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Aula 05 Filosofia p/ ENEM 2017 Professor: Raphael de Oliveira Reis 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 1 AULA 05: Módulo III: A Filosofia na História Parte III SUMÁRIO PÁGINA 1. Pensamento Filosófico no século XIX 3 2. Pensamento Filosófico no século XX 12 3. Resumo 24 4. Exercícios 26 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 2 Lista de e-mail: goo.gl/JlOYv9 Instagram: profraphaelreis Facebook: Professor Raphael Reis Youtube: Don Raphael Reis E-mail: profraphaelreis@gmail.com 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 3 1 Pensamento Filosófico no século XIX Embora seja mais cobrado os pensadores da Idade Moderna (XVI-XVIII) nas últimas provas do ENEM, sempre aparece alguma questão dos pensadores do século XIX e XX. Então, vamos juntos em mais uma aula para percorrer mais uma etapa importante em sua preparação para o ENEM. Aqui, encerraremos uma jornada de 25 séculos da Filosofia na História! O século XIX é caracterizado por uma reflexão filosófica variada. Alguns filósofos mantiveram-se no caminho de seus antecessores (os iluministas), confiando na razão e no progresso humano. Outros reagiram contra o predomínio da razão e teceram novas problemáticas e críticas. Com a Revolução Francesa (1789-1799) ficou marcada a Idade Contemporânea no Ocidente, porque a partir dela se construiu uma sociedade diferente do que a anterior, fundamentada nos valores de igualdade, liberdade e fraternidade. Embora tenham participado vários grupos sociais no período da revolução, os valores burgueses se sobressaíram. A burguesia se consolidou como classe e passou a ser uma classe dirigente, implementando gradativamente um novo modelo de sociedade. Além da Revolução Francesa, tivemos a Revolução Industrial (1760-1850), que modificou a organização econômica e consolidou o sistema capitalista. As antigas formas de produção como as corporações de oficio foram substituídas por uma nova racionalidade: as fábricas e suas máquinas. Novas fontes de energia como o carvão, a eletricidade e o petróleo surgiram. Depois vieram o uso do aço, a locomotiva, o motor a gasolina (automóvel), motor a diesel (avião), o telégrafo, o telefone, a fotografia, o cinema, o rádio, a televisão. Estas inovações tecnológicas causaram grande impacto no pensamento do século XIX e XX, reforçando a confiança na razão e no progresso da humanidade , gerada no período do racionalismo e do iluminismo – a ciência era vista como a principal condutora para um caminho melhor para a sociedade . 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 4 No entanto, nem tudo foi “mil maravilhas”. Com a consolidação do capitalismo e dos avanços tecnológicos apareceram vários problemas sociais e novas indagações no pensamento filosófico e sociológico. Um deles foi a exploração do trabalho humano e o aumento das desigualdades sociais. O operariado vivia de forma miserável, com horas extenuantes de trabalho (chegando a trabalhar até 18 horas diárias), péssimas condições de moradia, baixa remuneração, sem garantias, sem direitos e sem liberdade. No século XX, a produção em massa (consumo) e as novas tecnologias da comunicação (principalmente rádio e televisão) ocuparam debates calorosos. No contexto do século XIX surgiram algumas correntes do pensamento filosófico que iremos destacar a seguir: 1. Romantismo Em resumo, o roma ntismo foi um movimento cultural e filosófico crítico à visão racionalista. Criticavam que a dimensão dos sentimentos do ser humano não era levada em consideração na sociedade industrial, mecanizada . Os pensadores denominados “românticos”, em linha geral, enfatizavam a subjetividade, as emoções, a natureza e os valores patrióticos . A intuição e os sentimentos contra a supremacia da razão. A natureza era vista como força vital como resposta ao mundo urbano- industrial que se expandia. A concepção de Deus, que era sobretudo explicada pela razão suprema iluminista passa a ser entendida através de uma concepção emocional e mística, porque Deus fala a linguagem do coração , e não da razão. O nacionalismo, amor fervoroso pela pátria, incentiva a valorização da língua materna, das tradições, dos valores individuais. Na literatura, o alemão Goethe foi um expoente. Em sua obra mais referenciada, “Fausto”, mostrou um indivíduo erudito (personagem Fausto) que sempre estava insatisfeito com o que conhecia. Fez um pacto com Mefistófeles (o diabo), vendendo sua alma em troca da satisfação de seus desejos de 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 5 conhecimento e poder. Para muitos críticos literários, essa obra é uma metáfora crítica a sua sociedade, fundamentada na confiança do progresso científico. Na música, os expoentes do romantismo foram Beethoven e Chopin. Na filosofia não podermos dizer que houve uma corrente do romantismo, mas sim certas características em alguns pensadores. Jean-Jacques Rousseau é considerado um pré-romântico , porque tinha reservas à crença do progresso científico e via no estado de natureza um ser humano puro, bom. Outro filósofo que recebeu influência do romantismo foi Hegel, que reteve o aspecto do nacionalismo, do amor à pátria e da valorização do Estado em sua filosofia. Contudo, Hegel era um crítico do sentimentalismo romântico . 1.2 Positivismo No mesmo contexto surge o pos itivismo, que se opõe ao romantismo . O positivismo é uma doutrina filosófica fundamentada na confiança do progresso científico, criada por um conhecido nosso das aulas de sociologia, Auguste Comte (1798-1857). O positivismo valorizava as ciências positivas (sobretudo o método das ciências da natureza), estruturadas nos fatos concretos e na experiência, recusando as discussões metafísicas. O conhecimento para Comte era baseado em fatos observáveis. Era crítico daquilo que ele chamou de filosofia “negativa” ou abstrata (Rousseau, Voltaire, Kant), propondo-se a inaugurar uma filosofia “positiva”, comprometida com a realidade, a utilidade, a certeza, a precisão e a organização. Havia um culto a ciência e ao método científico, como caminho para o progresso da sociedade . O método da filosofia social (sociologia) era a pesquisa das leis gerais, com objetivo de prever os fenômenos naturais e agir sobre os mesmos . As transformações deveriam seguir o progresso, mas mantendo a ordem social – como já dissemos na aula de sociologia, estas ideias irão influenciar várias sociedades, inclusive a nossa no período republicano – basta ver o lema de nossa bandeira “Ordem e Progresso”. Recentemente, o discurso positivista 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. RaphaelReis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 6 voltou a ganhar destaque, por exemplo, sendo o lema do governo de Michel Temer. Comte elaborou a Lei dos Três Estados da evolução histórico-cultural da humanidade: 1) Teleológico: explicações religiosas são predominantes. 2) Metafísico ou abstrato: explicações filosóficas que procuraram entender a constituição dos seres. 3) Positivo: estágio definitivo da evolução racional, para entender os fenômenos do mundo por meio do raciocínio e da observação. Comte propunha a necessidade de uma reorganização completa da sociedade , porque a Revolução Francesa teria destruído uma série de valores da sociedade tradicional europeia. Portanto, era preciso regenerar as ideias, as opiniões e os costumes, isto é, uma reestruturação intelectual dos indivíduos . Assim, era necessária uma reforma intelectual, depois moral e por fim, política, reestabelecendo a ordem e o progresso na sociedade capitalista. É uma visão considerada conservadora de sociedade. Defendia a exploração industrial e a divisão social do trabalho. A divisão da sociedade em classes (empresários e operários) era considerada indispensável para o bom funcionamento da sociedade. 1.3 Friedrich Hegel (1770-1831): o idealismo absoluto Uma outra corrente foi o idealismo absoluto, bem diferente do positivismo e próximo em alguns aspectos do romantismo . Surgiu no final do século XVIII e se desenvolveu na primeira metade do século XIX, tendo como principal nome o filósofo Hegel. A doutrina idealista é marcada pela concepção de que o sujeito tem um papel mais determinante do que o objeto no processo de conhecimento . Neste sentido, na Antiguidade tivemos Platão que valorizava a teoria das ideias; na Idade Moderna Descartes, que valorizou a autonomia do ser pensante; e no Iluminismo Immanuel Kant, que estabeleceu o conhecimento a priori do sujeito. 