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Aula 02 Filosofia p/ ENEM 2017 Professor: Raphael de Oliveira Reis 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 1 AULA 01: Módulo II: Filosofar SUMÁRIO PÁGINA 1. O Mundo 3 2. O Ser Humano 12 3. A Linguagem 18 4. O Trabalho 23 5. O Conhecimento 30 6. Exercícios Comentados 34 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 2 E-mail: profraphaelreis@gmail.com Facebook: Professor Raphael Reis Youtube: Don Raphael Reis Cadastrar-se: goo.gl/JlOYv9 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 3 1 O Mundo Muito provavelmente você já se deparou com as seguintes perguntas clássicas: “Quem somos?”, “De onde viemos?” e “Para onde vamos?”. Estas perguntas perpassam vários períodos da História. Trata-se de querer dar sentido a nossa existência. A investigação filosófica também se indaga sobre essas questões, de forma metódica e fundamentada na razão. Estudar o mundo e a realidade que nos permeia denomina-se metafísica. A metafísica é um campo de estudo filosófico que busca a realidade fundamental das coisas, isto é, sua essência . Por exemplo, Aristóteles definiu a metafísica como ciência do ser enquanto ser. Podemos entender o ser como qualquer coisa que é, que existe como, por exemplo, homem, pássaro, pedra. Estes “seres” nos apresentam de maneira muito distinta, através de suas características específicas, portanto, não confundimos uma pedra com um pássaro. Isto quer dizer que cada um deste seres têm algo que lhe é peculiar, essencial. Não dependem de outros seres ou de circunstância para ser o que é. A metafísica busca a realidade fundamental de qualquer coisa, isto é, sua essência, para além das aparências . Além do estudo do ser (ontologia), ela procura também a essência em outras áreas de investigação: cosmológica, teológica e epistemológica. Os primeiros filósofos procuraram saber a origem do ser, seus propósitos e finalidades, estabelecendo se haveria relação de ordem, de hierarquia entre as coisas existentes. Para isso, elaboraram conceitos . Conheça alguns que irão nos acompanhar em nossas reflexões: 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 4 Substância É sinônimo de essência . É a busca da necessidade necessária e constante de um ser. Devir ou vir a ser Está relacionado à mudança, ao entendimento de transformação dos seres. Causa e causalidade Coisas ou fenômenos que têm entre si uma causa e um efeito . A causa (acelerar o carro) gera um efeito (o carro em movimento). Fim e finalismo O fim está relacionado ao objetivo das coisas e dos seres. O finalismo seria um princípio explicativo para a existência, a organização e a transformação das coisas. Uma das primeiras explicações para explicar o mundo (sua origem) foi a cosmogonia (já vimos isso em aulas anteriores). Através da mitologia (lendas e mitos) diversas culturas antigas buscavam a origem e a formação do universo. As forças e os fenômenos da natureza estavam relacionados às forças divinas, aos diversos deuses. Os deuses eram concebidos conforme a imagem humana e assim como os homens possuíam sentimentos, emoções e comportamentos semelhantes, tais como: raiva, amor, traição, vingança. Podiam também se relacionar amorosamente com os humanos. Neste período histórico as pessoas acreditavam que a origem e todas as situações da vida dependiam diretamente da vontade divina, tendo que se comportar de forma que agradassem aos deuses, evitando descontentamentos. Uma série recente, a qual está em sua IV temporada (2016), cujo título é Vikings, retrata bem a visão da cosmogonia (explicação mitológica). 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 5 Ao contrário da visão da cosmogonia, tivemos os prime iros filósofos (pré-socráticos) que começaram a explicar a origem do mundo e dos seres de forma diferente da mitologia . Através de uma explicação racional procuraram formar um sistema de concepções que ficou conhecido como cosmologia (diferente da cosmogonia!). Os filósofos pré-socráticos buscaram explicar o princípio gerador de todas as coisas na physis, que é constituída por uma fonte, raiz de todas as coisas denominada arché . Alguns acreditavam que este princípio era a água (Tales de Mileto), indeterminado (Anaximandro), ar (Anaxímenes), fogo (Heráclito), número (Pitágoras), Parmênides (ser), etc. No período da filosofia clássica, Platão defendia a ideia de dois mundos separados: o sensível (material) e o inteligível (ideias). Além disso, Platão acreditava numa terceira instância que ele denominou de demiur go , ou seja, uma espécie de “grande construtor”, que buscou as ideias eternas, situadas no mundo inteligível para dar forma ao mundo sensível (matéria). O demiurgo não pertencia nem ao mundo sensível nem ao inteligível. Já Aristóteles entendia que o mundo é eterno, mas que em um determinado momento um primeiro motor o colocou em movimento através de sua força de atração. A visão cosmológica de Aristóteles influenciou por 18 séculos (Antiguidade e Idade Média) a visão sobre o mundo. Sua visão de universo defendia que este era organizado e racional. A Terra ocupava posição central e privilegiada (o famoso geocentrismo) , do qual a Igreja Católica irá se apropriar ao longo da Idade Média e parte da Idade Moderna. Dentro de suas classificações, a Terra era a de menor perfeição. O universo seria finito e composto por diversas esferas concêntricas hierarquizadas. Além disso, bem influenciado pelo pensamento de Platão, acreditava em dois mundos: mundo sublunar: região terrestre, mutável e imperfeita, composta dos elementos terra, água, ar e fogo. 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 6 mundo supralunar: região celeste, imutável, perfeita, onde habitariam os deuses. Este mundo era composto pelo elemento éter – interessante que na Idade Moderna e início da Contemporânea alguns pensadores europeus chegaram a defender que este elemento era o princípio de tudo (semelhante ao que pensavam os filósofos pré-socráticos na busca da physis). A concepção de mundo de Aristóteles é organizada e hierárquica, apresentando uma característica de espaço qualitativo , o que quer dizer que cada ser tem uma qualidade e um lugar que lhe é próprio . A cosmologia medieval, isto é, sob a influência da Igreja Católica, irá se apropriar do pensamento aristotélico para dar sentido racional as escrituras sagradas . A visão geocêntrica garantia um posto privilegiado para o ser humano(centro da criação) e permitia entender que Deus (na concepção cristã) era o primeiro motor de tudo. No final da Idade Média (XIV e XV) as transformações econômicas e sociais proporcionaram novas explicações para a constituição e explicação da origem do mundo e dos seres. A chamada ciência moderna (vinculada sobretudo à física e à astronomia) se contrapunha a explicação cosmológica cristã- medieval. Uma das desestruturações ocorridas foi a descoberta de que a Terra não ocupava o centro das coisas . Na verdade, o sol era o centro e que a Terra girava ao redor dele – isso desencadeou muitas mudanças. Nicolau Copérnico (1473-1543) mostrou que acreditar que a Terra era o centro do universo se devia ao movimento aparente dos astros e que o modelo geocêntrico não conseguia explicar vários outros movimentos que ele observava. Dessa forma, a Terra passou a deixar de ser o centro de tudo e parou de ocupar um espaço privilegiado. As ideias de Copérnico influenciaram outros pensadores que aprofundaram outras concepções baseadas em modelos matemáticos para explicar o mundo como, por exemplo, Galileu Galilei e Giordano Bruno, os quais além de vários estudos que fundamentaram a ciência moderna, defendiam e procuravam provas que demonstrasse o heliocentrismo – Copérnico fez suas 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 7 reflexões somente a “olho nu” (observação) – tanto Galileu como Giordano Bruno foram