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NEFROLOGIA E UROLOGIA PARTE 2 VIDEO 6 • Renoproteção e a ação dos inibidores de ECA • Exames de identificação RENOPROTEÇÃO E A AÇÃO DOS INIBIDORES DE ECA O que significa? • “Proteção renal” • Reno, ren ou reni – vêm do latim (ren, renis – um rim). Elemento de composição que denota a idéia de rim. • Nefro, nefr – vêm do grego (nephrós – rim). Elemento de composição que denota relação com o rim. - Falar renoproteção ou nefroproteção tem o mesmo valor técnico da palavra. Aparentemente por ter uma origem por escolha o prefixo Reno é mais conhecido no inglês. - Baseia-se em princípios de: • Prevenção • Proteção • Controle de progressão de DRC instalada - Por muitos anos os médicos observavam perda de proteína pela urina de indivíduos muitas vezes sadios em decorrência de algumas alterações como a hipertensão sistêmica. E a observação dessa perda de proteína fazia com que houvesse uma grande preocupação dos médicos porque aquilo iria implicar em danos renais, que iriam gerar DRC. Então ali já se observava sinais de injúria que poderiam ocasionar no futuro do paciente um processo irreversível conhecida como doença renal crônica. Até que surgiram as enzimas inibidoras de angiotensina, que o seu efeito de controle de pressão, controlava a proteinúria. E isto fez com que gerasse a área de conhecimento conhecida como renoproteção. As principais informações a respeito da doença renal crônica e da sua característica de ser uma doença progressiva vieram dos estudos do professor Barry Morton Brenner (médico humano, professor na Universidade de Harvard). Onde em um estudo realizado por ele na década de 70, ele conseguiu provar que a DRC depois de instalada, ela expontaneamente piora, diminuindo o tempo de vida do paciente. Pensando em um rim normal recebendo um fluxo normal proveniente da artéria renal, o fluxo desse sangue é regulado pelo coração. E um coração normal com o ajuste da artéria renal imprime um volume de sangue para dentro do rim causando uma pressão perfeita para uma filtração glomerular (2-4 ml/kg/min). Se no rim tiver áreas de cicatrizes fibrosas, há a diminuição da capacidade de distribuição do sangue. Então nas áreas que ainda há fluxo sanguineo o rim recebe uma grande capacidade de sangue, visto que as demais não estão recebendo fluxo sanguíneo devido a fibrose. Por ela receber um grande numero de sangue, isto também vai proporcionar um aumento da pressão. A arteríola aferente recebendo este sangue com grande volume e força, vai ter sua parede dilatada/ calibre aumentado, e este volume de sangue em grande quantidade gerando este aumento de pressão vai acarretar em uma condição de anormalidade na região do glomérulo. Geramos com a hipertensão uma situação de stress, acarretando em uma reação inflamatória e causando também proteinúria. Este efeito inflamação e proteinúria é altamente danoso aos rins, glomérulo e túbulos. Essa inflamação diminui e dificulta a excreção. Essa inflamação crônica permanente diminui o tempo de vida do glomérulo acarretando em uma condição conhecida como gloméruloesclerose (morte do glomérulo). E a perda de albumina através da parede do capilar glomerular em direção ao túbulo provoca uma reação inflamatória pois essa albumina tenta voltar para dentro das células do túbulo proximal. Nessa tentativa de reabsorção ocorre uma reação inflamatória importante, com derrame de fibrina, áreas de cicatriz e morte tubular. Então tem a destruição do túbulo por um processo inflamatório gerado pela albuminúria. Perda de glomérulo e túbulos = perda de néfrons. A relação entre o glomérulo e o túbulo é muito importante, cada um fazendo seu papel, mas como dissemos uma unidade, unindo a parte vascular com a celular, criando uma estrutura única. Se tem uma destruição de glomérulo, mesmo que os túbulos estejam intactos há perda de um néfron. Se tem a destruição de um túbulo mesmo com os glomérulos intactos há destruição do néfron. Portanto, não há glomérulo sem túbulo e vice versa. Neste caso especial a hipertensão intra- renal fica aumentada pela dificuldade de distribuição de sangue. Esse aumento da pressão intra-renal gera aumento da pressão glomerular e isto acarreta em glomérulo esclerose e proteinúria = morte