Buscar

ANTIDEPRESSIVOS NA GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA Parte 1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ANTIDEPRESSIVOS NA GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA – Parte 1
http://www.polbr.med.br/ano13/art0313a.php[07/04/2017 11:25:03]
 
 English
Março de 2013 - Vol.18 - Nº 3
Artigo do mês
ANTIDEPRESSIVOS NA GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA – Parte 1 * 
Carlos Alberto Crespo de Souza **
Kelen Cancellier Cechinel ***
 O presente artigo inicia a abordagem, ainda que sumária, do uso de antidepressivos na ginecologia e obstetrícia.
O tema será dividido em duas partes de maneira a possibilitar sua divulgação na POLB. Nesta primeira parte serão
estudados os estados depressivos e suas implicações epidemiológicas, a gestação e suas complicações psiquiátricas e os
antidepressivos que podem ou não serem empregados nessa condição, incluindo os seus riscos.
 Dentro dos possíveis riscos com o uso dos fármacos antidepressivos, serão estudadas a teratogenia, as
complicações obstétricas, a toxicidade neonatal e a toxicidade comportamental tardia. Além disso, textos relevantes
chamam a atenção sobre as medidas recomendáveis na descontinuação dos antidepressivos nessas condições e
orientações sobre transtornos mentais na gestação.
 Na segunda parte, logo a seguir na POLB, outros aspectos desse tema serão considerados. Brevemente, aqui,
são anunciados seus títulos: uso na amamentação, depressão pós-parto e psicose puerperal, disforia pré-menstrual e uso
no climatério. 
Abordagem geral da depressão em mulheres.
Baseado em estimativas atuais, a condição que mais incapacita homens e mulheres nos Estados Unidos é a
doença cardiovascular. A segunda causa de morte e incapacitação nos homens é proveniente de acidentes
automobilísticos. Em contraste, a segunda causa incapacitante nas mulheres é a depressão maior, na frente de doenças
cerebrovasculares, câncer do sistema respiratório, osteoartrite e câncer de mama. 1 Por razões ainda desconhecidas, as
mulheres têm um risco maior de apresentar episódios depressivos quando comparadas aos homens. As taxas de
diferença de gênero para depressão não costumam aparecer na infância, entretanto, desde o início da puberdade até o
Volume 22 - Março de 2017
Editor: Giovanni Torello
http://www.polbr.med.br/index.php
http://www.polbr.med.br/index.php
http://www.polbr.med.br/arquivo.php
http://www.priory.com/psych.htm
http://www.polbr.med.br/embarque.php
http://www.polbr.med.br/eventos.php
http://www.polbr.med.br/instruc.php
http://www.polbr.med.br/quem.php
http://www.polbr.med.br/corpo.php
mailto:giovanni@polbr.med.br
ANTIDEPRESSIVOS NA GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA – Parte 1
http://www.polbr.med.br/ano13/art0313a.php[07/04/2017 11:25:03]
resto da vida da mulher, a taxa de depressão maior entre mulheres e homens é de 2:1. 2
Há períodos durante a vida reprodutiva da mulher, como a gravidez, o período pós-parto, a fase lútea do clico
menstrual, a perimenopausa e a menopausa que parecem apresentar um aumento da vulnerabilidade à depressão e aos
outros transtornos do humor. Cabe salientar que o reconhecimento da diferença do gênero na prevalência dos
transtornos do humor tem facilitado o diagnóstico de depressão nas mulheres.
No presente artigo serão abordados alguns desses distintos momentos na existência da mulher e o emprego de
antidepressivos. De maneira sintética, a gestação ou gravidez, teratogenia, complicações obstétricas, toxicidade
neonatal ou síndrome de abstinência e toxicidade comportamental tardia serão os temas a serem estudados. Breve
orientação geral sobre transtornos mentais na gestação ocupará um pequeno espaço por seu merecimento clínico. 
A gestação, suas complicações psiquiátricas e os antidepressivos.
A literatura atual sustenta a idéia de que a gestação não seja protetora no que se refere a doenças mentais. As
evidências mostram um risco maior de desenvolvimento de transtornos do humor e de ansiedade durante a vida fértil
da mulher, 2 com pico de prevalência ocorrendo entre 25 e 44 anos.3 Esse fato sugere que pode ocorrer um número
substancial de novos casos ou recorrências de transtornos psiquiátricos durante a gestação e puerpério. Além do mais,
