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Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp DOENÇAS PULMONARES OBSTRUTIVAS A maioria das doenças do sistema respiratório se apresenta com tosse e/ou dispneia e pode ser classificada em uma de 3 categorias principais: Doenças pulmonares obstrutivas; Distúrbios restritivos; Anormalidades da vascularização. As doenças obstrutivas são as mais comuns e incluem principalmente distúrbios das vias aéreas, como asma, DPOC, bronquiectasia e bronquiolite. Os distúrbios que causam restrição são doenças do parênquima pulmonar, anormalidades da parede torácica e da pleura, e doenças neuromusculares. Embolia pulmonar, hipertensão pulmonar e doença veno-oclusiva pulmonar são distúrbios da vascularização pulmonar. As doenças pulmonares obstrutivas (ou doenças das vias aéreas) são caracterizadas por um aumento na resistência do fluxo de ar devido à obstrução parcial ou completa em qualquer nível desde a traqueia e brônquios maiores aos bronquíolos terminais e respiratórios. Elas diferem das doenças restritivas, que são caracterizadas pela redução da expansão do parênquima do pulmão e diminuição da capacidade total do pulmão. A distinção é feita por testes de função pulmonar. Em pacientes com distúrbio obstrutivo, o volume expiratório forçado no 1º segundo (FEV1) é baixo, assim a relação entre ele e a capacidade vital forçada (FEV1/CVF) é menor que 0,7. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Doenças pulmonares obstrutivas comuns incluem o enfisema, bronquite crônica, asma e bronquiectasia. A espirometria é o principal teste utilizado para avaliar a função pulmonar. Ela mede a velocidade do ar na expiração e na inspiração. A partir de várias medidas da velocidade do ar em diferentes tempos da expiração e da inspiração conseguimos estimar volumes. No gráfico da espirometria temos abaixo do eixo X as medidas de fluxo na inspiração e acima do eixo X temos fluxo na expiração. Essa alça deve terminar num mesmo ponto caso o exame seja feito corretamente. É uma alça fluxo volume. Em indivíduos com problemas expiratórios a curva expiratória fica muito pequena. Curvas volume-tempo: no indivíduo com obstrução no fluxo aéreo tem um volume expiratório no primeiro segundo muito pequeno. Outra medida de capacidade pulmonar é a medida de difusão pulmonar. É feita com monóxido de carbono (em baixa concentração), mas só é realizada em casos especiais. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 1. DPOC Doença das pequenas vias aéreas refere-se a vias aéreas menores que 2mm. Para os clínicos, as doenças de pequenas vias aéreas são conhecidas como doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), pois são facilmente obstruídas. Do ponto de vista dos patologistas, essa doença tem um sentido muito mais amplo, pois são lesões que acometem bronquíolos e ductos alveolares de modo diverso. Eles podem ser acometidos de modo primário e seletivo ou secundariamente a doenças inflamatórias. a) De modo primário e seletivo: como ocorre na bronquiolite dos fumantes (bronquiolite respiratória), nas infecções virais (bronquiolite aguda), ou na bronquiolite constritiva (Artrite reumatoide), etc. b) Secundariamente a doenças inflamatórias que afetam os brônquios e/ou alvéolos. Por exemplo bronquite crônica, bronquiectasia, pneumonite por hipersensibilidade, etc. Vamos focar nas doenças das pequenas vias aéreas em relação ao DPOC. Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma denominação utilizada para indicar doenças produzidas pela inalação de gases e fumos tóxicos (em especial a fumaça do tabaco). Estão reunidas sob esta denominação duas doenças muito distintas: A bronquite crônica tabágica obstrutiva (doença das pequenas vias aéreas) e enfisema pulmonar (doença alveolar). É uma doença comum, passível de ser prevenida, que pode ser controlada com medicação e que se caracteriza por sintomas respiratórios persistentes e redução do fluxo aéreo causados por alterações das vias aéreas e/ou alvéolos provocadas pela inalação de gases e partículas tóxicas. É, atualmente, a quarta causa de mortalidade no mundo. Deve passar a terceira causa em breve. Em 2.012 causou 3 milhões de mortes no mundo (6% das mortes). Tanto a bronquite quanto o enfisema são causados principalmente pela inalação de gases e fumos tóxicos; e ambos produzem uma redução do fluxo aéreo expiratório (redução da velocidade do ar nas vias aéreas durante a expiração forçada). O principal fator precipitante para o aparecimento de DPOC é o tabagismo. A grande maioria dos fumantes tem lesão do epitélio brônquico provocada por substâncias tóxicas do cigarro. Há perda de cílios, perda de células ciliadas e aumento das células secretoras de muco. Num determinado momento da evolução da lesão, o paciente tem muita secreção de muco e pouco transporte mucociliar, em razão da lesão epitelial. Assim, aparece a tosse com catarro. Muitos fumantes tem apenas essa tosse, mas sem obstrução do fluxo aéreo (sem DPOC). Os indivíduos fumantes que tem DPOC são aqueles que apresentam obstrução ao fluxo aéreo detectada na espirometria. Para que apareça a obstrução a agressão dos elementos tóxicos do tabaco precisa atingir vias aéreas com diâmetro menor do que 2 mm. Na maioria dos fumantes a agressão não atinge as pequenas vias aéreas. Muitos fatores devem colaborar para que a agressão do cigarro atinja as pequenas vias aéreas. Um deles deve ser a própria estrutura da árvore brônquica: quanto mais complexa a ramificação, mais protegidas estarão as pequenas vias aéreas. Como a ramificação das vias aéreas ocorre durante a vida intrauterina, fatores que interfiram na ramificação brônquica durante a gestação podem simplificar a árvore brônquica e facilitar a chegada de substâncias tóxicas às pequenas vias aéreas. Nesta região a destruição epitelial paralisa o transporte mucociliar. Como as pequenas vias aéreas estão numa região onde a tosse não pode ser gerada, pela ausência de fluxo de gases, as partículas e substâncias tóxicas que entram acabam permanecendo lá e desencadeando lesão e inflamação. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Outros fatores de risco além do tabagismo incluem poluentes ocupacionais e ambientais, hiper-responsividade das vias aéreas e polimorfismos genéticos. • ENFISEMA O enfisema é caracterizado pela dilatação irreversível dos espaços aéreos distalmente ao bronquíolo terminal (alvéolos), acompanhada por destruição de suas paredes sem fibrose evidente. é classificado em quatro tipos principais: (1) centroacinar, (2) pan-acinar, (3) parasseptal e (4) irregular. Acomete bronquíolos respiratórios e sacos alveolares. Há ruptura dos septos alveolares, formando grandes espaços aéreos, sem fibrose. Enfisema Centroacinar: é o tipo mais comum e fortemente associado ao tabagismo. Há dilatação e destruição dos septos de partes centrais ou proximais dos ácinos. Predomina nos lobos superiores do pulmão, particularmente segmentos apicais. É comum inflamação ao redor dos brônquios e bronquíolos. Enfisema Pan-acinar: envolvimento de todo o ácino. Tendência a surgir mais nas bases pulmonares. Esse tipo de enfisema está associado à deficiência de α1-antitripsina (genético). Deficiência de Alfa-1-Antitripsina: A alfa1-antitripsina é uma antiprotease produzida principalmente pelo fígado. Tem função de inativar a elastase liberada pelos neutrófilos, responsável pela degradação tecidual. A deficiência dessa enzima é uma doença genética e é resultado de diferentes mutações no gene SERPINA1. Essas mutações fazem com que proteínas anormais se acumulem nos hepatócitos e liberação de níveis baixos de alfa 1 antitripsina normal. Com isso, a elastase neutrofílica fica ativa e destrói o tecido elástico do pulmão, destruindo os septos difusamente do acino. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Enfisema Parasseptal: apenas a parte distal doácino é afetada. A lesão se concentra em áreas próximas a pleura, periféricas, e surge ao longo dos septos de tecido conjuntivo lobular e nas margens de lóbulos. É menos comum, mas pode levar ao pneumotórax espontâneo, por estar muito próximo da superfície pulmonar. Patogenia: A inalação da fumaça do cigarro e de outras partículas nocivas causa dano e inflamação nos pulmões, resultando em destruição parenquimatosa (enfisema) e doença das vias aéreas (bronquiolite e bronquite crônica). O tabaco leva a inflamação, infiltração de células inflamatórias, retenção mucosa, colonização bacteriana, lesão inflamatória, fibrose, remodelamento da parede do bronquíolo, alteração da estrutura. Tudo isso forma um ciclo vicioso que altera cada vez mais as pequenas vias aéreas e pode progredir para os alvéolos e gerar o enfisema centroacinar. O processo inflamatório intenso desencadeado pelas substâncias do fumo do tabaco aumenta muito a liberação de proteases no parênquima pulmonar. Esta quantidade exagerada de proteases ultrapassa a capacidade de neutralização das antiproteases (alfa-1 antitripsina). Proteases livres digerem paredes alveolares, transformando muitos alvéolos em uma única grande bolha. Nos septos alveolares as fibras elásticas são também destruídas, o que faz diminuir a elasticidade pulmonar. Pulmões ficam com volumes maiores, mas não diminuem de volume na expiração, que é passiva e depende do recolhimento elástico pulmonar. Fica igual um elástico velho. Macroscopicamente, a ruptura dos septos formando cavidades de ar se manifesta na forma de bolhas na superfície externa. Geralmente em enfisema grave. O pulmão fica mais volumoso por mais ar, o diâmetro anteroposterior aumentado do tórax. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Em repouso o paciente enfisematoso não tem alteração da relação ventilação/perfusão, ou seja, não tem cianose. Isso acontece porque o septo interalveolar some, mas some junto vasos, na mesma proporção. Não tem hipoxemia em repouso! Já o indivíduo bronquitico reduz o lúmen do alvéolo, portanto eles ficam mal ventilados, mas bem perfundidos e isso cai a saturação. Uma fisiopatogenia alternativa que surgiu para explicar o enfisema é a de que ele seria uma doença degenerativa e não inflamatória. Teoricamente, o fumo do tabaco desencadearia apoptose de células da parede alveolar em pessoas sensíveis. Assim, a bronquite crônica e o enfisema teriam mecanismos de lesão muito distintos. Clínica: os sintomas não aparecem até que pelo menos um terço do parênquima pulmonar funcional esteja lesado. A dispneia geralmente aparece primeiro, começando insidiosamente e progredindo gradualmente. Em alguns pacientes, tosse ou sibilo constitui a queixa principal, facilmente confundida com asma. A tosse e a expectoração são extremamente variáveis e dependem da extensão da bronquite associada. Perda de peso é comum e pode ser severa a ponto de sugerir um câncer oculto. Classicamente, o paciente com enfisema grave apresenta tórax em barril e dispneia, com um prolongamento óbvio da expiração, senta-se inclinado para frente em uma posição encurvada e respira por lábios franzidos. o fluxo aéreo expiratório debilitado, mais bem avaliado por espirometria, é a chave para o diagnóstico. No raio-x vemos grande hiperinsuflação e diafragma retilíneo. Na tomografia do enfisematoso vemos alvéolos muito dilatados e disformes. Longilíneo, tórax em tonel, magro, uso de musculatura acessória para respiração e fossa supraclavicular profunda, ausência de tosse e chiado importante, muita dispneia. Saturação em repouso normal. • BRONQUITE CRÔNICA A bronquite crônica é definida clinicamente como tosse persistente produtiva por, no mínimo, 3 meses em pelo menos 2 anos consecutivos, na ausência de qualquer outra causa identificável. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Comum em fumantes e habitantes de grandes cidades muito poluídas, a bronquite crônica está em um dos extremos no espectro da DPOC, com o enfisema no outro extremo. A infecção não é responsável pelo início da bronquite crônica, mas provavelmente é importante para sua manutenção e pode ser crítica na produção de exacerbações agudas. A lesão bronquiolar na bronquite crônica tabagica obstrutiva acontece em aproximadamente 20% dos fumantes. Causa fibrose com estenose da luz do bronquíolo, gerando obstrução fixa do fluxo aéreo e insuficiência respiratória. A mais precoce das características da bronquite crônica é a hipersecreção de muco nas grandes vias aéreas, associada à hipertrofia das glândulas submucosas na traqueia e nos brônquios. ocorre também aumento importante das células caliciformes nas pequenas vias aéreas — brônquios pequenos e bronquíolos — levando à produção excessiva de muco que contribui para a obstrução das vias aéreas. Hiperplasia de células caliciformes e glândulas submucosas Inflamação e fibrose da parede bronquiolar Estase de muco na luz bronquiolar Acredita-se que tanto a hipertrofia das glândulas submucosas quanto o aumento de células caliciformes constituam reações protetoras contra a fumaça do tabaco ou outros poluentes. Nas lâminas vemos um epitélio espesso, parede toda espessada por fibrose e inflamação, além de estase de muco na luz com exsudato inflamatório. Presença de células mucosas no epitélio que não deveria existir. Pode haver ulceração do epitélio bronquiolar (destruiu, sem epitélio). Macroscopicamente há obstrução do fluxo aéreo pela espessura da parede. As substâncias inaladas que levam à bronquite crônica causam danos celulares, provocando respostas inflamatórias agudas e crônicas envolvendo neutrófilos, linfócitos e macrófagos. A inflamação de longa duração é acompanhada de fibrose envolvendo as vias aéreas pequenas (pequenos brônquios e bronquíolos) e também pode acarretar a obstrução crônica das vias aéreas. Essa característica é similar à descrita anteriormente no enfisema. Existe heterogeneidade temporal e espacial na lesão bronquiolar do polo bronquítico da DPOC. Num mesmo fragmento de pulmão coexistem bronquíolos normais e alterados e também bronquiolite aguda, subaguda e crônica. Mesmo que o paciente já tenha parado de fumar, o comprometimento do transporte mucociliar faz com que a lesão progrida pelo fato de não serem retiradas dos espaços aéreos distais as partículas, as bactérias, os vírus e as substâncias tóxicas inaladas, todas eles capazes de desencadear inflamação. Clínica: é clássica a tosse persistente com produção de escarro esparso. Durante muitos anos, nenhum outro prejuízo funcional respiratório está presente, mas, finalmente, surge dispneia aos esforços. Com a passagem do tempo, e geralmente com a continuação do tabagismo, outros elementos da DPOC podem aparecer, incluindo hipercapnia, hipoxemia e cianose leve (“pletórico azul”). Brevilíneo, tendência à obesidade, hipercorado (poliglobulia), cianótico (hipoxemia em repouso), tosse e chiado. Saturação baixa em repouso. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp → LÂMINA DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 2. BRONQUIECTASIA É caracterizada por dilatação anormal e permanente dos brônquios que apresentam destruição da cartilagem e fibrose. Formam grandes cavidades, destruição da cartilagem, da parede brônquica. As pequenas vias aéreas também são afetadas e podem ter inflamação na parede, causando estreitamento e obstrução. Também é uma doença obstrutiva que tem catarro, tosse, chiado, mas não é incluída no espectro de DPOC. Na espirometria encontramos VEF1 e CVF reduzidos. Nos exames de imagem, como na tomografia, enxergamos a ramificação milimétrica do pulmão a menos de 1cm da superfície pleural, muito periférica. Isso indica dilatação das vias aéreas com secreção no interior, pois normalmente não vemos essa ramificação.O achado de dilatações brônquicas é um indicador de uma doença bronquiolar