do néfron. Basta então que o animal seja DRC para que este processo esteja presente e independente da causa da doença renal crônica, depois dela instalada, há uma perpetuação da gravidade. Então basta um animal ter cicatrizes, fibroses intra renais para que os nefrons que sobrarem tenham um tempo de vida menor. Então a doença renal crônica é progressiva independente se esta presente nela algum agente causador. INIBIDORES DA ENZIMA CONVERSORA DA ANGIOTENSINA I EM ANGIOTENSINA II • Captopril, enalapril, lisinopril, benezepril, fosinopril, cilazapril, ramipril, quinapril, perindopril, trandolapril, delapril. • Mecanismo de ação: bloqueio da ação da enzima conversora da ANG I em ANG II, havendo portanto diminuição na produção. - Na década de 70 foi criado o primeiro inibidor de ECA – o captopril sintético que verificou que era um anti hipertensivo sistêmico. - Com a hipertensão sistêmica e proteinuria que consumiu o captopril, observou-se pela primeira vez um controle da proteína na urina. Era o único medicamento capaz de gerar nesses pacientes o controle da proteinuria. - Em seguida os demais medicamentos vieram, e na medicina veterinária também percebeu que o benazepril também é capaz de controlar esse aumento da pressão intraglomerular diminuindo então os efeitos dos processos inflamatórios glomerulares e da proteinuria. Diminuindo a pressão glomerular controlamos a progressão da doença. Na medicina humana os inibidores de ECA foram usados por muito tempo para impedir a progressão da doença renal crônica. Aumentando significamente o tempo de vida dos pacientes. • Na DRC visa diminui a pressão glomerular, minimizando os efeitos colaterais de esclerose glomerular e proteinúria. • Seu emprego na medicina humana mostra aumento da expectativa de vida do DRC de 2 a 3 anos para 8 a 10 anos. - É uma possibilidade de inibir a progressão da doença, pois quando os níveis de creatinina estão altos a evolução da doença é muito rápida, porque ela esta em um estágio avançado. - A quantidade de néfrons é pequeno e os que sobraram estão sob um estresse muito grande e morrem muito rápido. SEM AÇÃO DOS INIBIDORES DA ECA - Então os inibidores de ECA são importantes para controle da progressão da doença. - Mas curiosamente um remédio que é bom para os rins nestes casos, ele pode causar um efeito colateral no seu uso que gera um quadro de alteração renal. - Exemplo: imaginando um corpúsculo renal de um animal DRC, os nefrons remanecentes, existe um fluxo sanguineo renal normal distribuído em poucos glomérulos. - Acaba que muito sangue chegando neste glomérulo. - Lembrando que a Angiotensina II esta agindo sob a arteríola eferente, fazendo vasocontrição (fechando a saída). Então muito sangue entrando e pouco sangue saindo tem um aumento da pressão glomerular. Assim, este é o estado clássico do glomérulo de um doente renal crônico (a pressão neste glomérulo aumentada). Desta forma, consequentemente tem um estimulo inflamatório e proteinúria. Mas em muitos animais que já estão com uréia e creatinina aumentadas eles tem essa condição mas tem uma excreção satisfatória. Ele é um DRC e resolvemos entrar um inibidor de ECA para ele. Assim vamos obter um resultado bom de diminuição da pressão, estado inflamatório e proteinúria. COM AÇÃO DOS INIBIDORES DE ECA - Mas por outro lado podemos ter um efeito colateral, no qual podemosobservar da seguinte forma: - Muito sangue entrando e muito sangue saindo (porque tirou o efeito da vasoconstrição). Assim, há uma diminuição da pressão glomerular – diminui estado inflamatório e a proteinúria. Porém, diminuindo a pressão, também diminui a excreção – então o efeito colateral é a excreção insatisfatória, com aumento de uréia e creatinina. - Se entrarmos com inibidor de ECA e o animal descompensou, suspender, aguardar 30 dias, entrar com uma dose menor e observar. Se o animal descompensar de novo é possível que este animal não possa receber este medicamento. Assim, não tem expectativa de longevidade para este paciente. - Por outro lado, muitos com a diminuição da dose ou adaptação, respondem bem ao tratamento. • Indicação dos inibidores da ECA na nefrologia: • Doença renal crônica (paciente estável). • Controle da hipertensão glomerular (para evitar proteinúria e esclerose