Mass Spectrometry, SIMS), a espectrometria de massa de microssonda laser6 (Laser Microprobe Mass Spectrometry, LMMS) e a microssonda eletrônica7 (Electron Microprobe, EM). As técnicas de XPS e XAS tornaram-se mais populares nas últimas décadas devido aos recentes avanços tecnológicos, tais como o desenvolvimento de instrumentação e de “softwares” necessários para a obtenção e processamento dos dados e também, à ampliação do conhecimento dos princípios físicos envolvidos e da matemática envolvida, que levaram a uma análise e interpretação mais precisa dos dados experimentais. As análises por XPS necessitam que a superfície investigada esteja livre de gases absorvidos, por isso o desenvolvimento de sistemas de ultra-alto vácuo (UHV) foi de grande importância. No caso da técnica de XAS, a utilização da luz síncrotron11 possibilitou um grande salto no uso dessas técnicas, uma vez que a fonte de luz síncrotrão gera elétrões de alta energia (E > 1 GeV12), essencial para se obter espectros com uma boa relação sinal/ruído. 3.2. Princípio Básico de XPS – O Efeito Fotoelétrico O princípio básico da técnica de XPS (espectroscopia fotoeletrônica de raios-X) é o efeito fotoelétrico que pode ser explicado através do diagrama de níveis de energia mostrado na abaixo. A energia transportada por um fotão de raios-X (hν) é absorvida pelo átomo alvo, levando a origem do estado excitado, que é relaxado pela emissão de um fotoelétrão (ionização de átomo) proveniente das camadas eletrônicas mais internas (cerne) do átomo. A energia cinética Ec do fotoelétrão que deixa o átomo alvo depende da energia do fótão incidente, hν, e é expressa pela lei fotoelétrica de Einstein, Ec = hν - E1 – ϕ, onde El é a energia de ligação do fotoelétrão com relação ao nível de Fermi e ϕ é a função-trabalho do espectrômetro, que é um fator que corrige o meio eletrostático em que o elétron é formado e medido [14]. Em XPS mede-se a intensidade de fotoelétrões N(E) como função de suas energias cinéticas (Ec). Uma técnica torna-se sensível à superfície se a radiação a ser detectada não “viajar” mais do que algumas camadas atômicas (0,5 a 3,0 nm) através dos sólidos. Os elétrões com energia cinética entre 10 e 1500 eV são ideais ao estudo de superfícies, pois seus caminhos livres médios nos sólidos são daquela ordem. Em XPS, os fotoelétrões possuem energia cinética na faixa de 100 a 1400 eV, e quando gerados próximos a superfície tornam esta técnica bastante adequada ao estudo da superfície de sólidos. As energias de ligação são não somente específicas para cada elemento como também contêm informações químicas, pois os níveis de energia dos elétrões de caroço dependem fracamente do estado químico do átomo. Estes deslocamentos químicos estão tipicamente no intervalo de 0 – 3 eV. Estes deslocamentos químicos podem ser explicados assumindo que a atração do núcleo por um elétron interno é diminuída pela presença de outros elétrões. Quandoum desses elétrons é removido, a carga efetiva sentida por um elétron interno é aumentada, ocorrendo assim um aumento nas energias de ligações [10, 18, 19]. A análise das energias de ligação do material deve ser acompanhada da análise de um padrão para que sejam avaliados os deslocamentos químicos oriundos de outros efeitos, tais como o carregamento nas superfícies isolantes e as variações na função-trabalho, cuja teoria ainda não esta bem estabelecida. Os picos fotoelétricos são superpostos por um fundo (background). Este background resulta de fotoelétrões produzidos dentro do ânodo da fonte de raios-X, que estiveram sujeitos a um ou mais processos de espalhamento inelástico antes de serem emitidos da superfície. Este espectro mostra picos provenientes de uma amostra contendo vários componentes suportados sobre alumina, utilizando radiação do ânodo de magnésio. Nota-se que as interferências por superposição de picos são insignificantes, pois os picos tendem a ser bem separados, até mesmo no caso de elementos adjacentes na tabela, como pode se obervar na figura abaixo. 