difusa, desde que se tenha afastado uma causa local para as dilatações, tais como tumor, corpo estranho e processo infeccioso localizado. Tem diversas causas, como: • Condições congênitas ou hereditárias, incluindo fibrose cística, sequestro intralobar do pulmão, estados de imunodeficiência e síndromes de discinesia ciliar primária e de Kartagener. Quando os cílios do epitélio da arvore aérea não funcionam e o muco se acumula nos bronquíolos. Parte desses indivíduos com síndrome de Kartagener tem sinusite, bronquiectasia, espermatozoides inviáveis e situs inversus totalis (cílios participam da rotação das vísceras). • Infecções, incluindo pneumonia necrotizante causada por bactérias, vírus ou fungos; pode ser um episódio único severo ou infecções recorrentes. São as causas mais comuns e conhecidas. • Obstrução brônquica, decorrente de tumor, corpos estranhos ou impactação de muco; em todos esses exemplos a bronquiectasia permanece localizada ao segmento pulmonar acometido. • Outras condições, incluindo artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico, doença intestinal inflamatória, DPOC e pós-transplante (rejeição pulmonar crônica e doença do enxerto- versus-hospedeiro crônica após transplante de medula óssea – linfócitos ataca o epitélio bronquiolar e prejudica o transporte mucociliar). • De um quarto até a metade dos casos é idiopático, sem as associações mencionadas. Patogenia: existe um modelo que propõe descrever os mecanismos comuns de bronquiectasia por causas tão diferentes. Tudo começa com a retenção de secreção na luz do brônquio (disfunção epitelial, ou disfunção ciliar, ou hipersecreção de muco). Limpeza mucociliar alterada com retenção de catarro nas vias aéreas. A retenção leva a infecção crônica, infiltrado inflamatório importante que, em conjunto com tudo, lesa a parede e destrói o pulmão e causa a bronquiectasia. Isso se perpetua num ciclo vicioso. Há dilatação das vias aéreas proximais e ausência de preenchimento das vias aéreas distais (colabam). Esse dano às vias aéreas distais é muito mais importante para a queda da função pulmonar na bronquiectasia. Geralmente há umas 23-26 gerações de brônquios, mas na bronquiectasia encontramos só umas 4- 5. A árvore pulmonar fica podada. As vias aéreas menores nestes lobos onde se identificavam Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp apenas 4 gerações brônquicas estavam totalmente obliteradas por um processo inflamatório em diferentes fases de evolução, frequentemente, uma fibrose cicatricial. Macroscopicamente, vemos que as dilatações se aproximam da superfície pleural, a mais ou menos 1cm da pleura, bem periféricas (anormal). Dilatações circundadas por fibrose e conteúdo purulento na luz. Retenção de muita secreção. A secreção luminal faz com que tenha muita expectoração purulenta durante a manhã. Há perda da estrutura normal do brônquio. Não é possível ver as estruturas normais do brônquio, como glândulas seromucosas, camada muscular e cartilagem. Só vemos tecido fibroso, infiltrado inflamatório na parede e exsudato purulento na luz. Pode até formar folículos linfoides ao lado dos brônquios acometidos. Observar o tamanho aumentado do brônquio em relação a arteríola que acompanha ele (deveriam ser semelhantes). Distal às bronquiectasias nas vias aéreas menores tem obstruções por muco. O tecido pulmonar adjacente entra em colapso e tem fibrose do parênquima pulmonar. Não há pulmão normal ao redor das cavidades bronquiectásicas. O tecido pulmonar adjacente não é funcional. A bronquiectasia está presente na DPOC grave, no espectro bronquitico crônico grave, pois o bronquíolo chegou a obliteração total (estenose e desaparecimento das vias aéreas menores). Há 3 tipos de bronquiectasia: Cilíndricas (menos graves); Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Varicosas Saculares (pior prognóstico, o brônquio termina em fundo de saco e está muito dilatado, indica que as pequenas