glomerular). - Na DRC para iniciar o tratamento o paciente deve estar estável, ele nunca pode estar descompensado. - O controle da hipertensão glomerular é o esperado evitando proteinúria e esclerose glomerular. IECA – indicações, contra-indicações, posologia Indicação: • Somente para o DRC estável em estágio I, II ou III (estágios iniciais). Contra-indicação: • Insuficiência renal aguda • Descompesação aguda da DRC • Estágio final da DRC • Qualquer condição de instabilidade Posologia: • Ex: benazepril (0,25-0,5-0,75, 1-0 mg/kg/SID)- monitorar RPC • Efeito: hemodinâmico –imediato • Antiproteinúrico – semanas a meses - Pode iniciar com dose de 0,25 podendo estender até a dose de 1mg/kg. - A troca de dose deve ser feita em um período de 30 dias. - Ou seja, faz uma dose de 0,25 , depois de 30 dias faz o RPC – esperar um resultado em ponto de corte. Mas cuidado em aumentar a dose porque pode ter alterações hemodinâmicas como hipotensão, sonolência, desinteresse do animal. EXAMES DE IDENTIFICAÇÃO • Enzimúria • GGT e NAG - Outra forma de renoproteção é a avaliação através de exames de injúria – como o GGT urinário e a NAG. GAMA GLUTAMIL TRANSFERASE (GGT) • Faixa de valores de normalidade para cães: 14 a 26 UI/L • Deve-se fazer a correção com a densidade pela formula: X=Y25/Z (onde X é a atividade da GGT calculada, Y é a atividade de GGT da amostra e Z corresponde aos dois últimos dígitos da densidade da amostra). • Armazenamento: temperatura de geladeira amostra conserva bem por 7 dias. Conclusão: Pode-se dizer que renoproteção é: • Lembrar que muitas doenças atingem os rins; • Não esquecer que muitos tratamentos ferem os rins; • Adotar condutas de proteção renal; • Adotar condutas de prevenção do dano renal; • Ter a consciência de que evitar é melhor que tratar! REVISANDO: Se você tem um paciente tomando inibidor de ECA por ter um problema cardíaco e subitamente, os valores de uréia e creatinina aumentam muito, o que deve fazer? Resposta: Interromper o tratamento com IECA, monitorar a pressão verificando a necessidade de um anti hipertensivo de outra categoria. VÍDEO 7 • Infecção do trato urinário • Definição • Classificação • Exame de urina • Agentes infecciosos INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO DEFINIÇÃO: • Infecção do trato urinário (ITU) trata- se da identificação de bactérias na urina, oriunda dos rins, ureteres ou bexiga. - O trato urinário é estéril e por isso, caso tenha presença de bactérias significa que estamos diante de uma infecção do trato urinário. CLASSIFICAÇÃO: • Não complicada e complicada: • ITU não complicada ou simples caracteriza se por infecção bacteriana esporádica – quando um paciente tem uma infecção que é tratada e este nunca mais volta a ter. • ITU complicada ocorre devido presença de anormalidade anatômica ou funcional, devido a comorbidades que predispõe a infecção (como diabetes, hiperadrenocorticismo, DRC), falha do tratamento. Isto causa infecção recorrente – mesmo tratando e melhorando o problema volta a ocorrer. OUTRAS DEFINIÇÕES: • ITU recorrente pode ser definida como reinfecção ou recidiva ou refratária. • Reinfecção é definida por infecção que ocorre dentro de um período de 6 meses, após tratamento bem sucedido – microrganismos diferentes. • Recidiva é definida por infecção que ocorre dentro de um período de 6 meses, após tratamento bem sucedido – mesmo microrganismo. • Infecção refratária é semelhante a recidiva, porém com resultados de urocultura sempre positivos durante o tratamento e mesmo após seu termino. • O termo ITU é mais apropriado do que termos mais específicos: cistite ou pielonefrite. • O tratamento independe da localização – o objetivo é exterminar o processo infeccioso. DIVERSAS ESPÉCIES DE BACTÉRIAS HABITAM O PREPÚCIO, A VAGINA E A URETRA DISTAL: - Mecanismos de defesa contra invasão: • Jato normal de urina; - lavando a uretra vai impedir a entrada de bactérias e a instalação da infecções do trato urinário. Por isto muitas vezes cadelas e alguns cães paraplégicos tem infecções recorrentes. • Secreção muco vaginal e prepucial; - rica em IgA protegendo a entrada das vias urinárias. • Secreção local de imunoglobulina A (IgA) • Flora normal impede o crescimento de outras; • Ph ácido da urina; ESTRATÉGIA • Certificar-se da infecção (visto que sangue na urina, queixa de dificuldade de urinar não significa infecção do trato urinário, significa um processo de incomodo, as vezes associado ao processo inflamatório, que pode ou não estar associado ao processo infeccioso. Urolitiases por exemplo pode causar dificuldade para urinar e sangue na urina, e não reflete obrigatoriamente em infecção no trato urinário) – urinálise (é o primeiro exame a ser solicitado) • Identificar o agente infeccioso – cultura • Solicitar antibiograma • Escolher a substância antimicrobiana ideal • Acompanhar com exames complementares (nos casos complicados o acompanhamento é sempre feito). • “Identificação precoce e precisa, tratamento apropriado e acompanhamento rígido”. SINAIS CLÍNICOS MAIS COMUNS: • Hematúria – presença de sangue na urina • Disúria – dificuldade para urinar • Polaciúria – aumento do número de vezes que o animal mimetiza o ato de urinar • Urina com odor pútrido – em algumas situações - As 3 primeiras situações estão relacionadas com uma reação do corpo a um estado de incomodo/dor, associado também a um processo de lesão. E isto muitas vezes é visto em processos inflamatórios, e muitos desses processos são desencadeados por processos infecciosos como as bactérias. - Entãi hematúria, disúria e polaciúria não significa obrigatoriamente uma infecção, significa inflamação. Já a mudança do odor da urina é mais característico de processos infecciosos, também pode estar relacionado a alguns processos de necrose em algumas neoplasias. • Raramente febre ou dor renal • Alto percentual de pacientes sem sinais clínicos – principalmente se for os processos chamados de crônicos. EXAMES COMPLEMENTARES IMPORTANTES: - Imprescindível: urinálise - Preferencialmente: cultura e antibiograma - E se caso for uma situação crônica não pode abrir não de uma investigação, assim vão ser feitos: - Hemograma - Radiografia - Ultrassom - Outros exames – para verificar possibilidades de diabetes, hiperadrenocorticismo. PRIMEIRO EXAME A SER SOLICITADO: Urinálise COLETA DE URINA: • Cistocentese é o “único” método de obtenção de amostra de urina estéril; • Deve-ser dar preferência pelo acompanhamento pelo ultrassom; • Cateterização só se não for possível cistocentese; • Armazenar imediatamente – em temperatura de geladeira;• Coletar em recipientes estéreis para ter a garantia da qualidade desta amostra; - Cuidado com as coletas por micção expontanea ou coletas feitas em casa porque não há nenhuma garantia de que a amostra esta própria para o exame. Muitas vezes o uso de produtos no chão podem inclusive matar as bactérias e alterar o ph da urina. - Se for fazer uma cateterização fazer limpeza da região prepucial ou vulvar para ter possibilidade de uma coleta mais apropriada. - Muitas vezes ao introduzir a sonda muitas secreções vem no inicio da sonda, e quando puxamos a primeira urina ela vem rica em detritos. Então vamos puxar uma primeira urina e descartar. Trocar a seringa e esta vamos usar para a amostra. - Transferir a urina para um recipiente estéril – geralmente recipiente contendo acido bórico que é um conservante, são próprios para bacteriologias. URINÁLISE – ACHADOS COMUNS: Macroscopia: • Odor forte • Aspecto turvo • Proteína • Ph alcalino • Sangue oculto Microscopia: • Células • Hemácias • Leucócitos • Bactérias - Lembrar que nem todos estarão presentes, mas muitos deles estarão presentes na urina. Urinálise: • Muitas alterações são inespecíficas; Macroscopia: • Proteinúria e sangue oculto em geral presentes (porém são inespecíficos); • Ph alcalino pela presença de Proteus sp (dieta, manuseio da amostra). Microscopia: • Aumento do número de leucócitos • Aumento no número de bactérias - Lembrando que dependendo do tipo de coleta o número de leucócitos estará mais aumentado. Aumento do número de leucócitos: • Micção expontânea: 0-8/campo • Cateterização: 0 a 5/campo • Cistocentese: 0 a 3/campo • O aumento é chamado de piúria (acima dos valores acima). • Indica inflamação em algum ponto do TU. ITU sem leucocitúria Alguns animais não apresentam resposta leucocitária consistente: - O que significa que pode ter um animal com infecção mas com os leucócitos em quantidade normal. Cuidado porque processos crônicos não geram