condenados pela Inquisição do Santo Ofício. Com o físico e astrônomo Isaac Newton ( 1642-1727) buscou-se a experimentação e revolucionou a investigação do universo. Agora o universo é explicado através de leis da natureza com demonstração científica. Até o momento fizemos um balanço sobre a metafísica desde as explicações do mundo e dos seres através das mitologias até o início do que se de denominou Idade Moderna (XV-XVIII). Um dos principais nomes é o francês René Descartes, que já é nosso conhecido. Descartes está inserido no período conhecido como grande racionalismo e sua visão metafísica de mundo tem influência até os dias atuais. Separou radicalmente matéria e espírito ou corpo e mente , o que foi denominado de dualismo cartesiano. Sua visão era romper com a tradição (aristotélica-tomista da filosofia medieval), através da organização, racionalidade e fundamentos científicos . Para isso, lançou mão do método da dúvida (hiperbólica), chegando a duvidar da existência do mundo e dos seres. Sua primeira certeza, que irá estruturar todo o seu pensamento foi o cogito , isto é, “penso, logo existo”. Quando ele concluiu que mesmo se houvesse um deus enganador ou um gênio enganador que o fizesse pensar numa coisa quando na verdade esta seria outra, ele existiria como algo. Se ele é algo que está pensando, duvidando e questionando, portanto, existe. Após isso, passou a provar a existência de Deus para começar a conhecer o mundo exterior. Desenvolveu uma teoria da realidade constituída por 3 classes de substâncias ou coisas: Substância Infinita: trata-se de Deus que criou todas as coisas. Substância Pensante: eu ou consciência do sujeito e toda a sua atividade do intelecto. Substância Extensa: mundo corpóreo, material. 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 8 É possível observar que esta estrutura dualista (princípios da matéria e do pensamento) de Descartes está de acordo com o que Aristóteles classificou como o primeiro motor, que não pertenceria nem o mundo sublunar (material) nem supralunar (celeste), ou seja, não ia de encontro com a ideia da Igreja Católica de Deus transcendente, que é exterior a sua criação. A substância pensante é exclusivamente humana, então, todas as outras coisas da natureza fazem parte da substância extensa (matéria), que é incapaz de ação . Estes corpos só se movem porque haveria um acionamento de outro agente de forma mecânica. O mundo material (corpóreo) teria funcionamento semelhante a uma máquina, que através de um impulso de Deus dotou-se de movimento e apresenta-se de maneira constante – os animais seguiriam esta lógica. Para exemplificar vamos pensar no relógio: ao receber a corda (impulso) passa a funcionar e tende a ser constante. Ainda em sua metafísica, Descartes chega a concluir que o ser humano é feito de substância pensante (mente) e substância extensa (corpo) , defendendo a separação entre estas duas substâncias nos seres humanos. O nosso corpo como qualquer corpo está submetido as leis mecânicas da natureza, de causa e efeito. Já a nossa alma (mente) teria faculdades do intelecto (pensamento, racionalidade, iniciativa própria). Como podemos perceber estas duas substâncias são radicalmente distintas e separadas, mas como a mente (a alma) pode fazer o corpo realizar aquilo que ela quer? Se um corpo se movimenta através de um outro corpo, como pode a alma influenciar o corpo? Descartes não conseguiu responder essas questões. Diferente de Descartes, o pensador inglês Thomas Hobbes (1588- 1679), o qual ainda vamos ver bastantes coisas de seu pensamento, defendia a ideia de que a realidade não era constituída por essas duas substâncias, porque tudo era material, desenvolvendo uma metafísica denominada materialista. 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 9 Hobbes era leitor e crítico de Descartes. Aceitava o cogito: “penso, logo existo”, mas para ele o ato de pensar não estava separado e distinto do corpo e ligado a uma substância espiritual (alma). O espírito para ele era o resultado do movimento em certos órgãos corporais que agitariam os sentidos e produziriam as sensações e ideias. Portanto, para Hobbes é pela sensação que se inicia todo o processo de conhecimento. O materialismo hobbesiano caracterizou-se por um profundo determinismo , já que todos os fenômenos materiais e psíquicos estariam interligados e determinados por relações de causas e efeitos . No século XIX, o filósofo alemão Friedrich Hegel (1770-1831) concebeu uma ontologia (metafísica) radicalmente distinta do materialismo hobbesiano. Para ele, o mundo seria o desdobramento de um espírito abrangente (absoluto) que estaria realizando- se no tempo (na História). Identificava a ideia ou o espírito com toda a realidade. “Tudo que é real é racional. Tudo que é racional é real”. Esta concepção ficou denominada de idealismo absoluto. São algumas noções de Hegel: a realidade possui racionalidade ou identifica-se com ela: o mundo é uma realização progressiva da razão (ideia, espírito ou absoluto ou Deus), portanto, o mundo não é feito do acaso, mas desdobramento da espiritualidade racional. a razão possui realidade ou identifica-se com ela: a razão não seria abstração, as quais as ideias seriam meras representações ou imagens do mundo. A razão faz parte da estrutura profunda do real. Quando Hegel concebe a realidade como espírito quer destacar que ela não é apenas uma substância (permanente). Ela é principalmente um sujeito, um ser com vida própria, que pode atuar. A realidade como espírito é um atuar constante com movimento. Podemos usar uma metáfora para entender a concepção de Hegel sobre o real: um espiral. O real se move como um espiral, que em cada giro vai em um sentido e volta no sentido contrário,mas sem nunca regressar ao mesmo ponto 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 10 e fechar o círculo, pois prosseguem outros giros. Uma concepção evolucionista da realidade e da sociedade. Para descrição do movimento do mundo real, Hegel denominou de dialética (não tem nada a ver com a de Platão!). A dialética de Hegel é entendida em três momentos: tese (ser em si), antítese (fora de si) e síntese (retorno). Dessa forma, o mundo estaria sempre em processo evolutivo, em direção ao infinito. Atualmente, na contemporaneidade, a metafísica não é uma área de investigação privilegiada como antes. No entanto, mesmo que de maneira indireta, as reflexões filosóficas e de outras áreas do saber tocam na ontologia. Nas ciências naturais e exatas predomina o racionalismo materialista, que tende ao reducionismo (estudar as partes para compreender o todo). Esta perspectiva aponta para a influência do aspecto biológico (corpo/matéria) no psíquico, portanto, o ser humano é explicado a partir de sua natureza física. É comum assistirmos especialistas falarem de endorfina, neurotransmissores, para explicar estados psicológicos. 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 11 Ao contrário da perspectiva reducionista, temos a corrente pós -moderna, que defende que o todo não poder ser dividido em partes isoladas, porque elas devem ser entendidas conjuntamente nas relações que estabelecem entre si (holismo). Aqui abre espaço para uma percepção do mundo menos linear, progressista ou evolucionista. 