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1 
Profº Rafael da Silva Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO ECONÔMICO 
Universidade Pitágoras Parauapebas/PA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
01/2020 
2 
CURSO DE DIREITO ECONÔMICO 
 Prof.Rafael da Silva Ribeiro 
01/2020 
 
 
PLANO DE ENSINO: 
 
1. Conceito, fontes e características do Direito Econômico 
2. Fundamentos e finalidades do Direito Econômico 
3. História do Direito Econômico no Brasil e no Mundo e nas Constituições ao 
longo da história 
4. Princípios Gerais do Direito Econômico 
5. Competência Legislativa no Direito Econômico 
6. Atuação do Estado no Domínio Econômico 
7. CADE – Conselho Administrativo de Defesa Econômica 
8. Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência 
3 
1. CONCEITO, FONTES E CARACTERÍSTICAS DO DIREITO 
ECONÔMICO 
 
1.1. Conceito de Direito Econômico 
 
 Diversos sao os conceitos aplicados nas doutrinas brasileiras, a 
subjetividade conceitual nos dá um lhiame enorme de conceitos de Direito 
Econômico, no nosso plano de ensino seguiremos Whashington Peluso Albino de 
Souza: 
Pode-se concluir que o Direito Econômico é o ramo do Direito que 
tem por objeto a regulamentação da política econômica e por 
sujeito o agente que dela participe. Como tal, é um conjunto de 
normas de conteúdo econômico que assegura a defesa e 
harmonia dos interesses individuais e coletivos, de acordo com 
a ideologia adotada na ordem jurídica. 
 
 De forma sintetizada, podemos dizer que o Direito Econômico 
versa sobre as normas de intervenção do Estado no domínio econômico, estabelecendo 
políticas específicas, coibindo condutas e prevendo as formas de fiscalização, regulação 
e participação do Estado na atividade. 
 O Direito Econômico, como ramo autônomo, tem como conteúdo 
específico de suas normas, as atividades econômicas ocorrentes no mercado, sejam 
elas provenientes do setor privado ou público. 
 Naturalmente, por ser o Direito uma ciência una, os ramos, 
convenções estabelecidas com fins meramente didáticos, interligam-se. 
 Assim, o Direito Administrativo, o Direito Constitucional, Direito 
Ambiental, Direito Consumerista e tantos outros, tratam de matérias relativas às 
atividades econômicas existentes. 
No entanto, apenas o Direito Econômico as adota com primazia, 
considerando a regulamentação destas de modo a torná-las uma política 
econômica objeto exclusivo seu. 
 O Direito Econômico regulamenta a atividade econômica do 
mercado, estabelecendo limites e parâmetros para empresas privadas e públicas, 
trata de estabelecer uma política econômica no sentido de concretização dos ditames 
e princípios constitucionais. 
 
 1.2 Fontes do Direito Econômico 
 
 No Direito Econômico podemos distinguir as fontes como formais 
e materiais: 
• Fontes Formais: a lei, os costumes e a jurisprudência. 
 Entende-se que no Direito Econômico a Lei cria os costumes e estes 
formam as jurisprudências, nesta ordem. 
• Fontes Materiais: O mundo dos negócios, a realidade econômica a qual 
são aplicáveis as normas de Direito Econômico. 
 Os precedentes judiciais também funcionam como fontes do 
Direito Econômico, muitas vezes a interpretação dada por um Tribunal sobre 
determinada lei pode influenciar diretamente o planejamento da atividade econômica. 
 Ademais, a atividade econômica se desenvolve naturalmente em 
https://jus.com.br/tudo/direito-constitucional
4 
razão de sua necessidade social, o que culmina na criação rotineira de novas práticas 
econômicas que também encontram as suas maneiras informais na resolução de 
problemas. 
 Em outras palavras, assim como no Direito Empresarial, os 
costumes representam uma das fontes primordiais, no Direito Econômico, tal 
circunstância também é verdadeira, boa parte das normas criadas para regular a 
atividade econômica, antes de serem formalizadas, funcionaram como práticas 
reiteradas no desenvolvimento da atividade econômica. 
 
 1.3 Características do Direito Econômico 
 
 Podemos destacar quatro características do Direito Econômico, 
que se englobam e nos fazem vislumbrar a atuação do mesmo, e são estes: 
• Dinâmico: Resoluções, Instrucoes Normativas, medidas 
provisórias (Altera-se com os fatos e através do tempo). 
• Coercitivo (Impõe medidas de caráter restritiva de direito e 
menos pecuniárias). 
• Intermediário: Coloca-se entre o publico e o privado, normas 
encorajadoras. 
• Direcionado à macro economia: Decisões que traz 
direcionamentos a partir de fenômenos econômicos. 
 
Questionário: 
01) Qual o Conceito de Direito Econômico? 
02) Quais as fontes do Direito Econômico? 
03) Quais as Características do Direito Econômico? 
 
2 FUNDAMENTOS E FINALIDADES DO DIREITO 
ECONÔMICO 
 
 2.1 Fundamentos do Direito Econômico 
 
 Os fundamentos do Direito Econômico estão disposto no caput 
art. 170 da Constituição Federal Brasileira de 1988: 
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do 
trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim 
assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da 
justiça social, observados os seguintes 
 
 De forma objetiva e inequívoca o texto legal no traz os 
fundamentos do direito econômico como sendo simplesmente a valorização do 
trabalho humano e livre iniciativa. 
 
 2.1.1 Valorização do Trabalho Humano 
 
 O primeiro fundamento da ordem econômica a ser apresentado é a 
valorização do trabalho humano, que se relaciona diretamente ao Direito do Trabalho. 
Segundo Fabiano Del Masso, deste fato nasce a “obrigação imediata de criação de 
possibilidades de trabalho, pois é assim que o valoriza” (DEL MASSO, 2012, p. 59). 
5 
Deste fundamento extrai-se que o Estado deve promover não só a proteção do 
trabalhador, através da tutela das garantias justrabalhistas, mas também permitir o 
desenvolvimento humano, pelo acesso à educação e à cultura. 
 Logo, a valorização do trabalho humano deve ser anterior à 
prestação de serviços, já que o trabalhador é um dos pilares da atividade econômica, 
devendo ser dotado de valor produtivo. Com isso, o legislador constitucional, ao trazer 
a valorização do trabalho humano como fundamento da ordem econômica, busca 
garantir o pleno emprego e a qualidade da mão de obra. Isso mostra-se de acordo com 
a atividade econômica contemporânea, baseada em técnicas cada vez mais sofisticadas 
que, mesmo com os avanços da automação, dependem do elemento humano. 
 
 2.1.2 Livre Iniciativa 
 
 Ademais, a ordem econômica também está fundada na livre-
iniciativa, que visa garantir a liberdade de empreendimento, incluindo fatores ligados 
aos transportes ao registro da atividade empresária, ao modelo de concessão de crédito 
e ao sistema tributário, que devem permitir o adequado desenvolvimento da atividade 
empreendedora. 
 Assim, pelo fundamento da livre-iniciativa, o mercado deverá estar 
aberto a novos entrantes e produtos, garantindo condições para exercício da atividade 
econômica. 
 A livre-iniciativa, como fundamento da ordem econômica, está 
diretamente relacionada ao princípio da livre concorrência, para a qual o mercado deve 
não apenas ser dotado de condições para entrada de novos concorrentes, mas também 
permitir a manutenção destes na competição, e o alcance dos objetivos da ordem 
econômica (existência digna e justiça social). 
 
Questionário: 
01) Qual a finalidade do Direito Econômico? 
02) Quais os fundamentos do Direito Econômico? 
 