alguns estudos já mostraram uma significativa prevalência de distúrbios psiquiátricos (afetivos, ansiosos, alimentares e
psicóticos) durante a gestação, 4,5 particularmente um aumento no risco de recaídas em mulheres que descontinuaram a
medicação. 6,7 Apesar da morbidade associada às patologias psiquiátricas existe uma tendência de se evitar o uso de
psicofármacos durante a gestação.
Mulheres com história de episódio depressivo no passado podem apresentar recorrência do quadro durante a
gestação ou período pós-parto. Outros fatores também podem aumentar o risco de episódios depressivos na gravidez:
mulheres mais jovens, falta de suporte social, presença de conflitos conjugais, gestação não planejada, história de
abuso na infância, violência doméstica, desempregos e baixa escolaridade. 8,9 Uma vez que os riscos são identificados,
eles podem ser monitorados durante a gestação para os primeiros sinais da doença. As taxas de depressão na gestação
podem chegar a 20% em alguns estudos. 9 A depressão durante a gravidez pode apresentar riscos tanto para a mãe
quanto para o feto.10 Autocuidado e nutrição materna precários, maior exposição ao álcool, tabaco e outras drogas, e
comportamento suicida são condições adversas prováveis de acontecer nessa situação.11 Muitos estudos mostram uma
associação entre ansiedade/estresse materno com intercorrências negativas durante a gestação, como parto prematuro e
baixo peso ao nascimento.12 Estudos que avaliaram o impacto da depressão materna na gestação encontraram uma
relação significativa entre depressão e pré-eclâmpsia, e um risco maior para baixo peso ao nascimento e parto
prematuro. 13, 14 As taxas de recaída podem chegar a 75%, geralmente no primeiro trimestre, entre as mulheres com
depressão recorrente que abandonam o antidepressivo próximo à concepção. Além do mais, uma mulher com história
de depressão maior tem aproximadamente 25% de chance de recorrência da depressão após o nascimento (depressão
pós-parto).
O manejo de distúrbios psiquiátricos durante a gestação, particularmente de quadros depressivos e bipolares, é
uma tarefa complexa. 11 Com o notável aumento do uso de novas medicações psicotrópicas há uma crescente
preocupação em relação à teratogenicidade destas drogas. Por óbvias razões éticas, não é possível conduzir estudos
controlados randomizados sobre a segurança de psicofármacos nas gestantes e, assim sendo, os médicos baseiam-se em
estudos reprodutivos em animais, relatos de casos e estudos retrospectivos para o uso dessas drogas. Evidências
ANTIDEPRESSIVOS NA GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA – Parte 1
http://www.polbr.med.br/ano13/art0313a.php[07/04/2017 11:25:03]
disponíveis atualmente mostram que a segurança dos psicofármacos ainda não é totalmente esclarecida, e a decisão de
prescrever essas medicações na gestação deve levar em consideração a gravidade da doença mental. Enfatiza-se o fato
de que nenhuma decisão clínica está isenta de riscos. 11 Os psicofármacos devem ser prescritos somente se o risco de
má formação fetal for menor que as conseqüências de uma mãe com doença mental não tratada. 10 Os psiquiatras e
demais profissionais atuantes na área de saúde mental devem buscar uma estratégia terapêutica que reduza ao máximo
o risco de exposição da mãe e do feto ao transtorno psíquico, bem como aos possíveis efeitos teratogênicos dos
psicofármacos utilizados. 11
Nenhuma droga psicotrópica foi aprovada pelo Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos
para o uso durante a gestação. A fim de guiar os médicos quanto à segurança das drogas prescritas, o FDA estabeleceu
um sistema que classifica as medicações em cinco categorias de risco (A B C D e X), baseado nos dados oriundos de
estudos científicos (Quadro abaixo). A maioria dos psicofármacos encontram-se nas categorias B, C e D. No entanto,
esse sistema de classificação não proporciona um método confiável para guiar a prescrição médica por ser “ambíguo,incerto e confuso”, segundo considerações da Academia Americana de Pediatria. 15 É prudente, pois, em face dessa
crítica contundente, que os médicos prescrevam os medicamentos que possuam mais estudos publicados sobre sua
segurança na gestação.
 
