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Aula+11+-+Princípios+e+interpretação+da+Constituição+(1)

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Seção 3.3 - Princípios e interpretação da Constituição
Profa. Me. Lais Giovanetti
Na Seção 3.3, vamos tratar dos princípios explícitos da ordem econômica, previstos nos incisos do art. 170 da CF/1988 e dos princípios implícitos, decorrentes da interpretação do texto constitucional.
Da leitura do art. 170 da Constituição da República, percebemos que o legislador constituinte originário diferenciou os objetivos, fundamentos e princípios da ordem econômica. Entretanto, na Seção 3.1, você aprendeu que, não obstante a diferença existente, as três categorias possuem natureza jurídica principiológica, ou seja, são princípios em sentido amplo. Logo, é correto afirmar que os princípios orientadores da ordem econômica também podem ser encarados como objetivos ou fundamentos.
O referido artigo traz, expressamente, os princípios informadores do desenvolvimento da atividade econômica. Entretanto, o texto constitucional também apresenta, de maneira implícita, diversos outros princípios, que dependem da correta exegese do texto constitucional, como a subsidiariedade e a boa-fé econômica.
Ao contrário do senso comum, os princípios da ordem econômica não estão previstos apenas no art. 170 da CF/1988. Estes são conhecidos como princípios explícitos. Por outro lado, da interpretação do texto constitucional, encontramos os princípios implícitos, de igual importância e hierarquia.
Vamos começar pelos princípios explícitos? Vejamos os incisos do art. 170 da CF/1988, que apresentam tais normas jurídicas: Art. 170 (...):
I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor;
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação;
VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII - busca do pleno emprego;
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País.
PRINCÍPIOS EXPLÍCITOS
Em primeiro lugar, temos a soberania nacional pela qual “as decisões tomadas devem representar a vontade absoluta do Estado Nacional” (DEL MASSO, 2012, p. 64), o que, no campo econômico, significa que há plena liberdade para que o Estado escolha os caminhos econômicos desejados. Sobre essa definição, é importante destacar que, apesar da vontade de um Estado ser absoluta, a soberania nacional deve ser harmonizada com outros princípios, notadamente com o desenvolvimento econômico.
Não obstante em outros campos do Direito a soberania nacional possa ter caráter absoluto, o Direito Econômico impõe a observância de outras normas, como aquelas ligadas à propriedade intelectual ou à falência de empresas, razão pela qual, na atividade econômica, a soberania nacional deve orientar as ações públicas e privadas, não havendo soberania estatal plena.
A propriedade privada e sua função social são pressupostos para exercício da livre-iniciativa, fundamento da ordem econômica já estudado na Seção 3.1. Assim, combinando esses três elementos, podemos extrair que os bens particulares de um indivíduo podem ser empregados na realização de atividade econômica, cabendo ao proprietário os frutos e resultados da exploração. Porém, o Direito de Propriedade não é absoluto. Primeiramente, encontramos limitação nos próprios objetivos da ordem econômica, já que a política econômica deve assegurar a efetivação dos direitos fundamentais dos cidadãos, de acordo com a ideologia constitucionalmente adotada.
Logo, refuta-se a ideia liberal de que a propriedade é absoluta, sendo lícita a imposição de limitações ao seu uso. Nesse sentido, a ideia de função social da propriedade é amplamente difundida na CF/1988, valorizando-se o interesse social e da coletividade, que atuam como limite aos interesses pessoais do proprietário. Percebemos, assim, o fenômeno da relativização do Direito de Propriedade, que passa do Direito Privado para o campo juspublicista.
Em seguida, temos o princípio da livre concorrência, que “impõe ao Estado abrigar uma ordem econômica fundada na rivalidade entre exploradores do mercado” (DEL MASSO, 2012, p. 67), ou seja, busca-se a tutela do mercado competitivo. Assim, espera-se que haja exploração pelo maior número possível de agentes econômicos, devendo o Direito garantir a entrada e a permanência desses agentes. Tal princípio busca incentivar a competição saudável entre empresas, aprimorando a tecnologia e gerando benefícios ao consumidor, como preços mais baixos e produtos de melhor qualidade.
Pela livre concorrência, busca-se evitar os seguintes efeitos nocivos ao mercado: imposição de preços abusivos e produtos de qualidade ruim, despreocupação com os custos envolvidos na produção e diminuição dos investimentos em tecnologia.
