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PENAL PARTE GERAL - LFG

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DIREITO PENAL GERAL 
Prof: ROGERIO SANCHES
AULAS:
Aula 1 – 02/02/09 – PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO PENAL
Aula 2 – 16/02/09 – A LEI PENAL NO TEMPO
Aula 3 – 19/02/09 – A LEI PENAL NO ESPAÇO. EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS
Aula 4 – 10/03/09 – A LEI PENAL NO ESPAÇO 
Aula 5 – 27/03/09 – TEORIA GERAL DO DELITO 
Aula 6 – 03/04/09 – TIPICIDADE
Aula 7 – 06/04/09 – TIPICIDADE II
Aula 8 – 20/04/09 – ILICITUDE
Aula 9 – 11/05/09 – ILICITUDE II
Aula 10 – 25/05/09 – CULPABILIDADE
Aula 11 – 08/06/09 – CULPABILIDADE E PUNIBILIDADE 
Aula 12 – 22/06/09 – CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
Aula 13 – 09/07/09 – CONCURSO DE PESSOAS
AULA 01 (PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO PENAL) 02/02/09
Artigo – 5° iniciso XXXIX da CF/88 e art. 1° do CP
- PRINCÍPIO DA LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL?
R: Primeira corrente diz que as duas expressões são sinônimas. Já uma segunda corrente diz que elas não se confundem. O Princípio da Legalidade toma a expressão lei em sentido amplo abrangendo todas as espécies normativas do art. 59 da CF. Enquanto que a Reserva Legal toma a expressão lei em seu sentido estrito abrangendo somente lei ordinária e lei complementar.
Há também uma terceira corrente que diz que o Princípio da Legalidade nada mais é do que: anterioridade + reserva legal. (prevalece na doutrina hoje essa terceira corrente).
OBS: O Princípio da Legalidade também está previsto no artigo 9° da C.A.D.H.
Questão:
Para que serve o Princípio da Legalidade?
R: Ele serve para constituir uma real limitação ao poder estatal de interferir na esfera de liberdades individuais. Uma garantia do cidadão contra o arbítrio estatal.
OBS: O TRF da 3ª. Região resolveu ser “cruel”. Por que ele pediu ao candidato pra explicar a origem do Princípio da Legalidade. R: Há 3 correntes: Pela carta de joão sem terra no ano de 1215 (1ª. Corrente); uma 2ª. Corrente diz que a origem se remonta ao direito romano. Mas uma terceira corrente, a qual prevalece, diz que sua origem se deu no iluminismo em decorrência da Revolução Francesa.
FUNDAMENTOS DO P. DA LEGALIDADE:
1) POLÍTICO: o poder punitivo não pode ser arbitrário. A exigência não pode ser arbitrária. A existência de vinculação ao Poder Executivo e ao Poder Judiciário às leis formuladas de forma abstrata.
2) DEMOCRÁTICO: respeita à divisão de poderes (separação de função)
( o parlamento, representante do povo, deve ser o responsável pela criação de crimes.
3) JURÍDICO: uma lei prévia e clara produz importante efeito intimidativo.
ARTIGO 1° do CP ( diz que não há crime sem lei anterior que o defina. Nem pena sem prévia cominação legal? E as contravenções penais? R: Se aplica também o P. Da legalidade a elas. Onde se lê crime deve-se ler infração penal. E acerca da medida de segurança, uma vez que o artigo 1° só trata de pena? R: 1ª. Não abrange medida de segurança pois esta não tem finalidade punitiva mas sim curativa (a pena olha o passado a medida de segurança olha o futuro). A 2ª. Corrente diz que abrange, pois também é espécie de sanção penal (prevalece a 2ª. Corrente).
Questão:
O artigo 3° do CPM foi recepcionado pela CF/88?
R: Não. Por que apesar de respeitar a reserva legal, não respeitou a anterioridade.
Para que o Princípio da Legalidade seja EFETIVAMENTE uma garantia do cidadão em face da atuação estatal deve-se:
a) não há crime sem lei (lei em sentido estrito);
b) lei (estrito) deve ser anterior aos fatos à que busca incriminar (P. Anterioridade). OBS: evitar retroatividade maléfica. A retroatividade benéfica admite-se;
c) Lei (sentido estrito) ESCRITA. Está evitando uma espécie de costume. O costume incriminador. O costume interpretativo é bem vindo.
d) Lei (estrito) ESTRITA. Está vedando com isso a Analogia incriminadora. Lembre-se não se veda a analogia. Até por que a analogia benéfica é bem vinda.
e) Lei (estrito). CERTA. Lei certa é aquela de fácil entendimento. Quer ser evitar ambiguidades. Ambiguidade é prima da arbitrariedade. É onde se encontra o PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE ou DETERMINAÇÃO.
f) Lei (estrito). NECESSÁRIA. Busca-se evitar a hipertrofia do direito penal. É um desdobramento do Princípio da Intervenção Mínima.
OBS: o artigo 20 da lei 7.170/83 fere o principio da legalidade por que o crime existe mas não é certo (atos de terrorismo)
O PRINCÍPIO DA LEGALIDADE É O PILAR DO “GARANTISMO”.
Reduzir ao máximo o poder punitivo do estado elevando as garantias do cidadão.
Questão:
Medida Provisória pode criar crime?
R: Não. A medidade provisória é ato do executivo com poder normativo. Mas ela não pode criar crime.
Questão:
Medida Provisória pode versar sobre direito penal não incriminador?
R: 1ª. Corrente ( medida provisória não pode versar sobre direito penal não importando se for direito penal incriminador ou não-incriminador. Essa corrente se fundamenta no artigo 62 da CF (MAJORITÁRIA, Munhoz Conde). 2ª. Corrente ( não é possível medida provisória incriminadora, porém é possível medida provisória versando sobre direito penal não incriminador (MINORITÁRIA , LFG).
OBS: O STF, no RE 254818-PR, discutindo os efeitos benéficos da m.p. 1571/97 (que permitiu o parcelamento de débitos tributários e previdenciários, com efeito extintivo da punibilidade, proclamou sua admissibilidade em favor do réu).
Questão:
E resoluções do CNJ do CNMP e do TSE? (atos não legislativos com força normativa)
R: Não.
Questão:
E lei delegada?
R: A vedação pra lei delegada esta no artigo 62 inciso II da CF, na parte de direitos individuais.
LEI PENAL:
1) Completa ( será completa quando dispensa complemento normativo (dado pela norma) ou valorativo (dado pelo juiz). Ex. 121.
2) Incompleta ( depende de complemento valorativo ou normativo. Se divide em:
COMPLEMENTOS NORMATIVOS
2.1.) Norma penal em branco: depende de complemento normativo (dado por outra norma)
2.1.1.) Norma penal em branco própria (estrito): quando o complemento normativo não emana do legislador, por isso que ela também é chamada de heterogênea. Ex. Lei de Drogas. Por que o que vem a ser drogas é dado pelo executivo
2.1.2) Norma penal em branco imprópria (amplo): o complemento normativo que emana do legislador. Por isso que ela é também chamada de homogênea.
2.1.2.1) Norma Penal em Branco Homóloga (homovitelina): complemento emana da mesma instância legislativa. Ex. Lei penal complementada por lei penal. Ex. Conceito de funcionário público.
2.1.2.2) Norma Penal em Branco Heteróloga (heterovitelina): complemento emana de instância legislativa diversa. Ex. Lei penal sendo complementada pela lei civil. Ex. Violação de direitos autorais. Outro ex. Art. 236 do CP, qual lei traz os impedimentos, o cc/02).
2.1.3.) Norma Penal em Branco ao revés ( complemento normativo diz respeito a sua sanção. Ex. lei 2889/56 – art. 1° o complemento não é do tipo principal mas de sua consequência jurídica.
2.2 ) COMPLEMENTO VALORATIVO (TIPO ABERTO)
- dado pelo juiz. Ex. Crime culposo
FONTES FORMAIS DO DIREITO PENAL
1) Imediatas (
· Lei;
· CF;
· T.I.D.H;
· Jurisprudência.
· P.G.D.
· Atos administrativos (norma penal em branco – estrito)
2) Mediata (
· Doutrina
OBS: costumes configura fontes informais.
OBS 2: OS PRINCÍPIOS CONFIGURAM FONTE FORMAL IMEDIATA (Por que um princípio pode até fundamentar a inconstitucionaliade de uma lei, por isso que ele é uma fonte)
Questão:
Norma penal em branco ofende a legalidade?
R: As críticas não prevalecem. A norma penal em branco é constitucional.
CRÍTICAS:
1ª.) Fere a taxatividade; por que ela não é certa. Por exemplo quando a lei fala em drogas e não explica o que é, fere a legalidade. Como se rebate? R: enquanto não complementada não tem EFICÁCIA JURÍDICA ou SOCIAL. 
2ª.) Norma penal em branco em sentido estrito; por exemplo: complemento do executivo, FERE a LEGALIDADE mais precisamente seu fundamento democrático. Quem tá legislando é o executivo dizendo o que é e o que não é crime. Para rebater: ver obs. Abaixo (
OBS: Na norma penal em branco em sentido estrito o legislador já criou tipo penal incriminador com todos seus requisitos básicos, limitando-se a autoridade administrativaa explicitar um desses requisitos. 
AULA 02 (A LEI PENAL NO TEMPO) 16/02/09
OBS: Não confundir Legalidade formal e material:
Legalidade Formal ( obediência aos trâmites procedimentais legislativos. A legalidade formal gera uma lei vigente.
Legalidade Material ( obediência do conteúdo à CF e aos tratados de direitos humanos. Legalidade material gera uma lei VÁLIDA.
Ex: de uma lei vigente mas não válida: Regime integralmente fechado nos crimes hediondos (art. 2°, §1° da lei 8.072/90). Esta lei obedeceu o procedimento legislativo, foi discutida, foi sancionada ou seja era uma lei vigente. O problema é que esse artigo da lei 8072/90 contrariava princípios constitucionais. Assim, apesar da lei ser vigente era inválida nesse dispositivo.
Questão:
Quais as formas de se controlar a válidade de uma lei?
R: Antigamente eram duas (Controle difuso e concentrado). Hoje em dia há 4 formas, a saber:
	Controle Concentrado de Constitucionalidade
	Controle Difuso de Constitucionalidade ou Controle Indireto de Constitucionalidade
	Controle DIFUSO ABSTRATIVIZADO
	Controle de CONVENCIONALIDADE
	STF – vai analisar a lei em abstrato, não se preocupando com o caso concreto. Essa análise será por meio de ADI e ADC. Daí seu efeito ser erga omnes, por que a lei foi analisada em abstrato sem se preocupar com o caso concreto.
	STF – a lei a qual se questiona, vai passando por instâncias inferiores. Ela chega por meio de HC, Recursos. O STF não vai analisar a lei em tese, mas o CASO CONCRETO. Por isso, a decisão do STF vai ter efeito inter partes.
	STF – A lei vai chegar no STF de maneira indireta. Por meio de HC ou Recursos. Porém o STF ao julgar vai julgar como se fosse o caso de controle concentrado, analisando a lei em tese. Assim a decisão terá efeito erga omnes. Ex. o controle do regime integralmente fechado da lei 8072/90
	 A Lei contrariando um tratado de direitos humanos com status supralegal porém infraconstitucional. Esse controle será difuso. Assim chegará por meio de HC ou Recursos.
TEMPO DO CRIME
Quando se pergunta tempo do crime o que se quer saber? Quer saber quando um crime se considera praticado no tempo. Há 3 teorias que respondem a essa pergunta:
1) Teoria da atividade ( o crime se considera praticado no momento da conduta. Ainda que outro seja o momento do resultado.
2) Teoria do resultado ( o crime se considera praticado no momento do resultado, não importando o momento da conduta.
3) Teoria mista ou da ubiquidade ( o crime se considera praticado tanto no momento da conduta quanto do resultado.
OBS: o CP adotou a teoria da atividade em seu artigo 4°.
Há 3 aplicações práticas dessa teoria:
1) Para analisar a imputabilidade do agente ( por exemplo o agente deu o tiro e tinha 17 anos e a vítima morreu ele já tinha 18 anos. Assim o agente era inimputável. Nesse caso será aplicado o ECA a esse agente.
2) Análise das circunstâncias ( por exemplo artigo 121 § 4° na parte final: sendo doloso o homicídio a pena é aumentada de 1/3 se o crime é praticado...
Ex: vítima menor 14 ou vítima menor 60 (incidirá a causa de aumento se no momento da conduta a vítima era menor).
3) Sucessão de leis penais no tempo ( (que mais cai). Por exemplo no momento que deu o tiro tinha a lei A; no momento da sentença vem a lei B. Quando há uma efetiva sucessão de leis penais surge o conflito no tempo.
COMO DECORRÊNCIA DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE, APLICA-SE EM REGRA, A LEI PENAL VIGENTE AO TEMPO DA REALIZAÇÃO DO FATO CRIMINOSO. (a regra do processo penal e do penal é do tempus regit actum). Contudo essa regra (da irretroatividade) cede diante de alguns casos, exceções fundamentadas em razões político-sociais. Ou seja a lei a ser aplicada não será a do tempo do ato criminoso.
OBS: haverá 4 situações:
1) Quando da realização do fato, este era atípico. Vem uma lei posterior que considera esse fato típico. O que acontece? R: essa lei será irretroativa. (art. 1° do CP)
2) Quando da realização do fato era crime. Vem uma lei posterior e aumenta a pena desse crime. Essa lei posterior é retroativa ou irretroativa? R: Mesma coisa será irretroativa (art. 1° CP)
3) Quando da realização do fato era crime. Lei posterior provocou verdadeira supressão da figura criminosa, a tal da abolitio criminis. R: Nessa terceira hipótese a lei será RETROATIVA fundamentada no artigo 2° do CP.
4) Quando da realização do fato era crime. Lei posterior diminui a pena. Pergunta-se retroativa ou irretroativa? R: Se melhorou a situação será RETROATIVA. E se fundamenta no artigo 2° parágrafo único – é a novatio legis in mellius.
 OBS: O artigo traz o chamado abolitio criminis. Qual a natureza jurídica da abolitio criminis? R: Nada mais é que a supressão da figura criminosa. Ex. Adultério, sedução, rapto consensual. Para o CP a natureza jurídica é de causa extintiva da punibilidade, tanto é que o CP fala da abolitio no artigo 107 inciso III. Porém tem doutrina minoritária dizendo que a natureza jurídica da abolitio é de extinção da tipicidade. Porque ocorre a prescrição, decadência, etc mas o tipo existe.
Art. 2° do CP:.........cessando em virtude dela a execução ( isso significa que a lei abolicionista não deve respeito à coisa julgada. Se o agente está cumprindo pena, essa pena será automaticamente extinta. Porém a CF/88 no art. 5° inc. XXXVI diz que a lei deverá respeitar a coisa julgada. Uma vez que a lei penal é de 1984. Pergunta-se a lei penal foi recepcionada pela CF/88? R: O artigo 5° trata de direitos e garantias individuais do cidadão contra o estado e não o contrário. O artigo 2° não infringe o art. 5° inc. XXXVI da CF, pois o mandamento constitucional tutela a garantia individual do cidadão e não direito de punir do estado. 
Art. 2° do CP:........ e os efeitos penais da sentença condenatória. Só cessam os efeitos penais. Ex. Reincidência. OS EXTRAPENAIS PERMANECEM. Por exemplo: perda do cargo, sentença servindo como título executivo.
A lei 6368/76 punia o usuário com pena de 2 anos, dai vem a lei 11.343/06 que punia o mesmo fato com advertência. Pergunta-se: Lei abolicionista pode retroagir na vacatio? R: 1ª. Corrente ( lei na vacatio não tem eficácia jurídica ou social. Assim, lei abolicionista não pode retroagir na vacatio. 2ª. Corrente ( considerando que a finalidade da vacatio é informar a iminente alteração do ordenamento, lei nesse estágio pode ser aplicada para aqueles que demonstram conhecimento da mudança. Prevalece a 1ª. Corrente.
SUCESSÃO DE LEIS PENAIS NA CONTINUIDADE DELITIVA
O que é um crime continuado? R: É um crime constituído de pluralidade de crimes, porém nas mesmas circunstâncias de tempo, modo e lugar. Resultado, por um ficção jurídica entende-se crime único (art. 71 do CP). Ex. 155 ---155---155---155---155---preso. Quando o agente começou a praticar o furto a lei punia com 2 a 4 anos. Depois vem uma lei B que pune com 2 a 8 anos. Qual lei aplicar? R: 1ª. Corrente ( na dúvida o juiz vai aplicar a lei mais favorável – in dubio pro reo, assim aplica-se a lei A. 2ª. Corrente ( se o crime se considera praticado tanto no primeiro ato como no último, será aplicado a última lei ainda que mais gravosa, segue-se o mesmo espírito do crime permanente. Prevalece a 2ª. Corrente. Súmula 711 do STF.
OBS: É possível combinação de leis? Ou seja no momento do crime tinha a lei A com pena de 1 a 4 anos + 10 a 100 dias multa. No momento da sentença vem a lei B e pune de 2 a 8 anos + 1 a 10 dias multa. Pode-se combinar a pena privativa de liberdade de uma com a de dias multa outra. Há três correntes:
1ª. Corrente ( não pois assim agindo o juiz passa a legislar, criando 3ª. Lei (lex tertia) – corrente denfendida por Nelson Hungria.
2ª. Corrente ( sim, pois se o juiz pode o mais (não aplicar a lei no todo) ele poderá o menos (não aplicar a lei em parte) – corrente defendida pela doutrina moderna (LFG, Damasio). A própria doutrina moderna, que é minoritária, admite que o STF/STJ adota a 1ª. Corrente. Apesar que o STF/STJ vem adotando a 2ª. na prática.
3ª. Corrente( Não pode combinar leis, devendo o réu escolher!!
Questão:
Depois do trânsito em julgado quem vai aplicar a lei mais favorável?
R: O juiz da execução. Súmula 611 do STF. 
Agora vai depender:
a) se de aplicação meramente matemática, será o juiz da execução. Vem uma redução de pena que reduz a pena pela metade se o réu era menor no furto;
b) se depender de juízo de valor, deve-se entrar com revisão criminal. Vem uma lei que reduz a pena no caso de pequeno prejuízo. O que é prejuízo? O juiz da execução não tem como decidir o que é ou não pequeno valor, daí tem que ser revisão criminal.
AULA 03 (A LEI PENAL NO ESPAÇO. EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS) 19/02/09
LEI PENAL EM BRANCO
 