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 12 2 O Ser Humano Atualmente duas palavras são chaves na nossa atualidade: igualdade e diferença (diversidade). A primeira pretende reconhecer a existência que nos coloca sob a mesmas leis (igualdade formal) e uma ideia de justiça social (distribuição de renda). A segunda reconhece que os seres humanos são diferentes, produzem sentidos, escolhas e culturas distintas, que merecem reconhecimento e, sobretudo, respeito. Independentemente da cor da pele (branca, negra, pardo), de sua nacionalidade (brasileira, asiático, europeu) ou da orientação sexual (heterossexual, homossexual,) nos remetemos a mesma coisa: o ser humano. Mas, afinal, o que é o ser humano? Podemos iniciar nossa conversa através do olhar da biologia, a qual classifica o ser humano no reino animal, na espécie Homo sapiens (ser que sabe). Diferente dos outros animais, o homem modifica o estado de natureza , produzindo cultura . Ao ajustar aos diversos ambientes e obstáculos, aprendemos a dominar o fogo, a produzir roupas, moradias, tecnologias que nos permitem realizar tarefas e a diminuir distâncias (carros, trens, ônibus, avião), ferramentas de trabalho, etc. Todas elas são uma “extensão do corpo”, um domínio da natureza . Segundo os estudos biológicos, os comportamentos de outros animais seguem um padrão vinculado a reflexos e instintos, portanto, um comportamento de uma determinada espécie será igual hoje e sempre. Alguns animais possuem em seus comportamentos reações mais flexíveis (capacidade elementar de raciocínio) como, por exemplo, cães, gatos, macacos, golfinhos. Diferente, o ser humano produz a capacidade de romper com o seu passado, questionar o presente e criar o seu futuro. Produz cultura, linguagem simbólica desenvolvida, tem consciência de si. Seus comportamentos são uma constante de aprendizados sociais e individuais, e não segue padrões comportamentais inatos como os animais. Em resumo, o ser humano apresenta-se como um ser biológico 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 13 e cultural ao mesmo tempo. Um ser que faz parte da natureza e a transforma seja em seu aspecto positivo ou negativo e acumula saber, mesmo que de período em período se confronta com novas angústias e problemáticas. Se o ser humano é natureza e cultura, onde um se transforma em outro? Para alguns estudiosos da linguística, é o desenvolvimento da linguagem e comunicação. Este aspecto é importante porque é através dele que nos é transmitido as experiências e conhecimentos acumulados através de nossas socializações . Para outros (marxismo), é o trabalho, que nos distingue dos outros animais, quando os homens iniciam a produção dos seus meios de vida . A cultura tem diversos significados. Podemos mencionar a cultura de micro-organismos, a cultura letrada, a cultura popular, etc. Nas Ciências Humanas, a Cultura está associada a três ideias básicas: desenvolvimento, formação e realização. Ela designa o conjunto dos modos de vida criados e transmitidos de uma geração a outra, entre os membros de uma sociedade. Crenças, artes, Leis, costumes, vestimentas, objetos, alimentação, etc., fazem parte de uma determinada cultura/sociedade. De forma mais filosófica, a cultura apresenta-se como um conjunto de respostas dadas por um determinado grupo humano as demandas de sua existência, por isso, varia no tempo e no espaço . Se a cultura é diversa, porque varia no espaço e no tempo, temos uma pluralidade de culturas. Ela influencia nas formas de pensar, sentir e agir, porque molda (filtra) formas específicas de perceber a realidade. Veja um exemplo: nós brasileiros sentimos asco ao saber que na cultura chinesa é comum se alimentar de determinados animais que em nossa cultura temos repulsa como grilo e barata. Para os hindus indianos é pecado comer carne de vaca, que é um animal sagrado para eles, contudo, para nós, diferente de cachorros e gatos, a carne bovina é um dos principais alimentos. Se você já fez uma viagem a outro estado brasileiro ou a outro país, deve ter observado que foi uma experiência rica, porque ao mesmo tempo em que 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 14 você observa uma cultura exterior a sua, passa a se observar (sotaque, vestimenta, modo de organização, comportamento). A cultura se torna mais visível. O antropólogo Ralph Linton, numa época em que os norte-americanos viviam sentimentos nacionalistas (eu acredito que ainda vivem!), escreveu o seguinte texto mostrando a difusão cultural e o intercâmbio interdependente entre as culturas: O cidadão norte-americano desperta num leito construí do segundo padrão originário do Oriente Próximo, mas modificado na Europa Setentrional, antes de ser transmitido à América. Sai debaixo de cobertas feitas de algodão cuja planta se tornou doméstica na Índia; ou de linho ou de lã de carneiro, um e outro domesticados no Oriente Próximo; ou de seda, cujo em prego foi descoberto na China. Todos estes materiais foram fiados e tecidos por processos inventados no Oriente Próximo. Ao levantar da cama faz uso dos "mocassins" que foram inventados pelos índios das florestas do Leste dosEstados Unidos e entra no quarto de banho cujos aparelhos são uma mistura de invenções europeias e norte-americanas. Tira o pijama, que é vestiário inventado na índia e lava-se com sabão que foi inventado pelos antigos gauleses, faz a barba que é um rito masoquístico que parece provir dos sumerianos ou do antigo Egito. Voltando ao quarto, o cidadão toma as roupas que estão sobre uma cadeira do tipo europeu meridional e veste-se. As peças de seu vestuário têm a forma das vestes de pele originais dos nômades das estepes asiáticas; seus sapatos são feitos de peles curtidas por um processo inventado no antigo Egito e cortadas segundo um padrão proveniente das civilizações clássicas do Mediterrâneo; a tira de pano de cores vivas que amarra ao pescoço é sobrevivência dos xales usados aos ombros pelos croatas do século XVII. Antes de ir tomar o seu breakfast, ele olha a rua através da vidraça feita de vidro inventado no Egito; e, se estiver chovendo, calça galochas de borracha descoberta pelos índios da América Central e toma um guarda-chuva inventado no sudoeste da Ásia. Seu chapéu é feito de feltro, material inventado nas estepes asiáticas. De caminho para o breakfast, pára para comprar um jornal, pagando-o com moedas, invenção da Líbia antiga. No restaurante, toda uma série de elementos tomados de empréstimo o espera. O prato é feito de uma espécie de cerâmica inventada na China. A faca é de aço, liga feita pela primeira vez na Índia do Sul; o garfo é inventado na Itália medieval; a colher vem de um original romano. Começa o seu breakfast com uma laranja vinda do 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 15 Mediterrâneo Oriental, melão da Pérsia, ou talvez uma fatia de melancia africana. Toma café, planta abissínia, com nata e açúcar. A domesticação do gado bovino e a ideia de aproveitar o seu leite são originárias do Oriente Próximo, ao passo que o açúcar foi feito pela primeira vez na Índia. Depois das frutas e do café vêm waffles, os quais são bolinhos fabricados segundo uma técnica escandinava, empregando como matéria-prima o trigo, que se tornou planta doméstica na Ásia Menor. Rega-se com xarope de maple, inventado pelos índios das florestas do Leste dos Estados Unidos. Como prato adicional talvez coma o ovo de uma espécie de ave domesticada na Indochina ou delgadas fatias de carne de um animal domesticado na Ásia Oriental, salgada e defumada por um processo desenvolvido no Norte da Europa. Acabando de comer, nosso amigo se recosta para fumar, hábito implantado pelos índios americanos e que consome uma planta originária do Brasil; fuma cachimbo, que procede dos índios da Virgínia, ou cigarro, proveniente do México. Se for fumante valente, pode ser que fume mesmo um charuto, transmitido à América do Norte pelas Antilhas, por intermédio da Espanha. Enquanto fuma, lê notícias do dia, impressas em caracteres inventados pelos antigos semitas, em material inventado na China e por um processo inventado na Alemanha. Ao inteirar-se das narrativas dos problemas estrangeiros, se for bom cidadão conservador, agradece a uma divindade hebraica, numa língua indo-européia, o fato de ser cem por cento americano. (In: Cultura como conceito antropológico , de Roque de Barros Laraia). A crítica manifesta pelo antropólogo Ralph Linton mostra um senso comum