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DOS TRATADOS INTERNACIONAIS Gabriel Werner Malkiewiez. Introdução As Pessoas Jurídicas de direito internacional podem realizar transações para estipular regras acerca de um determinado assunto, sendo que tais deliberações ficam conhecidas como tratados internacionais. Nas palavras de Roberto Caparroz: Os tratados são acordos internacionais escritos e concluídos, firmados por pessoas dotadas de personalidade jurídica internacional (Estados e Organizações) e compostos de um ou mais instrumentos, independentemente de sua denominação específica. (CAPARROZ, 2012, p. 29). Neste segmento, um dos principais momentos para os tratados interacionais, foi a Convenção de Viena sobre os Tratados, do ano de 1969, onde se estabeleceram os instrumentos que regem os tratados internacionais, assim explica Carla Noura Teixeira: A partir das transformações na sociedade internacional com a consolidação das organizações internais como sujeitos de Direito Internacional, buscou-se a codificação do direito dos tratados, o que resultou na Convenção de Viena sobre Direito dos tratados de 1969, aplicável aos tratados entre Estados. (TEIXEIRA, 2013). De acordo com o estipulado pela convenção, o nome designado ao instrumento não interfere na matéria tratada no acordo, não havendo distinção de nomenclatura, devendo-se se ater as vontades dos assinantes, conforme elucida Roberto Carrapoz: A Convenção de Viena declara que o nome do instrumento utilizado é irrelevante para sua qualificação jurídica, de sorte que os tratados representam a vontade soberana dos signatários qualquer que seja a designação adotada. Nesse sentido, as expressões acordo, tratado, convenção, protocolo e compromisso, entre tantas outras, devem ser consideradas como equivalentes e qualquer distinção entre elas tem apenas função didática ou acadêmica. (CAPARROZ, 2012, p. 29). Tem-se também que, a Convenção de Viena foi ratificada pelo Congresso Nacional, através do Decreto Legislativo n. 496/2009 e proclamada pelo Decreto n. 7.030/2009. O tratado encontra conceituação no Decreto por último mencionado, onde em ser artigo 2º, na Expressões empregadas, 1, alínea “a”, dispõe que “tratado significa um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica”. CLASSIFICAÇÃO DOS TRATADOS Há na doutrina variações acerca das classificações dos Tratados Internacionais, tendo classificações mais simplificadas e classificações mais detalhadas, onde se analisa os vários componentes do acordo. A classificação mais simples pode se apontar como sendo que se verifica a quantidade de partes que estão transacionando este acordo, conforme explica Paulo Borba Casella: Várias classificações têm sido utilizadas para os tratados. A mais simples é a que os divide conforme o número de partes contratantes, ou seja, em bilaterais (quando celebrado entre duas partes) ou multilaterais, quando as partes são mais numerosas. (CASELLA, 2012, P. 156) Entretanto, conforme exposto anteriormente, os tratados internacionais podem ser classificados levando-se em consideração a matéria do acordo realizado. Tal classificação ganhou notoriedade após a Emenda Constitucional n. 45/2005, que estipulou novas tramites para a vigência de um tratado internacional no ordenamento jurídico pátrio, nas palavras de Roberto Carrapoz: A grande distinção em relação à matéria veiculada pelos tratados decorre da novidade promovida pela Emenda Constitucional n. 45/2004, que alterou a forma de ingresso no ordenamento pátrio dos acordos que disponham sobre direitos humanos. Assim, tratados que consagrem direitos humanos ainda não previstos pelo Brasil podem ser trazidos para o altiplano da Constituição, desde que aprovados mediante maioria qualificada de 3/5 dos membros do Congresso Nacional, idêntico ao previsto para as emendas constitucionais. Outra classificação encontrada acerca dos tratados, versa sobre os efeitos jurídicos deste. Tal distinção já se encontra em desuso, onde se verificava, em síntese, o número de acordante e os objetivos do contrato. Veja o diz Paulo Borba Casella: Ainda quanto ao aspecto da natureza jurídica, a doutrina, sobretudo de língua alemã, no século XIX e início do XX, ainda propunha a divisão em tratados- contratos e tratados-leis ou tratadosnormativos, em que os tratados-leis