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QUALIDADE DE VIDA DOS PROFESSORES DA REDE ESTADUAL DE ENSINO RODRIGO DA SILVA E CAMPOS RONILSON FERREIRA FREITAS Montes Claros-MG Junho/2017 QUALIDADE DE VIDA DOS PROFESSORES DA REDE ESTADUAL DE ENSINO QUALITY OF LIFE OF THE TEACHERS OF THE STATE EDUCATION NETWORK CAMPOS, Rodrigo da Silva e1 FREITAS, Ronilson Ferreira2 1Acadêmico do Curso de Licenciatura em Educação Física do Centro de Educação a Distância da Universidade Estadual de Montes Claros – CEAD/UNIMONTES. 2Mestre em Saúde, Sociedade e Ambiente pela Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM. Orientador do Curso de Licenciatura em Educação Física do Centro de Educação a Distância da Universidade Estadual de Montes Claros – CEAD/UNIMONTES. RESUMO A qualidade de vida no ambiente escolar é de grande importância, pois influencia diretamente na produtividade das pessoas, e consequentemente nos resultados obtidos dentro da sala de aula. Este estudo teve como objetivo avaliar a qualidade de vida de professores da rede estadual de ensino. Trata-se de um estudo epidemiológico do tipo analítico, transversal e quantitativo, realizado na cidade de Pompéu/MG, Brasil, no período de 2016 a 2017. A população alvo foi composta por 60 professores da rede pública de ensino. Os dados foram coletados a partir de um questionário que abordava aspectos sociodemográficos, econômicos, comportamentais e qualidade de vida. Foi possível observar que a 70% dos professores apresentaram uma melhor pontuação para os escores “capacidade funcional” e “aspectos emocionais”, respectivamente. Entretanto, para o escore “vitalidade”, houve uma predomínio de professores com uma pontuação ≤ 50 pontos, caracterizando uma pior qualidade de vida, no que se refere a esse escore. A qualidade de vida dos professores da rede pública de ensino de Pompéu/MG se apresentou relativamente boa, entrentato, chama-se a atenção para o escore vitalidade, que necessita ser melhorado. Palavras-chave: Qualidade de Vida. Ensino. Professores. ABSTRACT The quality of life in the school environment is of great importance, as it directly influences the productivity of the people, and consequently the results obtained within the classroom. This study aimed to evaluate the quality of life of teachers in the state school system. This is an epidemiological cross-sectional and quantitative study conducted in the city of Pompéu/MG, Brazil, from 2016 to 2017. The target population was composed of 60 teachers from the public school system. The data were collected from a questionnaire that addressed sociodemographic, economic, behavioral and quality of life aspects. It was possible to observe that 70% of the teachers presented a better score for the scores "functional capacity" and "emotional aspects", respectively. However, for the "vitality" score, there was a predominance of teachers with a score ≤ 50 points, characterizing a worse quality of life, regarding this score. The quality of life of the public school teachers of Pompéu/MG presented relatively good, incipient, attention is drawn to the vitality score, which needs to be improved. Keywords: Quality of Life. Teaching. Teachers. INTRODUÇÃO A qualidade de vida é um tema bastante discutido nos dias atuais, entretanto, tal conceito ainda se apresenta revestido de relevantes dúvidas, principalmente no contexto sócio educacional. O avanço nas pesquisas sobre a qualidade de vida começa a se expandir no mundo, evidenciando uma busca pelo entendimento acerca do tema. Há literaturas indicando que esse assunto é fonte de pesquisa de muitos anos (XAVIER & MORAIS, 2007; PEREIRA et al., 2014). A qualidade de vida está diretamente relacionada à saúde, de modo que ambas estão presentes no dia-a-dia dos docentes (CARDOSO, 2008; KOETZ; REMPEL; PÉRICO, 2013). Pode-se dizer basicamente que a qualidade de vida é a satisfação do indivíduo com sua vida ou condições que