 
3 HISTÓRIA DO DIREITO ECONÔMICO NO BRASIL E NO 
MUNDO 
 
 Quando se vai tratar do Direito Econômico é inevitável aferir que 
seu nascimento acompanhou o desenvolvimento da humanidade, dos seus conceitos 
primários até suas construções jurídicas. 
 Importa investigar o motivo pelo qual passou a se falar em Direito 
Econômico e quais foram suas origens históricas, mais do que isso, é preciso buscar o 
objeto deste Direito, bem como sua natureza. 
 Para identificar a origem do Direito Econômico devemos estudar os 
séculos XIX e XX, entretanto, o século XIX ainda não contempla o Direito Econômico 
em si, mas oferece bases para posteriorimplicação do objeto de estudo. 
 Reconhece-se que a real origem do Direito Econômico se deu na 
Primeira Guerra Mundial e consolidou-se ao final da Segunda Guerra Mundial, porém 
ele não foi meramente criado, mas em cada época anterior ao século XX surgiram 
elementos que caracterizam tentativas de regulação da economia. 
 Mais do que isso, a análise da economia do Estado Liberal terá 
6 
também a função de contrastar com as mudanças sofridas na estrutura da sociedade e 
do Estado no século XX, após a Primeira Guerra Mundial e, de modo ainda mais 
incisivo, após o crash da bolsa de 1929 e da Segunda Guerra. 
 Compreender a economia como parte integrante do Direito tornou-
se necessário para o entendimento de fenômenos sociais e seus efeitos. 
 É mister salientar que os aspectos históricos são imprescindíveis ao 
entendimento desse estudo, visto que o Direito Econômico contempla um ramo 
autônomo, composto por agentes econômicos, pois envolve uma complexidade social, 
um objeto de estudo definido como a juridicização, bem como o homem e o que o cerca. 
 Por ser o conjunto de normas de conteúdo econômico, visa 
assegurar a defesa e harmonia dos interesses individuais e coletivos. 
 
 3.1 Revolução Industrial 
 
 A Revolução Industrial foi o período de grande desenvolvimento 
tecnológico que teve início na Inglaterra a partir da segunda metade do século XVIII e 
que se espalhou pelo mundo causando grandes transformações. 
 A Revolução Industrial garantiu o surgimento da indústria e 
consolidou o processo de formação do capitalismo. 
 Durante este perído se viu impossível a prática do automatismo 
industrial, buscando o equilíbrio natural do mercado. 
 Foi também quando o Estado percebeu que precisava regular o 
mercado econômico. 
 
3.2 Primeira Guerra Mundial (1914/1918) 
 
 Aqui, se vê a quebra da ordem econômica, fazendo cair o 
absolutismo monárquico na Europa. 
 Também permitiu a divisão de estados e obrigou a atuação do 
Estado na recuperação econômica dos países. 
 Não se podendo deixar de citar o período Pós-Guerra, suas 
implicações econômicas de reestruturação e aplicação de medidas econômicas ao países 
derrotados, tal como temos por exemplo o Tratado de Versalhes. 
 
 3.3 Constituição Mexicana de 1917 
 
 Esta é uma das mais importantes ao longo da história, e se destaca 
pelas seguintes característivas: 
• Foi a primeira na história a trazer direitos sociais; 
• Anticlerial; 
• Medidas Relativas ao Trabalho (mulheres e crianças); 
• Não reeleição e extinção de cargo de vice-presidente. 
 
 3.4 Constituição da República de Weimar (1919 a 1933) 
 
 A mais famosa das Constituições dentro do Direito Econômico, se 
destacou pelas seguintes características: 
• Representou o auge do Estado Liberal no Século XVIII e a Ascenção 
do Estado Social; 
7 
Consagrou os direitos sociais de 2ª geração (Ligados ao valor igualdade, os direitos 
fundamentais de segunda dimensão são os direitos sociais, econômicos e culturais. 
São direitos de titularidade coletiva e com caráter positivo, pois exigem atuações do 
Estado). 
• Reorganizou o Estado em função da sociedade frente ao indivíduo. 
 
 3.5 Crise da Bolsa de Valores de NY em 1929 
 
 Este período se destaca pelas características: 
• Depois da quebra, os EUA teve que se reinventar na economia, 
antes, os magnatas tinham poder econômico e político. (Sarney, Barbalho). 
• Muitos passaram a defender uma atuação mais forte do Estado. 
• Outros grupos, defenderam regimes extremistas, tais como o 
regime comunista, fascista, nazista como solução para a crise. 
• Baseavam-se em governos como o de Mussolini na Itália, Getúlio 
no Brasil, Salazar em Portugal... 
• No início, buscaram solução em Karl Marx (socialismo) e em 
seguida, proposta de Keynes, que utilizando a matemática, a atuação estatal e as 
políticas de recuperação fiscal e desenvolvimento econômico proporcionou a 
recuperação da economia. 
 
 3.6 Segunda Guerra Mundial 1939 e 1945 
 
 Este período se destaca pelas características: 
• Prolongamento da primeira Guerra Mundial; 
• Dada economicamente devido o tratado de Versalhes, que onerou 
a Alemanha, dando margem à ideia de ocupação dos demais países; 
• Socialismo Marxista ganha impulso com o poder soviético. 
 
 NO BRASIL 
 
 3.7 Constituição de 1934 
 
 A primeira a Consagrar o Direio Econômico, se destaca as seguintes 
características: 
• A 1ª a consignar princípios e normas sobre a ordem econômica. 
• Reagindo à ditadura de Vargas, inspirada nos princípios da 
socialdemocracia (Mexicana e Weimar) 
• Abandonou o modelo liberal-democrático norte americano para 
adotar o Social-Democrático Alemão. 
• Forma Econômica predominantemente capitalista. 
 
 3.8 Constituição de 1937 
 
• Pretendia proteger a concorrência entre os agentes econômicos; 
 
 3.9 Constituição de 1943 
 
8 
• Estabeleceu as bases da legislação trabalhistas; 
• Estabeleceu o direito de greve; 
• Deu poderes ao Estado para intervir no domínio econômico; 
• Consagrou a desapropriação por necessidade publica e utilidade 
pública; 
• Consagrou a desapropriação por interesse social – função social da 
propriedade; 
 
Questionário: 
01) Quais características do período da Revolução Industrial para o Direito 
Econômico? 
02) Quais as características da Primeira Guerra Mundial para o Direito 
Econômico? 
03) Quais as características da Constituição de Weimar e sua importancia? 
 
4 PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO ECONÔMICO 
 
 O caput do art. 170 da Constituição nos traz os fundamentos e 
finalidades do direito econômico, observando-se os princípios. 
 Para que os fundamentos sejam concretizados e para que os fins 
sejam alcançados, necessário se faz adotar alguns princípios norteadores da ação do 
Estado. Surgem, ao lado de princípios já consagrados, alguns outros que decorrem das 
tendências modernas. 
 
 4.1 Soberania Nacional 
 
Este princípio não é uma mera repetição do que está consagrado no inciso I do artigo 
1º, mas uma sua complementação. A soberania política dificilmente sobrevive se não se 
completar com a soberania do ponto de vista econômico. As políticas econômicas a 
serem adotadas devem levar o Estado a firmar sua posição de soberania 
interdependente perante os demais Estados. 
 
 4.2 Propriedade Privada 
 
 A Constituição consagra aqui importante princípio da ordem 
econômica, assegurando o direito de propriedade privada individual. Este princípio 
está já estabelecido no inciso XXII do artigo 5º, devendo ali entender-se garantido o 
direito de propriedade atribuído ao indivíduo. O direito de propriedade individual é um 
pressuposto da liberdade de iniciativa. 
 Esta somente existe como consequência e como afirmação daquele. 
 Parece que neste ponto o constituinte cometeu um erro lógico, pois 
que colocou a liberdade de iniciativa como fundamento e o direito de propriedade como 
princípio. Na verdade, o fundamento do princípio da liberdade de iniciativa se encontra 
na aceitação do direito da propriedade privada. 
 Este erro não foi cometido pelas constituições de 1946 e de 
1967/69. 
 