A alteração da norma complementar retroage para alcançar fatos pretéritos ou essa alteração é irretroativa? R: Se a espécie normativa que complementa é lei, a sua alteração benéfica retroagirá. Ex. Art. 236 do CP – aonde estão os impedimentos? Na lei civil. Se amanhã retirarem um dos dispositivos do impedimento pelo qual se foi penalizado, esse retiramento será benificiado ao réu. Agora se o complemento for de espécie normativa diversa, por exemplo uma portaria do ministério da saúde, deverá analisar se essa espécie normativa era para atualizar ou discriminalizar.
Na hipótese de norma penal em branco sofrer alteração de conteúdo de seu complemento, deve-se analisar, primeiramente, se o complemento é lei ou espécie normativa diversa da lei. Se lei (norma penal em branco em sentido amplo) havendo alteração benéfica sempre retroage. Se espécie normativa diversa da lei, deve ser analisado se a alteração tem fins de atualização ou de descriminalização. Se meramente atualizadora não retroage; se abolicionista retroage.
Análise do artigo 3° do CP ( Lei excepcional ou temporária:
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.
Questão:
O artigo está prevendo a ultraatividade das leis temporárias e leis excepcionais. O que são leis temporárias e excepcionais?
R: Leis temporárias, também chamadas de temporárias em sentido estrito, é aquela que tem prefixada no seu texto o tempo de vigência. Ex. Uma lei x com duração de 1° de janeiro de 2009 até 1 de janeiro de 2010. Quem praticou o crime durante sua vigência não será abrangido pela abolitio.
A lei excepcional, também chamada de temporária em sentido amplo, é aquela que atende a excepcional situação de emergência perdurando durante todo o período excepcional. Ex. Nasce no dia 1° de janeiro de 2009 perdurando até a cessação da calamidade. Quem praticou o crime durante a excepcionalidade não será beneficiado pela abolitio.
Ex: chuvas em SC. Vamos supor que vem uma lei Y que diz que durante o período de chuva, o furto daquilo que é fruto da ajuda humanitária (furtar os alimentos que mandaram a SC) será qualificado, mesmo que não tenha nenhuma das qualificadoras do § 4°.
OBS: o artigo 3° do CP foi recepcionado pela CF/88 no seu dispositivo do art. 5° inciso X, não trazendo qualquer hipótese de exceção? R: 1ª. corrente: para Zaffaroni, não trazendo a CF, art. 5° inc. XL, qualquer exceção à proibição da ultraatividade maléfica; o artigo 3° não foi recepcionado. 2ª. corrente (PREVALECE): a lei nova não revoga a anterior, porque não trata exatamente da mesma matéria, do mesmo fato típico. Não há, portanto, um conflito de leis penais no tempo. Por isso é que o art. 3° foi recepcionado pela CF.
DIFERENÇA ENTRE ABOLITIO CRIMINIS E PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE NORMATIVA TÍPICA
ABOLITIO CRIMINIS ( na abolitio existe uma revogação formal e supressão do conteúdo da figura criminosa. Significa que na abolitio a intenção do legislador é não mais considerar o fato como criminoso. 3 exemplos:
a) crime de sedução – art. 217 do CP foi abolido;
b) rapto consensual foi abolido;
c) adultério foi abolido.
P. DA CONTINUIDADE NORMATIVO-TÍPICA ( aqui existe uma alteração formal deslocando-se o conteúdo que permanece criminoso. A intenção do legislador é manter o fato como crime. Mantem-se o crime dando nova roupagem. Exemplo:
a) rapto violento que estava no art. 219 do CP, hoje é sequestro qualificado pela finalidade libidinosa (art. 148 §3° inciso V).
LEI PENAL NO ESPAÇO
Artigos 5°, 6°, 7° e 8° do CP.
 