que se manifesta em vários países denominados de nacionalistas (acreditam somente em seus valores), porque tendem a compartilhar uma única visão, realidade que quando contraposta observa-se que culturalmente as nações são permeadas em seu cotidiano de produções culturais de outros países . Até o momento ainda não mencionamos as concepções de determinados filósofos sobre o que significa o ser . Não, não esquecemos deles! Na verdade, já vimos muitas de suas concepções sobre o ser no capítulo primeiro desta aula. Vamos recapitular o que pensava Platão, Aristóteles e Descartes. Platão nós já sabemos como ele pensava o ser. Para ele, a essência do ser humano é sua alma, que é imaterial e preexiste ao corpo, unindo-se a este de forma acidental. Dividia a alma em 3 partes que se relaciona entre si: alma 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 16 concupiscente (desejos), alma irascível (paixões) e alma racional (conhecimento e predomina sobre as outras). Aristóteles concebia o ser humano como homem racional e político. Formado por dois princípios: matéria e forma , existindo alma e corpo de maneira conjunta. Seu aspecto político é porque o ser só se desenvolve socialmente , atuando na sociedade, na pólis. Para Descartes, diferente de Aristóteles, corpo e alma são radicalmente separados e distintos. A alma comandaria o corpo. Para além destes 3 filósofos, temos a concepção de estado natural ou da natureza do homem . Nesta perspectiva, procurou-se pensar como seria o estado dos homens antes da formação das sociedades e dos Estados. Thomas Hobbes (XVII) defendia que os seres humanos são maus por natureza e não são naturalmente sociais (critica a Aristóteles). No estado de natureza haveria uma luta permanente pela sobrevivência , porque vigorava a lei do mais forte. Como ele disse “era um estado de guerra de todos contra todos, em que o homem é o lobo do homem”. Dessa forma, é o contrato social entre os indivíduos e a sociedade, por meio do Estado, que garantiria a segurança e a paz social. De forma totalmente contrária a Hobbes, o filósofo francês Jean-Jacques Rousseau (XVIII) defendia que o ser em seu estado de natureza vivia isolado, livre e feliz , guiado por bons sentimentos e em harmonia com o meio ambiente. Era chamado o bom selvagem. A ruptura com esse estado se deu quando surgiu a propriedade privada , isto é, quando alguém cercou um espaço de terra e disse que aquilo ali era seu. Assim, com a proliferação da propriedade privada (através do uso da força) surgiu o estado de guerra mencionado por Hobbes. Portanto, para Rousseau, os homens são essencialmente bons e não maus, mas que a sociedade corrompe os seres humanos. Contrário a uma explicação mais abstrata do mundo e do ser, alguns pensadores do século XIX e XX procuraram enfatizar uma realidade concreta, que está em processo contínuo. 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 17 Para Karl Marx (século XIX), o homem não existe fora das relações sociais, como um ser isolado, abstrato e universal. Para explicar o ser humano é necessário analisar suas condições materiais em que cada indivíduo vive ou viveu na sua existência social, em sua história concreta . No século XX, o filósofo francês Jean-Paul Sartre , expoente do existencialismo , criticava as noções de metafísica de que cada ser tem uma essência e que esta resultaria numa forma de existir. Sartre defendia que a existência precede a essência, isto é, o ser humano é um nada quando nasce e passa a existir a partir deste momento . Vai existindo e se definindo socialmente através de escolhas e a responsabilidade de construir a si e, para isso, não é necessária essência ou substância conforme a visão da metafísica tradicional. 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIAProf. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 18 3 A Linguagem O que é linguagem? De que é constituída a linguagem? Como sabemos que nos comunicamos através da linguagem? Certamente, Sócrates faria essas perguntas... A linguagem tem diversas formas: choro de um bebê, a dança, o teatro, a língua, a música, a matemática, a escrita, o cinema, etc. É um conjunto de símbolos (sinais) visuais, sonoros ou sensorial que remete a algo (objeto, emoção e ideia) de maneira a compor um significado ou sentido àqueles que dominam determinado código (sistema de signos). Imaginemos nosso idioma. Para nos comunicar utilizamos as palavras, as quais dominamos os seus sentidos. Portanto, se mencionamos “jornal” todos aqueles que compartilham a língua portuguesa irá entender do que se trata. No entanto, se alguém menciona “periódico” e este não domina os signos da língua espanhola, não entenderá do que se trata. A área do saber que estuda a linguagem são: a linguística (Letras) e a semiótica (Comunicação). A Filosofia da linguagem interage com estas duas áreas. A História também busca compreender o surgimento dos diversos tipos de linguagem e suas modificações. A criação das línguas, do alfabeto, a invenção da imprensa e a criação das diversas mídias são linguagens que impactam as sociedades. Os estudiosos não encontraram respostas científicas de como surgiram as diferentes línguas. Alguns defendem que sempre houve uma variedade de línguas que influenciaram a formação de outras. Outros, acreditam que pode ter existindo uma língua comum a todos no início, no entanto, esta é uma hipótese pouco aceita. Há uma explicação mitológica no Livro Gênesis, que faz parte da Bíblia. Segundo esta explicação, os babilônios queriam criar uma torre que chegasse ao céu – a Torre de Babel. Porém, Deus castigou a prepotência dos humanos destruindo a torre e fazendo que todos falassem línguas diferentes (até então 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 19 todos falavam a mesma língua). Assim, ficaram impedidos de se comunicarem e foram povoar outros lugares. Uma explicação diferente desta foi dada pelo filósofo Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) , o qual especulou que a primeira forma de linguagem dos seres humanos teria sido o grito da natureza, isto é, os primeiros humanos em situação de perigo ou dor . Com a evolução se desenvolveu os sentimentos e a expressão corporal, até se multiplicar a comunicação pela voz. Ou seja, o desenvolvimento da linguagem está associado as necessidades sociais que vão se apresentando. Você já imaginou como era a transmissão do conhecimento antes do alfabeto? Acertou se disse “transmissão oral”. Na antiguidade, eram os poetas que transmitiam oralmente os valores e as narrativas. Com a criação da escrita pelos sumérios e do alfabeto pelos fenícios, outros povos, como o Grego, passaram a desenvolver o alfabeto a partir do século IX a.C. Com isso, a tradição oral foi perdendo espaço para tradição escrita, porque através desta dava autonomia e não era necessário mais a mediação do orador. Abaixo, um exemplo de uma tabuleta de argila que os sumérios e outros povos utilizavam. Segundo algumas especulações, Steve Jobs se inspirou nestes formatos e na praticidade de ser manuseado pelas mãos, para pensar no design de seu famoso Ipad. 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 20 Uma invenção que provocou uma revolução foi a imprensa criada pelo alemão Gutenberg no século XV. Os livros antes manuscritos, passaram a ser impressos, o que facilitou a divulgação das ideias de vários pensadores mundo a fora, a educação e a alfabetização. As invenções e transformações das linguagens e dos meios de comunicação não param, a cada dia surge algum tipo de linguagem diferente: rádio, televisão, telefone, celular, computador, correio eletrônico, redes sociais, etc. Estas modificações permitiram uma comunicação em tempo real com diversas partes do mundo, o que ficou conhecido como aldeia global e depois uma das essências da globalização. Hoje, as pessoas são leitores de diversos textos e também os produzem. Tudo isso nos permite concluir que somos seres linguísticos também, porque construímos boa parte do que somos e do mundo a nossa volta através das múltiplas linguagens. A língua atua como um filtro e confere sentido as nossas experiências e comunicação ao que processamos . É por intermédio dela que identificamos, classificamos e entendemos nossas experiências e as de outras pessoas. 