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 7 Hegel vai ser referência no idealismo absoluto, a partir de sua concepção de que tudo que é real é racional e que o racional é real . A racionalidade é o fundamento de tudo que existe, sendo o ser humano a manifestação mais elevada dessa razão. Vimos em aulas passadas que para Hegel a realidade é uma espécie de “espírito”, com atuar constante. O movimento do real é entendido como devir, isto é, aquilo que está se realizando e continua se realizando . O movimento da realidade apresenta momentos que se contradizem, sem, no entanto, perder a unidade do processo, que leva a um crescente aperfeiçoamento. Isso se dá através do movimento dia lético do real constituído pela tese, antítese e síntese . Esse movimento abstratamente é dado através de um espiral, movimento circular que não se fecha. A cada final, a síntese se transforma numa nova tese de um movimento posterior e mais avançado . Nesta perspectiva, a história é o desdobramento do espírito objetivo, do espírito absoluto , cujo é a realização da liberdade humana na sociedade. Manifesta-se no direito, na moralidade e na ética, englobando família, sociedade e Estado. Para Hegel, o Estado político é o momento mais elevado do espírito absoluto, de modo que o indivíduo só existe como membro do Estado . Portanto, a História seria o desdobramento do movimento constante do espírito no tempo . A história é uma evolução contínua da ideia de liberdade, que se desenvolve racionalmente. Para ele, todas as coisas existentes , mesmo as piores como, por exemplo, as guerras, fazem parte de um plano racional e tem um sentido dentro do processo histórico , porque fazem surgir uma etapa superior. Este pensamento foi criticado por vários pensadores, devido ao conformismo e a passividade perante as injustiças sociais. 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 8 1.4 Karl Marx (1818-1883) A priori, Marx fará parte de um grupo denominado de “neo-hegelianos de esquerda”, seguindo uma das principais figuras desta corrente, Ludwig Feuerbach. Depois romperá com as ideias hegelianas e “inverterá” suas concepções filosóficas ao desenvolver suas concepções. Diferente de Hegel, Marx passou a defender que a filosofia deveria partir do ser concreto (sujeito como construção social), isto é, a realidade material determina as representações e conceitos. Assim, para Marx o idealismo hegeliano era uma farsa, pois pretende entender o real como manifestação de uma razão absoluta . A visão da história marxista foi chamada de materialismo histórico , pois suas reflexões parte da história concreta dos seres humanos, a partir das condições materiais nas quais eles vivem e se organizam . O ser humano não pode ser considerado de forma abstrata como consideravam os pensadores Hegel, Feuerbach, Proudhon, Schopenhauer, Kierkeggaard. Em resumo, para Marx as formas como os indivíduos se comportam, pensam, agem e sentem está associado as relações sociais que, por sua vez, são determinadas pela forma de produção da vida material. Ou seja, a estrutura (como os seres humanos trabalham e produzem os meios necessários para a sustentação material das sociedades) determina a superestrutura (ideologia, ideias, religião, cultura, política, etc.). Se para Hegel, o movimento dialético é um instrumento da legitimação da realidade existente, no pensamento de Marx, a dialética leva a possibilidade de negação da realidade, que pode ser transformada pela ação humana – a História não anda sozinha, guiada por uma razão ou espírito, mas é feita pelas ações humanas . Marx, assim como Hegel, tem uma concepção evolucionista da humanidade, embora os pontos de partida sejam bem diferentes. Para Hegel, isso se dá no movimento contínuo do espírito absoluto. Para Marx, através das mudanças de etapas dos modos de produção . 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 9 O modo de produção é a maneira como a produção material se apresenta em determinado desenvolvimento social. O modo de produção é constituído pelas forças produtivas (força de trabalho humano e meios de produção) e pelas relações de produç ão (relações de trabalho). Assim, nesta concepção, tivemos os seguintes modos de produção: comunismo primitivo, escravismo, feudalismo e o capitalismo. Para Marx, a passagem de um modo de produção para o outro se dá quando as forças produtivas entram em contradição com as relações sociais de produção. Exemplo: quando as forças produtivas no sistema capitalista se desenvolveram, isto é, o surgimento de máquinas principalmente, a relação de trabalho (servidão e manufatura das corporações de ofício) entraram em contradição, impedindo a produção. Dessa forma, uma nova relação de trabalho se fez necessária: o assalariamento. Para concretizar as transformações há ações de determinado grupo social que se tornam revolucionários em determinado período. No caso do feudalismo para o capitalismo, foi a burguesia o agente revolucionário, através das suas revoluções: francesa, industrial e outras que aconteceram ao longo do século XIX . Por fim, destaco que para Marx a luta de classes é o motor da história. A classe revolucionária que impulsionaria as transformações do sistema capitalista parao socialismo seria o proletariado. 1.5 Friedrich Nietzsche (1844-1900) O filósofo alemão Nietzsche realizou uma crítica radical da tradição filosófica e dos valores fundamentais da civilização ocidental (massificação, visão de mundo burguesa, conservadorismo cristão, etc.). Influenciou vários filósofos existencialistas, sendo considerado um pré- existencialista. Diferente da maioria dos filósofos escreveu suas reflexões sob a forma de aforismos, isto é, uma sentença curta que exprime um conceito, um conselho ou um ensinamento. Escreveu sobre diversos temas: religião, moral, artes e ciências. 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 10 Nietzsche teve influência do pensamento de Schopenhauer (1788-1860), o qual tecia críticas a filosofia de Hegel, por este legitimar as formas de governo e instituições, como se o Estado fosse um estágio avançado do progresso. Para Schopenhauer , a História não é racionalidade e progresso, mas sim acaso cego e enganoso. Defendia também que tudo no mundo depende do sujeito, portanto, o mundo e suas coisas são representações, são ilusões. Dessa forma, alcançar a essência das coisas só era possível através do insight intuitivo, no qual a arte pode contribuir com o desprendimento da individualidade do sujeito em imersão pura e plena no objeto . Além disso, Schopenhauer entendia que a essência do mundo é a vontade de viver , uma espécie de impulso cego sem fundamentos ou motivos. No ser humano, essa vontade é o desejo consciente, o qual não satisfeito, provoca sofrimento e, se satisfeito, provoca tédio , por já ter conquistado o que era desejado. Assim, para ele, a vida oscila como um pêndulo entre o sofrimento e o tédio . A visão pessimista de Schopenhauer vai decepcionar Nietzsche , que passará a ser um crítico contundente de seu conterrâneo, porque a vontade de viver vai além de um conjunto de pulsões sem outra finalidade que não seja a vida, mas também um impulso de afirmação da vida na direção de uma transcendência criadora, em direção a uma plenitude existencial . Outra crítica de Nietzsche é com a tradição filosófica a partir de Sócrates, que teria negado a intuição criadora da filosofia dos pré- socráticos. Vai distinguir dois princípios: o apolíneo , em referência ao deus grego Apolo que representava a razão, a clareza e a ordem e o dio nisíac o, em referência ao deus grego da aventura, da fantasia, da desordem. Para o filósofo alemão, estes dois princípios são complementares, mas foram separados na Grécia socrática que optou pela supremacia da razão – o mundo é uma mescla de turbulências e complexidades. Além da crítica a Schopenhauer e a tradição filosófica, Nietzsche faz uma crítica intensa aos valores morais . Para ele, o bem e o mal não são noções absolutas , porque estes são elaborados conforme os interesses humanos, 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 11 portanto, são produtos histórico-culturais. Essas noções são impostas pelas religiões principalmente. A tradição judaica e cristã define o bem e o mal como se fossem vontade de Deus, ou seja, como valor absoluto . Essas noções são absorvidas pelas pessoas gerando sentimentos de dever, culpa, dívida e pecado. Isso