4. Espectroscopia de absorção de raios-X A espectroscopia de absorção de raios-X (XAS) é conhecida desde 1920 quando Fricke e Hertz, de maneira independente, realizaram as primeiras experiências de XAS, embora não tenham apresentado uma descrição satisfatória para o fenômeno. Em 1930, Krones desenvolveu corretamente as ideias fundamentais, mas a interpretação permaneceu confusa até meados de 1970, quando Sayers, Stern e Lytle formularam a teoria que permanece aceita até hoje. Até meados dos anos 80, a utilização de XAS era limitada pela baixa energia das fontes de radiação contínua. 4.1 XAS XAS é uma ferramenta única para estudar, em escalas atômica e molecular, a estrutura local em torno do um elemento selecionado que está contido em um material. XAS pode ser aplicado não apenas a cristais, mas também a materiais que possuem pouca ou nenhum ordenamento de longo alcance: sistemas amorfos, vidros, quasi-cristais, filmes desordenados, em estudos biológicos, biofísicos, médicos, engenharia, ciência dos materiais e geologia. A quantidade básica medida com XAS é o coeficiente de absorção μ(E) de raio-X, que descreve quão fortemente os raios-x são absorvidos como função da energia E dos raios-X. Geralmente μ(E) decresce suavemente à medida que a energia aumenta, ou seja, o raio-X torna-se mais penetrante. O termo “XAS” é amplo e compreende diversas técnicas diferentes: XAFS (X-ray Absorption Fine Structure) e esta podem ser divididas em EXAFS (Extended X-ray Absorption Fine Structure) e XANES (X-ray Absorption Near Edge Structure), NEXAFS (Near Edge XAFS), e SEXAFS (Surface EXAFS). 4.2 Física de XAFS XAFS é um fenômeno intrinsicamente quantu-mecânico que é baseado no efeito fotoelétrico de raio-X, no qual o raio-X incidente em um átomo contido em uma amostra é absorvido e libera elétrons de um orbital interno do átomo. O fotoelétron criado neste fenômeno pode se propagar como uma onda esférica. Neste caso, a onda de fotoelétron é espalhada pelos átomos vizinhos do átomo absorvedor de raio-X, criando interferências entre a função de onda parte retroespalhada pelos átomos vizinhos com a função de onda emitida pelo estado inicial. Assim, o estado final do elétron é oscilante devido à interferência ocorrida entre o estado inicial e final deste. A figura ilustração esquemática da absorção de um fótão por um átomo seguida da interação das funções de onda do fotoelétrão espalhado pelos átomos vizinhos com o fotoelétrão emitido pelo átomo absorvedor. Na medida de XAFS é possível obter o coeficiente de absorção da amostra em função da energia do fóton incidente, e esta grandeza é proporcional à probabilidade de transição eletrônica. Quando um feixe de raios-X de intensidade I0 atravessa uma amostra de espessura x, ele é atenuado ao ser absorvido pelos átomos da amostra, de modo que a intensidade transmitida I1 é dada pela lei de Beer-Lambert: Onde μ(E) é o coeficiente de absorção e E a energia do fóton incidente. Em quase todas as energias de raio-x, o coeficiente de absorção é uma função suave da energia, com um valor que depende da densidade da amostra ρ, número atômico Z e número de massa A, conforme a relação: O espectro de XAFS é tipicamente dividido em três regimes: região de pré-borda, região de borda de absorção, e as transições para o estado do contínuo que é subdividida em região de XANES e região de EXAFS. Região de pré-borda: refere-se a transições eletrônicas com absorção de energia menor que a energia de ligação, as quais ocorrem apenas quando o átomo absorvedor possui estados desocupados ou parcialmente desocupados. Tais transições têm poucas probabilidades e, portanto, produzem somente pequenas oscilações no espectro de absorção. A posição exata do pico depende de detalhes de estado de oxidação, sítio de simetria e da natureza da ligação; Borda de absorção: região caracterizada pelo aumento abrupto da absorção quando a energia absorvida é suficiente para retirar elétrons do átomo absorvedor; Transições para o estado do contínuo: correspondem a absorção de energias maiores que a energia de ligação, ocorrendo transições para o estado do contínuo, não localizados no átomo absorvedor e o excesso de energia é carregado pelo fotoelétron na forma de energia cinética. Esta região é subdividida em: a) Região de XANES: está compreendida na faixa de até 50eV acima da borda de absorção, a qual apresenta variações estreitas e intensas da absorção. O espectro XANES trabalha na região onde o comprimento de onda do fotoelétrão é da ordem das distâncias