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 21 Um dos debates filosóficos sobre a linguagem é a relação entre as palavras e as coisas . O nome que atribuímos as coisas são convenções ou fazem parte da natureza (essência) das coisas? Esse também é um debate antigo, que vem desde Platão. Segundo ele, representando o pensamento de Sócrates, vai dizer que a linguagem é uma criação humana (convenção) – a mesma coisa pode ser chamada de formas distintas em diversos idiomas. No entanto, defende que existe uma ordem no mundo e das coisas e a linguagem também seguiria essa perspectiva, portanto, uma essência (naturalista ). Este pensamento de Sócrates/Platão tende a unir as duas percepções da linguagem (convencionalista e a naturalista). Em resumo, é convenção chamar de “mesa” uma mesa, mas este objeto teria uma ideia essencial de mesa, existente no mundo das ideias que a representa. Na Idade Média, o debate perpassou pela questão dos universais, isto é, palavras que nomeiam conceitos gerais ou classes dos seres (humanidade, ave, rosa). A tendência realista defendia que os universais existiam de fato e a tendência nominalista defendia que os universais seriam apenas palavras sem uma existência real . Já no século XX, com um dos mais importantes filósofos da linguagem, Ludwig Wittgenstein (1889-1951), o qual dizia que um dos maiores problemas foi o pensamento de Platão, qual seja, pensar que as palavras eram nomes próprios, como se cada termo correspondesse a um objeto. Para Ludwig, a linguagem não é a captura conceitual da realidade ou uma figuração do objeto . Sua função não é mera descrição dos fatos como a maioria das pessoas crê. Percebia a linguagem como uma “caixa de ferramentas”, sendo necessário saber utilizá-las, reconhecendo seus limites e o momento de ficar calado. Falar é como se estivéssemos participando de um jogo, os jogos da linguagem, pois as palavras adquirem significados e sentidos no uso social , nos diferentes modos de ser e de viver nos quais a fala está inserida. 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 22 Outro pensador que criticou a concepção predominante de que a linguagem descrevia os fatos e a realidade foi o filósofo John Austin ( 1911- 1960), que elaborou a teoria dos atos da fala, que é toda ação que se realiza quando se diz algo. Outras explicações surgiram como, por exemplo, a dos behavioristas, que defendiamque tanto a formação das línguas como o aprendizado das palavras eram respostas aos estímulos externos. Diferente dele, Noam Chomsky (1928-) defende uma interpretação inatista, isto é, a linguagem é uma capacidade natural; os nossos órgãos (sistema nervoso central e o cérebro) estão programados para os aspectos da fala . 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 23 4 O Trabalho Peço atenção especial para este capítulo por dois motivos principais: 1) ele é um complemento da aula 02 de Sociologia, na qual vamos aprofundar a relação trabalho e sociedade e 2) o tema “trabalho” é um dos temas mais cobrados no ENEM. Portanto, toda atenção é mais do que necessária. De modo mais geral, trabalho pode ser entendido como um dispêndio de energias (física ou mental) para realização de uma determinada ação, para satisfazer necessidades individuais ou coletivas. Para nosso velho conhecido Karla Marx (XIX), o trabalho é uma atividade especificamente humana, pois implica um projeto mental que modela a conduta a ser desenvolvida para se alcançar um objetivo . Lembrando que para ele, o trabalho não apenas transforma o material em que se trabalha, mas realiza-se nesse material o projeto que trazia em sua consciência, e isso nos diferenciaria de outros animais. Nas palavras de Marx: Uma aranha executa operações que se assemelham às manipulações do tecelão, e a construção das colmeias pelas abelhas poderia envergonhar, por sua perfeição, mais de um mestre-de-obras. Mas há algo em que o pior mestre-de-obras é superior a melhor abelha, e é o fato de que, antes de executar a construção, ele a projeta em seu cérebro. (Marx, O Capital ) Marx tem uma postura crítica a um certo idealismo sobre a concepção do trabalho, a qual vê que em termos individuais o trabalho permite expandir as energias e a criatividade e, com isso, realizar suas potencialidades. Além disso, nesta perspectiva, trabalho seria um elemento positivo para a manutenção e satisfação da vida social, com a edificação da cultura e a solidariedade entre as pessoas – uma concepção defendida por Durkheim como veremos na aula 02 de Sociologia. Na interpretação de Marx, a dominação de uma classe social sobre a outra desvia a função digamos positiva do trabalho mencionada no parágrafo acima. Ao invés de servir à coletividade, o resultado dos trabalhos produzidos 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 24 pela sociedade passou a enriquecer alguns. De recompensa de ato criativo e livre passou a ser considerado como castigo. O termo trabalho vem do latim tripalium, nome dado a um instrumento constituído de três paus e que era utilizado nas tarefas do campo, mas que também foi usado para torturar pessoas. Dessa forma, o trabalho estaria associado a castigo e a algo pesaroso, ruim. Encontramos na pré-história a primeira divisão do trabalho, qual seja, a de gênero . Algumas tarefas eram reservadas aos homens (caçar, guerrear e garantir a proteção do grupo) enquanto os trabalhos domésticos e os cuidados dos filhos ficavam destinados as mulheres. Além da divisão do trabalho baseada no gênero, haviam outros fatores como idade e força física. Como vimos nas aulas anteriores, a partir de reflexões dos filósofos Platão e Aristóteles, na Antiguidade o trabalho manual era desprezado, inferiorizado, porque este se assemelhava a atividade dos animais e não permitia tempo para a contemplação e exercício da cidadania. Portanto, o trabalho intelectual era o mais valorizado e desejado, porque a partir dele podia exercer a cidadania, o ócio e a contemplação. 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 25 Na Idade Média, período este em que a sociedade está dividida em 3 estamentos principais: 1) clérigos (aqueles oram); 2) nobres (aqueles guerreiam); e 3) servos (aqueles que trabalham) continua a valorizar o trabalho intelectual. O trabalho estaria associado a provação e fortalecimento do espírito para alcançar o reino celeste . Segundo um dos filósofos medievais, Santo Tomás de Aquino (1221-1274), defendia que o trabalho é um bem árduo , por meio do qual o indivíduo tornaria um ser humano melhor. Com o advento da Idade Moderna, a mentalidade começa a ser transformada. Uma das influências foi a Reforma Protestante (XVI), que mudou a visão religiosa perante o trabalho. O trabalho na perspectiva protestante é bom e deve ser estimulado para todos. Todos devem buscar uma vida de sucesso econômico, de uma vida ativa e lucrativa – a usura (juros) deixou de ser uma prática pecaminosa como na visão da Igreja Católica medieval. Relembrando a aula de Sociologia, o sociólogo Max Weber (1864-1920) mostrou uma relação entre essa ética protestante (valorizava o trabalho e a busca da riqueza) e o desenvolvimento do capitalismo nos países onde predominava o protestantismo . Embora essa ética fosse estimulada para todos, quem conseguiu acumular riquezas (capital) e investir nas atividades produtivas foi a classe burguesa. Na Idade Contemporânea temos vários autores que irão refletir sobre o trabalho, o que iremos ver na