gerou uma sociedade de indivíduos medíocres, tímidos, sem criatividade e submissos. Por isso, ele vai cunhar a expressão “moral de rebanho”, para mostrar a submissão irrefletida de grande parte das pessoas aos valores dominantes da civilização cristã e burguesa . Qual conclusão ele quer passar com esta crítica aos valores morais? Que se cada pessoa se der conta de que os valores presentes em sua vida são construções humanas, estará no dever de refletir sobre suas concepções morais e questionar o valor de seus valores , enfrentando o desafio de viver por sua própria conta e risco. A partir da Idade Média quando o cristianismo começa a deixar de ser a única explicação possível de mundo, devido a retomada racional nas reflexões filosóficas e o avançar da investigação científica, seus valores absolutos também foram colocados em xeque , o que levou ao niilismo, isto é, expressão afetiva e intelectual da decadência. Nesta perspectiva, Nietzsche decreta a morte de Deus , entendida como um acontecimento histórico-cultura l, cujos fundamentos transcendentais fundamentados na ideia de Deus foram destruídos . Portanto, para combater o niilismo provocado por essa mudança, Nietzsche defende valores afirmativos da vida, capazes de expandir as energias latentes em nós, sem conformismo, resignação ou submissão. 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 12 2 Pensamento Filosófico no século XX O século XX produziu muitas reflexões filosóficas e como não poderia ser diferente, bem distinta do século XIX. Uma das características da fi losofia do século XX é que muitas certezas desmoronaram . O projeto da modernidade idealizado pelo Iluminismo do século XVIII (confiança na razão e a ideia de progresso) se esvaiu . De modo geral, boa parte dos pensadores do século XVIII e XIX eram entusiastas do conhecimento técnico-científico; valorizavam o poder da razão; muitos apostavam na industrialização como benefício para a humanidade; havia uma valorização da pátria; o socialismo pretendia a construção de uma sociedade mais justa; os liberais acreditavam que a industrialização levaria a uma melhor qualidade de vida para a maioria das pessoas, etc. Entretanto, essas esperanças não se concretizaram. O século XX ficou conhecido também como a Era das Incertezas (confira meu artigo publicado no site do Estratégia ENEM sobre o sociólogo polonês Zygmunt Bauman e sua reflexão sobre “Modernidade Líquida”). Uma das primeiras mudanças significativas no início do século XX é o surgimento da psicanálise com Freud (lembra que já vimos alguns conceitos sobre consciência e inconsciente?). A psicanálise valoriza os processos inconscientes que guiariam determinados comportamentos, o que debilita a hegemonia da razão nos assuntos humanos. Somado a isso, na física, tivemos a teoria da relatividade, com Einstein. Os métodos das ciências naturais também passaram por questionamentos. A irracionalidade atingiu dimensões inimagináveis com as duas grandes guerras. A Guerra Fria provocou tensão mundial devido a possibilidade do uso de armas atômicas e de destruição em grande proporção. Por outro lado, após a 2ª Guerra Mundial, a tecnologia voltou a dar esperanças: telescópios potentes, 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 13 naves espaciais capazes de explorar outros planetas, surgimento do computador e da internet. Contudo, passada a euforia, essas tecnologias fizeram avançar a corrida armamentista, não contribuiu para a diminuição das desigualdades sociais e o meio ambiente cada vez mais é uma agenda preocupante, devido ao esgotamento dos recursos naturais para a sociedade do consumo. Neste contexto (XX) surgem algumas correntes filosóficas que iremos analisar neste capítulo: o Existencialismo, a Fenomenologia,a Filosofia Analítica, a Escola de Frankfurt e o Pensamento Pós-Moderno. 2.1 Existencialismo A existência humana é o ponto de partida das reflexões dos pensadores considerados existencialistas, que começou com os chamados pré- existencialistas (Schopenhauer, Kierkeggaard e Nietzsche). Os existencialistas de maior notoriedade no campo filosófico foram Martin Heidegger, Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir e Karl Jasper. A principal indagação é: o que é existir? Em linhas gerais, para esses pensadores existir implica a relação do ser humano consigo mesmo, com outros seres humanos, com os objetos culturais e com a natureza , portanto, são relações diversas, interativas e concretas. Algumas dessas relações são determinadas (socialmente) e outras indeterminadas (aquelas que resultam de nossa liberdade ou do acaso, podendo ou não acontecer) . Algumas concepções importantes do existencialismo: Ser humano É entendido como uma realidade em construção, imperfeita, aberta e inacabada. Liberdade humana Não é plena, devido às circunstâncias históricas, mas os sujeitos podem superar ou não os obstáculos que lhes aparecem. 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 14 Vida humana É preciso encarar as adversidades da vida e encarar a existência, que é marcada pela dor, injustiça, fracasso, sofrimento, angústia, etc. Outro aspecto importante que influenciou os filósofos existencialistas é a fenomenologia . Esta foi desenvolvida pelo filósofo alemão Edmund Husserl (1859-1938). Para ele a consciência não é uma realidade essencial, mas sim um movimento que se realiza na direção dos objetos. A consciência de algo sempre manifesta uma intencionalidade , um modo específico de enxergar as coisas. Traduzindo, os objetos e as coisas são abordados em função de alguma intenção do sujeito . Nesta perspectiva, os fenômenos (coisas que aparecem) através dos sentidos ou à consciência devem ser analisados e descritos rigorosamente, para se buscar como a experiência é formada pelo indivíduo. Essas questões fizeram com que houvesse uma retomada as origens da filosofia, que refletia sobre o ser, sua origem e sua essência (ontologia ou metafísica). Martin Heidegger (1889-1976 ) retoma as reflexões ontológicas: por que há algo e não nada? Esta indagação coloca um problema central da filosofia que, para ele, era sobre o ser e a existência de tudo. Haveria uma distinção entre ente e o ser . O primeiro é a existência e o segundo é a essência . Assim, sua preocupação era entender o ser em seu conjunto. Ao procurar o sentido do ser ele tece 3 etapas que caracterizam a vida humana, as quais, para a maioria dos indivíduos culminam em uma existência inautêntica : o fato da existência: o ser humano é lançado ao mundo sem saber o motivo, sem ter pedido para nascer. o desenvolvimento da existência: existir é construir um projeto, o ser procura realizar aquilo que ainda não é. destruição do eu: ao tentar construir o seu projeto, o ser humano é confrontado com as adversidades, que podem fazer com que se desvie de seu 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 15 caminho existencial. Trata-se do confronto do eu com os outros, no qual o indivíduo comum é derrotado. O seu eu é destruído, arruinado e dissolve-se nas preocupações da massa humana. Ao invés de tornar si-mesmo, torna-se o que os outros são. Como podemos notar, Heidegger não é nada otimista. A existência inautêntica leva a angústia , porque o eu é dissolvido e absorvido pelas banalidades ou por outras pessoas. Na angústia, o ser caminha para o nada, um ser para a morte . Para superar este estado, o filósofo alemão vai dizer que o indivíduo precisa enfrentar o seu sentimento e transcender o mundo e a si mesmo, conferindo sentido ao seu ser. 2.1.1 Jean-Paul Sartre (1905-1980) Talvez o maior expoente do existencialismo foi Sartre. Teve a influência da fenomenologia de Husserl e da filosofia de Heidegger. Critica a concepção de potência de Aristóteles, na qual o ser é ato (aquilo que ele é) e potência (aquilo que ele poder vir a ser). Para Sartre, o ser é o que é, é um ente em si . Ou seja, o indivíduo não é ativo nem passivo, não é afirmação nem negação, mas simplesmente repousa em si. Faz uma distinção entre ente em-si e o ente para-si. O ente em-si representa a plenitude do ser enquanto o ente para-si está voltado para fora, é o não-ser, é o nada. Então, nesta visão, uma característica tipicamente humana é o nada, entendi do como algo singular, que faz de nós um ente não estático, aberto às possibilidades de mudança . Sartre vai defender que se o ser humano fosse um ser em-si, isto é, pleno, total, não poderia ter consciência (espaço aberto a múltiplos conteúdos) nem liberdade (possibilidade de escolha). Desta forma, o ser vai existindo em sua existência, por meio de suas escolhas; o indivíduo constrói a si mesmo e torna- se responsável pelo que faz. Não há para Sartre uma natureza humana, mas sim uma condição humana, qual seja, o conjunto de limites que esboçam a situação fundamental no universo do ser. 