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Uso de leguminosas herbáceas para adubação verde Alison Oliveira, Ianca Iara, Isabelli Arruda e Raiza Colhado INTRODUÇÃO Últimas décadas do século 20 → Crescente preocupação quanto à preservação do meio ambiente; Degradação da capacidade produtiva dos solos e contaminação dos alimentos evidenciam a fragilidade dos sistemas de produção agrícola modernos; Proposta de adoção de práticas que favoreçam os diversos processos biológicos dos agroecossistemas; A adubação verde é apontada como uma prática capaz de contribuir para a sustentabilidade da agricultura. 2 2 O QUE É ADUBAÇÃO VERDE? É uma prática de cultivo de plantas, com elevado potencial de produção de biomassa vegetal; Espécies vegetais com diferentes características: Produção de massa verde/seca; Tempo de decomposição; Velocidade de crescimento; Produção de compostos alelopáticos. Semeadas em rotação, sucessão ou consórcio com espécies de importância econômica; 3 3 O QUE É ADUBAÇÃO VERDE? Benefícios: Melhora a capacidade produtiva do solo; Aumentar sua fertilidade; Dificulta ou impede a germinação de sementes de plantas daninhas; Mantém a umidade do solo; Impede o impacto direto das gotas de chuva sobre o solo; Garanti produtividade e maior renda para os produtores; Entre outros. 4 4 EFEITO SOBRE O SOLO Características químicas: Adição de grandes quantidades de fitomassa ao solo; ↑ do teor de matéria orgânica; ↑ da CTC do solo; ↑ disponibilidade de nitrogênio; Reciclagem de nutrientes. Características biológicas: Favorece organismos benéficos do solo; Fornecimento de resíduos vegetais que servem como fonte de energia e de nutrientes; Atuam no controle de fitonematóides. 5 5 EFEITO SOBRE O SOLO Características físicas: Efeito benéfico em relação a estabilidade e a resistência dos agregados do solo; Fornecimento de material orgânico; Proteção do solo contra o impacto das chuvas; Permite menores oscilações de temperatura e umidade na superfície do solo. 6 6 OUTROS EFEITOS Controle de plantas invasoras: Algumas leguminosas promovem a liberação de substâncias alelopáticas durante sua decomposição; Possuem maior eficiência na competição por recursos como água, luz e nutrientes. Fixação biológica de Nitrogênio: A associação com bactérias dos gêneros Rhizobium e Bradyrhizobium forma uma das principais fontes biológicas de nitrogênio para os solos agrícolas; É importante proceder à inoculação das bactérias fixadoras nas sementes de leguminosas quando estas são plantadas pela primeira vez Evitar o uso de agrotóxicos junto às sementes inoculadas. 7 7 ESCOLHA DA LEGUMINOSA É importante fazer a escolha das plantas mais adequadas ao uso de adubos verdes; Deve-se levar em consideração: As condições edafoclimáticas da região; Ciclo da cultura; Época de semeadura; Hábito de crescimento; Dias para cobertura do terreno e aspectos da semente. As leguminosas contribuem com um aporte maior de nitrogênio e decomposição mais rápida. 8 8 ESCOLHA DA LEGUMINOSA 9 9 CROTALÁRIA (Crotalaria juncea) 10 Desenvolve-se em solos quimicamente pobres e com baixo teor de matéria orgânica; Produz elevada massa, adaptando-se bem ao cultivo em diferentes regiões; Pode ser cultivada solteira, consorciada com milho ou intercalada com culturas perenes; Desenvolve-se bem em solos argilosos a franco-arenosos e arejados; Não tolera encharcamento, crescimento inicial rápido; Eficiente no controle de nematoides; 10 CROTALÁRIA (Crotalaria juncea) 11 Cultivares: IAC-1, IAC-KR1; Época de semeadura: outubro a março; Gasto de Semente: 25-40 e 30-50 kg/ha, para semeaduras em linha e a lanço, respectivamente; Espaçamento entrelinhas: 50 cm; Sementes: 25 a 40 sementes/m. 11 CROTALÁRIA (Crotalaria juncea) 12 (Foto: Embrapa) (Foto: João P. Barbosa) (Foto: José Carlos de O. Neres) (Foto: Embrapa) Embrapa Milho e Sorgo mostram que essa planta foi a que menos favoreceu a multiplicação e o estabelecimento da lagarta-do-cartucho no milho. A praga, quando alimentada com folhas da leguminosa, acumulou menos biomassa (adquirindo menor peso) e apresentou as menores taxas de sobrevivência. 