contribuem para o seu bem- estar físico e mental no meio em que vive. O cenário educativo brasileiro apresenta um quadro bastante problemático no que se refere às questões relacionadas à saúde dos professores e às suas condições de trabalho (MARIANO & MUNIZ, 2006), uma vez que segundo Sant’Anna, Costa e Moraes (2000), a remuneração dos educadores é proporcional ao número de aulas do cargo. Em razão disso, cada vez mais professores estão assumindo maior quantidade de turmas com a finalidade de melhorarem a qualidade de vida. Essa situação provoca nos docentes desgastes físicos e mentais, pelo grande volume de atividades extraclasse, como correção de provas, trabalhos, reuniões, preparação de aulas e materiais. Esse grande número de atividades pode contribuir negativamente para a sua qualidade de vida, precisando assim haver um equilíbrio. Além disso o docente do ensino médio trabalha com diversas faixas etárias, sejam adolescentes, jovens, adultos e idosos (PEREIRA; TEIXEIRA; LOPES, 2013). Uma boa qualidade de vida contribui para a boa atuação do profissional em sua profissão, atua também em todas as funções de qualquer natureza, nível hierárquico, nas mutáveis comportamentais e organizacionais que decorram, juntamente com políticas de recursos humanos condizentes, humanizar o emprego, obter-se um resultado satisfatório, tanto para os empregados como para a organização cujo significado é abrandar a subversão existente entre o capital e o trabalho (ROCHA; FERNANDES, 2008; VENDRAMI, 2011). Assim, torna-se de fundamental importância que sejam pesquisados os fatores influenciadores da qualidade de vida do educador para, assim, promover boa saúde, pois a qualidade de vida influencia diretamente na produtividade das pessoas, e consequentemente nos resultados obtidos dentro da sala de aula. Neste sentido, o objetivo desse estudo foi avaliar a qualidade de vida de professores da rede pública estadual de ensino. METODOLOGIA Trata-se de um estudo epidemiológico do tipo analítico, transversal e quantitativo, realizado na cidade de Pompéu/MG, Brasil, no período de 2016 a 2017. A população alvo foi composta por 60 professores da rede estadual de ensino. Os dados foram coletados a partir de um questionário que abordava aspectos sociodemográficos, econômicos, comportamentais e qualidade de vida. As características sociodemográficas, econômicas e comportamentais abrangeram as seguintes informações: idade, gênero, situação conjugal, cor da pele, anos de estudo, religião, carga horária de trabalho semanal, renda, consumo de cigarro e ingestão de bebida. Para a avaliação da qualidade de vida, foi utilizado o instrumento do tipo genérico SF- 36 Medical Outcomes Study 36 – Item Short - Form Health Survey, traduzido e validado no Brasil (CICONELLI, 1997). Foi desenvolvido para ser utilizado em grupos de indivíduos, independente da faixa etária, patologia, tratamento, raça, sexo, etc. Este instrumento é composto por 36 itens que fornecem pontuações em oito dimensões da qualidade de vida: a) capacidade funcional (CF), que é avaliada a partir do desempenho de atividades diárias como, aptidão para cuidar de si, vestir-se, tomar banho, subir escadas; b) limitação por aspectos físicos (AF), indicada pelo impacto da saúde física no desempenho das atividades diárias e/ou profissionais; c) dor (DF), de acordo com o nível de dor e o impacto no desempenho das atividades diárias e/ou profissionais; d) estado geral de saúde (SG), assinalado pela percepção subjetiva do estado geral de saúde; e) vitalidade (VIT), disposição dos pacientes em realizar tarefas do cotidiano; f) aspectos sociais (AS), pelo reflexo da condição de saúde nas atividades sociais; g) aspectos emocionais (AE), pelos reflexos das condições emocionais no desempenho das atividades diárias e/ou profissionais; h) saúde mental (SM), pela escala de humor e bem-estar. A pontuaçãovaria entre 0 e 100 pontos, que refletem o pior e