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 16 Portanto, o não-ser vai existindo e sua condição humana é um exercício da liberdade que move o ser humano , que gera as incertezas, a produção dos sentidos, que impulsiona a superação dos limites e que confere sentido a sua existência. Assim, é a liberdade humana que leva o indivíduo a ter de definir o que pretende ser como pessoa, a avaliar o impacto de suas escolhas e ser responsável por elas . Numa expressão clássica dele “o ser humano está condenado a ser livre”. 2.1.2 Filosofia Analítica A filosofia analítica, como vimos na aula sobre linguagem, procurou esclarecer o sentido das palavras e expressões (conceitos e enunciados) de um discurso. Para estes, muitos problemas filosóficos não passariam de equívocos ou mal-entendidos originados do uso ambíguo ou incerto das palavras e construções linguísticas. Os dois expoentes mais conhecidos desse movimento foram Bertrand Russel (1872-1970) e Ludwig Wittgenstein (1889-1951). Russel desenvolveu suas reflexões no campo dos estudos lógico- matemáticos, sendo considerado como aquele que mais contribuiu desde Aristóteles com as formulações lógicas. Para ele, “toda matemática pura advém dos princípios da lógica pura”. Detectou que através dos erros de linguagem é que são constituídos os falsos problemas . Para evitá-los é necessário investigar, fazer uma análise lógica profunda, se os conceitos e proposições linguísticas estão de acordo com o que realmente se está falando ou afirmando. Já Wittgenstein , afastou-se das concepções de Russel, no que que se refere a análise lógica da linguagem, desenvolvendo os jogos de linguagem. Neste, a linguagem não poderia ser a captura conceitual da realidade e a representação real do objeto . Ela seria antes uma atividade, um jogo. Os jogos da linguagem adquirem significado no uso social , nas diversas interações nas quais as palavras ganham sentidos diferentes dependendo do contexto. A linguagem, para ele, determina a concepção da 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof.Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 17 realidade e não o contrário . Os jogos de linguagem são produzidos socialmente e não individualmente. Dessa forma, o entendimento dos termos linguísticos não pode ser explicado pela a análise lógica, porque não é uma pintura da realidade, sendo entendida somente pelo uso social . Concluiu que não se trata de usar a linguagem como falsa ou verdadeira, mas, sobretudo, entender o uso adequado da linguagem como uma ferramenta, conhecendo os seus limites e calando-se diante do que não pode ser falado . 2.1.3 Escola de Frankfurt Uma das correntes que mais se destacaram no século XX foi a Escola de Frankfurt, que reuniu um grupo de pensadores alemães em torno do Instituto de Pesquisa Social de Frankfurt, a partir da década de 1920. A preocupação comum desse movimento foi refletir os diversos aspectos da vida social: economia, psicologia, história, antropologia, etc. A base do pensamento foi um diálogo crítico com a teoria marxista e com a teoria freudiana. Outros autores também vão influenciar os pensadores da Escola de Frankfurt como, por exemplo, Hegel, Kant e Max Weber. A Escola de Frankfurt ficou conhecida como teoria crítica e os seus principais nomes foram: Theodor Adorno (1903-1969), Max Horkheimer (1895- 1973), Walter Benjamin (1892-1940), Jurgen Habermas (1929), Hebert Marcuse (1898-1979), Erich From (1900-1980). Um tema central foi analisar a sociedade de massa , na qual o avanço tecnológico foi colocado a serviço dos interesses e da reprodução do sistema capitalista , ao mesmo tempo em que o consumo e os diversos entretenimentos passaram a ser promovidos pela lógica capitalista como forma de diluir os problemas sociais. Horkheimer e Adorno voltam a tecer críticas ao projeto iluminista, que confiava na razão e no progresso técnico-científico. Para os dois pensadores o que aconteceu foi uma domina ção tecnológica das pessoas . É uma razão controladora e instrumental, que opera a dominação tanto da natureza 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 18 como do próprio ser humano . Deturpa as consciências individuais e assimilam os indivíduos no sistema dominante. Bem, você pode estar se perguntando: “mas essas críticas não são as mesmas do que a teoria marxista?” Sim, mas há duas diferenças principais, a saber: a análise de domina ção cultural (não somente do ponto de vista econômico) e a desesperança de alguma consciência revolucionária no proletariado – este também foi assimilado pelo sistema capitalista seja através das conquistas trabalhistas ou pela alienação de suas consciências promovida pela Indústria Cultural . O conceito de Indús tria Cultural foi cunhado e difundido por Adorno e Horkheimer para designar a indústria da diversão em massa, veiculada pela televisão, cinema, rádio, música, revistas, jornais e propagandas. Por meio dela, há a homogeneização dos comportamentos e massificação das pessoas . As produções culturais não são pensadas de forma crítica, mas sim a agradar o grande público e gerar lucro. Diferente de Adorno e Horkheimer, Walter Benjamim vai adotar uma postura mais otimista no que se refere a Indústria Cultural. Para ele, a arte dirigida às massas pode servir como instrumento de politização . Na medida em que a arte é acessível a todos com o desenvolvimento das técnicas de reprodução, poderia haver uma democratização da cultura e um processo crítico. Outro pensador (ainda vivo), Jurgen Habermas , também discordou de vários pontos (uso da razão, verdade, cultura e democracia) de Adorno e Horkheimer. Se para estes dois a razão emancipatória estava sufocada pela lógica capitalista, que teria absorvido a consciência do proletariado, Habermas vai defender que esta postura de uma crítica radical a modernidade poderia levar ao irracionalismo e a um projeto de sociedade esvaziado, sem perspectiva . Para ele, o projeto da modernidade ainda não se concretizou e há um potencial para a racionalização do mundo. Devido a esta postura, Habermas rompeu com a Escola de Frankfurt e é considerado o “último grande racionalista”. Habermas também fez críticas a vários pontos da teoria marxista, como a centralidade do trabalho e a identificação do proletariado como 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 19 agente de transformação , elaborando uma nova perspectiva centrada na razão e na ação comunicativa, que se fundamenta no diá logo e na argumentação entre os agentes interessados em determinada situação . A ação comunicativa , isto é, o uso da linguagem e da conversação como meio de conseguir o consenso será uma de suas propostas . Defende que a verdade seja entendida como uma verdade intersubjetiva (entre sujeitos diversos) e não mais como uma adequação do pensamento à realidade ou de uma verdade subjetiva. No diálogo de ação comunicativa há regras: a não contradição, a clareza de argumentação e a falta de constrangimentos de ordem social. Nesta perspectiva, tanto verdade como razão deixam de ser valores absolutos, mas construção consensual entre as partes. Esse diálogo é aperfeiçoado na prática democrática. Dessa forma, procura através da razão comunicativa fazer uma resistência a razão instrumental (lógica capitalista e de interesse individual) e resgatar a importância da razão para avanços na sociedade. Assista a este pequeno trecho da entrevista com Jurgen Habermas, no qual ele afirma sua Teoria Comunicativa e a relação com o fortalecimento da democracia. 2.1.4 Filosofia Pós-Moderna O termo pós-moderno ou pós-modernidade tem provocado muitos debates nos centros acadêmicos universitários. Sucintamente, é aplicado àqueles pensadores que produziram uma reflexão crítica, de descrença e de desconstrução em relação ao projeto da modernidade , na qual a razão tecnocientífica levaria a emancipação humana, coincidindo em vários aspectos com os pensadores Adorno e Horkheimer, da Escola de Frankfurt. Dentre os pensadores de maior destaque classificados como pós- modernos estão: Michel Foucault, Deleuze, Derrida, Jean Baudrillard e Jean- François Lyotard. 