Qual o porquê de estudar o espaço do crime? Um fato pode percorrer vários territórios soberanos. Sabendo que um fato punível, eventualmente, atingir os interesses de dois ou mais estados IGUALMENTE SOBERANOS, o estudo da lei penal no espaço visa a descobrir qual é o âmbito territorial da lei penal brasileira, bem como de que forma o Brasil se relaciona com os outros países em matéria penal.
Há princípios solucionadores para se resolver o conflito.
1) PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE ( aplica-se a lei do território do crime, não importando a nacionalidade dos sujeitos ou do bem jurídico.
2) PRINCÍPIO DA NACIONALIDADE ATIVA ( através desse princípio aplica-se a lei da nacionalidade do sujeito ativo. Não importa local do crime ou nacionalidade do sujeito passivo. Ex: quem matou foi um holandês, então aplica-se a lei holandesa e pronto.
3) PRINCÍPIO DA NACIONALIDADE PASSIVA ( cuidado não se aplica a lei do sujeito passivo. Aplica-se a lei da nacionalidade do agente somente quando atinge direitos de um concidadão. Não importa o local do crime.
4) PRINCÍPIO DA DEFESA OU REAL ( aplica-se a lei da nacionalidade do sujeito passivo ou do bem jurídico lesado. Não importa lugar do crime ou nacionalidade do agente.
5) PRINCÍPIO DA JUSTIÇA PENAL UNIVERSAL ( através desse princípio o agente fica sujeito a lei penal do país onde for encontrado. Não importa o lugar do crime, a sua nacionalidade ou da vítima. Crimes no qual o Brasil se compromete a reprimir por tratado independentemente do local onde for praticado. Ex. Tráfico de drogas.
6) PRINCÍPIO DA REPRESENTAÇÃO DA SUBSIDIARIEDADE OU DA BANDEIRA ( a lei penal nacional aplica-se aos crimes praticados em aeronaves e embarcações privadas, quando no estrangeiro e aí não sejam julgados.
Questão:
Qual desses princípios o Brasil NÃO adotou?
R: O Brasil adotou um desses princípios como regra. Os outros são usados de modo excepcional. Mas tem um que NUNCA é utilizado. O Princípio regra no Brasil é o da TERRITORIALIDADE (Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional). Se o Brasil tivesse adotado o princípio da territorialidade absoluta não estaria a parte verde. Ex. A imunidade diplomática é a prova que o Brasil não adotou a territorialidade absoluta, mas MITIGADA, RELATIVA. A imunidade diplomática retrata o fenômeno da INTRATERRITORIALIDADE.
- O artigo 5° adotou a territorialidade excepcionada pela intraterritorialidade.
 
Surgido o conflito da lei penal no espaço o Brasil já deu o recado para o mundo: PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE. Mas o Brasil tem que esclarecer ao mundo o que vem a ser território nacional. Assim, nosso território não é apenas o espaço físico (mares, rios, montanhas, terras), + o espaço jurídico (por ficção/equiparados)
- Artigo 5° §1° ( embarcações e aeronaves públicas ou a serviço do governo. Será território brasileiro aonde quer que esteja, não importando a nacionalidade dos sujeitos. Assim será aplicada a lei penal brasileira. Agora, se for aeronave e embarcações privadas será aplicada a lei brasileira se estiver em alto-mar. Se em território estrangeiro, será aplicada a lei estrangeira.
OBS: embaixada não é extensão do território de seu respectivo país. Porém, são invioláveis.
Se o Brasil está dizendo para o mundo que sua embarcação pública é territorialidade aonde quer que se encontra. A contrário senso, as embarcações públicas estrangeiras mesmo em território brasileiro não será aplicada a lei brasileira, mas a do país dessas embarcações. (art. 5° §2°).
Problemas:
1) Embarcação brasileira privada que naufraga em alto-mar. Nos destroços da embarcação um italiano mata um argentino. Nestecaso aplica-se a lei italiana, argentina ou brasileira? R: os destroços da embarcação continuam ostentando a bandeira, assim aplicar-se-á a lei brasileira. 
2) Em alto-mar, uma embarcação privada brasileira colidiu com uma embarcação privada holandesa também privada. Dois sobreviventes construíram uma jangada com os destroços de ambas embarcações. Um americano matou um argentino. R: NÃO TEM SOLUÇÃO LEGAL para esse problema. Quem dá solução é a doutrina. SE A LEI NÃO RESOLVE APLICA-SE A LEI DA NACIONALIDADE DO AGENTE (p. da nacionalidade ativa). É uma solução doutrinária porque a lei não consegue resolver.
3) Embarcação atracado na costa brasileira: um navio público da Colômbia. O crime cometido a bordo desse navio será aplicada a lei da Colômbia. O marinheiro colombiano desceu do navio e praticou um crime de estupro. Qual lei será aplicada? R: Depende. Se ele desceu a serviço, ele carrega a bandeira. Se ele desceu a lazer será a lei brasileira.
O Brasil adotou o Princípio da territorialidade. 
Depois conceitua território nacional.
Quando o crime considera praticado no território nacional. Está faltando dizer o que se entende por lugar do crime. Esse lugar será dado pelo art. 6° do CP.
Art. 6° ( o Brasil adotou a teoria da ubiquidade.
L.U.T.A. ( Lugar.Ubiquidade.Tempo.Atividade
AULA 04 (A LEI PENAL NO ESPAÇO) 10/03/09
Continuação do artigo 6° do CP
OBS: se em nosso território ocorrer unicamente cogitação, preparação ou exaurimento do crime, o fato não interessa ao direito brasileiro, não sofrendo a incidência da lei penal nacional. Para incidir a lei penal brasileira tem que ocorrer ao menos o início da execução.
OBS2: hoje vem sendo amplamente aplicada no direito brasileiro a teoria da passagem inocente, isto é, quando navio passa pelo território nacional apenas como passagem necessária para chegar ao seu destino (no nosso território não atracará) não se aplica a lei penal brasileira.
OBS3: A passagem inocente nasceu para regulamentar somente navios, não abrangendo aeronaves. Porém a doutrina aplica indiscriminadamente. Ou seja abrange aeronaves também.
- Crimes a distância ( também chamado de espaço máximo. O fato criminoso percorre 2 ou mais estados igualmente soberanos. Com isso nasce um conflito internacional de jurisdição. A solução brasileira é a teoria da ubiquidade (art. 6° do CP). O artigo nasceu para resolver o conflito internacional de jurisdição. Qual lei vai reger o caso? O artigo 6° só serve pra isso e mais nada.
- Crimes plurilocais ( o fato criminoso percorrer diversas localidades do mesmo estado soberano. Surge um conflito interno de competência. É matéria de processo penal. A solução é a teoria do resultado. O artigo 70 do CPP. Vai aplicar a lei do local que ocorreu o resultado. Cuidado há exceção ao artigo 70. Exceção: lei 9.099/95 – lá é a teoria da atividade que resolve a competência.
HIPÓTESES DE EXTRATERRITORIALIDADE DA LEI PENAL (art. 7° do CP)
Extraterritorialidade
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
PRINCÍPIO DA DEFESA OU REAL
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;
PRINCÍPIO DA DEFESA OU REAL
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
PRINCÍPIO DA DEFESA OU REAL
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;
1ª.) Corrente ( justiça penal universal
2ª.) Corrente ( DEFESA OU REAL PREVALECE
3ª.) Corrente ( nacionalidade ativa (errada)
II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
PRINCÍPIO DA JUSTIÇA PENAL UNIVERSAL
b) praticados por brasileiro;
PRINCÍPIO DA NACIONALIDADE ATIVA
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
PRINCÍPIO DA REPRESENTAÇÃO
 § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
Princípio da nacionalidade passiva – defendida por LFG e FMB. (posição errada)
Na verdade o princípio adotado no §3° é o da DEFESA OU REAL
OBS: O princípio da nacionaliade passiva foi o único não adotado pelo direito penal brasileiro.
Questão:
Por que o CP previu hipóteses separadas em incisos, não os condesando em um só?
R: Por que o inciso está adstrito ao §1° onde a lei penal não depende de qualquer requisito ou condição para ser aplicada. Já o inciso II adstrito ao §2° é condicionada. E por fim o §3 é hipercondicionada pois depende de suas próprias condições + as condições do §2°.
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: CONDIÇÕES CUMULATIVAS
a) entrar o agente no território nacional; (enquanto o criminoso não entrar no território nacional nossa lei nem pensa em sair. Basta o agente colocar o pé no território nacional não precisando aqui permanecer) A natureza jurídica dessa condição é de CONDIÇÃO ESPECÍFICA DE PROCEDIBILIDADE.
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; (Se o fato não for punível no país estrangeiro aqui também não o será). Por exemplo brasileiro que vai para país e pratica a poligamia, sendo lá permitido e aqui não. Então aqui também não será crime. É CONDIÇÃO OBJETIVA DE PUNIBILIDADE, ou seja não impede o processo mas impede a condenação.
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; (É estabelecido como parâmetro, pega-se os crimes da lei de extradição). É CONDIÇÃO OBJETIVA DE PUNIBILIDADE, ou seja não impede o processo mas impede a condenação.
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; É CONDIÇÃO OBJETIVA DE PUNIBILIDADE, ou seja não impede o processo mas impede a condenação.
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. É CONDIÇÃO OBJETIVA DE PUNIBILIDADE, ou seja não impede o processo mas impede a condenação.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
OBS: além das condições do páragrafo 2° tem que preencher as condições das alíneas a e b.
ATENÇÃO:
1) O crime comum praticado contra o presidente da república no estrangeiro será aplicado o §2° se for crime contra a sua vida ou liberdade tão somente. Caso contrário será aplicado o §3° do CP.
2) Brasileiro nos Eua mata alguém. Logo depois retorna ao Brasil. Pergunta-se aplica-se ou não a lei brasileira nesse caso?
R: 1° requisito ( entrar no território brasileiro
2° requisito ( fato punido no estrangeiro
3° requisito ( rol nos crimes em que se autoriza a extradição
4° requisito ( não foi julgado
5° requisito ( não foi perdoado e nem foi extinta a punibilidade
Todos os requisitos estão preenchidos. MAS QUAL A JUSTIÇA COMPETENTE INTERNA? FEDERAL ou ESTADUAL? R: EM REGRA A ESTADUAL, SALVO SE PRESENTES ALGUMAS DAS HIPÓTESES DO ARTIGO 109 DA CF. 
QUAL O TERRITÓRIO COMPETENTE? R: CAPITAL DO ESTADO EM QUE ELE MORA OU MOROU. E SE ELE NUNCA MOROU AQUI? R: SERÁ A CAPITAL DA REPÚBLICA. (ART. 88 DO CPP).
 