 4.3 Função Social da Propriedade 
 
9 
 O inciso III do artigo 170 deve ser visto em consonância, ou até 
mesmo como repetição viciosa, do disposto no inciso XXIII do artigo 5º O princípio da 
função social da propriedade passou a integrar os textos constitucionais desde 1934, 
contrariando o direcionamento do liberalismo impresso nos textos de 1824 e 1891 em 
que se garantia o direito de propriedade em toda a sua plenitude. 
 O princípio da função social da propriedade está hoje fixado no art. 
421 da Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que instituiu o novo Código Civil. 
 É este princípio que informa as disposições constitucionais 
insculpidas nos artigos 182 a 191, traçando parâmetros para uma adequada política 
urbana e uma justa política agrária. 
 
 4.4 Livre Concorrência 
 
 Afirmando uma opção pelo regime de economia de mercado e 
assumindo essa postura ideológica, a Constituição adota como princípioa mola básica 
que rege aquele tipo de organização da economia. 
 Garante-se a liberdade de concorrência como forma de alcançar o 
equilíbrio, não mais aquele atomístico do liberalismo tradicional, mas um equilíbrio 
entre os grandes grupos e um direito de estar no mercado também para as pequenas 
empresas. 
 É preciso assinalar que o Constituinte optou por um aspecto 
positivo ao adotar como princípio a liberdade de concorrência, até então os textos 
constitucionais se preocupavam em reprimir o abuso do poder econômico. 
 
 4.5 Defesa do Consumidor 
 
 O constituinte entendeu, seguindo as modernas correntes do 
direito, que um dos elos da economia de mercado é o consumidor, e por isso impõe ao 
Estado a sua proteção. 
 A proteção ao consumidor tem duas facetas, importantes ambas; 
protege-se ao consumidor dentro de uma perspectiva microeconômica e micro jurídica; 
mas ao Estado interessa, também como uma das formas de preservar e garantir a livre 
concorrência, proteger o consumidor através da adoção de políticas econômicas 
adequadas. 
 
 4.6 Defesa do Meio Ambiente 
 
 Este princípio constitui-se numa limitação do uso da propriedade, 
visa colocar a atividade industrial ou agrícola nos limites dos interesses coletivos. 
 O constituinte, ao inserir no texto constitucional o princípio 
garantidor da defesa do meio ambiente, está tornando-se um eco das preocupações 
internacionais a respeito do assunto. 
 Importante salientarmos a alteração recente feita no inciso VI do 
art. 170 da Constituição Federal de 1988, que adicionou o seguinte texto: 
VI - defesa do meio ambiente; 
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento 
diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e 
serviços e de seus processos de elaboração e prestação. 
10 
 Isto se dá devido a Emenda Constitucional nº 42 de 19 de dezembro 
de 2003 e significa um tratamento mais rigoroso dependendo do impacto ambiental 
que o processo de elaboração venha prestar, em síntese, quanto maior o dano (impacto 
ambiental), maior a contraprestação social, maior a burocracia em elaboração de 
licenças ambientais e os valores de impostos à serem pagos. 
 
 4.7 Redução das desigualdades regionais e sociais 
 
 Também este princípio da ordem econômica e financeira está em 
sintonia com os objetivos estabelecidos no artigo 3º da Constituição, que preconiza a 
erradicação da pobreza e a marginalização e redução das desigualdades sociais e 
regionais, bem como ainda a promoção do bem de todos, dentro de um quadro de 
garantia do desenvolvimento de âmbito nacional. 
 
 4.8 Busca do Pleno Emprego 
 
 Este princípio vinha já insculpido entre os fixados pelo artigo 160 
da Constituição de 1967/69, como expansão das oportunidades de emprego produtivo. 
 Na verdade, a preocupação do constituinte se centra na ênfase do 
desenvolvimento bem como na garantia de aproveitamento adequado de todas as 
potencialidades do país dentro do princípio da eficiência. 
 
 4.9 Tratamento favorecido para empresas as empresas 
brasileiras de capital nacional de peqieno porte 
 
 Aqui já se adentra a questão proposta pela pergunta a respeito da 
conveniência de o Estado assumir, nos dias de hoje, um tratamento a título de 
favorecimento. Esse questionamento será analisado no tópico seguinte. Aqui interessa 
somente focalizar o problema relativo às empresas brasileiras de capital nacional de 
pequeno porte. 
 Tal princípio encontra tratamento normativo mais amplo no artigo 
179, ao determinar que será dispensado às microempresas e às empresas de pequeno 
porte tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las. 
 O parágrafo único do artigo 170 assegura a todos o livre exercício 
de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos 
públicos, salvo nos casos previstos em lei. O intuito seria o de eliminar entraves 
burocráticos para o exercício de qualquer atividade econômica, porque o conteúdo 
desse dispositivo já está incluído no “caput” do artigo que assegura a liberdade de 
iniciativa. 
 
Questionário: 
01) Discorra sobre os princípios do Direito Econômico. 
02) Cite 4 princípios do Direito Econômico. 
03) Discorra sobre o princípio da Livre Concorrência. 
 
5 - COMPETÊNCIA LEGAL NO DIREITO ECONÔMICO 
 
 5.1 Competência da União, Estado e Distrito Federal 
 
11 
 Acerca do tema, a disposição constitucional assim determina: 
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal 
legislar concorrentemente sobre: 
I – direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e 
urbanístico; 
 
 A própria Constituição nos traz a competência nos termos do art. 
24, inciso I, sendo importante frisar a concorrência de competência entre a União, 
Estados e Distrito Federal, a qual discorre os parágrafos que segue a leitura do texto 
legal. 
 
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União 
limitar-se-á a estabelecer normas gerais. 
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais 
não exclui a competência suplementar dos Estados. 
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados 
exercerão a competência legislativa plena, para atender as suas 
peculiaridades. 
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende 
a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. 
 
 Além de tais disposições, importante nos atentarmos à 
competência privativa da União, dispostas no art. 22 da Constituição, no que concerne 
à matéria de Direito Econômico destacam-se os incisos: VII, VIII, IX e XIX, vejamos: 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
I – (...) 
VII – política de crédito, câmbio, seguros e transferência de 
valores; 
VIII – comércio exterior e interestadual; 
IX – diretrizes da política nacional de transportes; 
X – (...) 
XIX – sistemas de poupança, captação e garantia da poupança 
popular; 
 
 Posto isto, a competência concorrente estipulada no inc. I, do art. 
24, da Constituição Federal, deve ser aplicado apenas quando o tema econômico 
não esteja incluído na competência privativa da União (art. 22), pois, como 
pode-se perceber, não há dúvidas de que legislar sobre: crédito, câmbio, transferência 
de valores, sistemas de poupança, entre outros, implica na criação de normas de 
natureza eminentemente econômica. 
 Destaca-se que a maior parte dos temas econômicos são da 
competência privativa da União, e não da competência concorrente da União, Estados 
e Distrito Federal. 
 A expressão “direito econômico” prevista no inc. I do artigo deve 
compreender apenas os temas econômicos remanescentes do art. 22. 
 