12 FEIJÃO-DE-PORCO (Canavalia ensiformes) 13 Resistente às altas temperaturas e à seca, com hábito determinado, suas folhas grandes favorecem boa cobertura; Espécie muito rústica e adaptável aos solos com baixa fertilidade; Tolera solos ácidos, salinos, maldrenados e com textura variável; Tem efeitos alelopáticos às invasoras, atuando eficientemente no controle de tiririca; O plantio pode ser solteiro ou consorciado com milho, citros e outras culturas; 13 FEIJÃO-DE-PORCO (Canavalia ensiformes) 14 Cultivar: Comum; Época de semeadura: outubro a janeiro; Gasto de sementes: 150 a 200 e 200 a 250 kg/ha, para semeaduras em linha e a lanço, respectivamente; Espaçamento entrelinhas: 50 cm; Sementes: 7 sementes/m. 14 FEIJÃO-DE-PORCO (Canavalia ensiformes) 15 (Foto: Biosementes) (Foto: Epagri) (Foto: Gessi Ceccon) Consorciado com mamão promove o controle das formigas Foto 2: para controle de tiririca 15 FEIJÃO BRAVO (Canavalia brasiliensis) 16 Planta anual ou bianual, herbácea, de crescimento prostrado; Apresenta grande potencial de produção de biomassa e rusticidade durante o período de deficiência hídrica, devido ao seu sistema radicular agressivo; Apresenta sensibilidade ao fotoperiodismo → Em semeaduras tardias se tem diminuição da duração da fase vegetativa → Diminuição da produção de matéria seca; Cratylia floribunda → Também é conhecida pelo nome comum feijão-bravo, devendo-se sempre identificar ambas as espécies pelo nome científico, a fim de se evitar sua identificação incorreta; 16 FEIJÃO BRAVO (Canavalia brasiliensis) 17 Cultivar: Comum; Época de semeadura: fevereiro e março; Gasto de sementes: 10 e 12 kg/ha, para semeadura em linha e a lanço, respectivamente; Espaçamento entrelinhas: 50 cm Sementes: 7 sementes/m. 17 FEIJÃO BRAVO (Canavalia brasiliensis) 18 (Foto: Google Imagens) (Foto: Google Imagens) 18 MUCUNA CINZA (Mucuna cinerea) 19 É uma planta anual, trepadora, de crescimento inicial rápido e vigoroso; Atingi altura de 1,0 a 1,5 m; É resistente à seca, adaptada aos solos ácidos e tem potencial produtivo de até 9 t/há de massa seca da parte aérea; É considerada má hospedeira/não multiplicadora dos nematóides de galhas e cisto; 19 MUCUNA CINZA (Mucuna cinerea) 20 Cultivar: Comum; Época de semeadura: outubro a novembro (ideal), mas pode ser semeada de setembro a março; Gasto de Sementes: 100 a 135 kg/ha e 130 a 175 kg/ha, para semeaduras em linha e a lanço, respectivamente; Espaçamento entrelinhas: 50 cm; Sementes: 7 sementes/m. 20 MUCUNA CINZA (Mucuna cinerea) 21 (Foto: Google Imagens) (Foto: José Antonio Espindola) (Foto: Google Imagens) 21 MUCUNA PRETA (Mucuna aterrina) 22 É uma planta anual ou bianual, trepadora, de ampla adaptação, que pode atingir altura de 0,5 a 1,0 m; Com potencial de produção de massa vegetal seca de 6 a 8 t/ha; Apresenta desenvolvimento vegetativo vigoroso e acentuada rusticidade, adaptando-se bem às condições de deficiência hídrica e de temperaturas altas; Nessa espécie o crescimento inicial é extremamente rápido e, aos 58 dias após a emergência, tem-se a cobertura de 99% da superfície do solo; Exerce forte e persistente ação inibitória sobre a tiririca e o picão-preto, além de ser má hospedeira/não multiplicadora dos nematóides de galhas e cisto; 22 MUCUNA PRETA (Mucuna aterrina) 23 Cultivar: Comum; Época de semeadura: outubro a março; Gasto de Sementes: 100 a 135 kg/ha e 130 a 175 kg/ha, para semeaduras em linha e a lanço, respectivamente; Espaçamento entrelinhas: 50 cm; Sementes: 7 sementes/m. 23 MUCUNA PRETA (Mucuna aterrina) 24 (Foto: Google Imagens) (Foto: Google Imagens) (Foto: Google Imagens) 24 LIMITAÇÕES 25 Crotalária (Crotalaria juncea) → Fusarium sp. e Ceratocystes frimbiata Feijão-de-Porco(Canavalia ensiformes) → Vaquinha, mosca-branca e viroses Feijão Bravo (Canavalia brasiliensis) → Deve ser feito inoculação com Rhizóbio Mucuna Preta (Mucuna aterrina) Mucuna Cinza (Mucuna cinerea) → Suscetibilidade à viroses, cercosporiose e Meloidogyne incognita 25 FORMA DE UTILIZAÇÃO 26 Adubação verde de primavera/ verão em cultivo solteiro Semeadura dos adubos verdes de outubro a janeiro; Vantagem: As condições climáticas durante o cultivo permitem a produção de grandes quantidades de fitomassa e grande aporte de nitrogênio, no caso das leguminosas; Desvantagem: Está na ocupação de áreas agrícolas durante o período mais propício para o cultivo de plantas de interesse econômico; Dentre as espécies utilizadas para essa modalidade, estão as crotalárias, as mucunas, o feijão-de-porco e o guandu. 