NO CASO DA EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA (art. 7° inciso I do CP) ocorre a violação expressa ao princípio constitucional do NON BIS IN IDEM sob o ângulo processual, onde ninguém pode ser processado duas vezes pelo mesmo crime. Sob o ângulo material, onde ninguém pode ser condenado pela segunda vez em razão do mesmo fato. E também sob o ângulo execucional, onde ninguém podeser executado duas vezes por condenações relacionadas ao mesmo fato.
É CLARA A VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DO NON BIS IN IDEM PARA FAZER VALER A NOSSA SOBERANIA.
 
Portanto o legislador ameniza essa violação ao non bis in idem através do artigo 8°. Ele não o evita, mas atenua-o. Atenuando através da pena. Se idênticas: privativa de liberdade cumprida lá fora 10 anos com privativa de liberdade que aqui a pena é 15, o que acontece, subtrai 10 das 15, assim ele terá que cumprir 5 anos aqui no Brasil. Se for penas diferentes: privativa de liberdade com multa: fica a critério do juiz o abatimento.
Pena cumprida no estrangeiro
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.
LEI PENAL EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS
(IMUNIDADES)
 
Quando se diz que algumas pessoas são imunes e outras não, aparentemente viola-se o princípio constitucional da isonomia.
 
A lei penal se aplica a todos, nacionais ou estrangeiros, por igual, não existindo privilégios pessoais (art. 5° da CF). Há, no entanto, pessoas que em virtude de suas funções ou em razão de regras internacionais desfrutam de algumas imunidades. Longe de uma garantia pessoal, trata-se de necessária prerrogativa funcional.
 
Não confundir privilégio de prerrogativa. O privilégio é exceção da lei comum deduzida da situação de superioridade das pessoas que a desfrutam. Já prerrogativa nada mais é que um conjunto de precauções que rodeiam a função e que servem para o exercício desta.
A segunda diferença é: o privilégio é subjetivo e anterior à lei. Já a prerrogativa é objetiva e deriva da lei.
Terceira diferença: o privilégio tem uma essência pessoal. A prerrogativa anexa a qualidade do órgão.
 
Quarta diferença: o privilégio é poder frente a lei. A prerrogativa é conduto para que a lei se cumpra.
 
Quinta diferença: o privilégio é próprio das aristocracias das ordens sociais. A prerrogativa é das aristrocacias das instituições governamentais.
IMUNIDADES DIPLOMÁTICAS
Conceito: são imunidades de direito público internacional de que desfrutam:
a) chefes de governo ou de Estado estrangeiro, sua família e membros da comitiva;
b) embaixador e sua família;
c) os funcionários do corpo diplomático e família;
d) funcionários das organizações internacionais (ONU), quando em serviço.
Significa que eles devem obediência a lei brasileira mas escapam de suas consequências jurídicas (imunidade incide sobre as consequências jurídicas). Ficando sujeitos a consequência jurídica do país de origem. Alcançando qualquer crime, comum ou funcional.
OBS: o cônsul tem imunidade diplomática, porém restrita aos crimes praticados em razão da função.
Questão:
Pergunta-se: a imunidade diplomática impede a investigação? 
R: Não. Principalmente as cautelares.
Questão:
A imunidade diplomática pode ser renunciada?
R: Pelo diplomata não. Mas pelo estado de origem pode. Ex: caso do diplomata russo que bêbado atropelou uma pessoa nos Eua. A Rússia tirou a imunidade desse diplomata permitindo que a justiça americana o processace.
OBS2: A embaixada não é extensão do território, mas é inviolável.
IMUNIDADES PARLAMENTARES
1) IMUNIDADE ABSOLUTA ( ou material/real/substancial/inviolabilidade/INDENIDADE (art. 53 da CF). O STF acrescentou também administrativa e política. Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente (ADMINISTRATIVA E POLÍTICA), por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.
Questão:
Qual a natureza jurídica da Indenidade?
R: 1ª. corrente ( é uma causa excludente de crime (Pontes de Miranda).
2ª. corrente ( causa que se opõe à formação do crime (Basileu Garcia).
3ª. corrente ( causa pessoal de exclusão de pena (Aníbal Bruno).
4ª. corrente ( causa de irresponsabilidade (Magalhães Noronha).
5ª. corrente ( causa de incapacidade pessoal penal por razões políticas (Frederico Marques)
6ª. corrente ( atipicidade (STF). Qual a repercussão prática disso? R: Quando o STF diz que o fato é atípico tanto para o parlamentar quanto para os assessores desse parlamentar (estende-se aos partícipes e coautores). Como fica a súmula 245 do STF, que diz exatamente o oposto? R: O STF limita agora essa súmula só a aplicando à imunidade relativa.
Questão:
Quais os limites da imunidade material?
R: Exige-se nexo funcional. Atentar para o fato de duas situações. A primeira situação é a ofensa ocorrer dentro das dependências das casas legislativas, o nexo funcional é presumido. É uma segunda situação onde a ofensa não ocorrer dentro das dependências da casa legislativa, o nexo funcional não é presumido, dependendo de prova.
2) IMUNIDADE RELATIVA ( também chamada de formal.
a) Imunidade quanto ao foro (art. 53 §1° da CF) (
 Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)
§ 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal. (Se esses agentes políticos respondiam perante o juiz de 1° grau antes da diplomação, após a diplomação esse processo será remetido ao STF, e se não for terminada até o mandato, tal processo retornará ao juizo de 1° grau, isso demonstra o foro por prerrogativa de função.
b) Imunidade Relativa quanto à prisão (art. 53 §2° da CF) (
§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. (essa análise não é jurídica mas política de conveniência e oportunidade). Extraí-se a regra: NÃO PODEM SER PRESOS PROVISIORIAMENTE, por que prisão definitiva é admitida. EXCEÇÃO: FLAGRANTE POR CRIME INACIANÇÁVEL. Pergunta-se: cabe prisão civil contra parlamentar? R: Não. A prisão civil cai na regra.
c) Imunidade quanto ao processo (art. 53 §3, 4 e 5 da CF)
§ 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)
Essa imunidade tem que ser analisada antes e depois da EC 35/01. Antes da EC 35/01, a imunidade alcançava qualquer crime praticado a qualquer tempo. Antes da EC 35/01, o STF dependida de autorização da casa respectiva. Enquanto não autorizado ficava a ação penal bem como a prescrição.
Com a EC 35/01, a imunidade alcança qualquer crime praticado após a diplomação. Agora, o STF não depende de autorização para iniciar o processo. Porém, a casa respectiva pode sustá-lo. Suspendendo o processo, fica também suspensa a prescrição enquanto durar o mandato.
§ 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)
§ 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato.
Questão:
A imunidade parlamentar relativa quanto ao processo impede IP da polícia federal?
R: Não. A imunidade é relativa quanto ao processo. Não se estendendo quanto à investigação.
d) Imunidade quanto a produção de prova ( Art. 53 §6°.
§ 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações
Art. 221 do CPP - O Presidente e o Vice-Presidente da República, os senadores e deputados federais, os ministros de Estado, os governadores de Estados e Territórios, os secretários de Estado, os prefeitos do Distrito Federal e dos Municípios, os deputados das Assembléias Legislativas Estaduais, os membros do Poder Judiciário, os ministros e juízes dos Tribunais de Contas da União, dosEstados, do Distrito Federal, bem como os do Tribunal Marítimo serão inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados entre eles e o juiz.
Questão:
Essa garantia persiste caso o parlamentar esteja na condição de réu ou investigado?
R: Não. Essa garantia é só para o parlamentar na condição de testemunha, não se estendendo ao parlamentar na condição de réu ou investigado, posição essa do STF.
Imunidades durante o estado de defesa e estado de sítio:
§ 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)
Perguntas:
1) Deputado e senador que se licencia para exercer cargo no executivo, mantem a imunidade?
R: Posição do STF, perde ambas as imunidades. Atente-se que a súmula 4 do STF foi cancelada.
2) As imunidades do deputado federal aplica-se ao deputado estadual?
R: Todas as imunidades dos deputados federais se repetem automaticamente aos deputados estaduais. É o princípio da simetria. Previsão legal:
Art. 27. O número de Deputados à Assembléia Legislativa corresponderá ao triplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze.
§ 1º - Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas
E o vereador?
R: O vereador só tem imunidade absoluta. E mesmo assim restrita ao território político, ou seja o município onde exerça a vereança.
OBS: Constituição Estadual pode prever prerrogativa de foro. Eles podem ter foro especial no TJ respectivo. Tem dois estados que a constituição estadual prevê esse foro especial: RJ e PI.
Pergunta-se:
Em caso de homicídio doloso onde serão julgados:
a) parlamentar federal: vai para o STF; é a CF excepcionando a si mesma.
b) parlamentar estadual: vai para o TJ; é a CF excepcionando a si mesma.
c) vereador: vai a júri popular.
Súmula 721 do STF ( A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição estadual.
AULA 05 (TEORIA GERAL DO DELITO) 27/03/09
TEORIA GERAL DO DELITO
Antes de mais nada, o Brasil é adepto do sistema dualista. Significa que o Brasil divide a infração penal em duas espécies: crime e contravenção penal. Crime é sinônimo de delito. Os sinônimos de contravenção penal são: crime anão, delito liliputiano e crime vagabundo. Apesar do crime e da contravenção penal serem espécies de infração penal, ontologicamente são indênticos, as diferenças são apenas axiológicas, ou seja valorativas ou de grau.
 