 5.2 Competência dos municípios 
 
 Ademais, não podemos deixar de lado a situação dos municípios 
12 
que podem legislar sobre direito econômico em razão do disposto no art. 30, II, da 
Constituição Federal, nos termos: 
Art. 30. Compete aos Municípios: I – (...); II – suplementar a 
legislação federal e a estadual no que couber; 
 
 Em síntese, a competência para legislar sobre direito econômico é 
concorrente (União, Estados e Distrito Federal). Entretanto, devem ser excluídos os 
temas econômicos previstos na competência privativa da União. 
 Se existir norma geral da União (Lei Nacional), a própria União (Lei 
Federal), os Estados (Lei Estadual) ou o Distrito Federal (Lei Distrital) apenas poderão 
criar normas suplementares, salvo se inexistir lei federal sobre normas gerais, quando 
a competência se torna plena. 
 Ou se aquela for criada supervenientemente, suspenderá a eficácia 
da lei estadual no que for contrário. 
 Frisa-se que de forma suplementar, os Municípios poderão legislar 
sobre temas de direito econômico. 
 
Questionário: 
01) Discorra acerca da Competência da União, Estados e Distrito Federal. 
02) Discorra acerca da Competência dos Municípios. 
 
6 - ATUAÇÃO DO ESTADO NO DOMÍNIO ECONÔMICO 
 
 Ao Estado é permitido atuar dentro da economia, tal atuação se dá 
de duas maneiras, da forma Direta e da forma Indireta, fundamenta-se a partir do art. 
173 da Constituição FederalBrasileira, lembrando que nossas aulas serão baseadas no 
art. 170 até o 191 da Constituição Federal, além das doutrinas disponibilizadas e o 
acompanhamento de aula. 
 
 6.1 Atuação Direta do Estado no Domínio Econômico 
 
 A organização da intervenção direta do Estado no domínio 
econômico tem embasamento legal no art. 173 da Constituição Federal Brasileira de 
1988, no Decreto-Lei nº 200/67 e na legislação subsequente, que o modificou 
substancialmente. 
 O art. 173 da CF/88 nos diz: 
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a 
exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será 
permitida quando necessária aos imperativos da 
segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, 
conforme definidos em lei. 
 
 No caput já se observa a determinação direta de exploração de 
atividade econômica por parte do Estado e suas hipóteses permissivas, a qual são: 
 1ª Quando necessária aos imperativos de segurança nacional; 
 2º Relevante Interesse Coletivo. 
 Prosseguindo, os parágrafos seguintes nos trazem as demais 
disposições: 
 
13 
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da 
sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem 
atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou 
de prestação de serviços, dispondo sobre: 
 
 Aqui traz as disposições que devem sempre conter os estatutos das 
Empresas Públicas e das Sociedades de Economia Mista e de suas subsidiárias 
(empresa controlada por outra que detém a maioria ou o total de suas ações), que são 
as descritas nos incisos I ao V, vejamos: 
 
I - sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela 
sociedade; 
II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, 
inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, 
trabalhistas e tributários; 
III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e 
alienações, observados os princípios da administração 
pública; 
IV - a constituição e o funcionamento dos conselhos de 
administração e fiscal, com a participação de acionistas 
minoritários; 
V - os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabilidade 
dos administradores. 
§ 2º As empresas públicas e as sociedades de economia mista não 
poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor 
privado. 
§ 3º A lei regulamentará as relações da empresa pública com o 
Estado e a sociedade. 
§ 4º A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à 
dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao 
aumento arbitrário dos lucros. 
§ 5º A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos 
dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade 
desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, 
nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e 
contra a economia popular. 
 
 O art. 4º do Decreto Lei 200/67, distingue a Administração Pública 
Federal em direta e indireta, enumera, dentre as categorias de entidades que compõem 
esta última, as autarquias, as empresas públicas as fundações públicas e as sociedades 
de economia mista, deixando claro que tanto as empresas públicas quanto as 
sociedades de economia mista fazem parte da administração pública indireta. 
 O legislador se preocupou em definir cada uma destas entidades, 
interessam-nos as definições de empresa pública e de sociedade de economia mista. 
 Por empresa pública entende ele “a entidade dotada de 
personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo 
da União, criada por Lei para a exploração de atividade econômica que o governo seja 
levado a exercer por força de contingência ou de conveniência administrativa, podendo 
revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito” e por sociedade de 
14 
economia mista “ a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, 
criada por Lei para a exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade 
anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União ou à 
entidade da Administração Indireta”. 
 Determina ainda o § 1º do mesmo artigo que “quando a atividade 
for submetida a regime de monopólio estatal, a maioria acionária caberá 
apenas à União, em caráter permanente”. Aqui se vê a União se sobrepondo, 
conforme nas disposições de competência legal. 
 É importante assinalar também que o art. 6º do mesmo diploma 
legal já submete as atividades da Administração Federal ao princípio e exigência 
fundamental do planejamento, colocando-o sob os parâmetros do “desenvolvimento 
econômico-social do País” e da “segurança nacional”. 
 
6.2 Atuação Indireta do Estado no Domínio Econômico 
 
 Para pode-se observar a atuação indireta do Estado na economia, 
tem-se que inicialmente verificar o artigo 174 da Constituição Federal (1988) na qual 
diz: 
Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade 
econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de 
fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este 
determinante para o setor público e indicativo para o setor 
privado. 
 
 A partir do momento na qual o poder público assume uma atitude 
normativa será efetivado por todo e qualquer ato geral que possa ser considerado de 
intervenção no setor econômico, interferindo nas forças naturais do mercado, podendo 
ser analisado com a edição de leis que fomentem alguma contribuição de intervenção 
no domínio econômico, de acordo com o artigo 149 da Constituição Federal, temos 
como exemplo, quando o Governo Federal com a intenção de impulsionar a indústria 
automobilística em âmbito nacional promoveu a isenção do IPI na compra de carros 
novos. 
 
 6.2.1 Forma Fiscalizadora 
 
 A fiscalização ocorre no momento em que o Estado faz uso de seu 
poder para fiscalizar as práticas econômicas, garantir que as normas vigentes sejam 
obedecidas pelos agentes econômicos e, caso seja necessário, punir os transgressores. 
 De acordo com o processo de fiscalização ocorrerá também o 
empreendimento do poder de polícia, em que diversos órgãos e entidades exercem tal 
atividade em várias esferas da federação, como exemplo poderá mencionar a 
fiscalização ambiental, mercado de capitais, procons, entre outros. 
Poder de polícia é a faculdade que tem o Estado de limitar, 
condicionar o exercício dos direitos individuais, a liberdade, 
a propriedade, por exemplo, tendo como objetivo a instauração do 
bem-estar coletivo, do interesse público. Este é composto por 
vários elementos, dentre os quais destacamos a saúde, segurança, 
meio ambiente, defesa do consumidor, patrimônio cultural e a 
propriedade. Possui e atributos: Discricionariedade, 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Liberdade
https://pt.wikipedia.org/wiki/Propriedade
https://pt.wikipedia.org/wiki/Interesse_p%C3%BAblico
15 
Autoexecutoriedade e Coercibilidade. 
 
 Que pode ser utilizada não só de maneira repressiva, mas também 
preventiva, com a adoção de medidas que possam coibir irregularidades, exercendo 
uma exigência pertinente para obtenção prévia de licenças e autorizações de 
funcionamento ou manutenção de funcionamento. 
 