seriam, em geral, os celebrados entre muitos estados com o objetivo de fixar normas de direito internacional (as convenções multilaterais como as de Viena seriam exemplos perfeitos desse tipo de tratado). Seguindo essa classificação ultrapassada, os tratados-contratos procurariam regular interesses recíprocos dos estados, isto é, regular interesses, geralmente de natureza bilateral. Grifei. (CASELLA, 2012, p. 157). Também nesse sentido explica Roberto Carrapoz: O Supremo Tribunal Federal já adotou a distinção entre tratados-norma e tratados-contrato, embora a doutrina seja quase unânime em afirmar que a classificação encontra-se obsoleta. Conforme a visão esposada pelo STF, os tratados-norma seriam aqueles aptos a criar regras jurídicas, em geral comuns às partes, sem contraprestação específica pelos Estados, enquanto os tratados-contrato representariam acordos com benefícios recíprocos, de cunho comercial, econômico ou financeiro. (CARRAPOZ, 2012, p. 32). REQUESITOS DOS TRATADOS Verifica-se ainda, que para que o tratado realizado tenho efeitos, ele deve observar os requisitos mínimos para tanto, bem como, enquanto perdurar o seu vigor, deverá ter seu cumprimento realizado dentro dos ditames da boa-fé, assim explica Paulo Borba Casella: Para que um tratado seja considerado válido, é necessário que as partes (estados ou organizações internacionais) tenham capacidade para tal (1.3.2.2.1.); que os agentes estejam habilitados (1.3.2.2.2.); que haja consentimento mútuo (1.3.2.2.3.); e que o objeto do tratado seja lícito e possível (1.3.2.2.4.). A Convenção de Viena sobre direito dos tratados, de 1969, em seu artigo 26, prevê que “todo tratado em vigor obriga as partes e deve ser cumprido de boa- fé”. (CASELLA, 2012, p. 158). Um dos requisitos que maior notoriedade para a realização de um acordo internacional, é manifestação do consentimento de vontade por parte do reprensente da personalidade jurídica internacional, sendo que esta manifestação ocorrer por meios variados, veja-se o que nos explica Roberto Carrapoz: A manifestação do consentimento sobre o texto final do tratado constitui o ato mais importante do direito internacional. O consentimento pode ocorrer por meio de assinatura, troca dos instrumentos constitutivos do tratado, ratificação, aceitação, aprovação ou adesão, ou, ainda, por quaisquer outros meios decididos pelas partes. (CARRAPOZ, 2012, p. 37). Por fim, para que o tratado realizado tenha vigência plena, é necessário que seja registrado junto ao Secretariado da organização que organizou o acordo, sendo que não ocorrendo este registro e sua posterior publicação, o acordo realizado não poderá ser invocado pelas partes frente a algum descumprimento, nesse sentido elucida Paulo Borba Casella: A Carta das Nações Unidas determina, em seu artigo 102, que todo tratado ou acordo internacional concluído por qualquer Membro deverá, logo que possível, ser registrado no Secretariado e por este publicado, acrescentando que nenhuma parte num tratado não registrado poderá invocá-lo perante qualquer órgão das Nações Unidas. A Convenção de Viena endossou esta regra (art. 80), com duas pequenas modificações que em nada alteram o seu espírito, mas, ao contrário, o completam. Assim, o parágrafo segundo acrescenta que a designação de depositário constitui autorização para este praticar o registro, com isto eliminando pequenadúvida. O artigo também evita falar em membro das Nações Unidas, visto que a obrigatoriedade do registro também incumbe a qualquer organização que eventualmente assine tratado. (CASELLA, 2012, p. 167). CONCLUSÃO Diante do exposto, viu-se que o Tratados Internacionais, estando de acordo com as exigências para sua validade, se mostram um importante instrumento de cooperação entre as personalidades jurídicas internacionais, proporcionando que se realizem acordos pacificando eventuais conflitos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CASELLA, Paulo Borba. Manual de direito internacional público. 20. edição. São Paulo: Saraiva, 2012. CAPARROZ, Roberto. Direito internacional público. (Coleção saberes do direito ; 55) São Paulo: Saraiva, 2012. TEIXEIRA, Carla Noura. Direito Internacional: público, privado e dos direitos humanos. 4 edição. São Paulo: Saraiva. 2013.
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