O que que leva o legislador então a etiquetar o fato como contravenção ou como crime? R: Ele leva em conta aspectos de política criminal.
Diferenças entre crimes e contravenção penal:
- tipo de pena privativa de liberdade; no caso de um crime a pena privativa de liberdade pode ser de prisão ou reclusão; já nas contravenções a pena será de prisão simples. OBS: contravenção penal jamais vai para o fechado, nem mesmo por regressão. Enquanto que a detenção pode ir para o fechado por meio da regressão.
- espécie de ação penal: no caso de crime, ele admite ação penal de iniciativa pública e ação penal privada; já no caso das contravenções a ação penal será pública incondicionada. Mas há uma EXCEÇÃO (contravenção penal perseguida por outra ação penal que não seja a pública incondicionada): a doutrina criou uma exceção com base no quem pode o mais pode o menos.
Lei 9.099/95
	Antes
	Depois
	Lesão corporal dolosa de natureza leve (A.P. Pública Incondicionada)
	Lesão corporal dolosa de natureza leve
(A.P.Pública Condicionada)
	21 CP (vias de fato)
	21 LCP (Como Criação Doutrinária)
	
	STF NÃO CONCORDA COM ESTA EXCEÇÃO (Para o STF vias de fato continua pública incondicionada)
- punibilidade da tentativa: no caso de crime a tentativa é punível, em se tratando de contravenção penal a tentativa não é punível (art. 4° da LCP), a contravenção admite tentativa, porém ela não é punível.
-extraterritorialidade da lei: crime admite extraterritorialidade da lei; já contravenção penal não admite extraterritorialidade. Jamais a nossa lei penal vai alcançar fato praticados no estrangeiro.
- competência para o processo e julgamento: no caso de crime a competência pode ser estadual ou federal, em se tratando de contravenção penal, a competência é somente da justiça estadual (Art. 109 inciso IV da CF). Mas há uma exceção, a saber: contraventor detentor de foro por prerrogativa de função: juiz federal é sempre julgado no TRF, se esse juiz praticar uma contravenção, ele será julgado no TRF. E se ocorrer conexão? R: haverá cisão. Apesar de haver 1 julgado admitindo a conexão, a jurisprudência majoritária não a admite.
- limite de penas: no crime a pena máxima é de 30 anos, já no caso das contravenções a pena máxima é de 5 anos (pena máxima das prisões simples).
- período de prova do “sursis” : no caso de crime, o período de prova é de 2 a 4 anos. Já nas contravenções esse período é de 1 a 3 anos.
CONCEITO DE CRIME (sob 4 enfoques):
1 – Sob o enfoque formal, crime é aquilo que está estabelecido numa norma penal incriminadora, sob ameaça de pena.
2 – Sob o enfoque material, crime é comportamento humano causador de lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado, passível de sanção penal. 
3 – Sob o enfoque formal/material, crime é um comportamento humano previsto em lei, causador de lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutealdo passível de sanção penal (soma do formal com o material).
4 – Sob o enfoque analítico, leva em consideração os elementos que compõem a infração penal (sua estrutura), prevalece que os elementos componentes do crime são: FT (fato típico) + I (ilicitude) + C (culpabilidade). Teoria Tripartite.
( SELETIVO
 Desejados
 Humanos 
FATOS------- Indesejados 
 Natureza
FATO TÍPICO
1. Conceito ( é o primeiro substrato do crime. Materialmente, crime se conceitua como um fato humano, indesejado, que orientado pelo princípio da intervenção mínima, consistente numa conduta produtora de um resultado e que se ajusta formal e materialmente ao tipo penal.
2. Elementos ( 
2.1 Conduta: o que é conduta? R: depende da teoria. Há 7 teorias.
2.1.1 Teoria Causalista ( o causalista é tripartite. A conduta para o causalista está no fato típico. Assim a conduta é uma ação humana voluntária causadora de modificação no mundo exterior. (Ex: deu tiro e a pessoa morreu, isso é conduta).
OBS1: o dolo e a culpa localizam-se na culpabilidade, não se estuda dolo e culpa para o causalista na conduta.
OBS2: o tipo penal só deve ter elementos objetivos (tipo normal); a conduta não pode ser valorada.
Críticas ao causalismo:
a) não abrange os crimes omissivos;
b) dolo e culpa na culpabilidade; (com isso, a conduta é cega)
c) não há como negar elementos não objetivos nos tipos penais;
2.1.2 Teoria Neokantista ( ela tem base causalista. Ela muito se assemelha ao causalismo. Assim, essa teoria é também tripartite. A conduta está no fato típico. Para o neokantismo a conduta é o comportamento humano voluntário causador de modificação no mundo exterior.
OBS1: a expressão “comportamento” abrange os crimes omissivos.
OBS2: dolo e culpa permanecem na culpabilidade.
OBS3: admite valoração da conduta. (Isto é: reconhece não só elementos objetivos no tipo).
Críticas ao neokantismo:
a) dolo e culpa na culpabilidade; (com isso, a conduta é cega)
b) partindo de conceitos causalistas, ficou contraditória quando reconheceu elementos normativos e subjetivos do tipo.
2.1.3 Teoria Finalista ( também é tripartite. Ofinalismo nasceu tripartite. A conduta está no fato típico. A conduta para o finalista é o comportamento humano voluntário psiquicamente dirigida a um fim.
OBS1: dolo e culpa migram da culpabilidade para o fato típico.
OBS2: o causalismo é cego; o finalista é vidente.
Críticas ao finalismo:
a) a finalidade não explica os crimes culposos (sendo também frágil nos crimes omissivos)
b) centralizou a teoria no desvalor da conduta, menosprezando resultado.
2.1.4 Teoria Finalista Dissidente ( só tem uma ÚNICA diferença em face da teoria finalista clássica, para ela crime é só fato típico e antijurídico, (BIPARTITE) considerando a culpabilidade como mero pressuposto da pena.
2.1.5 Teoria Social da Ação ( ela é tripartite. A conduta está no fato típico. A conduta é conceituada como sendo o comportamento humano voluntário, psiquicamente dirigida a um fim e socialmente relevante.
OBS1: o dolo e a culpa permanecem no fato típico (daqui nunca mais saem).
OBS2: o dolo e a culpa voltam a ser analisados na culpabilidade.
Críticas a Teoria Social da Ação:
a) não há clareza no que significa fato socialmente relevante.
 