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 20 Há um traço comum nesta perspectiva de que é a debilitação das esperanças . O cenário social no qual esses pensadores estão inseridos mostra uma dificuldade de os seres humanos conviverem com a diversidades e com as chamadas “minorias”. Há uma acentuação da miséria em todo o planeta, dominação econômica e cultural, conflitos étnicos e crises ambientais. Outro fator que acentuou a desesperança foi a crise do socialismo , que também culminou em autoritarismo, contrariando as teses libertárias das origens desse movimento político. Sem alternativas ao sistema capitalista e o controle da economia global, concentrada na “mão de meia dúzia de pessoas”, o mundo ficou sem uma referência de transformação . Os filósofos pós-modernos passaram a analisar os diversos aspectos da vida social, especificamente as ramificações do poder em toda a sociedade e as tentativas de disciplinarização e controle dos indivíduos, denunciando as formas de opressão na vida cotidiana . Abandonandoa visão de totalidade ou de um projeto para a humanidade (como na modernidade), os pós-modernos fazem denúncias fragmentadas , captando as singularidades, as particularidades e as diversidades de determinadas experiências sociais . Uma das consequências é a valorização das pluralidades culturais e do respeito à diferença ao outro. 2.1.5 Michel Foucault (1926-1984) Foucault é um pensador francês que produziu uma crítica histórica da modernidade, na qual o ponto de partida foi sua concepção de poder, que não está centrado no Estado, e sim em várias instituições e nas várias relações sociais do cotidiano . Para ele, o poder fragmentou-se em micropoderes disseminados nos vários aspectos da vida social, tornando-se mais eficaz. Para mostrar isso, focou suas investigações em algumas ins tituições sociais como as educativas, psiquiátricas e carcerárias . Além disso, pesquisou como a sexualidade foi tratada ao longo da história e quais foram os mecanismos de disciplinar determinadas práticas sexuais. 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 21 Nesta perspectiva, de deslocar o macropoder (Estado) para os diversos micropoderes, percebeu que os poderes são exercidos por uma rede imensa de pessoas que interiorizam e cumprem as normas estabelecidas pela disciplina social. Por exemplo, os alunos de uma determinada escola são levados a se comportarem de uma determinada maneira, sempre dispostos no espaço escolar de uma única forma (em filas, olhando para frente) sob determinados horários e regras. São vigiados por um “olhar central” e podem sofrer punição da instituição. A mic rofísica do poder desenvolvida por Foucault quer mostrar que o poder está em toda a parte , porque provém de todos os lugares. Na vida cotidiana estamos em contato com os “guardiões” dos micropoderes e não com os detentores dos macropoderes. Inspirado em Nietzsche, desenvolveu o método de pesquisa da genealogia, isto é, que os valores considerados absolutos como bem e mal, verdadeiro e falso, certo e errado, doente e sadio são construções históricas e fundamentados nos interesses relativos dos detentores de poder na sociedade . Ou seja, por exemplo, as definições do que é a sexualidade, do que é “normal”, dependem das instâncias nas quais o poder se encontra. Na visão dele, o poder também não é só de repressão, mas também pode ser um poder criador, porque produz o real. Em sua busca de entender a modernidade e seus efeitos, vai analisar os mecanismos de controle social e de punição, que se tornaram menos visíveis e mais racionalizados . A sociedade contemporânea é conceituada por ele como uma sociedade disciplinar , na qual prevalece a produção de práticas disciplinares de vigilância e punição. Um exemplo disso é o saber , que através de discursos científicos , aparentemente neutros e racionais, tendem a norm atizar o comportamento dos indivíduos, atingindo o seu corpo, seus sentimentos . Como o poder encontra-se em múltiplos espaços, a resistência a esse estado de coisas não caberia a um partido ou a uma classe específica 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 22 (crítica ao marxismo), porque estes só se dirigem a um único foco do poder. São necessárias ações a partir de múltiplos pontos de resistência . Gilles Deleuze , que já vimos também na aula de sociologia, irá a partir das reflexões de Foucault, a desenvolver o conceito de sociedade do controle , no qual ao invés de um olhar central (panóptico) para todos, agora todos olham para um mesmo lugar. Cada vez mais o saber normatiza os comportamentos e disciplina os corpos . Não se aceita mais indivíduos que fogem ao padrão seja ele em seu estado físico ou psíquico. Haveria um controle do padrão estético e daquilo que seria um indivíduo psiquicamente normal. Neste sentido, a indústria farmacêutica cada vez mais ganha espaço na sociedade fabricando remédios para controlar a ansiedade, a atenção, os sentimentos tristes, etc. 2.4.2 Derrida (1930-2004) É outro filósofo francês que questiona a racionalidade ocidental . Nesta, há a ideia de um centro: Deus, o homem, a verdade. Para ele, isso caracteriza o logo-centrismo , ou seja, a razão como centro de tudo. Para cada centro há uma oposição como, por exemplo: Deus-diabo, homem-mulher, verdade- mentira. Esta lógica de oposições foi criada na Grécia Antiga, na qual se separou aquilo que era racional (filosofia) daquilo que erra irracional (mitologia). Portanto , aquilo que é o centro é melhor ou tem supremacia comparado ao seu par lógico . Neste sentido, Derr ida propõe descontruir o conceito de logos e negar sua supremacia em relação ao seu par lógico . Isso perpassa pela desconstrução da própria noção de razão e sujeito, a partir da análise da linguagem, constituída em : - perceber como se constrói certas noções; - como essas noções passam a ter função predominante na cultura ocidental; - e como essas noções são usadas como forma de dominação. 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 23 Um exemplo é a noção de Deus, criador de tudo e que reúne todas as possíveis qualidades que os homens conhecem. Essa noção começa a ser gerada na tradição judaico-cristã. Passou a ser dominante na Idade Média, período este que a Igreja Católica preponderou institucionalmente. Essa noção de um Deus que tudo vê, que tudo sabe e que ama e pune, foi uma forma de dominar diversos tipos de comportamentos (inclusive até hoje) baseado naquilo que a interpretação religiosa denomina como certo ou errado. Isso tem implicações em comportamentos sexuais e o que aceitar como prática correta (ver as discussões atuais sobre gênero), de qual modelo familiar é “normal ou sagrado” (mais uma vez uma discussão atual), entre outras coisas. Portanto, a partir da análise das noções preponderantes, para Derrida, seria possível desconstruí-las. 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 24 3 Resumo 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 25 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 26 4 EXERCÍCIOS 1 ENEM 2016) Resolução: esta questão eu classifico como de dificuldade difícil. Schopenhauer é um filósofo pré-existencialista que ficou conhecido por acreditar que o ser humano está num constante sofrimento e tédio. Para resolver essa questão é necessária atenção no enunciado, e não nas ideias que o filósofo defendia. Há uma passagem chave no texto de suporte: “resignação como livramento de todas as preocupações”. Após isso, noenunciado da questão é mencionado que o trecho destaca uma tradição filosófica ocidental. Qual é a tradição filosófica que vimos na aula sobre felicidade que prega a resignação como caminho da ataraxia 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 27 (imperturbabilidade da alma)? O Estoicismo. Schopenhauer estabeleceu um diálogo crítico com essa corrente. O Estoicismo defendia a resignação e aceitação do destino, da providência. Assim, evitaria a dor e as decepções, chegando a serenidade. Portanto, para esta tradição filosófica ocidental (Estoicismo), a felicidade é a administração da independência interior. Gabarito: B 2 ENEM 2016) Resolução: esta é uma questão de complexidade média. O enunciado afirma que que o solilóquio (espécie de monólogo, que passa na consciência de uma personagem e é escrito em primeira pessoa), de Skakespeare, pode ser considerado como uma ideia precursora do existencialismo, já que questiona o que é o ser e o seu caminhar na existência. Ao existir o ser vai existindo, tomando