interatômicas e, portanto, o seu livre caminho médio é longo o suficiente para que possam ocorrer espalhamentos múltiplos antes que ele retorne ao átomo central. b) Região de EXAFS (Extended X-ray absorption fine structure): a absorção de energia ocorre na faixa de 50 a 1000eV acima da borda de absorção e apresenta oscilações mais suaves na absorção. Ilustração do sinal XAFS pelo coeficiente de absorção em função da energia dos fótons incidentes 4.2. Espectroscopia de fotoemissão de raios-X A espectroscopia de fotoemissão de raios X é um dos métodos experimentais mais importantes no estudo da estrutura eletrônica de moléculas, sólidos e superfícies. Vários fenômenos importantes em física atômica, molecular e do estado sólido foram compreendidos através desse método, além de ele ter implicações práticas em campos como química de superfícies e ciências dos materiais. 4.3.Teoriocamente A técnica de PES é fundamentada no efeito fotoelétrico, no qual elétrões são ejetados de um átomo quando o mesmo é exposto à radiação com frequência suficientemente alta. Ilustração de fotoelétrico A equação que governa este fenômeno não é nada mais do que uma equação de conservação de energia, escrita como: Em que Ec, v e Ф são, respectivamente, a energia cinética máxima com a qual um eletrão pode ser ejetado, a frequência da luz incidente e a função trabalho do material, e h é a constante de Planck. 4.4. A fluorescência de raios X e seus princípios físicos A XRF é uma técnica elementar não destrutiva capaz de realizar a análise e as determinações quantitativa e qualitativa da concentração de elementos em uma ampla variedade de tipos de amostras, em que suas aplicações incluem análises químicas de elementos em ciências ambientais, arqueologia, analise de meteoritos, análises biológicas e materiais, perfil de profundidade química em filmes finos e mapeamento químico. Basicamente, essa análise ´e feita e baseada em princípios físicos da fluorescência X, simples e bem conhecidos, de que os elementos químicos emitem radiações características quando submetidos a uma excitação adequada. A produção de radiação X experimentalmente no laboratório pode sergerada através do impacto de radiações de alta energia a partir de um tubo de raios X ou de uma fonte radioativa. Resumidamente, durante esse processo, a radiação de fluorescência emitida por um determinado elemento químico da amostra, ´e facilmente identificado devido a sua faixa de energia característica para emissão de raios X. Enquanto a concentração química pode ser obtida através da intensidade do pico gerado no espectro da amostra analisada. 5. XRF e suas aplicações Atualmente as instrumentações que se baseiam em técnicas de raios X passaram a ser protagonistas no estudo de inúmeras aplicações de diversas áreas e deixaram de ser apenas utilizadas para a realização de diagnósticos m´edições. Com o desenvolvimento do conhecimento científico e tecnológico, a XRF começou a chamar a atenção de diferentes áreas em virtude do alto potencial que a t´técnica possui de fornecer informações de maneira não destrutiva. Desse modo, a XRF passou a ser empregada em pesquisas em ciências ambientais relacionadas à determinação de elementos químicos em ´aguas contaminadas e ´aguas naturais e também em estudos vinculados a análises de metais em solos. Além disso, na Botânica, ´e possível ver a técnica de XRF sendo utilizada na classificação de algumas espécies, géneros e famílias de plantas, além da possibilidade de analisar e determinar a presença de cobre e molibdênio em plantas. Em outras áreas, temos exemplos de aplicações em arqueologia sendo utilizada em análises de peças de ouro e em estudo de fluídos mineralizadores em depósitos epitermais. Além disso, ainda existem aplicações em arqueometria na análise de peças e acervos culturais. Em Geociência, é possível fornecer a determinação de compostos químicos em materiais geológicos. Através da técnica de XRF também é possível realizar a análise de elementos químicos presentes em amostras de meteoritos. Além disso, através da espectroscopia de XRF, é possível obter dados qualitativos e quantitativos relacionados respectivamente a possibilidade de colher dados referentes a concentração e percentagem de elementos químicos presente na amostra. A XRF tem se apresentado como uma t´técnica extremamente promissora e que vem trazendo bons resultados em áreas diversificadas e atualmente a XRF está cada vez mais encontrando seu caminho em diferentes campos de pesquisa científica. Assim, é possível inferir que a utilização da fluorescência de raios X pode ser considerada uma ferramenta de extrema relevância no estudo de materiais sólidos e líquidos. 