 
Categorias de risco de medicamentos segundo o FDA
 
Risco A: não há evidências de riscos em mulheres (estudos bem controlados não revelaram problemas no 1º trimestre de gravidez e não há
evidências de problemas no 2º e 3º trimestres).
Risco B: não há estudos adequados em mulheres (em experimentos animais não foram demonstrados riscos).
Risco C: não há estudos adequados em mulheres (em experimentos animais ocorreram alguns efeitos adversos para o feto). O benefício
potencial do produto pode justificar o risco potencial durante a gravidez.
Risco D: há evidências de risco em fetos humanos. Só usar se o benefício potencial justificar o risco potencial, em situações de risco de vida ou
em casos de doenças graves para as quais não se possam utilizar drogas mais seguras, ou se estas drogas não forem eficazes.
Risco X: estudos revelaram anormalidades no feto ou evidências de risco para o feto. Os riscos durante a gravidez suplantam os potenciais
benefícios. Não usar em hipótese alguma.
 
Todas as medicações psicotrópicas difundem-se através da placenta, expondo o feto a algum grau de risco. 16
Geralmente, os efeitos da terapia farmacológica são discutidos quase que exclusivamente no contexto de seus riscos no
primeiro trimestre, quando a organogênese ocorre. Entretanto, as medicações psicotrópicas podem ser prejudiciais
ANTIDEPRESSIVOS NA GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA – Parte 1
http://www.polbr.med.br/ano13/art0313a.php[07/04/2017 11:25:03]
mesmo após a formação dos órgãos, onde a exposição intrauterina no segundo e terceiro trimestres podem levar a
complicações pós-natais.
Os riscos podem ser divididos em:
· Teratogenia,
· Complicações obstétricas,
· Toxicidade neonatal ou síndrome de abstinência e
· Toxicidade comportamental tardia.
Teratogenia.
O risco de malformação fetal é muito elevado durante a organogênese (primeiras 12 semanas de gestação). A
incidência de malformação congênita é de aproximadamente 2-2,5% na população em geral. Um defeito congênito é
geralmente definido como uma anomalia anatômica, causada por uma alteração genética ou pela ação de um agente
físico, químico ou infeccioso durante a vida pré-natal. 17 Uma medicação é considerada teratogênica quando a
exposição pré-natal está associada a um aumento significativo no risco de deformidades físicas acima deste risco basal.
18
O uso pré-natal de antidepressivos tricíclicos (ADTs) em humanos não parece aumentar o risco de
anormalidades congênitas. Uma metanálise de 414 casos de exposição aos tricíclicos no primeiro semestre de gestação
não identificou nenhuma má-formação congênita. 19
Os estudos em geral não mostram uma associação significativamente forte entre o uso dos inibidores seletivos
de recaptura da serotonina (ISRS) no início da gestação e o desenvolvimento de defeitos congênitos em neonatos. 20-24
As taxas de má- formação e complicações perinatais são comparáveis a taxas normais da população e, se usados em
doses terapêuticas, não parecem aumentar o risco para más-formações maiores.
A maioria das informações disponíveis sobre exposição pré-natal de antidepressivos é da Fluoxetina. Os
estudos retrospectivos e os prospectivos, em geral, não encontraram um risco aumentado de má-formação congênita
com o uso deste fármaco. 21,25 Uma recente metanálise mostrou que a Paroxetina não parece estar associada a um
aumento no risco de más-formações cardiovasculares. 26
No entanto, um leve aumento do risco para más-formações menores ainda não pode ser totalmente descartado.
Alguns estudos mostraram alguma chance de más-formações, entretanto os valores encontram-se no risco da população
em geral. Seguem-se alguns achados:
· o uso da fluoxetina por gestantes no início da gestação foi associada a um risco maior de desenvolver