o melhor estado geral de saúde, respectivamente. Após a aplicação do questionário, foi transformado o valor das questões em notas de 8 domínios que variam de 0 (zero) a 100 (cem), onde 0 = pior e 100 = melhor para cada domínio. Para calcular cada domínio, foi utilizado a seguinte fórmula: Valor obtido nas questões correspondentes – Limite inferior x 100 Variação (Score Range) A questão “Comparada há um ano atrás, como você se classificaria sua idade em geral, agora?” não faz parte do cálculo de nenhum domínio, sendo utilizada somente para se avaliar o quanto o indivíduo está melhor ou pior comparado a um ano atrás. Para análise estatística foi estimada a prevalência dos sintomas de qualidade de vida. As demais variáveis foram descritas pelas suas distribuições de frequência simples e relativa. Para o tratamento dos dados foi utilizado o programa SPSS 20.0. A pesquisa seguiu todos os critérios estabelecidos pela Resolução n°. 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde para pesquisas envolvendo seres humanos. O projeto de pesquisa foi submetido para apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES, sob o parecer de número 1.916.446. Os professores participantes do estudo que concordam participar da presente pesquisa de forma voluntária assinaram o Termo de Participação Livre e Consentida, contendo o objetivo do estudo, procedimento de avaliação, caráter de voluntariedade da sua participação e isenção de responsabilidade por parte do avaliador. RESULTADOS E DISCUSSÃO Com relação à caracterização da amostra, no que se refere aos fatores sociodemográficos, foi possível observar que os professores tinha média de idade de 40,80±8,89. Houve predomínio de professores do sexo feminino (85,0%), com companheiro fixo (66,7%), cor da pele branca (56,7%), eram católicos (60,0%) e possuía 9 anos ou mais de escolaridade (83,3%). Quando avaliado os fatores econômicos, observou se que a maioria dos entrevistados possuía carga horária semanal de até 30 horas (55,0%) e renda de 3 ou mais salários mínimos (63,3%). Sobre os aspectos comportamentais, 85,0% e 58,3% dos professores relataram que não consomem cigarro e bebida alcoólica, respectivamente (Tabela 1). Tabela 1: Caracterização da amostra, segundo os fatores sociodemográficos e comportamentais dos professores da rede estadual de ensino. Fatores sociodemográfico, econômicos e comportamentais n % Gênero Masculino 9 15,0 Feminino 51 85,0 Situação Conjugal Com companheiro fixo 40 66,7 Sem companheiro fixo 20 33,3 Cor da Pele Branca 34 56,7 Outra cor 26 43,3 Anos de Estudo Até 9 anos 10 16,7 9 ou mais anos 50 83,3 Religião Católica 36 60,0 Outra religião 24 40,0 Carga Horária Semanal Até 30 horas 33 55,0 Mais de 30 horas 27 45,0 Renda Até 2 salários mínimos 22 36,7 Três ou mais salários 38 63,3 Fuma Não 51 85,0 Sim 9 15,0 Etilismo Não 35 58,3 Sim 25 41,7 Seguindo os critérios de avaliação e interpretação do SF- 36 Medical Outcomes Study 36 – Item Short - Form Health Survey, na questão “Comparada há um ano atrás, como você se classificaria sua idade em geral, agora?”, 40,0% dos professores relataram que quase a mesma, ou seja, que não houve mudanças significativas nesse período (Tabela 2). Com relação à pontuação dos domínios da qualidade de vida, foi possível observar uma melhor pontuação média para os aspectos emocionais (72,67±38,14), capacidade funcional (67,50±24,12), limitação por aspectos físicos (67,08±38,64) e aspectos sociais (65,60±25,05) (Tabela 2). Tabela 2: Perfil do auto relato e dos domínios de qualidade de vida dos professores da rede estadual de ensino. n % Avaliação do indivíduo Comparado a um ano atrás, como você classificaria sua idade em Geral? Muito melhor 4 6,7 Um pouco melhor 15 25,0 Quase a mesma 24 40,0 Um pouco pior 16 26,7 Muito pior 1 1,7 Domínios da Qualidade de Vida Média dp Capacidade funcional 67,50 24,12 Limitação por aspectos físicos 67,08 38,64 Dor 55,88 30,91 Estado