consciência de si e vivendo suas angústias, encarando-as e exercendo sua 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 28 liberdade de escolha, o que enfatiza as tensões. Assim, a alternativa correta é a [A]. [B] o existencialismo não crê na inevitabilidade do destino, porque este é construído através das escolhas. [C] o solilóquio enfatiza a tragicidade do personagem, mas não a ordem do mundo. [D] o solilóquio não enfatiza a racionalidade, tampouco a loucura. Exprime a sensação de existir no mundo. [E] não faz nenhuma referência a dependência paterna. Na concepção existencialista há a ação através da liberdade e escolhas. Gabarito: A 3 ENEM 2016) Resolução: esta é uma questão que eu entendo como fácil. Adorno é um pensador da Escola de Frankfurt. Um crítico do sistema capitalista, que em sua lógica absorveu as consciências individuais através da cultura de massa, realizada pela Indústria Cultural. Tudo é transformado em mercadoria e consumo. Inclusive, a liberdade sofre as coerções econômicas e culturais, portanto, a liberdade é uma ilusão da contemporaneidade - alternativa [E] Gabarito: E 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 29 4 ENEM 2016) Resolução: esta é uma questão de complexidade média. Quando se fala de doutrina niilista na concepção de Nietzsche precisamos lembrar que faz referência à decadência da expressão afetiva e intelectual no mundo ocidental. Portanto, a única alternativa que faz referência a esta ideia é a [D] Gabarito: D 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 30 5 ENEM 2016) Resolução: esta é uma questão fácil porque depende mais da capacidade de interpretação textual, do que o domínio de um conceito específico. O autor do texto de suporte mostra uma relação social de tensão, contradição. Ao mesmo tempo que o ser moderno tem a capacidade de transformação e autotransformação das coisas e de si mesmo, apresenta a capacidade de destruição. Um exemplo que ele cita dessa dinâmica social contraditória é a experiência ambiental. Gabarito: A 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 31 6 ENEM 2015) Resolução: esta é uma questão de dificuldade média. A verdade para Habermas não é um valor absoluto, mas sim uma construção entre os sujeitos participantes em uma situação de interesse comum, cujo resultado é a produção de um consenso – alternativa [C]. [A] a verdade não é alcançável por cada pessoa, mas sim na comunicação entre os sujeitos participantes. 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 32 [B] como dissemos, a verdade não é um valor absoluto, acima dos homens. É uma construção social entre indivíduos. [D] faz parte de uma prática racional, mas não de maneira inata (que nasce com o ser), mas como construção social. [E] a verdade é intersubjetiva, isto é, acessível a todos e faz parte de uma construção, para que se chegue a um consenso e não a um convencimento. Gabarito: C 7 ENEM 2015) 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 33 Resolução: esta é uma questão que classifico como difícil. Na letra da música da banda Titãs, excelente por sinal, mostra uma série de elementos: a efemeridade das coisas, influência da música americana na música brasileira e uma nova forma de entretenimento (televisão). O texto de Adorno reflete sua crítica a Indústria Cultural, a qual permeou todas produções e as subjugou aos interesses da lógica capitalista, não proporcionando um entretenimento de fato, muito menos uma capacidade crítica. Portanto, uma aproximação é mostrar o lado efêmero e restritivo da indústria cultural [A]. [B] pelo contrário, há uma renovação contínua. [C] o texto I pode levar a essa interpretação, no entanto, se pede uma aproximação. O texto II não retrata essa característica. [D] o texto I não trata dessa questão e o texto II mostra que inclusive a cultura popular foi incorporada pela Indústria Cultural. [E] é uma possibilidade interpretativa, principalmente partindo do texto I, no entanto, o texto II reforça que o declínio faz parte de todas as formas de entretenimento que poderiam levar a formas de expressão linguística e comunicativa, o que não acontece na lógica da Indústria Cultural. Gabarito: A 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 34 8 ENEM 2014) A liberdade humana, que consagra a vontade. B razão comunicativa, que requer um consenso. C conhecimento filosófico, que expressa a verdade. D técnica científica, que aumenta o poder do homem. E poder político, que se concentra no sistema partidário. Resolução: esta é uma questão bem tranquila. Na teoria comunicativa de Habermas, o acordo é um consenso entre os participantes. Para uma norma ter validade é preciso o consenso, pautado na razão comunicativa [B]. [A] essa proposição parte do pensamento existencialista. [C] o conhecimento filosófico para Habermas não expressa a verdade, mas sim a construção dos sujeitos em torno de algo. [D] o poder do homem é aumentando mediante a prática discursiva. [E] como valorização da democracia, Habermas defendea participação dos sujeitos, portanto, o poder político não estaria concentrado no partido. Gabarito: B 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 35 9 ENEM 2012) A) a secessão, pela qual a minoria discriminada obteria a igualdade de direitos na condição da sua concentração espacial, num tipo de independência nacional. B) a reunificação da sociedade que se encontra fragmentada em grupos de diferentes comunidades étnicas, confissões religiosas e formas de vida, em torno da coesão de uma cultura política nacional. C) a coexistência das diferenças, considerando a possibilidade de os discursos de autoentendimento se submeterem ao debate público, cientes de que estarão vinculados à coerção do melhor argumento. D) a autonomia dos indivíduos que, ao chegarem à vida adulta, tenham condições de se libertar das tradições de suas origens em nome da harmonia da política nacional. E) o desaparecimento de quaisquer limitações, tais como linguagem política ou distintas convenções de comportamento, para compor a arena política a ser compartilhada. 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 36 Resolução: esta é uma questão que classifico como difícil. O texto de suporte, de autoria do pensador Habermas, que participou da Escola de Frankfurt e depois rompeu com ela, mostra que em muitas questões prevalece o autoendentimento da cultura dominante, que impõe suas regras. Neste sentido, mesmo em sociedades consideradas republicanas e que assim parte do princípio da igualdade formal (igualdade perante a lei), podem surgir conflitos movidos pelas minorias desprezadas. Suas reivindicações encontram amparo na medida em que se alcança a coexistência das diferenças e aquilo que é estabelecido vai ao debate público. Neste, dependerá também do melhor argumento e a produção de consenso [C]. [A] ele não propõe a separação de grupos minoritários, mas sua ação e participação no debate, colocando suas reivindicações. [B] ele não defende uma reunificação em torno de uma única cultura, até mesmo porque isso não seria democracia. Defende a coexistência das diferenças. [D] também não defende a harmonia nacional, e sim que a democracia seja uma constante prática discursiva. [E] essa é uma alternativa que pode nos levar ao erro. O desaparecimento de limitações como os de linguagem política procede, no entanto, as normas e regras de participação precisam ser respeitadas, para que exista o debate como, por exemplo, pronunciar discursos sinceros e verdadeiros. Gabarito: C 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 37 10 ENEM 2013) A) religiosos, que se constituem como um olho divino controlador que tudo vê. B) ideológicos, que estabelecem limites pela alienação, impedindo a visão da dominação sofrida. C) repressivos, que perpetuam as relações de dominação entre os homens por meio da tortura física. D) sutis, que adestram os corpos no espaço-tempo por meio do olhar como instrumento de controle. E) consensuais, que pactuam acordos com base na compreensão dos benefícios gerais de se ter as próprias ações controladas. Resolução: esta é uma questão de complexidade média. As características descritas no texto de suporte são aquelas da “sociedade disciplinar”, conceito elaborado pelo filósofo Michel Foucault. Nesta, há sempre uma vigilância (panóptico) que olha para os indivíduos a fim de disciplinar os seus corpos. As instituições através de sua arquitetura e regras estabelecem a disciplina (ver o exemplo das prisões, fábricas, reformatórios, etc). [A] não se trata de aspectos religiosos. [B] não tem relação com a alienação e as relações de poder estão ramificadas por toda a sociedade; não há uma dominação central. [C] pode existir a relação de punição, mas elas não se perpetuam exclusivamente pelo caráter repressivo ou por meio de tortura. 