craniossinostose; 20
· a paroxetina no primeiro trimestre de gestação mostrou um pequeno aumento na chance de desenvolver
onfalocele 20, craniossinostose, gastrosquise e anomalias cardíacas, principalmente a obstrução do fluxo
ventricular direito; 20, 27,28
ANTIDEPRESSIVOS NA GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA – Parte 1
http://www.polbr.med.br/ano13/art0313a.php[07/04/2017 11:25:03]
· a paroxetina, usada em altas doses no início da gestação, pode acarretar em um aumento dos casos de defeitos
congênitos em geral; 29
· o uso de sertralina no primeiro trimestre apresentou uma fraca associação com o desenvolvimento de defeitos
no septo cardíaco, anencefalia 20 e onfalocele 24 em neonatos;
· o citalopram em altas doses aumentou o risco de desenvolver anencefalia, craniossinostose e onfalocele. 20
Em uma recente metanálise comparativa de estudos prospectivos, o risco relativo encontrado de má-formação
congênita com os novos antidepressivos (citalopram, escitalopram, fluoxetina, fluvoxamina, paroxetina, sertralina,
reboxetina, venlafaxina, nefazodona, trazodona, mirtazapina e bupropiona) foi de 1.01. O estudo concluiu que, como
um grupo, os mais novos antidepressivos não estão associados a um aumento do risco de teratogenia acima da linha de
base do risco de 1 a 3% na população geral. 30
Os IMAOs não são recomendados na gestação. Um estudo com 21 recém- nascidos expostos a IMAOs na
gestação mostrou um risco relativo de 3.4 para más-formações congênitas. 31
Estudos que avaliaram o uso da venlafaxina na gestação encontraram uma taxa de má-formação similar à
encontrada na população em geral. 32
O uso da Bupropiona foi associado a um aumento do risco de abortamento espontâneo, mas não de má-
formação congênita. 33
Não há evidências de má-formação fetal com o uso da nefazodona, da trazodona e da mirtazapina, entretanto
há escassez de informações sobre essas medicações.
Complicações Obstétricas.
A principal complicação obstétrica com o uso de antidepressivos é o parto prematuro. Entre as mulheres que
fazem uso de antidepressivos em geral durante a gravidez, seu parto ocorre com uma semana de antecedência em
comparação com as que não usam, e têm chances maiores de terem partos prematuros. 34
A nortriptilina e a desipramina são preferíveis a outros ADTs durante a gestação devido à sua menor
probabilidade de gerar efeitos colaterais anticolinérgicos e hipotensores às gestantes. 35
Os IMAOs devem ser evitados na gestação devido ao risco de crise hipertensiva materna.
Toxicidade Neonatal.
Síndromes perinatais incluem sintomas físicos e comportamentais verificados logo após o nascimento. O uso
dos ADT no terceiro trimestre pode produzir sintomas neonatais transitórios de toxicidade ou de abstinência, na forma
de irritabilidade, agitação, dificuldades de sucção, letargia, hipotonia, e ainda efeitos anticolinérgicos, como
constipação, taquicardia e retenção urinária. 36
Algumas complicações que ocorrem com freqüência em neonatos cujas mães usaram ISRS no final da
gestação incluem: distúrbio respiratório leve, taquipnéia transitória do recém-nascido, retardo no choro, cianose,
37,38
ANTIDEPRESSIVOS NA GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA – Parte 1
http://www.polbr.med.br/ano13/art0313a.php[07/04/2017 11:25:03]
tremor, vômitos, aumento do tônus muscular e hiperreflexia. Todos esses sintomas são transitórios (até duas
semanas) e ainda não está claro se tais sintomas são devidos à abstinência ou a distúrbios adaptativos em razão do
aumento da atividade serotonérgica.
Há relatos de sintomas neonatais transitórios com o uso da venlafaxina (distúrbios respiratórios, tremores e
aumento de choro). 39
Toxicidade Comportamental Tardia.