6.Aplicação prática-determinação de estruturas de substâncias 6.1. Fluorescência de raios-x A análise por fluorescência de raios-X pode ter fins qualitativos ou quantitativos e se baseia na medição das intensidades dos raios-X característicos emitidos pelos elementos que constituem a amostra, quando excitada por partículas como electrões, protons ou íons produzidos em aceleradores de partículas ou ondas eletromagnéticas, além do processo mais utilizado que é através de tubos de raios-X (MELO JÚNIOR, 2007). A primeira evidência da aplicação de raios-X para análise elementar foi descrita por BARCKLA no começo do século passado, a partir da observação dos espectros característicos de raios-X (RIBEIRO, 2006). Figura: esquema dos componentes internos de um espectro de fluorescencia de raios – X Em 1907, BARCKLA e C. A. SADLER descobriram que a radiação secundária é homogênea e que a radiação proveniente de elementos mais pesados pode ser de dois tipos característicos. BARCKLA deu aos dois tipos de emissões características os nomes de série K (para as emissões mais penetrantes) e série L (para as menos penetrantes). E mostraram que estas radiações características eram emitidas somente após um elemento pesado ter sido exposto à radiação X "mais dura" que suas próprias emissões características. Esta descoberta foi a primeira indicação de que emissões de raios-X são monocromáticas (CBPF, 2013). 6.2. Espectroscopia de fluorescência de Raio-X aplicada a identificação elementar de amostra Quando um determinado material é bombardeado por um feixe de radiação de alta energia (raios-X e γ), ele absorve os fotons que possuem energia suficiente para excitar principalmente os electrões das camadas atômicas mais internas, que ao retornarem ao estado fundamental, emitem fótons de energia igual à diferença energética entre dois níveis atômicos (LACHANCE, 1993), denominada radiação característica. A fluorescência é caracterizada pela emissão de luz por um átomo excitado por qualquer razão que não seja apenas de origem térmica e por um tempo de emissão de aproximadamente 10-8 segundos após a excitação (BLACK, 1965). Figura: Exemplo de Difratogramas de Amostras Calcinadas Entre 110 a 1200 °C. Fonte: (ANJOS et al., 2000) 6.4. Fluorescência de raios-X com dispersão por comprimento de onda A fluorescência de raios-X com dispersão por comprimento de onda, desenvolveu-se nos meados da década de 60 (IAEA, 1999). No WDXRF usam-se cristais que difratam os raios- X, dependendo do comprimento de onda em ângulos que estão sujeitos a sua energia (Lei de Bragg). Com um arranjo mecânico adequado, a radiação da amostra chega ao detector de forma monocromática. Existem equipamentos seqüenciais e simultâneos (IAEA, 1999). A difração dos raios-X característicos é a essência da análise química em espectrômetros do tipo WDXRF, pois permite a separação da radiação secundária através do espalhamento em ângulos distintos, permitindo analisar a composição química dos materiais. O sistema de detecção é sequencialmente posicionado, com auxílio de um goniômetro preciso, em ângulos de espalhamento calculados pela equação de Bragg. Para a determinação analítica desses metais, pode-se citar as técnicas colorimétrica, espectrometrias de absorção atômica, de fluorescência atômica, de fluorescência de raios-X, de emissão atômica e de massa. As técnicas de espectrometria atômica são extensivamente empregadas para a quantificação de espécies metálicas em baixas concentrações (PEREIRA & ARRUDA, 2003). 6.5.As primeiras aplicações dos raios-x Cerca de 2 anos apenas após os trabalhos pioneiros de Roentgen, a primeira e imediata aplicação dos raios-x era a visualização das estruturas ósseas. Os raios-x permitiam a aplicação da fotografia para fins médicos e clínicos. A anatomia humana (e a de animais) jamais tinha sido investigada dessa forma, ainda mais com pessoas vivas, saudáveis ou não. As primeiras radiografias as áreas clínicas foram feitas em um hospital de Birmingham (Inglaterra) em fevereiro de 1896.45 Ainda naquele ano hospitais já dispunham de departamentos de radiologia. As imagens de raios-x não eram reconhecíveis de modo imediato. A interpretação exigia treinamento do médico ou operador. 