 6.2.2 Forma Incentivadora 
 
 O incentivo normalmente se dá por meio da cessão de créditos e 
benefícios fiscais. 
 No caso do incentivo poderão proceder-se com a utilização de 
diversos benefícios fiscais, subsídios e outras formas de promoção positiva, 
considerando a possibilidade de participação do poder público em investimentos 
público de infraestrutura, orientando áreas de o setor privado atuarem em partes da 
economia que são consideradas de suma importância para o interesse geral ou 
estratégico do Estado. 
 Podemos observar o artigo 165, parágrafo 2º, da Constituição 
Federal, na qual comenta que a lei de diretrizes orçamentárias deve estabelecer a 
política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento, isto é, de incentivo. 
 A regulamentação se dá pela intervenção do Estado com 
o objetivo de implementar políticas que promovem os valores sociais e os 
direitos fundamentais.6.2.3 Forma Planejadora 
 
 Por fim, o planejamento é a forma escolhida pelo Estado para se 
organizar economicamente e perseguir objetivos diversos no mercado econômico, dá-
se através de planos econômicos e tabelamento de preços. 
 Para o caso de planejamento, mesmo não sendo nossa economia 
planificada como ocorria nos estados socialistas, com uma participação mais rigorosa 
do Poder Público na economia, não concedendo liberdade ao setor privado, de maneira 
diferente, o Estado Brasileiro elabora planos econômicos para serem seguidos por parte 
do setor público, porém, sem obrigatoriedade para o setor privado. 
 Alguns dos instrumentos importantes de planejamento estatal 
referem-se ao plano plurianual, as leis de diretrizes orçamentárias e as l eis 
orçamentárias anuais dos diversos entes da federação, com base no artigo 174, 
parágrafo 2º, da Constituição Federal (1988). 
 
Questionário: 
01) Quais as formas de atuação do Estado no Domínio Econômico? 
02) Discorra acerca da atuação direta do Estado no Domínio Econômico. 
03) Em quais hipóteses o Estado pode atuar na economia de forma Direta? 
04) Discorra sobre a atuação indireta do Estado no Domínio Econômico. 
05) Quais as formas de atuação indireta do Estado no Domínio Econômico? 
06) Discorra sobre a forma incentivadora do Estado na sua atuação indireta. 
 
 
 
16 
7 – CADE (CONSELHO ADMINISTRATIVO DE DEFESA 
ECONÔMICA) 
 
 Muito falamos da atuação do Estado no Domínio Econômico no 
último item, agora iremos tratar do orgão mais importante para o Direito Econômico 
Brasileiro, o CADE. 
 
 7.1 O que significa CADE 
 
 O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) é um 
órgão judicante, uma autarquia federal, vinculada ao Ministério da Justiça, com sede e 
foro no Distrito Federal, criado pela Lei 4.137/62 e transformado em Autarquia 
vinculada ao Ministério da Justiça pela Lei 12.529/11 (Lei do CADE), que exerce, em 
todo o Território nacional, as atribuições dadas pela Lei nº 12.529/2011. 
 
 7.2 Objetivo do CADE 
 
 O CADE tem o objetivo de tutelar a livre concorrência de mercado, 
sendo na esfera do Poder Executivo, a entidade incumbida de investigar e decidir sobre 
matérias relacionadas à concorrência e também incentivar a cultura de livre 
concorrência. 
 Ele deve prevenir e apurar abusos de poder na esfera econômica, 
exercendo um papel de tutelador da prevenção e repressão de tais abusos, evitando 
assim que o consumidor seja prejudicado. 
 Ressalta-se que o CADE tem como base os princípios 
constitucionais norteadores da ordem econômica, tais como a liberdade de iniciativa, 
livre concorrência, função social da propriedade, defesa da concorrência e repressão ao 
abuso do poder econômico. 
 
 7.3 CADE como Ente da administração pública indireta 
 
 O CADE é uma autarquia federal, fazendo parte da administração 
pública indireta. 
 Cabe às secretarias o papel de direcionar os atos de concentração e 
de investigar possíveis ilícitos concorrenciais, ao cabe resta o papel de julgar os 
processos. 
 A SEAE (Secretaria de Acompanhamento Econômico) é secretaria 
existente na estrutura do Ministério da Fazenda, com funções amplas voltadas para o 
monitoramento dos preços da economia permitindo a elaboração de pareceres sobre 
reajustes e revisões de tarifas publicas, bem como sobre atos de concentração. 
 É importante frisar que, nos atos de concentração envolvendo o 
mercado de telecomunicações, a instrução fica a cargo da Agência Nacional de 
Telecomunicações (Anatel), que enviam um parecer ao CADE para que ele analise a 
operação, assim como as Secretarias fariam se esse papel fosse delas. 
 O Cade é a última instância, na esfera administrativa, responsável 
pela decisão final sobre a matéria concorrencial. Assim, após receber o 
processo instruído pela Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae/MF), o Cade 
tem a tarefa de julgar as matérias. 
 
17 
 7.4 Funções do CADE 
 
 A Autarquia desempenha, a princípio, três papéis: preventivo, 
repressivo e educativo. 
 
 7.4.1 Função Preventiva do CADE 
 
 O papel preventivo corresponde basicamente à análise dos atos de 
concentração, ou seja, à análise das operações de fusões, incorporações e associações 
de qualquer espécie entre agentes econômicos. 
 Os atos de concentração não são ilícitos anticoncorrenciais, mas 
negócios jurídicos privados entre empresas, contudo, o Cade deve analisar os efeitos 
desses negócios, em particular, nos casos em que há a possibilidade de criação de 
prejuízos ou restrições à livre concorrência, que a lei antitruste supõe ocorrer em 
situações de concentração econômica acima de 20% do mercado de bem ou serviço 
analisado, ou quando uma das empresas possui faturamento superior a R$ 
400 milhões no Brasil. 
 Caso o negócio seja prejudicial à concorrência, o Cade tem o poder 
de impor restrições à operação como condição para a sua aprovação, como determinar 
a alienação total ou parcial dos ativos envolvidos (máquinas, fábricas, marcas, etc), 
alteração nos contratos ou obrigações de fazer ou de não fazer. 
 
 7.4.2 Função Repressiva do CADE 
 
 O papel repressivo corresponde à análise das condutas 
anticoncorrenciais. 
 Nesses casos, o Cade tem o papel de reprimir práticas infrativas à 
ordem econômica, tais como: cartéis, vendas casadas, preços predatórios, acordos de 
exclusividade, dentre outras. 
 É importante ressaltar que a existência de estruturas concentradas 
de mercado (monopólios, oligopólios), em si, são possíveis dentro da economia, uma 
exemplo prático é a própria Petrobras. 
 O que ocorre é que nestes há maior probabilidade de exercício de 
poder de mercado e, portanto, maior a ameaça potencial de condutas 
anticoncorrenciais. Tais mercados devem ser mais atentamente monitorados pelos 
órgãos responsáveis pela preservação da livre concorrência, sejam eles regulados ou 
não. 
 
 7.4.3 Função Educativa do CADE 
 
 O papel pedagógico do Cade é difundir a cultura da concorrência, 
para o cumprimento deste papel é essencial à parceria com instituições, tais como 
universidades, institutos de pesquisa, associações, órgãos do governo. 
 O Cade desenvolve este papel através da realização de seminários, 
cursos, palestras, da edição da Revista de Direito da Concorrência, do Relatório Anual 
e de Cartilhas. O resultado do exercício deste papel pedagógico está presente no 
crescente interesse acadêmico pela área. 
 
 7.5 Competência do CADE 
18 
 
 O Tribunal Administrativo exerce as competências previstas pelo 
artigo 9º da Lei nº 12.529/2011. 
 Compete-lhe: 
 1º O julgamento dos processos administrativos para análise ou 
apuração de atos de concentração econômica; 
 2º O julgamento dos processos administrativos para imposição de 
sanções administrativas por infrações à ordem econômica (instaurados pela 
Superintendência-Geral); 
 3º O julgamento dos recursos contra as medidas preventivas 
(adotadas pelo Conselheiro-Relator ou pela Superintendência-Geral); 
 4º A aprovação dos termos do compromisso de cessação de prática 
e dos acordos em controle de concentrações. 
 