Essas 5 teorias analisam o que é crime. A partir da década de 70, começou-se a trabalhar com teorias funcionalistas, analisando a função do direito penal, a missão do direito penal (contenção de crimes).
FUNCIONALISMO
2.1.6 TEORIA FUNCIONALISMO TELEOLÓGICO ( Teoria de Roxin. Crime é fato típico + ilicitude + REPROVABILIDADE (não mais culpabilidade). Essa reprovabilidade é constituída de: imputabilidade, potencial consciência da ilicitude, exigibilidade de conduta diversa e necessidade da pena. Para Roxin, culpabilidade passa a ser LIMITE DA PENA. Para Roxin conduta é: comportamento humano voluntário orientada pelo princípio da intervenção mínima causadora de relevante e intolerável lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.
OBS1: dolo e culpa permanecem no fato típico;
OBS2: para Roxin, a missão do direito penal é proteger bens jurídicos indispensáveis ao convívio social harmônico. (A preocupação dele é com os bens jurídicos).
Crítica à Teoria Funcionalista Teleológica:
a) reprovabilidade como elemento integrante do crime.
2.1.7 TEORIA DO FUNCIONALISMO SISTÊMICO OU RADICAL ( tem como idealizador Jakobs. Ele é tripartite. Voltou para a estrutura clássica (FT+I+C). Conduta para Jakobs é o comportamento humano voluntário causador de um resultado evitável violando o sistema, frustando as expectativas normativas. 
OBS1: o dolo e a culpa permanecem no fato típico;
OBS2: para a Jakobs, a missão do direito penal é proteger o sistema.
OBS3: não considera o princípio da insignificância (o violador do sistema deve ser tratado como um inimigo – é aqui que nasce o direito penal do inimigo).
Características do Direito Penal do Inimigo:
· Antecipação da punibilidade com a tipificação de atos preparatórios;
· Antecipação da punibilidade com a criação de tipos de mera conduta (O Brasil trabalha com tipos de mera conduta);
· Antecipação da punibilidade com a criação de tipos de perigo abstrato (perigo presumido). O STF vem constantemente negando o crime de perigo abstrato no Brasil (fez isso com o porte de arma, porte de drogas).
· Desproporcionalidade das penas;
· Surgimento das chamadas “leis de luta ou de combate” (Ex: no Brasil, a lei dos crimes hediondos)
· Restrição de garantias penais e processuais
Críticas à Teoria de Jakobs:
- A teoria de Jakobs serve a estados totalitários (própria do nazismo/facismo).
PREVALECE NA DOUTRINA O FINALISMO CLÁSSICO TRIPARTITE. A MAIORIA DIZ QUE O CÓDIGO PENAL É FINALISTA.
OBS1: A doutrina moderna trabalha com o funcionalismo de Roxin, corrigindo a culpabilidade.
OBS2: O CÓDIGO PENAL MILITAR É CAUSALISTA. Art. 33 do CPM.
CONDUTA, para qualquer das teorias tem um denominador comum = MOVIMENTO HUMANO VOLUNTÁRIO.
CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CONDUTA: tudo aquilo que exclui a voluntariedade do movimento, a saber:
1) Caso fortuito ou força maior;
2) Coação física irresistível; OBS: a coação moral exclui culpabilidade.
3) Atos reflexos; OBS: se o ato reflexo é proposital para a prática do crime, não excluirá a conduta, ato reflexo virá o instrumento.
4) Estados de inconsciência. Ex: sonambulismo e hipnose.
OBS: caso em que a pessoa inconsciente responde pelo crime ( ACTIO LIBERA IN CAUSA (embriaguez completa não acidental).
ESPÉCIES DE CONDUTA:
1) Dolosa
2) Culposa
3) Comissiva
4) Omissiva
1) CONDUTA DOLOSA ( 
PREVISÃO LEGAL (art. 18, I do CP) Art. 18 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Crime doloso(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
CONCEITO ( é a vontade livre e consciente dirigida a realizar ou aceitar realizar a conduta prevista no tipo penal incriminador.
OBS: a liberdade ou não do movimento é questão a ser aferida na culpabilidade, mais precisamente na exigibilidade de conduta diversa.
ELEMENTOS DO DOLO:
a) intelectivo: representado pela consciência
b) volitivo: vontade
TEORIAS DO DOLO
1) Teoria da Vontade ( é a vontade consciente de querer praticar a infração penal.
2) Teoria da Representação ( ocorre sempre que o agente prevendo determinado resultado como possível decide prosseguir com sua conduta.
3) Teoria do Assentimento ou Consentimento ( é idêntica a segunda teoria, porém com um corretivo. Dolo ocorre quando o agente prevendo determinado resultado como possível, decide prosseguir com sua conduta, assumindo o risco de produzí-lo. Assim ela exclui a culpa consciente.
O BRASIL ADOTOU A TEORIA DA VONTADE PARA O DOLO DIRETO E A TORIA DO ASSENTIMENTO PARA O DOLO EVENTUAL.
ESPÉCIES DE DOLO
1) Dolo DIRETO ou DETERMINADO ( o agente com sua conduta, prevendo determinado resultado, sai na busca de realizá-lo.
2) Dolo INDIRETO ou INDETERMINADO ( o agente com sua conduta não busca realizar resultado determinado. Ele se subdivide em 2 espécies:
2.1) Alternativo: o agente prevê pluralidade de resultados, dirigindo sua conduta na realização de qualquer um deles. MESMA INTENSIDADE VOLITIVA.
2.2) Eventual: o agente prevê pluralidade de resultados dirigindo sua conduta na realização de um, mas aceitando o outro. INTENSIDADE VOLITIVA DIFERENTE.
3) Dolo CUMULATIVO ( o agente pretende alcançar dois ou mais resultados típicos em sequência. Ex: progressão criminosa.
4) Dolo de DANO ( a vontade do agente é causar efetiva lesão ao bem jurídico tutelado. Ex: se o bem jurídico é a vida, o dolo é matar.
5) Dolo de PERIGO ( a intenção do agente é expor a risco, o bem jurídico tutelado. Ex: art. 132 do CP.
AULA 06 (TIPICIDADE) 03/04/09
6) Dolo NORMATIVO ( é o dolo adotado pela teoria neokantista, elemento da culpabilidade, tendo como requisitos:
a) Consciência;
b) Vontade;
c) CONSCIÊNCIA ATUAL DA ILICITUDE (elemento normativo).
7) Dolo NATURAL ( é o dolo adotado pelo finalismo, pertencente ao fato típico, tendo como requisitos: (ele migrou da culpabilidade para o fato típico despido de elemento normativo).
a) Consciência;
b) Vontade;
8) Dolo GERAL (Erro sucessivo) ( ocorre quando o agente, supondo já ter alcançado o resultado por ele visado, pratica nova ação que efetivamente o provoca. É uma espécie de erro de tipo acidental, não isentando o agente de pena. (ex: A quer matar B com um tiro, imagina-o estar morto quando não; o corpo é lançado ao mar onde ocorre efetivamente a morte mas por afogamento).
9)
 10)
 11)
	Antecedente
	Concomitante
	Subsequente
	Antecede a conduta
	No momento da conduta
	Posterior à conduta
	
	Para que haja crime, o dolo tem quer ser sempre concomitante.
	
	
	
	
Exceção: na embriaguez completa não acidental. Teoria da actio libera in causa.
12) Dolo de 1° grau ( é sinônimo de dolo direto, isto é, o agente prevê determinado resultado, dirigindo sua conduta na busca desse mesmo resultado.
13) Dolo de 2° grau ( entre o agente e o seu fim mostra-se necessário realizar outroseventos entre o agente e seu fim, não diretamente queridos, mas imprescindíveis. Ex: A quer matar B que quer pegar o avião, assim ele explode o avião; mata-o, mas também mata a todos passageiros. Exs: homícidio de irmãos xifópagos.
Diferença entre dolo eventual e dolo de 2° grau:
	Dolo eventual
	Dolo 2° grau
	Resultado é possível;
	Resultado é certo;
	Resultado é dispensável.
	Resultado é indispensável.
14) Dolo de Propósito ( é o dolo refletido. Ele não significa aumento de pena. A predeterminação não qualifica o crime de homicídio. O homicídio premeditado nem sempre é qualificado. A premeditação por si só não qualifica o crime de homicídio.
15) Dolo de Ímpeto ( é o dolo repentino. Serve como atenuante de pena. É o dolo presente nos crimes de multidão. No CP, esse dolo de ímpeto serve como atenuante de pena.
OBS: o inimputável tem consciência e vontade, ainda que dentro do seu precário mundo valorativo. A culpabilidade pressupõe o dolo.
DO CRIME CULPOSO
- Previsão legal ( artigo 18, inciso II do CP.
Conceito: consiste numa conduta voluntária que realiza o fato ilícito não querido pelo agente, mas que foi por ele previsto ou lhe era previsível (culpa consciente) e que poderia ter sido evitado, se o agente atuasse com o devido cuidado. (artigo 33, inciso II do CPM)
Formas de violação do dever de cuidado: (MODALIDADES DE CULPA)
- Imprudência ( afoiteza.
- Negligência ( ausência de precaução.
- Imperícia ( ausência de aptidão técnica para o exercício de arte, ofício ou profissão.
Elementos da culpa:
1- conduta (que pode ser uma ação ou uma omissão)
2- violação de um dever de cuidado objetivo (previsibilidade objetiva). O agente atua em desacordo com o que esperado pela lei e pela sociedade.
3- resultado naturalístico (alteração física no mundo exterior); assim, crime culposo é em regra material. EXCEÇÃO: crime culposo que dispensa resultado naturalístico ( artigo 38 da lei de drogas (o crime se consuma quando o paciente recebe a prescrição médica, pouco importando se houve a compra e o ingerimento da droga).
4- nexo causal;
5- previsibilidade ( é a possibilidade que tinha o agente de conhecer o perigo. Não se confunde com previsão, pois nesta última se conhece o perigo. Exemplo de crime culposo sem previsibilidade, mas com previsão: a culpa consciente.
6- tipicidade ( artigo 18 § único do CP.
Questão:
O crime culposo fere o princípio da legalidade?
R: Para a maioria da doutrina o crime culposo, apesar de aberto, (dependendo de completementação valorativa) não fere o princípio da legalidade (mais precisamente o princípio da taxatividade) pois obedece a um mínimo de determinação necessária.
ESPÉCIES DE CULPA
1) Culpa consciente (culpa com previsão) ( o agente prevê o resultado, decidindo prosseguir com sua conduta acreditando não ocorrer ou que poderá evitá-lo.
2) Culpa Inconsciente (culpa sem previsão) ( o agente não prevê o resultado que, entretanto, lhe era previsível; possibilidade de conhecer, de prever.
3) Culpa própria (culpa propriamente dita) ( a culpa própria é gênero do qual são espécies a culpa consciente e a culpa inconsciente. O agente não quer, nem assume o risco de produzir o resultado.
4) Culpa imprópria ( Também chamada de: culpa por equiparação ou assimilação ou extensão. É aquela em que o agente, por erro evitável fantasia certa situação de fato, supondo estar acobertado por uma excludente de ilicitude (descriminante putativa) e, em razão disso, provoca intencionalmente o resultado ilícito. Apesar da ação ser dolosa, o agente responde por culpa em razões de política criminal (art. 20 §1° 2ª. parte do CP).
	