Sequelas pós-natais incluem as anormalidades neuro-comportamentais tardias em crianças que foram expostas
à psicofármacos intraútero. Dois estudos avaliaram as mudanças comportamentais tardias das crianças expostas aos
antidepressivos durante a gestação. Em umestudo, no qual as mães foram expostas a um ADT durante a gestação, as
crianças apresentaram um desenvolvimento neuropsicomotor normal até sua última avaliação, aos três anos de idade.
40 O outro estudo avaliou 55 crianças que foram expostas a fluoxetina na gestação, 80 foram expostas a ADTs e 84 não
foram expostas a qualquer terapia. Os resultados não encontraram diferenças significativas no QI global, no
desenvolvimento de linguagem, temperamento, humor, ou comportamento em crianças maiores de sete anos. 25
Medidas recomendáveis na descontinuação.
· A descontinuação de um antidepressivo duas a três semanas antes da concepção é a conduta mais segura para
mulheres que estão estáveis, e cuja história prévia mostra que se mantiveram bem durante alguns meses sem a
medicação.
· Outra conduta razoável é continuar o uso do antidepressivo até que a concepção seja confirmada, período
durante o qual o embrião receberá mínima exposição à medicação, já que a circulação uteroplacentária não está
formada até 10 a 12 dias da concepção. 41
· Entretanto, é importante ter em mente que mesmo um curto tempo de descontinuação de um antidepressivo
pode produzir sintomas de retirada da medicação e está associado a 75% de chance de recaída dos sintomas
durante a gestação. 32
· Quanto maior a dose da medicação, maior é o risco do efeito maléfico sobre o feto. Entretanto deve-se evitar o
uso de subdoses visando a um menor risco de dano, com conseqüente tratamento ineficaz da mãe.
· Cada caso deve ser avaliado individualmente, levando em consideração o número e a gravidade dos episódios
anteriores e o tempo de recaída dos sintomas após tentativas prévias de descontinuação da medicação.
· Para mulheres com história de recaídas rápidas e graves após a descontinuação, o antidepressivo precisa ser
mantido durante a gravidez.
· As mulheres que estão gestando ou desejam engravidar devem ser encorajadas a iniciar psicoterapia, caso ainda
não o façam. Psicoterapia interpessoal mostrou-se efetiva na gestação. 42
· O manejo da depressão durante a gravidez dependerá da gravidade do transtorno. Sintomas depressivos leves
durante a gestação podem melhorar com terapia não farmacológica.
· As intervenções farmacológicas se fazem necessárias em gestantes com sintomas de depressão maior, incluindo
ANTIDEPRESSIVOS NA GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA – Parte 1
http://www.polbr.med.br/ano13/art0313a.php[07/04/2017 11:25:03]
diminuição da ingesta oral, idéias suicidas e a presença de sintomas psicóticos. 19
Orientações Gerais: Transtornos Mentais na Gestação
· Planejar a gestação, sempre que possível, com a paciente em remissão.
· Estimular comportamentos saudáveis; aderência ao pré-natal, uso de vitaminas (ácido fólico), dieta saudável,
exercícios e cursos pré-natais.
· Usar psicofármacos com mais informações de segurança na gestação.
· Preferir a monoterapia, sempre que possível.
· Usar a dose adequada. É freqüente a dose ser reduzida durante a gestação na tentativa de limitar o risco para o
feto; no entanto, isso pode aumentar o risco de recaída.
· Não retirar a medicação semanas antes do parto para evitar os sintomas perinatais. Manter a dose mínima eficaz
neste período, orientando o pediatra e o obstetra sobre os possíveis sintomas perinatais.
· Sugerir monitoramento de possíveis más-formações congênitas com ecografia aos colegas acima mencionados.
· Utilizar o ECT em casos graves, com presença de ideação suicida ou com sintomas psicóticos. 43
 