A defesa do consumidor também é importante princípio da ordem econômica, tutelado em outros trechos do texto constitucional, demonstrando a preocupação do legislador constituinte com a criação de um sistema de defesa das relações consumeristas. Nesse sentido, a própria inclusão do direito do consumidor como princípio da ordem econômica reforça ainda mais a necessidade de intervenção estatal nas relações de consumo.
Como o Direito Econômico regula todo o ciclo da atividade econômica, é natural que as relações de consumo, que ocorrem após as fases de produção e circulação dos bens, também sejam objetos dessa disciplina. Ademais, ressalta-se a condição de hipossuficiência do consumidor, pois, salvo raríssimas exceções, o consumidor final, enquanto destinatário dos bens e serviços, encontra-se em situação desigual e inferior face aos fornecedores, que possuem domínio das informações e das comunicações (pelo marketing, por exemplo), razão pela qual a defesa do consumidor regula uma relação de poder, coibindo abusos.
De maneira semelhante, a CF/1988 também se preocupa com a defesa do meio ambiente em diversos momentos de seu texto, como no art. 5º, LXXIII; art. 23, VI; art. 129, III; e art. 186, II. Tal princípio da ordem econômica busca alcançar o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico, a livre-iniciativa e o próprio meio ambiente, cuja preservação é imprescindível para o desenvolvimento social. 
Esse princípio deve orientar as ações dos particulares e do Estado, para que não haja comprometimento dos recursos naturais necessários para as gerações futuras.
Em seguida, o texto constitucional consagra a redução das desigualdades regionais e sociais, que busca o desenvolvimento equilibrado das várias regiões do país, em um modelo cooperativo de federalismo. Sendo assim, o desenvolvimento econômico deve ser conciliado com a redução das desigualdades sociais, implementando-se políticas públicas para reduzir o abismo existente entre as regiões do país. Trata-se, portanto, de uma norma dirigida ao Poder Público, que deverá identificar as localidades carentes e criar políticas visando ao desenvolvimento regional.
Considerando o desemprego como uma situação de desigualdade social relevante no contexto atual, a busca do pleno emprego é maneira de valorização do trabalho humano. Nota-se, entretanto, que se trata de uma norma programática, que orienta a atividade econômica no longo prazo, não sendo uma obrigação do Estado suprir, no curto prazo, todas as demandas daqueles que buscam emprego. Ou seja, o pleno emprego é uma consequência buscada pelas políticas econômicas realizadas, de maneira que o Estado estimule os agentes econômicos para que proporcionem efeitos sociais positivos, dentre eles a geração de empregos.
Ademais, o texto constitucional prevê o princípio do tratamento favorecido para empresas nacionais de pequeno porte, pelo qual a atividade econômica exercida pelo pequeno empresário deve ser tratada de maneira diferenciada, para viabilizar a competição em igualdade de condições com os grandes empresários. Assim, nos termos do art. 179 da CF/1988, as microempresas e empresas de pequeno porte possuem obrigações administrativas,tributárias, previdenciárias e creditícias simplificadas, além de benefícios em procedimentos licitatórios. Não se tratando de mero privilégio fiscal, em razão do alcance das vantagens.
PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS
Pelo princípio da subsidiariedade, consagrado no art. 174 da CF/1988, a iniciativa privada deve ser protagonista da atividade econômica, cabendo ao Estado regular e fiscalizar, intervenção essa que deve ocorrer nos moldes permitidos pela Constituição Federal.
Já a liberdade econômica, que inclui a liberdade de empresa e a liberdade de concorrência, consiste na livre possibilidade de atuação em qualquer uma das etapas do chamado ciclo econômico, que inclui a produção, a circulação, a distribuição e o consumo de bens e serviços. O Estado deve garantir condições para que os agentes econômicos exerçam suas atividades no ciclo econômico. Entretanto, tal princípio não é absoluto, podendo sofrer limitações em razão do interesse público.
Temos, ainda, a igualdade econômica, baseada na igualdade prevista no art. 3º, IV e art. 5º, caput, da CF/1988, estando ligada à livre-iniciativa. Nota-se que, da mesma forma que a liberdade econômica, a igualdade não é absoluta, pois o próprio texto constitucional apresenta hipóteses de exceção, como no caso do tratamento favorecido para empresas nacionais de pequeno porte.
Outra possibilidade de análise diz respeito à igualdade entre o Estado e o particular, na exploração direita da atividade econômica. Trata-se de uma igualdade formal, pela impossibilidade de equiparação entre as duas entidades, desde que não haja privilégios injustificados ao Poder Público.