aula 02 de Sociologia. Aqui, vamos destacar a concepção de dois filósofos que também já analisamos algumas de suas reflexões: Hegel: recupera o sentido do trabalho como algo positivo, associado a autoconstrução do ser humano. Seria uma forma de se aperfeiçoar pelo trabalho, mas também de se libertar pelo domínio que exerce sobre a natureza. Karl Marx: diferente de Hegel, enfatiza o aspecto negativo do trabalho nas sociedades capitalistas, a qual separou pela primeira vez na História o homem dos meios de produção, encontrando-se obrigado a vender sua força de trabalho para sobreviver. Ademais, mostra que quem explora (compra essa força 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 26 de trabalho) é que enriquece. Analisou as condições degradantes, as quais os trabalhadores estavam submetidos e o processo de alienação. O uso do termo alienação, inicialmente, foi utilizado por Hegel, que via nela um processo pelo qual os indivíduos colocam suas potencialidades nos objetos por eles criados. Neste sentido, há uma exteriorização da criatividade humana. Marx, ao contrário da filosofia hegeliana, identificou dois momentos distintos nesse processo de exteriorização da criatividade: objetivação: capacidade da pessoa se objetivar através do objeto criado, o que é próprio do seu saber-fazer. alienação: no capitalismo, quando o indivíduo coloca suas potencialidades no objeto criado deixa de identifica-lo como seu, muitas vezes nem toma consciência de seu produto final. Neste sentido, o produto criado lhe é estranho no plano psicológico, econômico e social . A forma de organização do trabalho em linhas de operação e montagem , isto é, cada operário com uma função específica no processo de produção foi aperfeiçoado nas fábricas. Uma fragmentação do trabalho que gera também uma fragmentação do saber, fazendo com que o trabalhador percaa noção do conjunto do processo produtivo. Isso ficou conhecido como fordista-taylorismo . O operário sempre repete as mesmas operações, produzindo bens estranhos a sua consciência, a seus desejos e as suas necessidades. O resultado não é garantir suas potencialidades, tampouco contemplar suas satisfações, mas sim as necessidades do mercado, de outras pessoas. Muitas vezes produzem algo que não conhece como produto final e nem terão condições de adquirir. 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 27 Karl Marx, em seus estudos sobre o sistema capitalista, observou que produção é ao mesmo tempo consumo, já que além do uso de matéria-prima e dos instrumentos de produção, há o consumo das forças vitais nesse trabalho. Consumo também é produção , pois os homens se produzem através do consumo, seja nos aspectos biológicos (alimentação, cuidado com o corpo) como nos aspectos intelectuais e emocionais. Não é à toa que temos áreas do saber como o marketing (estratégia) e a publicidade (peças de divulgação) como uma das principais “ferramentas” do sistema capitalista, já que a produção abre caminho para o consumo e este aumenta a demanda de produção, portanto, as empresas precisam criar produtos que atendam às necessidades das pessoas e, com isso, aumentam a produção das empresas. Esse ciclo produção e consumo gera a reprodução do sistema capitalista . Ao aprofundar a crítica entre consumo e produção, podemos verificar que o Mercado não visa a atender as necessidades das pessoas, muitas vezes essas necessidades são forjadas ou são objetos de distinção social. Além disso, busca-se a lucratividade em seus produtos e a mercantilização das coisas. Grande parte da população fica excluída deste processo. Por que? Para o filósofo Jean Baudrillard (1929-2007), considera que a lógica do consumo no mundo capitalista se baseia exatamente na impossibilidade de que todos consumam. Para ele, o consumo funciona com uma forma de afirmar a diferença de status entre os indivíduos. A propaganda trata de assegurar essa 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 28 distinção ao associar determinadas marcas consideradas de grife a comportamentos e padrões inacessíveis à maioria da população. No mesmo sentido de Jean Baudrillard, o sociólogo Pierre Bourdieu (1930-2002) chama a atenção para a Distinção Social. Em seu trabalho, as classes sociais reproduzem determinados tipos de estilo de vida, que podem ser observados em seus gostos, alimentação, vestimenta, espaços sociais nos quais as pessoas se relacionam, suas amizades, etc. Isso gera a reprodução das classes, bem como um espaço social hierarquizado. A felicidade em nossa atualidade, bem diferente da concepção dos gregos antigos (bem comum, bem da coletividade), passa a ser o consumo. Para o filósofo Max Horkheimer (1885-1973), da Escola de Frankfurt, quanto mais intensa é a preocupação do indivíduo com o poder sobre as coisas, mais as coisas o dominarão. Essa necessidade de produzir para um consumo alienado pode ficar evidente na produção de objetos que logo ficam ultrapassados como, por exemplo: os celulares, computadores, roupas, etc. Muitos destes objetos já têm um período de vida estimável, porque logo depois é estimulado sua troca por versões mais atualizadas. O consumo também influencia o nosso lazer, que passa a ser ditado pela lei do Mercado, isto é, aquilo que garante lucratividade. Perde-se assim a espontaneidade criativa do sujeito. Nesta perspectiva, temos aquilo que os pensadores da Escola de Frankfurt (Max Horkheimer e Theodor Adorno) denominaram de Indústria Cultural. 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 29 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 30 5. O Conhecimento A área filosófica que se dedica a questão do conhecimento é conhecida como gnosiologia. Uma concepção básica do que é o conhecimento é a apresentação verídica ou adequada de um objeto (algo) ao pensamento (sujeito). Então, por exemplo: se alguém menciona a palavra livro em uma conversa e eu faço uma construção deste objeto em minha mente, posso dizer que tenho conhecimento do que se trata. Porém, se ao invés disso eu crio uma outra imagem totalmente diferente como a de um carro, posso dizer que não tenho conhecimento do que se está falando. Este é um exemplo muito simplista, porque conhecer tem graus distintos, envolve engano e ilusão naquilo que uma pessoa acredita saber, como já vimos tanto em Sócrates/Platão como em Descartes. A gnosiologia estuda a relação entre o sujeito e o objeto a ser conhecido. Algumas questões básicas são: - fontes primeiras: origem do conhecimento - processo: como os dados se transformam em ideias - possibilidade: o que podemos conhecer de forma verdadeira Para compreender estas questões temos uma corrente do pensamento denominada representacionismo . Parte do pressuposto de que conhecer é representar o que é exterior a mente, isto é, uma reprodução do mundo externo projetado na consciência. Neste sentido, conhecer um cachorro é realizar uma imagem adequada dele em sua mente. Envolve o sujeito (conhecedor) e o objeto (conhecido). Dentro do representacionismo temos duas tendências: Realismo: defende que as percepções que temos dos objetos correspondem de fato às características presentes nesses objetos. Portanto, o foco é no objeto. Idealismo: é o sujeito que predomina em relação ao objeto, a percepção da realidade é reproduzida pelas nossas ideias, pela consciência. 