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 38 [D] não é uma relação consensual, portanto, os mecanismos disciplinares são sutis. [E] adestram os corpos no espaço-tempo por meio de um olhar centralizado como instrumento de controle. Gabarito: D 11ENEM 2012) A) a ampliação dos tratamentos médicos alternativos, reduzindo os gastos com remédios. B) a democratização do padrão de beleza, tornando-o acessível pelo esforço individual. C) o controle do consumo, impulsionando uma crise econômica na indústria de alimentos. D) a culpabilização individual, associando obesidade à fraqueza de caráter. E) o aumento da longevidade, resultando no crescimento populacional. Resolução: considero a dificuldade desta questão como média. As características do texto de suporte mostram um discurso que pode ser de disciplinarização e controle dos corpos. Aponta para o controle da estética e a respectiva disciplina para ajustar o corpo ao padrão que é imposto socialmente (há uma cultura lipofóbica, isto é, rejeição a pessoas gordas). Dessa forma, gera uma culpabilização individual, associando no caso específico do texto, a 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 39 obesidade à fraqueza de caráter, porque a pessoa precisa emagrecer, travar uma “guerra” consigo mesma. Gabarito: D 12 ENEM 2011) A) Combater ações violentas na guerra entre as nações. B) Coagir e servir para refrear a agressividade humana. C) Criar limites entre a guerra e a paz praticadas entre os indivíduos de uma mesma nação. D) Estabelecer princípios éticos que regulamentam as ações bélicas entre países inimigos. E) Organizar as relações de poder na sociedade e entre os Estados. Resolução: esta é uma questão que eu classifico como de dificuldade fácil, porque as alternativas não apresentam “pegadinhas” ou possíveis confusões. Para Foucault, as leis surgem a partir das relações de poder na sociedade, as quais organizam essas relações no interior da própria sociedade e entre os Estados. 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 40 Gabarito: E 13 VUNESPE 2011) Em relação ao romantismo filosófico, é correto afirmar que (A) apresentou forte influência da lógica argumentativa aristotélica. (B) forneceu os elementos básicos do materialismo dialético. (C) teve em Kant um de seus mais importantes pensadores. (D) estabeleceu elementos de ruptura em relação ao mecanicismo. (E) rejeitou as tendências estéticas de expressão de valorização das emoções e sentimentos. Resolução: o romantismo tem como principal característica a crítica aos iluministas por valorizarem demasiadamente a razão, deixando de lado os sentimentos, a intuição e as emoções. Esse mecanicismo de ver o mundo como se tudofosse relações matemáticas (fria e racional) foi rejeitado pelo romantismo do século XIX. Portanto, a alternativas correta é a [D]. [A] a lógica argumentativa aristotélica é baseada na razão. [B] o materialismo dialético desenvolvido por Marx é fundamentado na razão. [C] Kant é um pensador iluminista. Era um dos principais pensadores criticado pelos românticos. [E] pelo contrário, defendeu a valorização das emoções e sentimentos. Gabarito: D 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 41 14 (UNIOESTE) A filosofia da História – o primeiro tema da filosofia de Augusto Comte – foi sistematizada pelo próprio Comte na célebre “Lei dos Três Estados” e tinha o objetivo de mostrar por que o pensamento positivista deve imperar entre os homens. Sobre a “Lei do Três Estados” formulada por Comte, é correto afirmar que a) Augusto Comte demonstra com essa lei que todas as ciências e o espírito humano desenvolvem-se na seguinte ordem em três fases distintas ao longo da história: a positiva, a teológica e a metafísica. b) na “Lei dos Três Estados” a argumentação desempenha um papel de primeiro plano no estado teológico. O estado teológico, na sua visão, corresponde a uma etapa posterior ao estado positivo. c) o estado positivista apresenta-se na “Lei dos Três Estados” como o momento em que a observação prevalece sobre a imaginação e a argumentação, e na busca de leis imutáveis nos fenômenos observáveis. d) para Comte, o estado metafísico não tem contato com o estado teológico, pois somente o estado metafísico procura soluções absolutas e universais para os problemas do homem. Resolução: a Leis dos Três Estágios ou Estados se refere a três momentos na evolução da sociedade para Comte: o primeiro seria o teleológico (predominância das concepções religiosas); o segundo seria o metafísico, cujo imperaria as discussões filosóficas baseadas nos argumentos; e o terceiro, superior, é o positivo. Neste predomina a observação, o método científico para encontrar leis que regem os fenômenos naturais e sociais. Gabarito: C 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 42 15) Comte acreditava que os problemas sociais e as sociedades, em geral, deveriam ser estudadas com o mesmo rigor científico das demais ciências naturais. A partir dessa premissa, Augusto Comte cunhou o nome “Sociologia”, que seria dado à nova área de estudo que se dedicaria às sociedades. Qual era o objetivo principal da sociologia de Comte? a) Transformar o meio social fixo e imutável do século XIX, de forma a inserir perspectivas relativistas acerca do pensamento humano. b) Demonstrar que o mundo é um lugar violento e degenerado, em que a busca pelo pensamento positivo é impossível. c) Entender os efeitos do estranhamento cultural entre diferentes indivíduos em sua convivência com suas diferenças culturais. d) Entender as leis que regem nosso mundo social, ajudando-nos a compreender os processos sociais e dando-nos controle direto sobre os rumos que nossas sociedades tomariam. Resolução: o objetivo principal da sociologia para Comte é entender e elaborar leis que regem o mundo social, dando controle ao homem dos rumos das sociedades, prevalecendo o progresso e a ordem. Gabarito: D 16 Ufu 2007 adaptado) 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 43 Qual é a diferença entre o conceito de movimento histórico, em Hegel, e o de processo histórico, em Marx? a) Para Hegel, através do trabalho, os homens vão construindo o movimento da produção da vida material e, assim, o movimento histórico. Para Marx, a consciência determina cada época histórica, desenvolvendo o processo histórico. b) Para Hegel, a História pode sofrer rupturas e ter retrocessos, por isso utiliza- se do conceito de movimento da base econômica da sociedade. Marx acredita que o modo de produção encaminhe para um objetivo final, que é a concretização da Razão. c) Para Hegel, a História tem uma circularidade que não permite a continuidade. Para Marx, a História é construída pelo progresso da consciência dos homens que formam o processo histórico. d) Para Hegel, a História é teleológica, a Razão caminha para o conceito de si mesma, em si mesma. Marx não tem uma visão linear e progressiva da História, sendo que, para ele, ela é processo, depende da organização dos homens para a superação das contradições geradas na produção da vida material, para transformar ou retroceder historicamente. Resolução: para Hegel, a construção da História é dada pelo movimento do espírito absoluto, pela razão, que culmina numa visão teleológica, isto é, evolucionista e constante. Para Marx, embora defenda o avançar dos modos de produção, a história não é totalmente linear e progressista, porque pode existir rupturas e mudanças. A História é uma construção dos homens. Assim, a alternativa que melhor exprime as ideias dos autores é a [D]. [A] há uma inversão do pensamento dos dois autores. [B] Para Hegel, não há rupturas ou retrocessos, tudo faz parte de um plano racional. Marx defende que através de mudanças dos modos de produção poder- se-ia chegar ao modo de produção comunista, numa sociedade sem classes. [C] Para Hegel, a História sempre é uma evolução, em movimento de espiral. Para Marx, o motor da História é a luta de classes. Gabarito: D 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 44 17 Ufu 2005) Hegel, em seus cursos universitários de Filosofia da História, fez a seguinte afirmação sobre a relação entre a filosofia e a história: “O único pensamento que a filosofia aporta é a contemplação da história”. HEGEL, G. W. F. Filosofia da História. 