piúria importante. • Medicados com corticóides • Medicados com antineoplásicos • Pseudomonas spp ou Streptococcus spp nem sempre estimulam resposta leucocitária • Diferentes momentos – diferentes respostas. Aumento no número de bactérias (é a sinalizadora do processo infeccioso): • Cateterização ou micção espontânea – analisar rapidamente – não há crescimento de bactérias; • Presença de grande número – presença de infecção; • Em geral acompanhada de piúria; Portanto: PIÚRIA + BACTERIÚRIA = ITU CULTURA E ANTIBIOGRAMA • Exame 30 minutos após colheita – ideal! – tem alguns meios conhecidos como uribac que pode ajudar nesse processo de cultivo imediato. • Até 6 horas após – se refrigerada • Coletas por cateterização e micção espontânea – pode dar falso positivo! – por este motivo se escolher a cistocentese. AGENTES INFECCIOSOS • Escherichia coli (45%)- gram negativa • Staphylococcus sp (12%) – gram positiva e negativa • Proteus sp (10%)- gram negativa • Klebisiela sp (10%)- gram negativa • Enterobacter sp (8%) – gram negativa • Streptococcus sp (5%) – gram positiva e negativa • Pseudomonas sp (3%)- gram negativa - Considerar que a grande maioria é bactéria gram negativa, por este motivo as vezes temos dificuldades para tratar infecções do TU, visto que as bactérias gram negativas são mais resistentes. - Mais de 80% das infecções são gram negativas, principalmente bactérias intestinais pela proximidade das vias urinárias, assim, as fêmeas se tornam mais propências as infecções por ter a genitália próxima a região do ânus. SUBSTÂNCIAS DE ESCOLHA PARA O TRATAMENTO: • Amoxicilina • Amoxicilina com clavulanato • Quinolonas • Cefalosporinas • Sulfas (segunda escolha) QUINOLONAS: Segunda geração: • Fluorquinolonas – norfloxacinas, ciprofloxacinas, enrofloxacinas, orbifloxacinas. • Amplo espectro de ação • Baixa toxicidade • Excreção renal e biliar • Secreção renal tubular ativa – alta concentração urinária – sua eliminação na urina é de forma ativa, assim, quando essa quinilona atinge a urina ela age diretamente contra as bactérias. OUTROS ANTIBIÓTICOS E QUIMIOTERÁPICOS ANTIMICROBIANOS EFICAZES: • Nitrofurantoina – cuidado com irritação gástrica – 12/12 horas por VO. • Amicacina – aplicação subcutânea, pode fazer GGT para possibilidade de injúria tubular. • Ampicilina • Orbifloxacina • Doxiciclina • Cefovecina • Fosfomicina • Gentamicina • Meropenem • Marbofloxacina • Ceftriaxona • Imipenem • Ceptiofur REVISANDO: Quais os dois resultados do exame de urina que são mais importantes para identificação de infecção do trato urinário? Resposta: Piúria e bacteriúria. VÍDEO 8 • Insucesso INSUCESSO • Tratamento mal feito – as vezes o tutor não respeita o tratamento em dose, tempo, não consegue dar o medicamento corretamente para o animal. • Fatores predisponentes – divertículo uracal, urólitos – as vezes a recorrência esta relacionada a uma má formação. • Resistência bacteriana: principalmente bactérias entéricas gram negativas (E. coli, Klebsiella sp, Enterobacter) ANTIBIÓTICOS E QUIMIOTERÁPICOS NEFROTÓXICOS: • Aminoglicosídeos, tetraciclinas e polimixinas: necrose tubular aguda. • Sulfonamidas: obstrução intratubular – cristalúria, nefrite intersticial aguda • Cefalosporinas – nefropatia tubular aguda - Indicado fazer avaliações como o GGT urinário para certificar que não estão ocorrendo estas injúrias. CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES – ESTRATÉGIA! • Se o animal estiver com disúria e polaciúria prescrever anti- inflamatório e analgésico por 3 dias; aguardar o resultado da urinálise e prescrever o antibiótico. • Se foi realizado exame de cultura e antibiograma, verificar se há necessidade de troca de antibiótico inicial. • Se o animal estiver clinicamente bem aguardar resultados de cultura e antibiograma. • 75% das ITU de cães e 85% de gatos – tratam-se de um episódio único; • O tratamento deve durar no mínimo duas semanas – em qualquer tratamento simples. • Se o animal não apresentar sinais clínicos (disúria ou hematúria) após o tratamento não há necessidade de realização de novos exames; • Investigar causas de persistências; • Infecções complicadas: recorrentes • Recidivas ou reinfecção: tratamento por 1 mês (ou mais) com dose terapêutica – pedir exames para verificar