vias aéreas desapareceram totalmente). Clínica: a bronquiectasia causa tosse severa e persistente; expectoração de escarro de odor fétido e às vezes sanguinolento; dispneia e ortopneia em casos graves; e, ocasionalmente, hemoptise, que pode ser maciça. Os sintomas frequentemente são episódicos e precipitados por infecções do trato respiratório superior ou pela introdução de novos agentes patogênicos. Os paroxismos de tosse são particularmente frequentes quando o paciente se levanta pela manhã, quando as mudanças de posição provocam a drenagem postural das coleções de pus e secreções para os brônquios. O paciente também é poliglobúrico, pois tem hipoxemia crônica. Na tomografia podemos ver impactação de muco, que é quando há muito catarro no brônquio que está muito dilatado (bolinhas brancas densas). Os brônquios dilatados podem aparecer como opacidades nodulares ou bifurcações em Y. Geralmente vemos o sinal do anel, onde o brônquio muito dilatado com ar dentro é o arco do anel e a arteríola ao lado dele e menor é a pedra do anel. A comparação com a arteríola mostra a dilatação do brônquio. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Outro sinal presente na tomografia é a atenuação em mosaico. Ao expirar, vemos áreas cinzas e áreas escuras no pulmão. As áreas cinzas corresponde ao esperado durante a expiração (pouco ar e mais parênquima). As áreas pretas são áreas lesadas com dilatação das vias aéreas e que aprisionaram, impedindo a expiração total. Geralmente essas áreas estão em bronquíolos intralobulares, longes da pleura. → LÂMINA BRONQUIECTASIA Bronquiectasias são dilatações da árvore brônquica distal secundárias à destruição dos elementos nobres, como cartilagem, músculo liso e glândulas, geralmente por infecções de repetição. A perda do epitélio ciliado favorece o acúmulo de secreções, infecção secundária e progressão da bronquiectasia. Nesta imagem escaneada da lâmina, notar que os brônquios dilatados (bronquiectásicos) podem chegar bem próximos da superfície pleural. Pleurite crônica secundária é comum, podendo formar tecido de granulação subpleural e eventualmente paquipleuris, com fibrose pulmonar subjacente. Na parede da bronquiectasia, as alterações mais importantes são a ausência de cartilagem, músculo liso e glândulas, destruídos que foram pelo processo inflamatório crônico. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp No lugar dos elementos normais observa- se tecido de granulação, constituído por vasos neoformados e células inflamatórias de vários tipos, como neutrófilos, linfócitos, plasmócitos e macrófagos. Pode ou não haver epitélio recobrindo a superfície. Quando há, geralmente é do tipo cúbico ou cilíndrico simples, sem cílios (perde as características do epitélio respiratório). Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Outro exemplo de bronquiectasia na mesma lâmina. A superfície está desprovida de epitélio e recoberta por exsudato purulento (abundância de neutrófilos). Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Ao redor das bronquiectasias há frequentemente fibrose intersticial pulmonar, consequência das infecções recorrentes. A fibrose é a evolução natural do tecido de granulação. Bronquiectasias retêm quantidade abundante de muco que serve de meio de cultura para bactérias. Assim, favorecem infecções de repetição, tanto no parênquima pulmonar (pneumonias), como na pleura (pleurites). Nesta lâmina, a pleura está grandemente espessada por tecido de granulação e fibrose, constituindo um paquipleuris. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Um outro caso de bronquiectasias, em que as alterações são menos graves que na lâmina anterior. Há dilatação do brônquio com perda da cartilagem e músculo liso, mas nota-sepreservação do epitélio respiratório pseudoestratificado cilíndrico ciliado. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp
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