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 31 Quais são as fontes primeiras do conhecimento , razão ou sensação ? Já vimos que este debate também vem desde Platão. Sobre essa questão temos 3 tendências: Racionalismo A experiência sensorial é uma fonte permanente de erros e confusões sobre a complexa realidade do mundo. Somente através da razão (uma característica inata do ser humano) se pode conhecer a realidade. Expoente deste pensamento: René Descartes Empirismo Diferente do racionalismo, defendem que todas as ideias são provenientes da experiência, das percepções sensoriais. Expoente deste pensamento: Hobbes e John Locke (tábula rasa) Apriorismo Kantiano O filósofo Immanuel Kant (1724-1804) afirmava que todo conhecimento começa com a experiência, mas que esta sozinha não nos dá o conhecimento. É preciso a atuação do sujeito para organizar os dados da experiência. Buscou entender como era o sujeito antes de qualquer experiência e concluiu que o ser humano possui formas de sensibilidade e do entendimento que possibilitam a 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. RaphaelReis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 32 experiência, mas também determinam o conhecimento. Em resumo, Kant defende que a experiência fornece a matéria do conhecimento, enquanto a razão organiza essa matéria de acordo com suas próprias formas existentes antes no pensamento, por isso o nome apriorismo. Por último, vamos analisar quais são as possibilidades de conhecer algo ou a nós mesmos. Há três correntes básicas que se dedicam a essas reflexões: ceticismo, dogmatismo e criticismo . Antes de entrar propriamente dito no que pensa estas correntes, é preciso esclarecer que a palavra verdade tem sentido de uma correspondência entre o que se pensa ou se diz e a realidade que se quer conhecer ou expressar, sinônimo de conhecimento verdadeiro. O dogmatismo defende a possibilidade de atingir a verdade. Através de um trabalho metódico e racional é possível conhecer a realidade do mundo . Ao contrário do dogmatismo, o ceticismo nega a possibilidade de conhecer a realidade . Os sentidos levariam aos erros, mas a razão também, porque varia de ser humano para ser humano. Portanto, não é possível o conhecimento, nada é verdadeiro. Se isso é verdade, essa corrente é contraditória, porque está afirmando pelo menos uma coisa do conhecimento: de que ele não seria verdadeiro. Além disso, seus críticos apontavam que essa ideia não levaria a lugar nenhum. Dentro ainda desta corrente, temos os relativistas, que dizem que não existem verdades absolutas, mas apenas verdades relativas . 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 33 Já para o criticismo, criado por Kant para tentar superar o impasse entre o dogmatismo e o ceticismo, assim como fez entre o racionalismo e o empirismo , acredita na possibilidade do conhecimento, mas se indaga sobre as reais condições nas quais esse conhecimento seria possível . Portanto, admite a possibilidade de conhecer, mas reconhece que o conhecimento é limitado e depende de condições específicas. Prepare a pipoca e o guaraná. Chame o (a) namorado (a). Convide algum amigo (a). Reúna a família. Assista ao filme Entre os Muros da Escola. Este filme retrata o cotidiano da sala de aula em uma escola de periferia de Paris (França), onde se mesclam alunos que pertencem a distintos grupos sociais e diversas culturas étnicas. Ao vê-lo você poderá aplicar seus conhecimentos de filosofia e sociologia vistos até o momento. Boa sessão! 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 34 1 EXERCÍCIOS 1 ENEM 2016) Resolução: Embora refute os mitos como explicação do mundo e dos seres, Platão utiliza em sua dialética mitos para a partir deles criar suas alegorias, metáforas. O amor, para Platão, é algo alcançável pelo espírito. O homem sempre está à procura de sua outra metade, o que popularmente conhecemos como alma gêmea. Resposta: D 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 35 2 ENEM 2016) Resolução: Tanto a música cantada pelo excelente cantor Zé Ramalho como a reflexão de Marx mostram a exploração do sistema capitalista. A classe burguesa possui os meios de produção, portanto, compra a força de trabalho dos operários, os quais neste sistema só lhe restam vender essa força de trabalho. Os operários produzem a riqueza e o lucro, no entanto, sua participação neste processo lhe permite tão somente, na maioria das vezes, a sua subsistência. O resultado de seu trabalho não é apropriado pelos próprios operários, como bem demonstra a música. Resposta: E 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 36 3 ENEM 2016) Resolução: a charge descreve o processo de produção conhecido como taylorismo, isto é, produção em linha de montagem dos produtos, no qual cada operário tem uma função específica na produção. Dessa forma, desconhecem as outras etapas e o produto final. Resposta: E 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 37 4 ENEM 2016) Resolução: ambos pensadores são contratualistas, defendendo a necessidade do Estado Civil. Para Hobbes, o estado de natureza revela a essência do ser humano, que é má, egoísta. No estado de natureza há uma condição de guerra de todos contra todos, onde impera a lei do mais forte. Por isso, o Estado Civil era necessário para trazer a ordem e a segurança. 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 38 Resposta: A 5 ENEM 2016) Resolução: o texto não deixa dúvidas de qual sistema ele se refere, qual seja: o capitalismo. Neste, tudo vira mercadoria: cultura, esporte, religião, educação, saúde. Resposta: C 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 39 6 ENEM 2016) Resolução: Pirro pode ser considerado um pensador do ceticismo, corrente esta que vai dizer que tanto a razão quanto os sentidos não podem chegar ao conhecimento verdadeiro, não podem obter nenhuma certeza. Resposta: C 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 40 7 ENEM 2016) Resolução: David Hume é um pensador que faz parte da corrente empírica, a qual considera que todo o conhecimento tem origem na experiência. As impressões são percepções vivas e mais fortes que as ideias, portanto privilegia os sentidos. Rejeita a existência das ideias inatas, porque todo o conhecimento advém da experiência. No entanto, a ciência tem na experiência certas limitações. Resposta: C 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 41 8 ENEM 2015) Resolução: o pensamento de Descartes rompe com a tradição (aristotélica- tomista) do pensamento medieval. Nela, Descartes apresenta o cogito, “penso, logo existo”, no qual seu método de dúvida estabelece o princípio indubitável para o conhecimento. Resposta: D33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 42 9 ENEM 2015) Resolução: o texto do antropólogo Ralph Linton faz uma crítica ao nacionalismo, especificamente dos norte-americanos. Mostra a fusão e a difusão de elementos de diversas culturas. Resposta: D 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 43 10 ENEM 2013) Resolução: o filósofo Karl Marx diz que para compreender o ser humano é necessário compreender o modo de vida de sua existência, em sua história concreta. Na produção capitalista, o trabalho se constitui como o fundamento real da produção, no qual alguns detêm os meios de produção (burgueses) e outros a força de trabalho (operários). Resposta: B 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 44 11 ENEM 2013) Resolução: as duas correntes em questão é o Racionalismo, que defende que a experiência (os sentidos) leva a um conhecimento enganoso, ou seja, somente a razão pode acessar o conhecimento verdadeiro. Por outro lado, temos o Empirismo, que defende que somente a experiência (sentidos) que é possível conhecer os objetos, as coisas. Kant, através do seu apriorismo tende superar o impasse: conclui que todo conhecimento advém da experiência (do objeto), mas só isso não basta, porque é preciso a ação do sujeito para organizar racionalmente os dados de sua experiência. Resposta: A 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 45 12 ENEM 2012) Resolução: a imagem retrata uma linha de produção em série baseada no taylorismo, na qual cada operário executa uma única tarefa de maneira repetitiva. Nestas fábricas trabalhavam homens, mulheres e até crianças, em condições precárias de trabalho. Desconheciam as etapas do processo, acarretando aquilo que Marx