	CONSCIÊNCIA
	VONTADE
	DOLO DIRETO
	PREVISÃO
	QUERER
	DOLO EVENTUAL
	PREVISÃO
	ASSUMIR RISCO (aceitar)
	CULPA CONSCIENTE
	PREVISÃO
	NÃO QUER/NÃO ACEITA
	CULPA INCONSCIENTE
	PREVISIBILIDADE (culpa sem previsão)
	_________________
OBS: no STJ, o “racha” é dolo eventual.
Questão:
Existe no direito penal compesação de culpas?
R: Não existe no direito penal compesação de culpas, mas a culpa concorrente da vítima pode atenuar a do agente (art. 59 do CP).
DO CRIME PRETERDOLOSO
( Artigo 19 do CP;
Conceito: é uma espécie de crime agravado pelo resultado.
1) Crime doloso ( agravado dolosamente; Ex: homicídio qualificado
2) Crime culposo ( agravado culposamente; Ex: incêndio culposo majorado pela morte culposa de alguém (art. 250 do CP).
3) Crime culposo ( agravado dolosamente; Ex: homicídio culposo agravado pela omissão de socorro.
4) Crime doloso ( agravado culposamente. Ex: lesão corporal seguida de morte. (PRETERDOLO)
 
Previsto no artigo 19 do CP, é uma espécie de crime agravado pelo resultado, constituído de dolo no antecedente e culpa no consequente.
Elementos do Preterdolo:
1) Conduta doloso visando determinado resultado;
2) Provocação culposa de resultado mais grave que o desejado;
3) Nexo causal entre conduta e resultado.
Ex: A desfere um soco em B que cai bate a cabeça e morre.
Questão:
A empurra B que bate a cabeça e morre?
R: Responde por homicídio culposo com o empurrão (vias de fato), uma contravenção penal, absorvida pelo homicídio culposo.
ERRO DE TIPO
- Artigo 20 do CP
Conceito ( é a falsa percepção da realidade. Entende-se por erro de tipo aquele que recai sobre as elementares, circunstâncias justificantes ou qualquer dado agregrado a determinada figura típica.
Erro de tipo não se confunde com erro de proibição. DIFERENÇAS:
	ERRO DE TIPO
	ERRO DE PROIBIÇÃO
	Falsa percepção a realidade.
	Perfeita percepção da realidade.
	O agente NÃO SABE o que faz.
	O agente SABE o que faz, mas desconhece a ilicitude do seu comportamento.
Erro de tipo se subdivide em 2 espécies:
1 - Essencial ( recai sobre dados principais do tipo. Se avisado do erro, o agente deixa de seguir agindo ilicitamente. Há 2 espécies:
· Inevitável: é imprevisível, portanto escusável.
· Evitável: é previsível, portanto inescusável.
2 - Acidental ( recai sobre dados periféricos do tipo. Se avisado do erro, o agente corrige e continua agindo ilicitamente. Há 5 espécies:
· sobre o objeto
· quanto à pessoa
· na execução
· resultado diverso do pretendido
· erro sobre o nexo causal
AULA 07 (TIPICIDADE II) 06/04/09
Erro de Tipo (continuação)
- Falsa percepção da realidade
1) ERRO DE TIPO ESSENCIAL
( previsão legal: artigo 20 do CP.
Conceito ( o agente, desconhecendo um dado principal do tipo penal, acaba por praticar um crime sem querer.
( Exemplo: atirar contra um arbusto imaginando que nele se escondia um animal quando, na verdade, lá se encontrava alguém.
Consequências (
a) se inevitável, não há consciência nem previsibilidade. (o simples fato de ser erro já exclui a consciência). Não há dolo, não há culpa. 
b) se evitável, permanece previsível. Exclui dolo, mas pune a modalidade culposa se prevista em lei.
OBS: No erro de tipo essencial, não há dolo nunca, já a culpa só no caso de evitável.
Questão:
Como saber se é inevitável ou evitável?
R: 1ª corrente ( ela substitui o agente pelo homem médio. Se o homem médio tinha condição de evitar é evitável, se não tinha condições de evitar era inevitável. (crítica: quem é o homem médio? É totalmente injusta) 2ª corrente, ela não explora o homem médio, que ninguém sabe quem é, essa corrente prefere analisar o caso concreto, uma vez que a idade, grau de instrução, momento, local, horário, pode influenciar ou não na evitabilidade/inevitabilidade do erro. (2ª. corrente PREVALECE).
2) ERRO DE TIPO ACIDENTAL
Espécies:
2.1) Erro sobre o objeto
( Previsão legal: não tem. Criação doutrinária. É a própria doutrina que se incumbe do conceito.
Conceito ( o agente representa equivocadamente a coisa visada (ex: quero subtrair açúcar, mas acabo subtraindo sal, pois representei equivocadamente a coisa visada).
Consequências ( não exclui dolo, não exclui culpa. Não isenta o agente de pena. Responde pelo crime.
Ex: objeto visado era um relógio de ouro, na verdade o objeto levado foi um relógio de latão. Ele vai responder por furto,mas qual? Pelo relógio de ouro (objeto visado) ou relógio de latão (objeto levado)? R: Prevalece que o crime considera o objeto levado e não o visado, podendo aplicar o princípio da insignificância. Mas não é majoritário, Zaffaroni diz que nesse caso por não haver previsão legal, deve ser aplicado o in dubio pro reo, deve ser interpretado da melhor forma para o réu.
2.2) Erro quanto à pessoa
( previsão legal: artigo 20 §3° do CP. 
Conceito ( o agente representa equivocadamente a pessoa visada com a ação criminosa. Não há erro na execução, mas somente na representação da vítima. A execução foi perfeita, só foi errado o alvo. (ex: atiro contra a pessoa que entra em casa, imaginando ser meu pai, quando na verdade era meu tio). – parricídio de pai vivo.
Consequências ( não exclui dolo, não exclui culpa, não isenta o agente de pena. Responde pelo crime considerando-se as qualidades da vítima pretendida, virtual, e não da vítima real. No exemplo supra, o agente responderá como se tivesse matado o pai, mesmo ele estando vivo.
2.3. Erro na execução ( aberratio ictus.
Previsão legal ( artigo 73 do CP.
Conceito ( o agente, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, atinge pessoa diversa da pretendida, apesar de havê-la representado corretamente. Ex: querendo matar meu pai, disparo arma de fogo, mas por falta de pontaria acabo por atingir meu tio.
Consequências ( não exclui dolo nem culpa, não isenta de pena, isto é, o agente responde pelo crime considerando as qualidades da vítima pretendida, virtual.
OBS: se ambas forem atingidas, haverá concurso formal de delitos (art. 70 do CP).
	Erro sobre a pessoa
	Erro na execução
	Executo bem; aquilo que represento mal.
	Executo mal; aquilo que represento bem.
Erro na execução ( pessoa X pessoa. Não existe aberratio ictus, quando:
- pessoa X coisa
- coisa X pessoa
- coisa X coisa
OBS: A doutrina moderna divide 2 espécies de aberratio ictus, a saber:
Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.
- Erro na execução em sentido estrito: no erro na execução propriamente dito, a vítima pretendida está no local.
Ex: atira em A querendo matar A mas acerta e mata B, ambos estando no mesmo local.
- Erro por acidente: a vítima pretendida pode não estar no local.
Ex: a mulher quer matar o marido, coloca veneno na marmita dele, naquele dia ele esquece a marmita e o filho come. 
2.4 Resultado diverso do pretendido (aberratio criminis)
Previsão legal ( artigo 74 do CP.
Conceito ( trata-se de espécie de erro na execução. O agente, por acidente ou erro na execução, provoca lesão em bem jurídico diverso do pretendido.
Ex: para danificar o veículo do meu desafeto, lanço uma pedra que, por erro na execução, acaba por atingir o motorista.
	Artigo 73 do CP
	Artigo 74 do CP
	Erro na execução
	Erro na execução
	Atinge mesmo bem jurídico, isto é: pessoa X pessoa.
	Atinge bem jurídico diverso, isto é: coisa X pessoa
	Consequências: responde pelo crime considerando as qualidades da vítima pretendida.
	Consequências: responde pelo crime provocado, isto é resultado diverso do pretendido, a título de culpa. Se ele atinge os dois, concurso formal de delitos.
OBS: Zaffaroni ensina, não sem razão, que não se aplica a regra do artigo 74 do CP se o bem jurídico lesado é menos valioso que o bem jurídico pretendido. Neste caso, o agente deve responder pela tentativa do crime pretendido.
2.5. Erro sobre o nexo causal: “aberratio causae”
Previsão legal ( não tem. Criação doutrinária.
Conceito ( o agente provoca o resultado pretendido, porém com nexo diverso. Há 2 espécies:
a) erro sobre o nexo em sentido estrito: o agente mediante um ato provoca o resultado desejado, porém com nexo diverso do pretendido. Ex: empurro a vítima do penhasco para que morra afogada. Na queda, bateu a cabeça contra uma rocha, morrendo por traumatismo craniano.
b) Dolo geral: o agente, mediante conduta desenvolvida em dois ou mais atos, provoca o resultado desejado, porém com nexo diverso do pretendido. Ex: depois de atirar contra a vítima e imaginá-la morta, arremesso seu corpo no mar, vindo então a morrer.
Consequências ( Não exclui dolo nem culpa. Não isenta o agente de pena. Responde pelo crime provocado. Há 3 correntes: 1ª considera-se o nexo visado (pretendido), evitando-se responsabilidade penal objetiva. 2ª corrente considera-se o nexo real, suficiente para provocar o resultado desejado (PREVALECE). 3ª corrente (Zaffaroni) considera o princípio do in dubio pro reo.
3) ERRO DE SUBSUNÇÃO
Previsão legal ( Criação doutrinária.
Conceito ( erro que recai sobre valorações jurídicas equivocadas, sobre interpretações jurídicas errôneas. O agente interpreta equivocadamente o sentido jurídico do seu comportamento. Ex: falsifica talão de cheque imaginando ser documento particular, desconhecendo que é um documento público por equiparação.
Consequências ( Não exclui dolo nem culpa. Não isenta o agente de pena. O agente responde pelo crime, podendo o erro servir como mera atenuante inominada.
OBS: O Erro é matéria penal e não processual penal, logo o agente querendo matar um delegado federal mas mata um civil, (aberratio ictus), a justiça competente é a estadual.
4) ERRO PROVOCADO POR TERCEIRO
Previsão legal ( artigo 20 §2° do CP.
Conceito ( no erro de tipo, o agente erra por conta própria, por si só. No erro determinado por terceiro, há uma terceira pessoa que induz o agente em erro. Ex: médico quer matar paciente, induzindo a enfermeira a ministrar no doente dose ocultando dela tratar-se de veneno.
Consequência ( quem determina o erro dolosamente, responde por crime doloso; quem determina culposamente, por crime culposo. Na verdade, o agente enganador é rotulado pela doutrina como autor mediato.
Erro de tipo e delito putativo por erro de tipo (
	ERRO DE TIPO
	DELITO PUTATIVO POR ERRO DE TIPO
	O agente não sabe o que faz; (FALSA PERCEPÇÃO DA REALIDADE)
	O agente não sabe o que faz; (FALSA PERCEPÇÃO DA REALIDADE)
	O agente imagina estar agindo LICITAMENTE.
	O agente imagina estar agindo ILICITAMENTE.
	Ignora a presença de uma elementar.
	Ignora a ausência de uma elementar.
	Pratica Fato TÍPICO sem querer.
	Pratica Fato ATÍPICO sem querer.
DO CRIME COMISSIVO E DO CRIME OMISSIVO
Crime Comissivo (AÇÃO) ( pressupõe tipo proibitivo (o direito penal protege bens jurídicos, proibindo determinadas condutas desvaliosas). No crime comissivo, o agente infringe um tipo proibitivo, realizando a conduta desvaliosa proibida.
Crime Omissivo ( pressupõe tipo mandamental (o direto penal protege bens jurídicos, determinando a realização de condutas valiosas). No crime omissivo, o agente deixa de agir de acordo com o que determinado por lei. Ele deixa de realizar a conduta valiosa.
A norma mandamental pode decorrer: (a norma que MANDA agir)
1) Do próprio tipo penal (a omissão é elementar do tipo) ( CRIME OMISSIVO PRÓPRIO OU PURO
2) De cláusula geral (o omitente responde por crime comissivo, como se tivesse agido) ( CRIME OMISSIVO IMPRÓPRIO OU IMPURO. Artigo 13 §2° do CP (essas pessoas elencadas nesse tipo, respondem como se tivesse agido).
	CRIME OMISSIVO PRÓPRIO
	CRIME OMISSIVO IMPRÓPRIO
	O agente tem o dever genérico de agir. Recai sobre todos indistintamente. É o dever de assistência, de solidariedade humana.
	O agente tem o dever específico de evitar o resultado. Recai sobre determinadas pessoas (aquelas pessoas que se encontram no art. 13 §2° do CP).
	É caso de SUBSUNÇÃO DIRETA entre fato e norma. (Há um tipo que descreve a omissão e há um fato que espelha essa omissão).
	É caso de SUBSUNÇÃO INDIRETA. Por que o fato é uma omissão, mas o tipo é uma ação. (Tipo = deixar de amamentar, fato = matar).
	NÃO ADMITE TENTATIVA
	ADMITE TENTATIVA
	Pode ser doloso ou culposo
	Pode ser dolosoou culposo
	