as possíveis situações de recorrencia. Pode ser que o tratamento necessite de mais que 30 dias. • Ao final do tratamento realizar exame de urinálise, cultura e antibiograma – para verificar a necessidade de continuidade, mas não interromper o tratamento, fazer enquanto estiver em tratamento. • Cultura positiva reforçar o tratamento (ou trocar a substância). Cultura negativa iniciar tratamento preventivo (tentativa de evitar novas infecções). • Tratamento preventivo: • Continuar com tratamento preventivo com baixa dose por cerca de 6 meses (amoxicilina por exemplo, a baixa dose seria 1/3 ou ¼ da dose – por exemplo amoxicilina pode fazer 10 mg/kg a noite, ou seja, 1x ao dia) – a noite porque o animal dorme e pode ter urina mais tempo na bexiga e maior possibilidade de ascensão e bactérias em direção a bexiga. • Uroculturas a cada 2 a 3 meses. Caso positiva reforçar o tratamento. • Passado 2 a 3 meses do final do tratamento de 6 meses repetir urocultura. TERAPIAS ALTERNATIVAS: • Ozonioterapia • Cranberry – dose 20 mg/kg até 500 mg por animal, ou seja, acima de 25 kg estacionar em 500 mg por dia. Deve ser associado ao tratamento ou ser usado no tratamento conservador. • Glicosaminoglicanos – que revestem a parede da vesícula urinária. • Ração urinary– dietas enriquecidas com glicosaminoglicanos e estimulam o ph da urina para ser mais ácido facilitando e ajudando no tratamento de processos crônicos recorrentes. CONCLUSÕES: • O tratamento requer a certeza da infecção; • Exames precisos nas horas certas; • Utilização adequada de antibióticos; • Identificação de fatores predisponentes; • Para que haja sucesso do tratamento e da conduta; REVISANDO: O tratamento com antibioticoterapia preventiva deve durar em média quanto tempo? Resposta: Deve durar 6 meses. VÍDEO 9 • Síndrome nefrótica • Injúria renal aguda • Insuficiência renal crônica • Caracterização • Classificação • Pré-renal • Renal SÍNDROME NEFRÓTICA Ela é caracterizada por uma: • Ascite ou edema – decorrente de uma diminuição de pressão coloidosmótica. • E a origem dessa diminuição da pressão coloidosmótica é a perda de proteína na urina – proteinúria. • Então temos um animal com proteinúria, que a conseqüência disto é a hipoproteinemia – hipoalbuminemia. • A diminuição da pressão coloidosmótica promove um estimulo a pressão hidrostática que aumenta no interior dos vasos e consequentemente há perda de liquido para fora do vaso, gerando um acumulo em cavidades ou no espaço intersticial. • E essa condição de proteinúria com hipoalbuminemia gerando ascite ou edema é conhecida como síndrome nefrótica. • Muitos pacientes em virtude da diminuição da pressão coloidosmótica devido a diminuição da quantidade de albumina recebem um estimulo a produção de lipoproteínas, como tentativa de aumentar a pressão coloidosmótica acarretando em hipercolesterolemia. Estes achados laboratoriais com este achado clínico chama-se síndrome nefrotica. • O problema é que a síndrome nefrótica é decorrente de uma proteinúria que é decorrente de um outro fator. A proteinuria não é uma condição primária e sim secundária. • Observamos que a proteinúria pode ocorrer em virtude da albuminúria, por alterações na permeabilidade de capilares glomerulares, principalmente em casos de hipertensão sistêmica, hipertensão glomerular ou glomerulonefrite. O que significa que muitas vezes ao identificar uma ascite podemos estar diante de um outro problema. • E a ascite é simplesmente uma ponta do iceberg, assim temos que investigar as causas primárias. • Existem diversas situações envolvendo glomerulonefrites. Visto que síndromes nefroticas são comuns em gatos portadores de doenças que geram a estimulação de anticorpos acarretando em glomerulonefrites do tipo imunomediadas. • E existem também outras situações comuns como a leishmaniose, hemoparasitoses. Portanto, temos que ficar atentos a possibilidade de identificar a doença através de uma observação clinica, que nem sempre fazemos esta correlação. - Portanto, síndrome nefrótica é comum, é conseqüência de uma proteinúria. E a proteinúria é conseqüência de alguma outra condição – então essa investigação se estende numa tentativa de identificar a causa primária que é desencadeador do processo. INJÚRIA RENAL AGUDA DOENÇA RENAL