 7.6 Estrutura do CADE 
 
 A Lei 12.529/2011 criou a estrutura do SBDC – Sistema Brasileiro 
de Defesa da Concorrência e também dispõe sobre a prevenção e repressão às infrações 
contra a ordem econômica, orientada pelos ditames constitucionais de liberdade de 
iniciativa, livre concorrência, função social da propriedade, defesa dos consumidores e 
repressão ao abuso do poder econômico. 
 O SBDC é formado pelo Conselho Administrativo de Defesa 
Econômica – CADE e pela Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério 
da Fazenda. 
 O CADE é entidade judicante com jurisdição em todo território 
nacional, que se constitui em autarquia federal, vinculada ao Ministério da Justiça, com 
sede e foro no Distrito Federal, e competências previstas nesta Lei. 
 Da Estrutura Organizacional do Cade constam os seguintes órgãos: 
 
 7.6.1 Tribunal Administrativo de Defesa Econômica 
 
 O Tribunal Administrativo, órgão judicante, compõe-se de um 
Presidentee seis Conselheiros, nomeados pelo presidente da República depois de 
aprovados pelo Senado Federal nos termos do art. 6º da Lei 12.529/11. 
 O mandato dos membros do Plenário é de quatro anos, não 
coincidentes, vedada a recondução. 
 O Tribunal Administrativo exerce as competências previstas pelo 
artigo 9º da Lei nº 12.529/2011 que nos diz: 
 Basicamente, compete-lhe o julgamento dos processos 
administrativos para análise ou apuração de atos de concentração econômica; o 
julgamento dos processos administrativos para imposição de sanções administrativas 
por infrações à ordem econômica (instaurados pela Superintendência-Geral); o 
julgamento dos recursos contra as medidas preventivas (adotadas pelo Conselheiro-
Relator ou pela Superintendência-Geral); e a aprovação dos termos do compromisso de 
cessação de prática e dos acordos em controle de concentrações. 
 
 7.6.2 Superintendência de Estudos Econômicos 
 
 A Superintendência-Geral é chefiada por um Superintendente-
19 
Geral, nomeado pelo presidente da República depois de sabatinado pelo Senado 
Federal, para mandato de dois anos, permitida a recondução para um único período 
subsequente, com o auxílio de dois Superintendentes-Adjuntos. 
 A Superintendência-Geral exerce as competências previstas pelo 
artigo 13 da Lei nº 12.529/2011. Basicamente, compete-lhe a instauração e instrução de 
processos administrativos para análise ou apuração de atos de concentração 
econômica, remetendo-os ao Tribunal Administrativo para julgamento, nos casos 
previstos na referida lei; a sugestão, ao Tribunal Administrativo, de condições para 
celebração de acordo em controle de concentrações; a instauração e instrução de 
procedimentos investigatórios, sempre que se deparar com indícios de condutas 
anticoncorrenciais, remetendo-os ao Tribunal Administrativo quando concluir por seu 
arquivamento ou quando entender que houve prática de condutas anticoncorrenciais; 
a adoção de medidas preventivas; a proposição de termos de compromisso de cessação, 
submetendo-os à aprovação do Tribunal Administrativo. 
 
 7.6.3 Departamento de Estudos Econômicos. 
 
 Conforme o artigo 17 da referida lei, o departamento será dirigido 
por um Economista-Chefe “… a quem incumbirá elaborar estudos e pareceres 
econômicos, de ofício ou por solicitação do Plenário, do Presidente, do Conselheiro-
Relator ou do Superintendente-Geral, zelando pelo rigor e atualização técnica e 
científica das decisões do órgão.” 
 O texto legal menciona de forma resumida as atribuições do 
Economista-Chefe e, consequentemente, do Departamento de Estudos Econômicos, 
que, na realidade, se desdobram em várias atividades que constituem dois ramos de 
atuação complementares: o primeiro, de assessoria à Superintendência-Geral e ao 
Tribunal Administrativo de Defesa Econômica na instrução e análise de processos 
administrativos que tratam de atos de concentração e condutas anticompetitivas e, o 
segundo, de estudos que deverão garantir a atualização técnica e científica do Cade. 
 As atividades de assessoria aos demais órgãos do Cade 
compreendem 
• elaborar pareceres econômicos; 
• acompanhar a instrução dos processos; 
• analisar pareceres econômicos recebidos pelo Cade 
• participar das sessões de julgamento quando solicitado; 
• realizar estudos setoriais com o objetivo de manter o Cade atualizado sobre a 
evolução de mercados específicos; 
• realizar estudos sobre os efeitos das decisões do Cade em determinados 
mercados; 
• propor e elaborar guias de análise para os diferentes processos apreciados pelo 
Cade. 
As atividades de estudos e atualização técnica compreendem 
• acompanhar o desenvolvimento da Ciência Econômica (teorias, modelos, 
pesquisas, etc.) aplicada à análise antitruste; 
• acompanhar o lançamento de novos softwares (especialmente de Estatística e 
Econometria), serviços de bases de dados e outras ferramentas necessárias à 
análise econômica; 
• representar o Cade em seminários, congressos e outros fóruns nacionais e 
internacionais com foco em temas econômicos; 
20 
• elaborar e publicar estudos técnicos próprios (artigos, documentos de 
trabalho e outros); 
• disseminar o conhecimento teórico da Ciência Econômica e sua aplicação à 
defesa da concorrência para o corpo técnico do Cade; 
• representar o Cade nas relações com outras instituições nacionais e 
internacionais, públicas ou privadas (por exemplo, IPEA, IBGE, IBRAC, 
Universidades, OCDE, ICN, agências antitruste estrangeiras) em temas 
específicos da área econômica. 
 
 7.7 Origem da Receita do CADE 
 
 Tal receita está disposta no art. 28 da lei nº 12.529/11: 
Art. 28. Constituem receitas próprias do Cade: 
I - o produto resultante da arrecadação das taxas previstas nos arts. 23 e 26 
desta Lei; 
II - a retribuição por serviços de qualquer natureza prestados a terceiros; 
III - as dotações consignadas no Orçamento Geral da União, créditos especiais, 
créditos adicionais, transferências e repasses que lhe forem conferidos; 
IV - os recursos provenientes de convênios, acordos ou contratos celebrados 
com entidades ou organismos nacionais e internacionais; 
V - as doações, legados, subvenções e outros recursos que lhe forem destinados; 
VI - os valores apurados na venda ou aluguel de bens móveis e imóveis de sua 
propriedade; 
VII - o produto da venda de publicações, material técnico, dados e informações; 
VIII - os valores apurados em aplicações no mercado financeiro das receitas 
previstas neste artigo, na forma definida pelo Poder Executivo; e 
IX - quaisquer outras receitas, afetas às suas atividades, não especificadas nos 
incisos I a VIII do caput deste artigo. 
 
 7.8 Direção do CADE 
 
 Conforme já foi abordado anteriormente no presente trabalho, o 
CADE é composto pelo Tribunal Administrativo de Defesa Econômica, pela 
Superintendência-Geral e pelo Departamento de Estudos Econômicos. 
 O Tribunal Administrativo tem como membros um Presidente e 
seis Conselheiros escolhidos dentre cidadãos com mais de 30 (trinta) anos de idade, de 
notório saber jurídico ou econômico e reputação ilibada, nomeados pelo Presidente da 
República, depois de aprovados pelo Senado Federal. 
 Destaca-se que o mandato do Presidente e dos Conselheiros é de 4 
(quatro) anos, não coincidentes, vedada a recondução, bem como ambos os cargos são 
de dedicação exclusiva, não se admitindo acumulação, salvo as constitucionalmente 
permitidas pela Lei em vigor. 
 Em relação à renúncia, morte, impedimento, falta ou perda de 
mandato do Presidente do Tribunal, assumirá o Conselheiro mais antigo no cargo ou o 
mais idoso, nessa ordem, até nova nomeação, sem prejuízo de suas atribuições. 
 No caso de renuncia, morte ou perda de mandato de Conselheiro 
ocorrerá a nova nomeação para que se complete o mandato do substituído (art.6º, § 4º, 
da Lei 12.529/2011). 
 Em relação à perda de mandato do Presidente ou dos Conselheiros 
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2012.529-2011?OpenDocument
21 
do Cade só poderá ocorrer em virtude de decisão do Senado Federal, por provocação do 
Presidente da República, ou em razão de condenação penal irrecorrível por crime 
doloso, ou de processo disciplinar de conformidade com o que prevê a Lei no 8.112/90 e 
a Lei no 8.429, de 2 de junho de 1992, e por infringência de quaisquer das vedações 
previstas no art. 8o desta Lei. 
 Por fim, cabe ressaltar que ocorrerá a perda do mandato, de 
maneira automática, caso o membro do Tribunal falte a 3 (três) reuniões ordinárias 
consecutivas, ou 20 (vinte) intercaladas, ressalvados os afastamentos temporários 
autorizados pelo Plenário. 
 