	OMITENTE IMPRÓPRIO = GARANTIDOR
Questão:
Existe algum crime de conduta mista (ação seguida de omissão)?
R: 1ª espécie ( artigo 169 §único, inciso II.
2ª apropriação indébita previdenciária ( Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) (PRIMEIRO RECOLHE E DEPOIS DEIXA DE REPASSAR).
DO RESULTADO
Pode ser de 2 espécies:
A) Naturalístico ( alteração física no mundo exterior.
B) Normativo ( lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.
Nem todos os crimes têm resultado naturalístico. O material exige, o formal dispensa, e o de mera conduta se quer tem.
Todos os crimes TEM RESULTADO NORMATIVO. Não há crime sem lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.
DA RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
(nexo causal)
Conceito ( é o nexo causal, vínculo entre conduta e resultado. O estudo da causalidade busca concluir se o resultado, como um fato, decorreu da ação e se pode ser atribuído, objetivamente, ao sujeito ativo. (art. 13 do CP)
 
O artigo 13 caput adota a causalidade simples, generalizando as condições, é dizer, todas as causas concorrentes se põe no mesmo nível de importância, equivalendo-se em seu valor (TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES CAUSAIS ou DA CONDITIO SINE QUA NON)
Teoria da Eliminação Hipotética ( Teoria de Thyren. No campo mental da suposição e da cogitação, o aplicador deve proceder à eliminação da conduta do sujeito ativo para concluir pela persistência ou desaparecimento do resultado. Persistindo o resultado não é causa; desaparecendo é causa.
Só não se pune ao infinito porque se filtra com dolo ou culpa. E por isso que se insurge a Teoria da Imputação Objeitva.
Teoria da conditio sine qua non + teoria da eliminação hipotética = CAUSA
* Para se evitar o regresso ao infinito é que surgiu a Teoria da Imputação Objetiva.
- Quadro comparativo de como a causalidade é encarada pelo Finalismo e pela Teoria da Imputação Objetiva:
AULA 08 (ILICITUDE) 20/04/09
	TEORIA FINALISTA
	TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA
	· Causalidade Objetiva
- NEXO FÍSICO ( mera relação de causa e efeito.
· Causalidade Psíquica
- DOLO/CULPA
	· Causalidade Objetiva
- NEXO FÍSICO 
 - NEXO NORMATIVO (
a) criação ou incremento de risco proibido (risco que a sociedade não tolera)
b) exige a realização do risco no resultado (o resultado está na linha de desdobramento causal normal do risco)
· Causalidade Psíquica
- DOLO/CULPA
 
A Imputação Objetiva não substitue a Teoria do Nexo Causal (Teoria da Equivalência dos Antecedentes), apenas acrescentando um nexo normativo. 
Conceito de Imputação Objetiva ( insurgindo-se contra o regresso ao infinito decorrente da causalidade simples, a teoria da (NÃO) imputação objetiva enriquece a causalidade objetiva acrescentando um nexo normativo composto de:
a) Criação ou incremento de um risco proibido (que a sociedade não tolera);
b) Realização do risco no resultado (resultado na linha de desdobramento causal normal do risco);
CONCLUSÕES:
1) A imputação objetiva é uma análise que antecede a imputação subjetiva (filtro antecedente ao dolo e a culpa);
2) A expressão mais apropriada seria a Teoria da Não Imputação Objetiva;
3) Foi criada para se contrapor aos dogmas da Teoria da Equivalência; (regresso ao infinito)
4) Uma vez concluída pela não imputação objetiva (ausência do nexo normativo, o fato é atípico)
CONCAUSAS
( Pluralidade de causas concorrendo para o mesmo evento.
A relação entre as concausas pode ser:
- Absolutamente independentes ( a causa efetiva não se origina da outra.
1) Preexistente ( (tentativa) causa efetiva é anterior à concorrente.
2) Concomitante ( (tentativa) causa efetiva ocorre ao mesmo tempo que a concorrente.
3) Superviente ( (tentativa) causa efetiva é posterior à concorrente.
- Relativamente independentes ( a causa efetiva se origina direta ou indiretamente da outra.
Elas podem ser:
1)Preexistente ( (consumação)
2)Concomitante ( (consumação)
3)Superveniente ( (artigo 13 §1°)
3.1) “por si só” produz o resultado ( a causa efetiva sai da linha de desdobramento causal normal concorrente (imprevisível)
3.2) “não por si só” produz o resultado ( a causa efetiva está na linha de desdobramento causal normal do risco concorrente (previsível; possibilidade de prever)
 
No assunto concausas relativamente independente superveniente, não mais se aplica causalidade simples, mas sim a causalidade adequada (art. 13 §1°).
 
Somente haverá imputação do resultado ao agente se, no conjunto das causas, fosse sua conduta, consoante as regras de experiência comum, a mais adequada à provocação do resultado concorrente.
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE NOS CRIMES OMISSIVOS
Crimes omissivos próprios: nos crimes omissivos próprios, há somente um dever de agir, dispensando a relação de causalidade naturalística (são delitos de mera conduta).
Crimes omissivos impróprios: o dever de agir é para evitar o resultado concreto.
Estamos diante de um crime de resultado material, exigindo, consequentemente, a presença de nexo causal entre a conduta omitida (e esperada) e o resultado.
 
Esse nexo, no entanto, para a maioria da doutrina, não é naturalístico. Na verdade, o vínculo é jurídico, isto é, o sujeito não causou o resultado, mas como não o impediu, é equiparado ao verdadeiro causador (trata-se de um nexo de não-impedimento – nexo de evitação).
Questão:
Por que Roxin diz que o princípio da insignificância afasta o fato típico?
R: Por que Roxin trabalha com a teoria da tipicidade conglobante.
Tipicidade Conglobante ( trata-se de um corretivo da tipicidade penal, tendo como requisitos a tipicidade material (relevância da lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado) e a antinormatividade do ato (não determinado ou incentivado por lei). 
Consequência: adotando-se a tipicidade conglobante, o estrito cumprimento de um dever legal e o exercício regular de um direito incentivado deixam de excluir a ilicitude para excluir a própria tipicidade penal.
Questão:
O que a tipicidade corrigiu de incoerência da tipicidade penal?
R: De acordo com Zaffaroni, espera-se de um ordenamento jurídico: ORDEM, isto é, os vários direitos determinando e incentivando os mesmo fatos (é uma incoerência o direito penal tipificar comportamentos que os outros ramos do direito incentivam ou determinam).
ESPÉCIES DE TIPICIDADE FORMAL:
1) DIRETA ou IMEDIATA ( entre fato e tipo incriminador ocorre ajuste direto, sem necessidade de normas auxiliares. Ex: art. 121 do CP “matar alguém”. A mata B há subsunção entre fato e lei incriminador.
2) INDIRETA ou MEDIATA ( entre fato e tipo incriminador ocorre ajuste indireto, demandando norma auxiliar. Ex1: art. 121 do CP “matar alguém”. De fato, A tentou matar B. Não como ajustar a conduta diretamente de A, pois o 121 pune matar alguém e não tentar matar alguém. Primeio precisa-se passar pelo artigo 14 inciso para depois lembrar que a tentativa é punível. A norma auxiliar foi o artigo 14 inciso II. Essa norma auxiliar se chama norma de extensão temporal.
Ex2: A matou B induzido por C. Com relação a A tipicidade formal é direta. Com relação a C a subsunção é indireta. Havendo o concurso de agentes auxiliado pela norma de extensão pessoal espacial (art. 29 do CP).
Ex3: O artigo 13 §2° do CP trata de norma de extensão causal.
Questão:
Qual a relação entre tipicidade e ilicitude? (o interesse na prática está ligado ao ônus da prova de uma discriminante)
R: 1ª corrente ( corrente da absoluta autonomia ou absoluta independência. A tipicidade penal não gera qualquer juízo de valor no campo da ilicitude. Significa que se há o crime (fato típico + ilicitude), se desaparecer a ilicitude o fato típico permanece, ele é independente.
2ª corrente ( teoria da indiciariedade, também chamada da teoria da ratio cognoscendi. A tipicidade penal gera indícios de ilicitude (presume-se, relativamente a ilicitude), se desaparecer a ilicitude

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