26 FORMA DE UTILIZAÇÃO 27 Adubação verde de outono/ inverno em cultivo solteiro Semeadura dos adubos verdes entre fevereiro e abril; Vantagem: Protege as áreas que geralmente não são cultivadas nessa época do ano. Ocorre ainda uma diminuição da população de plantas invasoras no terreno. Desvantagem: Reduzida produção de fitomassa, devida às condições climáticas adversas, com baixas temperaturas e quedas na precipitação pluvial. Dentre as espécies utilizadas para essa modalidade, estão as crotalárias, a ervilhaca e o tremoço-branco. 27 FORMA DE UTILIZAÇÃO 28 Adubação verde consorciada com culturas anuais O adubo verde é semeado nas entrelinhas da cultura de interesse econômico, permitindo maior eficiência no uso da terra; Particularmente interessante para as pequenas propriedades rurais; O consórcio entre leguminosas e culturas anuais deve ser evitado em períodos de reduzida disponibilidade de água, pois pode ocasionar quedas de produção; Ex: Milho com feijão-de-porco. Batata-doce com crotalária. Abóbora com guandu. Cana com crotalária. Berinjela com caupi. 28 FORMA DE UTILIZAÇÃO 29 Adubação verde consorciada com culturas perenes O adubo verde é cultivado entre as linhas de frutíferas ou de outras plantas perenes; Vantagem: Está relacionada à formação de uma cobertura viva permanente, sem que haja necessidade de novos plantios a cada ano; As leguminosas com hábito de crescimento volúvel devem ser recomendadas com cautela, procedendo-se o coroamento das culturas perenes quando for necessário; As espécies mais adequadas são as leguminosas perenes; Exemplos de consórcios bem-sucedidos: bananeira com cudzu tropical, café com guandu, e maracujá com amendoim forrageiro. 29 DEPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS 30 Deve haver sincronia entre a liberação de nutrientes pelos resíduos vegetais e a demanda da cultura de interesse econômico; Características edafoclimáticas; Composição química dos resíduos; Estratégias de manejo (incorporação de leguminosas no solo proporcionou uma liberação mais rápida de nitrogênio). 30 USO DE ADUBAÇÃO VERDE 31 Preparo do solo: O uso dos adubos verdes pode ser feito tanto em áreas em que se fez o preparo do solo, como em áreas cobertas por palhadas ou restos culturais; É importante ressaltar os cuidados que se deve tomar com o uso de enxadas rotativas no preparo do solo, principalmente de microtratores; Esse implemento movimenta excessivamente o solo, desestruturando-o e compactando-o. 31 USO DE ADUBAÇÃO VERDE 32 Época de semeadura: A época do ano favorável está relacionada ao aproveitamento adequado da água, temperatura e luz. Esses são fatores que interferem diretamente na produção de massa verde, ramos e folhas e de sementes. Na Região Sul: as espécies de verão devem ser semeadas preferencialmente na primavera/verão, a partir do início do período chuvoso. Espécies de inverno devem ser semeadas no outono. 32 USO DE ADUBAÇÃO VERDE 33 Manejo – A forma de manejo depende da finalidade da adubação verde: Acamamento – é a prática mais recomenda para a realização de plantio direto e cultivo mínimo de hortaliças ou grãos, em pomares e parreirais. Ele pode ser feito com equipamentos simples, como rolo-faca ou mesmo com tronco de árvore, ou pneus, arrastando a caçamba do trator, etc. Quando deve ser feito? Para as gramíneas no estágio de grão leitoso; para leguminosas na plena floração. 33 USO DE ADUBAÇÃO VERDE 34 Manejo – A forma de manejo depende da finalidade da adubação verde: Roçada – essa prática pode ser usada no manejo da adubação verde quando não se consegue fazer o acamamento; É importante destacar que a roçada pica o material, que se decompõe mais rapidamente; Perdendo o efeito de proteção do solo e de “abafamento” das plantas espontâneas. Importante: Nos pomares ou parreirais, sempre que houver secas/estiagens, principalmente se isso ocorrer no período de crescimento vegetativo, a adubação verde deve ser acamada ou roçada, para evitar a competição por água com as plantas. 34 USO DE ADUBAÇÃO VERDE 35 Manejo – A forma de manejo depende da finalidade da adubação verde: Incorporação/lavração – quando a adubação verde é feita para cultivo de hortaliças, que se desenvolvem melhor em canteiros, pode-se incorporar a adubação verde; Deve ser feito superficialmente (10 a 15 cm de profundidade); Nesse caso, a incorporação deve ser feita pelo menos três semanas antes da semeadura ou do transplante para a decomposição do material e não intoxicar / “queimar” as culturas. 35
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