O desenvolvimento econômico, que orienta toda a política econômica, busca efetivar a igualdade real prevista como objetivo fundamental da República no art. 3º da CF/1988, permitindo ações afirmativas e tratamentos diferencias para determinados grupos sociais, oprimidos historicamente. Assim, considerando adequação, necessidade e proporcionalidade, no caso concreto, um discrímen pode ser aceito para promoção de melhorias econômicas e sociais em nosso país, sempre com a ideia de inclusão social, e nunca com caráter excludente (FIGUEIREDO, 2014).
Pelo princípio da democracia econômica, as políticas públicas devem conceder chances iguais de desenvolvimento para aqueles que se encontram em igual situação, ampliando as oportunidades. Assim, a política econômica recessiva pode ser encarada como inconstitucional, já que reduz a oferta de empregos, diminuindo as oportunidades dos cidadãos. Ademais, todos os segmentos sociais devem ter voz ativa na elaboração e efetivação das políticas públicas, para harmonizar os interesses envolvidos, de maneira democrática, para que uma classe não exerça supremacia sobre a outra.
Finalmente, temos a boa-fé econômica, segundo a qual as trocas feitas no ciclo econômico devem ser realizadas de maneira transparente, devendo os agentes econômicos divulgar os fatos relevantes com transparência, evitando-se a assimetria informacional, grave falha de mercado.
Exemplificando
O Direito do Consumidor é um fértil campo de aplicação do princípio da boa-fé econômica, já que a parte hipossuficiente deve receber todas as informações a respeito do bem ou serviço adquirido, nos termos do art. 6º, III e art. 8º do Código de Defesa do Consumidor.
Os princípios da ordem econômica não devem ser interpretados isoladamente, uma vez que são normas jurídicas inter-relacionadas, de maneira que os seus sentidos são complementares.
Considerando que o princípio da livre concorrência busca efetivar a competição no mercado, com a exploração do maior número de agentes econômicos, a consolidação de um monopólio não pode ser autorizada pela ordem econômica, mesmo que sejam apresentados fundamentos ligados ao desenvolvimento econômico ou ao pleno emprego. Nesse sentido, o princípio da defesa do consumidor deve ser considerado sob dois aspectos: primeiramente, a falta de concorrência pode prejudicar a coletividade com imposição de preços abusivos e produtos de qualidade ruim, a despreocupação com os custos envolvidos na produção e a diminuição dos investimentos em tecnologia. Ademais, um monopólio pode acentuar ainda mais a diferença entre o grande poder econômico de uma multinacional e a influência exercida pelos consumidores. Assim, a defesa do consumidor deve coibir abusos dessa espécie, atuando de maneira a diminuir (e não aumentar) a desigualdade.
Em relação à defesa do meio ambiente, que orienta as ações dos particulares e do Estado para que não haja comprometimento dos recursos naturais, necessários para as gerações futuras, a instalação de uma fábrica em local de preservação da Mata Atlântica mostra-se inadequada, tendo em vista que esse princípio busca alcançar o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico, a livre-iniciativa e o próprio meio ambiente. Assim, o princípio da redução das desigualdades regionais e sociais não pode ser invocado para justificar grandes desastres ambientais, além de se tratar de uma norma dirigida ao Poder Público (e não aos particulares), que deverá identificar as localidades carentes e criar políticas visando ao desenvolvimento regional.
A propriedade privada e sua função social estão ligadas ao princípio da livre-iniciativa, que é um fundamento da ordem econômica. A partir do princípio da propriedade privada, é correto dizer que os bens individuais e particulares podem ser empregados no ciclo econômico, tocando ao proprietário os frutos e resultados da exploração.
Entretanto, ao contrário do que ocorria no passado, o direito de propriedade não é absoluto, sofrendo limitações em razão de direitos de terceiros. Os próprios objetivos da ordem econômica apresentam-se como barreiras, pois a política econômica deve assegurar a efetivação dos direitos fundamentais dos cidadãos, de acordo com a ideologia constitucionalmente adotada.
Assim, a ideia liberal de que a propriedade é absoluta está ultrapassada, sendo lícita a imposição de limitações ao seu uso. A ideia de função social da propriedade é amplamente difundida na CF/1988, valorizando-se o interesse social e da coletividade, que atuam como limite aos interesses pessoais do proprietário. Ou seja, os pontos apresentados na notificação possuem embasamento jurídico, devendo haver mudança de postura pela empresa.

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