 7.9 Polêmicas e Casos Práticos 
 
 Aplicativo Uber 
 
 O Uber vem sendo alvo de protestos de taxistas em diversas partes 
do mundo, incluindo em várias cidades do Brasil como São Paulo e Rio de Janeiro. 
 Os taxistas questionam a legalidade do serviço e o acusam de 
concorrência desleal. 
 Ocorre que o Cade publicou um estudo ondeconcluiu que não há 
elementos econômicos que justifiquem a proibição de novos prestadores de serviços de 
transporte individual de passageiros no Brasil, como o aplicativo Uber. 
 Ressalta-se que o estudo foi divulgado mesmo após a presidente 
Dilma Rousseff ter afirmado que o aplicativo norte-americano contribuía para 
o desemprego de taxistas e precisaria de regulamentação para ser utilizado. 
 De acordo com o estudo do CADE, os serviços prestados pelos 
aplicativos que servem de plataforma no mercado de caronas pagas fornecem um 
mecanismo de autorregulação satisfatório e atendem um mercado até então não 
alcançado – ou atendido de forma insatisfatória – pelos táxis, além de ocasionar 
rivalidade adicional no mercado de transporte individual de passageiros. 
 Atualmente, o Cade analisa duas representações sobre a disputa 
entre o Uber e associações de taxistas. 
 A primeira foi encaminhada ao Cade por grupos de taxistas da 
cidade de São Paulo, sob a alegação de concorrência desleal. 
 A outra é uma representação de estudantes de Universidade de 
Brasília (UnB) e Centro Universitário de Brasília (UniCeub) contra associações e 
sindicatos de taxistas e alegando conduta anticompetitiva que impede "a prestação de 
serviços de transporte de passageiros". 
 
 Caso Nestlé X Garoto 
 
 Quando o grupo suíço Nestlé anunciou a compra da fabricante 
brasileira de chocolates Garoto, em fevereiro de 2002, Fernando Henrique Cardoso era 
presidente, a seleção brasileira ainda era só tetracampeã do mundo, e Jorge Vercilo 
estava entre os artistas mais tocados do país. Foi no dia 28 daquele mês que o grupo 
suíço pagou 250 milhões de dólares para levar a combalida companhia com sede em 
Vila Velha, no Espírito Santo. 
 O parecer da Procuradoria do CADE foi determinante porque não 
só destacou a alta concentração de mercado, como afirmou a exemplo do parecer da 
SDE a ausência de provas de que as vantagens adquiridas na operação seriam 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8112cons.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8429.htm
https://jus.com.br/tudo/desemprego
https://exame.abril.com.br/noticias-sobre/nestle
https://exame.abril.com.br/noticias-sobre/garoto
22 
transferidas aos consumidores. 
 O parecer da SDE identificou de plano a ocorrência de 
concentração horizontal em diversos segmentos, constatando-se concentrações 
elevadas. 
 A SDE apresentou soluções alternativas, chegando até mesmo a 
referendar a operação em setores específicos, não obstante destacasse, 
concomitantemente, restrições relevantes contra a operação. 
 Destaca-se que o elevado índice de concentração em setores 
específicos do mercado não é o único fator de convencimento do CADE para 
julgamento. 
 Analisa-se a possibilidade ociosa das empresas concorrentes, a 
possibilidade de investimentos estrangeiros no país decorrente da política nacional das 
barreiras tributárias, bem como a fidelização à marca e outros fatores do mercado. 
 Por fim, a decisão do presente caso foi veto ao fechamento do 
negócio, cabendo à Nestlé vender os ativos adquiridos da Garoto. 
 
 Colgate X Kolynos 
 
 Com a aquisição da Kolynos, em 1996, a Colgate-Palmolive passou 
a deter 79% de participação de mercado em cremes dentais. 
 O Cade determinou que a empresa deixasse de comercializar a 
marca Kolynos, que possuía 47% de participação de mercado, por quatro anos. 
 Em seu lugar, a Colgate lançou a marca Sorriso, que viria depois a 
ocupar 42% do mercado, conferindo à empresa novamente cerca de 71% das vendas. 
 
 AmBev 
 
 Em 1999, a Brahma comprou a arqui-rival Antarctica, que possuía 
dívidas na época de R$ 1,5 bilhão, passando a controlar cerca de 70% do mercado de 
cerveja. Em seu julgamento, em abril de 2000, o Cade impôs que a AmBev, empresa 
resultante da fusão, vendesse a marca Bavária, que pertencia à Antarctica, contrariando 
as recomendações da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE) e da Secretaria 
de Acompanhamento Econômico (Seae). 
 Os dois órgãos haviam avaliado que a empresa deveria se desfazer 
de uma das três marcas líderes, Skol, Brahma ou Antarctica 
 
 Gerdau X Siderúrgica Pains 
 O Cade vetou a aquisição da Siderúrgica Pains, feita em 1994 pela 
Gerdau. Na época, a siderúrgica elevaria de 48% para 53% sua participação no mercado 
de aços planos. A empresa entrou com recursos na Justiça e, em 1995, o Cade aprovou 
o acordo com algumas condições, entre elas a venda de uma unidade em Contagem. 
 
Questionário: 
01) O que significa CADE? 
02) Quais as funções do CADE? 
03) Qual o objetivo do CADE? 
04) Discorra sobre a função educativa do CADE. 
05) Qual a competência do CADE? 
06) Qual a Estrutura do CADE? 
23 
 
 8 - SISTEMA BRASILEIRO DE DEFESA DA CONCORRÊNCIA 
 
 Consiste no conjunto de órgãos governamentais responsáveis pela 
defesa da ordem econômica e dos ditames constitucionais de liberdade de iniciativa, 
livre concorrência, função social da propriedade, direito dos consumidores e repressão 
ao abuso do poder econômico. 
 
 8.1 Composição do Sistema Brasileiro de Defesa da 
Concorrência 
 
 Hoje a composição do Sistema Brasileiro de Defesa da 
Concorrência é descrito no art. 3º da Lei nº 12.529/11, que basila o Sistema Brasileiro 
de Defesa Econômica, e nos diz: 
Art. 3º O SBDC é formado pelo Conselho Administrativo de Defesa 
Econômica - CADE e pela Secretaria de Acompanhamento 
Econômico do Ministério da Fazenda, com as atribuições 
previstas nesta Lei. 
 
 Logo, podemos afirmar que o mesmo é composto por 2 órgãos: 
 1º Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE; 
 2º Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da 
Fazenda. 
 
 8.2 Conceitos Básicos Relacionados à Defesa da 
Concorrência 
 
 Torna-se relevante, metodologicamente, conceituar os principais 
termos utilizados na discussão do tema defesa da concorrência. Esses termos foram 
apropriados do Glossário Básico de Defesa da Concorrência. 
 