denominou de “alienação”. Resposta: C 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 46 13 ENEM 2011) Resolução: o poeta Shelley faz uma crítica a uma das consequências da Revolução Industrial inglesa. Uma contradição: aqueles que trabalhavam nas fábricas geravam riquezas através de sua produção, mas não para si mesmos, não era usufruída por eles mesmos. Quem usufruía dos lucros auferidos pela produção eram os patrões, que melhoravam o seu padrão de vida. Além desta exploração, os trabalhadores eram submetidos a condições precárias (muitas horas de trabalho, expostos a acidentes, sem proteção trabalhista). Resposta: E 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 47 14 ENEM 2009) Resolução: tanto Ptolomeu como Aristóteles defendiam em seus raciocínios que a terra era o centro (geocentrismo). Inclusive, não somente esta ideia, mas outras de Aristóteles influenciaram a filosofia medieval. Copérnico, através da observação, constatou que haviam movimentos que não podiam ser explicados pelo geocentrismo, defendendo o heliocentrismo, no qual a Terra giraria ao entorno do sol. Após ele, vieram outros que demonstraram cientificamente o heliocentrismo, como Galileu Galilei (utilizava um telescópio). Kepler aprofundou os estudos de maneira científica, utilizando conhecimentos e métodos matemáticos. Conseguiu constatar que a órbita do planeta Marte era elíptica e não circular, podendo ser demonstrado e generalizado para os demais planetas. 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 48 Resposta: E 15 VUNESPE 2009) "Se fosse adequado incomodá-lo com a história deste Ensaio, deveria dizer-lhe que cinco ou seis amigos reunidos em meu quarto, e discorrendo acerca de assunto bem remoto do presente, ficaram perplexos, devido às dificuldades que surgiram de todos os lados. Após termos por certo tempo nos confundido, sem nos aproximarmos de nenhuma solução acerca das dúvidas que nos tinham deixado perplexos, surgiu em meus pensamentos que seguimos o caminho errado, e, antes de nós nos iniciarmos em pesquisas desta natureza, seria necessário examinar nossas próprias habilidades e averiguar quais objetos são e quais não são adequados para serem tratados por nossos entendimentos." (John Locke. Ensaio acerca do Entendimento Humano. São Paulo: Nova Cultural, 1999) A qual corrente filosófica pertenceu John Locke? (A) Empirismo. (B) Metafísica. (C) Estoicismo. (D) Existencialismo. (E) Teoria crítica. Resolução: John Locke faz parte da corrente empirista, que valoriza o objeto no processo de conhecimento. Somente através da experiência é possível conhecer. Inclusive, a razão seria sensação, porque depende de determinados órgãos. Resposta: A 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 49 16 VUNESP 2009) "Da improvisação padronizada do jazz até os tipos originais do cinema, que têm de deixar a franja cair sobre os olhos para serem reconhecidos como tais, o que domina é a pseudoindividualidade." (T. Adorno; M.Horkheimer, Dialética do esclarecimento. 1985) O fragmento pode proporcionar uma situação de aprendizagem sobre (A) a teoria do indivíduo. (B) condutas massificadas. (C) alienação moral. (D) ética. (E) a sujeição. Resolução: Adorno e Horkheimer fazem parte da Escola de Frankfurt e são aqueles que criaram o conceito de Indústria Cultural, que faz uma crítica ao capitalismo, o qual transforma tudo em mercadoria, em condutas padronizadas e massificadas. Resposta: B 17 Colégio João XXIII) Segundo Jean Pierre Vernant, "fornecer a razão de um fenômeno não pode mais consistir em nomear o seu pai e sua mãe, em estabelecer a sua filiação. Se as realidades naturais apresentam uma ordem regular, não pode ser porque, um belo dia, o deus soberano, ao fim de seus combates, impôs-se às outras divindades como um monarca que reparte em seu reino os encargos, as funções, como uma lei imanente à natureza e presidindo, desde a origem à sua ordenação". Essa afirmação se refere à passagem do(a) (A) Mito para a Filosofia. (B) Caos ao Cosmos. (C) Teogonia para a Epistéme. (D) Filosofia ao Mito. (E) Physis à Aletheia. Resolução: o autor faz referência a um determinado período no qual não bastaria mais as explicações mitológicas, e sim a busca de explicação racional para a origemdo mundo e dos seres (exercício filosófico que começa com os pensadores denominados pré-socráticos (cosmólogos). 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 50 Resposta: A 18 Colégio João XXIII) Os estudos da Biologia nos ajudam a compreender que os animais, como as formigas, por exemplo, convivem entre si a partir de regras rígidas e imutáveis da Natureza. Por esta razão, a violência entre animais ocorre somente por duas causas fundamentais: fome e ameaça. Não há animal que violente ao outro ou ao ser humano exceto nos dois casos. Diferentemente dos animais, o ser humano teima em não seguir as normas da natureza, negando-se a obedecê- las. Por isso, ele é o único animal que mata por prazer, violenta e humilha o outro por querer. Essa disposição em não obedecer a regras da natureza é um dos fatores que nos diferenciam dos animais em comum. Baseado nessa introdução assinale o item que descreve nossa igualdade em relação aos animais: (A) A capacidade de relacionar inteligentemente dados, memorizá-los para uso posterior. (B) A linguagem inteligível, conceituada e simbólica. (C) A cultura, ou seja, o acúmulo de conhecimento e experiência das gerações nos diferencia dos animais comuns. (D) O hábito de comer e beber todos os dias, bem como o de dormir e o de acordar. (E) Nossa religiosidade e crença em seres superiores. Resolução: são características dos seres humanos em relação a outros animais: produzir cultura (crenças, costumes), elaborar linguagem simbólica, ter consciência de si e de outros seres e estabelecer conexões entre passado, presente e futuro. Portanto, as características de beber, comer, dormir e acordar são comportamentos mais “instintivos”, pertencendo tanto os humanos como os animais, embora a maneira de produzir racionalmente a alimentação e as formas de dormir e acordar (cama, palha, rede) são produções humanas, que também se diferenciam dos animais. Resposta: D 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias FILOSOFIA Prof. Raphael Reis – Aula 02 Prof. Raphael Reis www.estrategiaconcursos.com.br 51 19 Cesagrino) O conceito de Dialética tomou parte nas preocupações filosóficas de pensadores, como Hegel, Engels e Marx. Sobre o conceito de dialética em Hegel, é CORRETO afirmar que se trata da A) ciência das leis gerais do movimento, tanto do mundo externo como do pensamento humano. B) marcha do pensamento que procede por contradição, passando por três fases - tese, antítese e síntese -, reproduzindo o próprio movimento do Ser absoluto ou Idéia. C) sistematização do chamado materialismo histórico. D) organização política e econômica que torna comuns os bens de produção. E) situação do filósofo cujo pensamento supõe comprometimento com a situação social e política vivida. Resolução: o conceito de dialética de Hegel é diferente da de Platão/Sócrates (diálogo, maiêutica) e a de Marx (materialista). Hegel defende que o espírito absoluto ou ideia se faz no tempo. É um movimento evolucionista que perpassa pela tese (ser em si), antítese (ser fora de si) e síntese (retorno). Resposta: B 20 Cesagrino) "O homem é condenado a ser livre". Esta frase de Jean Paul Sartre sintetiza o movimento filosófico, que marcou a Europa no pós-Segunda Guerra Mundial, a saber o(a) A) estruturalismo. B) pós-modernidade. C) pós-estruturalismo. D) dodecafonismo. E) existencialismo. Resolução: Sartre é um filósofo do século XX, que defende que a existência precede o ser, isto é, o ser só se faz existindo, através de suas escolhas. Resposta: E 33320407821 33320407821 - gabriele ostapiuk miudo dias
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