2 ed. Brasília: Editora da UnB, 1998, p. 17. De acordo com a reflexão de Hegel, é correto afirmar que I. a razão governa o mundo e, portanto, a história universal é um processo racional. II. a ação dos homens obedece a vontade divina que preestabelece o curso da história. III. no processo histórico, o pensar está subordinado ao real existente. IV. a ideia ou a razão se originam da força material de produção e reprodução da história. Assinale a alternativa que contém somente assertivas corretas. a) III e IV. b) I e II. c) II e III. d) I e III. Resolução: as sentenças condizentes com o pensamento de Hegel são a I e III. A sentença II está equivocada porque a ação dos homens obedece a razão do espírito absoluto e não a vontade divina. A IV está errada porque esta faz parte do pensamento marxista. Gabarito: D 18 (Ufsj 2012) Nietzsche identificou os deuses gregos Apolo e Dionísio, respectivamente, como a) complexidade e ingenuidade: extremos de um mesmo segmento moral, no qual se inserem as paixões humanas. b) movimento e niilismo: polos de tensão na existência humana. c) alteridade e virtu: expressões dinâmicas de intervenção e subversão de toda moral humana. d) razão e desordem: dimensões complementares da realidade. Resolução: em sua crítica à tradição filosófica de que os filósofos socráticosvalorizavam a razão e sua supremacia comparado a intuição dos pré- socráticos, vai elaborar uma metáfora a partir dos deuses gregos Apolo (razão) 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 45 e Dionísio (desordem), para mostrar que estas duas dimensões fazem parte da realidade e não podem ser separadas. Gabarito: D 19 Ueg 2011) No século XIX, o filósofo alemão Friedrich Nietzsche vislumbrou o advento do “super-homem” em reação ao que para ele era a crise cultural da época. Na década de 1930, foi criado nos Estados Unidos o Super-Homem, um dos mais conhecidos personagens das histórias em quadrinhos. A diferença entre os dois “super-homens ” está no fato de Nietzsche defender que o super-homem a) agiria de modo coerente com os valores pacifistas, repudiando o uso da força física e da violência na consecução de seus objetivos. b) expressaria os princípios morais do protestantismo, em contraposição ao materialismo presente no herói dos quadrinhos. c) abdicar-se-ia das regras morais vigentes, desprezando as noções de “bem”, “mal”, “certo” e “errado”, típicas do cristianismo. d) representaria os valores políticos e morais alemães, e não o individualismo pequeno burguês norte-americano. Resolução: o super-homem de Nietzsche, bem diferente daquele dos quadrinhos, seria aquele homem que rompe com os valores da civilização ocidental, principalmente os de cunho religioso. Dessa forma, este super-homem é inconformado, não aceita e questiona as regras morais vigentes, desprezando as noções de valores considerados absolutos. Gabarito: C 20 Ifsp 2011) 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 46 Ao defender as principais teses do Existencialismo, Jean-Paul Sartre afirma que o ser humano está condenado a ser livre, a fazer escolhas e, portanto, a construir seu próprio destino. O pressuposto básico que sustenta essa argumentação de Sartre é o seguinte: a) A suposição de que o homem possui uma natureza humana, o que significa que cada homem é um exemplo particular de um conceito universal. b) A compreensão de que a vida humana é finita e de que o homem é, sobretudo, um ente que está no mundo para a morte. c) A ideia de que a existência precede a essência e, por isso, o ser humano não está predeterminado a nada. D) A ideia de que toda pessoa tem um potencial a realizar, desde quando nasce, mas é livre para transformar ou não essa possibilidade em realidade. Resolução: Sartre faz uma diferença entre ente em-si e ente para-si. O primeiro é a plenitude. O segundo é o nada. Justamente o nada é que possibilita a consciência e a liberdade de escolha. O ser humano não tem uma essência, ao existir ele vai existindo, não está destinado a nada, por isso, quem faz o seu projeto de vida é o próprio ser humano através de suas escolhas e é responsável por isso. [A] Sartre não acredita que há uma natureza humana (essência) comum a todos. [B] este é um pensamento de Heidegger. Para Sartre, o homem está condenado a ser livre, essa é a sua condição humana. [D] ele critica a concepção aristotélica de ato (essência) e potência (aquilo que o homem pode vir a realizar). Gabarito: C 21 (Unicentro 2010) Qual o postulado básico da fenomenologia? 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 47 a) A fenomenologia afirma que o conhecimento não passa de uma interpretação da realidade, isto é, de uma atribuição de sentidos determinada por uma escala ontológica de valores, constituindo-se, portanto, numa metafísica dos costumes. b) Em nome da verdade subjetiva, a fenomenologia recusa o projeto da filosofia moderna, recusando o pensamento analítico. Seu postulado básico afirma que o real deixa de ser racional. c) A fenomenologia procede por decomposição, enumeração e categorização dos objetos, fragmentando-os. Seu postulado básico é estabelecer a dicotomia entre razão e experiência. d) A fenomenologia pretende realizar a superação da dicotomia razão- experiência no processo do conhecimento, afirmando que toda consciência é intencional, ou seja, o objeto só existe para um sujeito que lhe dá significado. e) O postulado básico da fenomenologia é a metafísica fenomenológica, isto é, voltada para o reconhecimento do ser em si dos fenômenos, portanto, vinculada a uma noção de ser abstrata e a uma consciência transcendental. Resolução: quando se fala em fenomenologia, há um ponto chave: a consciência é intencional, depende do interesse e do significado do sujeito. Dessa forma, a única alternativa correta é a [D]. Gabarito: D 22 UFFS No Tractatus Logico-Philosophicus, Wittgenstein trata, dentre outros assuntos, da relação entre o mundo e a linguagem. Assinale a alternativa que reflete essa relação. a. Posso afirmar o que o mundo é. b. O mundo é a totalidade das coisas, não dos fatos. c. Dizer algo do mundo é mostrar algo no mundo. d. Posso descrever o mundo dentro dos limites da minha linguagem, e esta por sua vez é limitada pelo mundo. e. Na linguagem, a significação de uma expressão qualquer sobre o mundo deve repousar na verdade. Resolução: os jogos de linguagem de Wittgenstein faz uma crítica a análise lógica da linguagem. Esta deve ser entendida em seu uso social. A linguagem é uma concepção da realidade, que tem suas limitações. Gabarito: D 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 05 Prof. Raphael Reis www.estrategiaenem.com.br 48 23 Uel 2013) Leia o texto a seguir. O modo de comportamento perceptivo, através do qual se prepara o esquecer e o rápido recordar da música de massas, é a desconcentração. Se os produtos normalizados e irremediavelmente semelhantes entre si, exceto certas particularidades surpreendentes, não permitem uma audição concentrada, sem se tornarem insuportáveis para os ouvintes, estes, por sua vez, já não são absolutamente capazes de uma audição concentrada. Não conseguem manter a tensão de uma concentração atenta, e por isso se entregam resignadamente àquilo que acontece e flui acima deles, e com o qual fazem amizade somente porq ue já o ouvem sem atenção excessiva. (ADORNO, T. W. O fetichismo na música e a regressão da audição. In: Adorno et all. Textos escolhidos. São Paulo: Abril Cultural, 1978, p.190. Coleção Os Pensadores.) As redes sociais têm divulgado músicas de fácil memorização e com forte apelo à cultura de massa. A respeito do tema da regressão da audição na Indústria Cultural e da relação entre arte e sociedade em Adorno, assinale a alternativa correta. a) A impossibilidade de uma audição concentrada e de uma concentração atenta relaciona-se ao fato de que a música tornou-se um produto de consumo, encobrindo seu poder crítico. b) A música representa um domínio particular, quase autônomo, das produções sociais, pois se baseia no livre jogo da imaginação, o que impossibilita estabelecer um vínculo entre arte e sociedade. c) A música de massa caracteriza-se pela capacidade de manifestar criticamente conteúdos racionais expressos no modo típico do comportamento perceptivo inato às massas. D) Audição concentrada significa
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