CRÔNICA Durante muito tempo lidamos com as expressões insuficiência renal aguda e insuficiência renal crônica. Nos últimos anos os termos mais adotados são injúria renal aguda e doença renal crônica, pois conseguimos identificar estes pacientes hoje em um estágio onde é possível identificar a injúria e a doença instalada ainda sem a insuficiência. Quando lidamos com o termo insuficiência renal temos a sensação que estamos diante de sinais de insuficiência funcional renal. Assim, devemos evitar o uso da expressão insuficiência renal porque ela não reflete a situação dentro de seu contexto pleno. Dizer que um animal tem insuficiência renal é apenas identificar que uma ou mais funções renais estão comprometidas. Devemos sempre ao referir insuficiência renal dizer se trata de um processo agudo ou crônico, para saber como lidar com o paciente. Então quando se fala de insuficiência renal estamos nos referindo a insuficiência funcional. INJÚRIA RENAL AGUDA (INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA) DEFINIÇÕES: • Injúria renal aguda: • Agressão ao parênquima renal capaz de causar dano ou mesmo insuficiência funcional; - então se formos capazes através de um exame identificar se há sinais de injúria mesmo que não esteja presente a insuficiência estamos diante de uma injúria renal aguda. Por exemplo, se for feita uma urinálise e um UPC e identificamos proteína na urina – albumina, podendo estar relacionada a diminuição de uma albumina sérica confirma albuminúria. A albuminúria significa que a proteína esta saindo do glomérulo e esta sendo identificada na urina – isto é um sinal de injúria glomerular. Se fizermos ao mesmo tempo um exame de creatinina sérica e esta encontra-se normal, significa que o animal tem injúria renal mas não tem insuficiência renal. • E quando falamos de injúria renal é agudo porque esta acontecendo. • Quando identificamos sinais de insuficiência renal aguda significa que é uma situação que esta em curso. Injúria renal aguda: pode se tratar de um estágio anterior a insuficiência. Insuficiência renal aguda: condição caracterizada por sinais de insuficiência funcional renal. INSUFICIENCIA RENAL AGUDA: • Estado no qual os rins perdem, de modo súbito, a capacidade de exercício de uma ou mais funções, devido um fator primário. • Ou seja, toda insuficiência renal aguda tem uma causa, então devemos identificar a causa e trata- la, assim vamos corrigir essa insuficiência renal aguda. SITUAÇÃO ATUAL • Medicina humana • Após 60 anos e com todo avanço tecnológico a mortalidade ainda é de 50% • Grande número de idosos e causas iatrogênicas CARACTERIZAÇÃO • A IRA deve ser considerada uma grave síndrome – não se trata insuficiência renal aguda com soro somente, é necessário as vezes outros medicamentos. • Ela é resultante de uma importante diminuição da taxa de filtração glomerular – então independente da causa a IRA esta acontecendo em virtude da diminuição da taxa de filtração glomerular. • Caráter de possível regeneração – é reversível • Presença de um fator primário no momento estudado. - Existe uma fase chamada de instalação, a medida que ela esta relacionada a uma doença causadora de um fator causador de uma injúria renal, inicialmente os problemas são discretos e vão piorando ao longo do tempo. Quando se identifica a causa da doença e inicia-se um tratamento, muitas vezes se mantém em um período de manutenção (se a doença estiver estável, a IRA também esta estável). E a medida que a doença é tratada e curada ocorre a fase de resolução. As condições de causas da IRA são importantes que a medicina humana tem uma definição importante de acordo com a causa. Elas são classificadas em: Insuficiências renais agudas pré-renais, renais ou pós –renais. • Causas pré-renais: hemodinâmicas – relacionadas principalmente a diminuição da perfusão (o rim do paciente esta funcionando perfeitamente mas por um motivo extra renal há comprometimento das funções). • Causas renais: relacionados diretamente ao parênquima renal – problemas glomerulares e tubulares. • Causas pós-renais: relacionadas a deficiência de eliminação da urina. PRÉ- RENAL (causas): • Hipotensão – nos casos de anestesia • Hipovolemia – hemorragia, desidratação • Traumatismos • Hipoproteinemia RENAL (causas): • Glomerulares: • Infecciosas – hemoparasitoses, leishmanionse, piometra, hepatite infecciosa, doença periodontal. • Inflamatórias – poliartrites, pancreatites, dermatites crônicas. REVISANDO: Quais são os sinais clínicos e laboratoriais da síndrome nefrótica? Resposta: ascite ou edema,proteinúria, hipoproteinemia com hipoalbuminemia e hipercolesterolemia. VÍDEO 10 • Renal • Caso clínico • Etiopatogenia glomerular • Glomerulonefrites • Erlichiose RENAL (CASO CLÍNICO): - Animal com IRA relacionado a doença periodontal. Histórico: • Saliva com sangue • Vômito amarronzado e fétido • Não consegue beber água e nem comer Exames: • US – Hiperecogenicidade difusa da região cortical e ecotextura homogênea e manutenção da definição e relação cortico medular. • Hemograma – ht: 51%; leuco: 7.200 - NDN • Ureia – 315,14, creat 4,93, PT 7,91 (7,5), alb 2,7 (2,3 min) e glob 5,12 (4,4 máx). • RPC – 1, 86 (normal até 0,2) - O US mostra um sinal de glomerulonefrite pela ecogenicidade aumentada da região cortical com manutenção de definição, ou seja, é um caso agudo. Com aumento importante de uréia e creatinina. Acredita-se que isto foi desencadeado pela periodontite, pela inflamação, que causou aumento da proteína total e aumento da globulina causada pelo aumento da produção de anticorpos. Causando glomerulonefrite imunomediada e insuficiência renal aguda. A única forma de comprovar se isto era verdade era fazendo a tartarectomia. Internação: • 16/10 – estado geral ruim, prostrado e muito incomodado. Doença periodontal muito grave, áreas de necrose na gengiva e odor pútrido. Sangramento gengival. Aumento de volume mandibular. Necessário sedação para manipulação e avaliação. Sopro cardíaco grau IV. • 18/10 – Observado secreção purulenta na cavidade oral. Limpeza dentária. Sonda esofágica para alimentação nos próximos dias. COMPORTAMENTO DA IRA: DIA URÉIA CREATININA 16/10 315 4,93 18/10 287 4,42 20/10 144 2,26 22/10 136 2,04 24/10 111 1,10 26/10 89 1,25 - Dois dias depois da limpeza (18/10) houve diminuição da uréia e da creatinina. - Confirmando assim que a IRA era em decorrência de uma doença periodontal grave. RENAL: • Tubulares: • Hipóxia e má nutrição • Agentes infecciosos – erlichiose, leptospirose, hepatite infecciosa canina • Agentes químicos – terapêuticos, metais pesados, compostos orgânicos, venenos. RENAL: Interstício: • Leptospirose • Hepatite infecciosa - Existe uma região nos rins que ficam entre os néfrons, chamado de interstício. E já foi identificado a laptospira e o adenovirus da hepatite localizado nesta região, que também são causadores de insuficiência renal. ETIOPATOGENIA – GLOMERULAR: • As principais afecções glomerulares são as glomerulonefrites. • As principais glomerulonefrites são as imunomediadas. • As glomerulonefrites são consideradas as principais causas de DRC adquirida em cães. - Atenção as doenças que causam estimulo a produção de anticorpos porque podem causar glomerulonefrites imunomediadas. A Sociedade de interesse renal classifica as injúrias renais agudas em 5 graus diferentes – quanto maior o grau, pior a condição. É possível perceber que o grau IV se relaciona a uma creatinina de 5,1 até 10 mg/dl é considerada uma condição de moderada a grave, com azotemia severa e crescente. Então classificando a gravidade de acordo com valores de creatinina. GLOMERULONEFRITES LEVANDO A IRA: • Hemoparasitose • Erlichiose ERLICHIOSE – pode causar IRA por quatro motivos: • Glomerulonefrite imunomediada – IRA RENAL GLOMERULAR – pode ser feito uma imunosupressão com prednisona com dose de 1-2 mg/kg 2x ao dia por um período de 5 dias • Hemoconcentração – IRA PRÉ RENAL – podemos submeter o animal a uma fluidoterapia, ajudando a minimizar os efeitos de uma diminuição da filtração glomerular por causa de um sangue mais denso • Medicamentos para o tratamento são nefrotóxicos – IRA RENAL TUBULAR – a doxiciclina tem um potencial de nefrotoxicidade baixa; aplicar imizol sob fluido e o animal monitorado. • Presença do agente na própria célula renal. • Classificação da IRA de acordo com cada injúria!! • Ações de renoproteção. REVISANDO: Em relação a causa, como classificar as IRA agudas? Resposta: pré-renal, renal e pós renal.
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