Geral de Saúde 52,90 14,33 Vitalidade 48,33 18,33 Aspectos Sociais 65,60 25,05 Aspectos Emocionais 72,67 38,14 Saúde Mental 53,27 16,49 Dp: Desvio padrão. A figura 1 apresenta a prevalência dos escores da qualidade de vida dos professores da rede pública. Foi possível observar que a maioria dos professores apresentaram uma melhor pontuação para os escores “capacidade funcional” e “aspectos emocionais”. Entretanto, para o escore “vitalidade”, houve uma predomínio de professores com uma pontuação ≤ 50 pontos, caracterizando uma pior qualidade de vida, no que se refere a esse escore. Figura 1: Prevalência dos escores da qualidade de vida dos professores da rede estadual de ensino. CONCLUSÃO De forma geral, foi observado que todos os domínios investigados pelo SF-36 com os professores do ensino público estadual do município de Pompéu-MG encontram-se bons, destacando-se a vitalidade, que apresentou menor escore. Neste sentido, levando em consideração a importância da qualidade de vida do docente na qualidade do trabalho que é ofertado à população, este estudo chama a atenção para a necessidade da realização de intervenções com tal população, criando espaços de apoio aos docentes, onde possam expor suas ansiedades e dúvidas. Assim, tendo o ambiente escolar como um local de promoção social e de saúde, é importante levar em consideração à saúde do corpo docente, devendo evoluir para a operacionalização de programas que possibilitem o aumento da qualidade de vida dos professores. REFERÊNCIAS CARDOSO, C. P. Qualidade de vida do professor da rede pública de ensino: um estudo bibliográfico. 2008. Monografia (Especialização em Treinamento Esportivo) 30,0% 41,7% 43,3% 40,0% 55,0% 41,7% 30,0% 45,0% 70,0% 58,3% 56,7% 60,0% 45,0% 58,3% 70,0% 55,0% Capacidade Funcional Limitação Aspectos físicos Dor Estado Geral Saúde Vitalidade Aspectos Sociais Aspectos Emocionais Saúde Mental QUALIDADE DE VIDA ≤ 50 pontos > 50 pontos - Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, Criciúma, Santa Catarina, 2008. CICONELLI, R. M. Tradução para o português e validação do questionário genérico de avaliação de qualidade de vida “Medical outcomes study 36-item short-form health survey (SF-36)”. Tese (Doutorado em Ciências da Saúde A´licadas à Reumatologia). Universidade Federal de São Paulo, Escola Paulista de Medicina; 1997. KOETZ, L.; REMPEL, C.; PÉRICO, E. Qualidade de vida de professores de Instituições de Ensino Superior Comunitárias do Rio Grande do Sul. Ciência & Saúde Coletiva. v. 18, n. 4, p. 1019-1028, 2013. MARIANO, M. S. S.; MUNIZ, H. P. Trabalho docente e saúde: O caso dos professores da segunda fase do ensino fundamental. Estudos e Pesquisas em Psicologia. v. 6, p. 76-88, 2006. PEREIRA, É. F.; TEIXEIRA, C. S.; LOPES, A. S. Qualidade de vida de professores de educação básica do município de Florianópolis, SC, Brasil. Ciência & Saúde Coletiva. v. 18, n. 7, p. 1963-1970, 2013. PEREIRA, É. F.; TEIXEIRA, C. S.; ANDRADE, R. D.; SILVA-LOPES, A. O trabalho docente e a qualidade de vida dos professores na educação básica. Rev. Salud Pública. v. 16, n. 2, p. 221-231, 2014. ROCHA, V. M.; FERNANDES, M. H. Qualidade de vida de professores do ensino fundamental: uma perspectiva para a promoção da saúde do trabalhador. J Bras Psiquiatr. v. 57, n. 1, p. 23-27, 2008. SANT’ANNA, A. S.; COSTA, R.; MORAES, L. F. R. Qualidade de Vida no Trabalho: uma análise em unidades de ensino básico. In: Anais XXIV. ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO. Campinas, SP: ANPAD, 2000. VENDRAMI, F. T. Em busca da qualidade de vida no trabalho: fatores que motivam e inibem. Protestantismo em Saúde,São Leopoldo, v. 24, p. 1-7, 2011. XAVIER, C. E. S.; MORAIS, A. S. Qualidade de vida em professores da rede pública estadual de ensino da cidade de Aracajú – SE. Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício. v.1, n. 5, p. 85-94, 2007.
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