 8.2.1 Ordem Econômica 
 
 A ordem econômica deve ser entendida como um conjunto de 
princípios estabelecidos pela Constituição Federal do Brasil em seu título VII (artigos 
170 a 192), e que tem por objetivos fixar os parâmetros da atividade econômica, 
coordenando a atuação dos diversos sujeitos que põe em prática aquela mesma 
atividade. 
 A predominância de uma economia social de mercado, que valoriza 
o capitalismo democrático, enfatiza o direito de propriedade individual, e sua 
consequência inarredável: o princípio da liberdade de iniciativa, como fatores 
indispensáveis para o progresso e o impulso da atividade econômica. 
 Defendem-se, porém, ao mesmo tempo, os princípios da função 
social da propriedade, da livre concorrência, de respeito aos direitos dos consumidores 
e dos trabalhadores. Propugna-se pela presença regulamentadora do Estado, 
predominantemente, mas também por uma presença atuante nos casos em que a lei 
específica como necessários. 
 
 8.2.2 Agente Econômico 
24 
 
 Agente econômico deve ser entendido como qualquer pessoa física 
ou jurídica (empresa privada ou pública, com fins lucrativos ou não, indústria, 
comércio, profissional liberal, etc.) que participa, independentemente, como sujeito 
ativo na atividade econômica. 
 
 8.2.3 Regulação Econômica 
 
 Regulação econômica refere-se a políticas em que o Governo 
controla preços e/ou decide que empresas participam no mercado. 
 
 8.2.4 Defesa da Concorrência 
 
 Defesa da concorrência refere-se a políticas que definem 
determinados comportamentos das empresas como sendo ilegais, por prejudicarem os 
consumidores e/ou diminuírem o bem-estar social. 
 
 8.2.5 Custos de Transação 
 
 Custos de transação são os gastos associados às transações entre 
agentes econômicos, de modo geral, que não se expressam nos preços acordados entre 
as partes, sendo exemplo o custo de elaborar e aplicar um contrato (MF, 2004). 
 
 8.2.6 Controle de Concentrações 
 
 Controle de concentrações é uma das vertentes de atuação do 
sistema brasileiro de defesa da concorrência (SBDC). O Cade, balizado pelos pareceresda Secretaria de Acompanhamento Econômico (SEAE), aprecia se determinada 
concentração de empresas pode causar efeitos danosos à concorrência. Os atos de 
concentração têm, potencialmente, efeitos negativos e positivos sobre o bem-estar 
econômico. 
 Os efeitos negativos decorrem de um eventual exercício de poder 
de mercado pela empresa concentrada - aumento de preços, fundamentalmente - 
enquanto os efeitos positivos derivam de economias de escala, de escopo, de redução 
de custos de transação, entre outros, que podem proporcionar vantagens competitivas 
para as empresas participantes. 
 
 8.2.7 Concentração Conglomerada 
 
 É a concentração que envolve agentes econômicos distintos, que 
ofertam produtos ou serviços distintos que podem ou não ser complementares entre si, 
mas que, certamente, não fazem parte da mesma cadeia produtiva. Genericamente, 
uma conglomeração é saudável à competição, pois significa a entrada de uma empresa 
em determinado mercado de produto ou serviço. No entanto uma conglomeração pode 
ter efeitos nocivos à concorrência, quando houver complementaridade entre os 
produtos ou serviços envolvidos. 
 
 8.2.8 Concentração Horizontal 
 
25 
 Concentração horizontal é aquela concentração que envolve 
agentes econômicos distintos e competidores entre si, que ofertam o mesmo produto 
ou serviço em determinado mercado relevante. 
 
 8.2.9 Concentração Vertical 
 
 Concentração (ou integração) vertical é aquela que envolve agentes 
econômicos distintos, que ofertam produtos ou serviços distintos, e que fazem parte da 
mesma cadeia produtiva. 
 
 8.2.10 Condutas Oportunistas 
 
 Condutas oportunistas são condutas verificadas quando uma parte 
envolvida em determinado contrato procura aproveitar-se, às custas da outra parte, do 
processo de renegociação do referido contrato. 
 
 8.2.11 Abuso de poder econômico 
 
 Trata-se de comportamento de uma empresa ou grupo de empresas 
que utiliza seu poder de mercado e, mediante condutas anticompetitivas, causa danos 
à livre concorrência. Nota-se que o abuso não está limitado a um conjunto restrito de 
práticas específicas, uma vez que a legislação é ampla, cabendo ao CADE reprimir as 
condutas e, após investigação, caracterizá-las como danosas à concorrência. 
 
 8.3 Enfoques Teóricos das Políticas de Defesa da 
Concorrência 
 
 A política de defesa da concorrência está tradicionalmente apoiada 
na teoria de organização industrial. 
 Essa teoria foi desenvolvida a partir dos anos 50 pela Escola de 
Harvard, em que a estrutura da empresa, traduzida no número de produtores e 
compradores, diferenciação do produto, barreiras à entrada, estruturas de custos, 
integração vertical e diversificação, determinaria a sua conduta. 
 Ou seja, na definição de políticas de preços, pesquisa e 
desenvolvimento (P&D), estratégia e investimento, e esta, o seu desempenho - alocação 
eficiente dos recursos, satisfação aos consumidores, progresso técnico, equidade de 
renda, entre outros. Desta forma, toda concentração de mercado seria ineficiente. Esse 
enfoque criou o denominado paradigma estrutura-conduta-desempenho. 
 Na atualidade, a literatura econômica vem dando destaque a uma 
nova visão, que incorporou nas suas análises o conceito de eficiência. Assim, da 
análise per se, ou seja, restrição a qualquer ato de concentração, evoluiu-se para a 
utilização da regra da razoabilidade, na qual um ato de concentração pode ser acatado, 
desde que ele implique em ganhos de eficiência. 
 A partir dessa percepção, buscamos apresentar, a seguir, as 
proposições normativas mais relevantes deste enfoque, que procura levar em 
consideração a eficiência que pode reduzir os efeitos negativos provocados por 
configurações de mercado mais concentrado. 
26 
 A ausência de antecedentes sobre a aplicação da legislação de 
concorrência e, consequentemente, a falta de desenvolvimento jurisprudencial e 
doutrinário sobre o tema é evidente no caso brasileiro. 
 Por sua vez, a carência de uma cultura na área de defesa da 
concorrência no Brasil explica em parte as pressões e a resistência de setores políticos 
e empresariais às decisões do Cade. 
 Está evidenciado que o Brasil, apesar das deficiências assinaladas, 
destaca-se entre os países em desenvolvimento, na administração e aplicação das regras 
de defesa da concorrência. Isto é uma realização relevante, especialmente em país que 
tem ampla história de intervenção governamental na economia e onde a cultura da 
concorrência é fraca, tanto na comunidade empresarial como junto à população. 
 A adoção de medidas para aumentar a articulação entre os órgãos 
de defesa da concorrência com os demais órgãos de governo nos três níveis, em 
particular com as agências reguladoras de serviços públicos, se apresenta como uma 
medida essencial para aumentar a concorrência e a eliminação de distorções que 
existem nestes setores. 
 Ressalta-se, a importância da busca permanente do fortalecimento 
da legislação antitruste e da gestão das políticas de defesa da concorrência e de 
regulação econômica, por serem indispensáveis no processo de crescimento econômico 
do país. 
 
Questionário: 
01) Qual a composição do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência? 
02) No que consiste o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência? 
03) Qual o conceito de Ordem Econômica? 
04) Qual o conceito de Agente Econômico? 
05) Qual o conceito de Defesa da Concorrência? 
06) Qual a diferença entre Concentração Vertical e concentração Horizontal? 
07) Discorra acerca do Abuso de Poder Econômico.

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