6.6. Interpretação da Radiação X Antigamente era comum a confusão que se fazia entre raios-x e os raios catódicos. Não apenas os jornais usavam indistintamente esses dois termos, mas também alguns físicos. É importante salientar que a caracterização da natureza dos raios catódicos (feixe de partículas de carga elétrica negativa – os eletrões) foi fruto do trabalho de Joseph John Thomson, cerca de 2 anos após a descoberta dos Raios-X por Roentgen. Em busca de uma explicação para tal fenômeno, diversas hipóteses foram levantadas, como: Os Raios-X eram ondas eletromagnéticas transversais de pequeno comprimento de onda, semelhantes à radiação ultravioleta; Esses raios seriam ondas eletromagnéticas longitudinais (hipótese levantada pelo próprio Roentgen); A radiação X corresponderia a pulsos não periódicos de radiação eletromagnética; Os Raios-X eram de natureza corpuscular, formados por raios catódicos modificados (neutros). Depois de extensivos experimentos, a polêmica foi decidida favoravelmente à primeira hipótese. Quando, em 1905, Albert Einstein(1879-1955) propôs a ideia do fotão de energia, um conceito que admitia um caráter corpuscular para a luz, foi possível calcular o comprimento de onda associado aos raios-x, mas evidências experimentais concretas de seu caráter corpuscular só surgiriam na década seguinte: em 1912, Max von Laue (1879-1960) e seus estudantes Walter Friedrich (1883-1968) e Paul Knipping (1883-1935) descobriram a difração dos raios-x em cristais de sulfeto de zinco (ZnS), uma experiência definitiva para o estabelecimento do caráter ondulatório dessa radiação. Atualmente sabe- se que s raios-x possuem alta energia e são radiações ionizantes, como as emissões nucleares (radiação gama). Os raios-x não emitidos por desequilíbrio nuclear são considerados fontes artificiais de radiação. O comprimento de onda da luz visível é mil vezes maior que o dos raios-x. Conclusão No presente trabalho conclui-se que: Os raios-X são uma forma de radiação eletromagnética localizada entre a radiação ultravioleta (comprimentos de onda maiores) e os raios gama (comprimentos de onda menores) no espectro eletromagnético. A descoberta dos raios-x representou um dos grandes feitos da inteligência humana no final do século XIX, tendo uma repercussão imediata em todo o mundo. Em paralelo aos esforços de interpretação da radiação x, muitas especulações foram feitas, vindo a causar um grande interesse e fascínio nos cientistas e nos cidadãos comuns. Embora a reação em geral tenha sido de deslumbramento com aquela nova radiação, outras posturas foram observadas, mostrando uma relação de repulsa ou de medo/insegurança pessoais. Para estudar, em escalas atômica e molecular, a estrutura local em torno do um elemento selecionado que está contido em um material, usa-se a técnica de XAS sigla em inglês (X- Ray Absorption Spectroscopy). XAS pode ser aplicado não apenas não apenas a cristais, mas também a materiais que possuem pouca ou nenhum ordenamento de longo alcance: sistemas amorfos, vidros, quasi-cristais, filmes desordenados, em estudos biológicos, biofísicos, médicos, engenharia, ciência dos materiais e geologia. Referências bibliográficas G. Bunker, Introduction to XAFS, (2010); M.Newville, Fundamentals of XAFS, Consortium for Advanced Radiaton Sources, University of Washington (1995); E. A. Ster. Xray Absorption. John Wiley & Sond, (1988) F. M. F de Groot e A. Kotani, em Core Level Spectroscopy of Solids (Taylor and Francis, 2008). ANGELUCCI, S.; DIANA, M.; FERRETTI, M.; GUIDO, S.; MOIOLI, P.; PALMIERI, A. The Bizantine door in the basilica of St. Paul out of the walls in Rome: compositional study of the alloys and interpretation of the results in view of its restoration. In: METAL 2001, Santiago. Proceedings… Santiago: [s.n.], 2004. p. 104-111. (Seminário realizado em Santiago, de 2 a 6 de abril de 2001). 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