Referências
1. Michaud CM, Murray CJL, Bloom BR. Burden of disease: implications for future research. JAMA. 2001; 285: 535-
9.
 
2. Kessler RC, McGonagle KA, Swartz M, Blazer DG, Nelson CB. Sex and depression in the National Comorbidity
Survey, I: lifetime prevalence, chronicity, and recurrence. J Affect Disord. 1993; 29:85-96.
 
3. Burke KC, Burke Jr JD, Rae DS, Regier DA. Comparing age at onset of major depression and other psychiatric
disorders by birth cohorts in five US community populations. Arch Gen Psychiatry. 1991; 48:789-95.
 
4. Brandt KR, Mackenzie TB. Obsessive-compulsive disorder exacerbated during pregnancy: a case report. Int J
Psychiatry Med. 1987; 17: 361-6.
 
5. Suppes T, Baldessarini RJ, Faedda GL, Tohen M. Risk of recurrence following discontinuation of lithium treatment
in bipolar disorder. Arch Gen Psychiatry. 1991; 48: 1082-8.
 
6. Cohen LS, Robertson LM, Goldstein J, Sichel DA, Grush LR, Weinstock LS. Impact of pregnancy on risk of relapse
of MDD. In: 150th Annual Meeting Syllabus and Proceedings Summary; Washington (DC): American Psychiatric
Association; 1997. p.23-4.
ANTIDEPRESSIVOS NA GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA – Parte 1
http://www.polbr.med.br/ano13/art0313a.php[07/04/2017 11:25:03]
 
7. Viguera AC, Nonacs R, Cohen LS, Tondo L, Murray A, Baldessarini. Risk of recurrence of bipolar disorder in
pregnant and nonpregnant women after discontinuing lithium maintenance. Am J Psychiatry. 2001; 157: 179-84.
 
8. Marcus SM, Flynn HA, Blow FC, Barry KL. Depressive symptoms among pregnant women screened in obstetrics
settings. J Women’s Health (Larchmt). 2003; 12(4): 373-80.
 
9. Gotlib IH, Whien VE, Mount JH, Milne K, Cordy NI. Prevalence rates and demographic characteristics associated
with depression in pregnancy and the postpartum. J Consult Clin Psychol. 1989; 57(2): 269-74.
 
10. Grover S, Avasthi A, Sharma Y. Psychotropics in pregnancy: weighing the risks. Indian J Med Res. 2006; 123:
497-512.
 
11. Soares NC, Viguera AC, Cohen LS. Mood Disturbance and Pregnancy: pros and cons of pharmacologic treatment.
Rev Bras Psiquiatr. 2001; 3(1): 48-53.
 
12. Teixeira JMA, Fisk NM, Glover V. Association between maternal anxiety in pregnancy and increased uterine
artery resistence index: cohort based study. BMJ. 1999; 318: 153-7.
 
13. Kurki T, Hiilesmma V, Raitasalo R, Mattila H, Ylikorkala O. Depression and anxiety in early pregnancy and risk
for pre-eclampsia. Obstet Ginecol. 2000; 95: 487-90.
 
14. Steer RA, Scholl TO, Hediger ML, Fischer RL. Self reported depression and negative pregnancy outcomes. J Clin
Epidemiol. 1992; 45:1093-9.
 
15. American Academy of Pediatrics Committee on drugs. Use of psichoactive medication during pregnancy and
possible efects on the fetus and newborn. Pediatrics. 2000; 105(4): 880-887.
 
16. Viguera AC, Cohen LS, Baldessarini RJ, Nonacs R. Managing bipolar disorder during pregnancy: weighing the
risks and benefits. Can J Psychiatry. 2002; 47: 426-36.
 
17. De Santis M, Carducci B, Cavaliere AF et al. Drug-induced congenital defects. Drug Safety. 2001; 24: 889-901.
 
18. Codero JF, Oakley GP Jr. Drug exposure during pregnancy: some epidemiologic considerations. Clin Obstet
Ginecol. 1983; 26: 418-28.
 
ANTIDEPRESSIVOS NA GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA – Parte 1
http://www.polbr.med.br/ano13/art0313a.php[07/04/2017 11:25:03]
19. Altshuler LL, Cohen L, Szuba MP, Burt VK, Gitlin M, Mintz J. Pharmacologic management of psychiatric illness
during pregnancy: dilemmas and guidelines. Am J Psychiatry. 1996; 153: 592-606..
 
20. Alwan S, Reefhuis J, Rasmussen S, Olney RS, Friedman JM. Use of Selective Serotonin Re-uptake Inhibitors and
Risk for Birth Defects. N Engl J Med. 2007; 356: 2684-92.
21. Malm H, Klaukka T, Neuvonen PJ. Risks associated with selective serotonin reuptake inhibitors in pregnancy.
Obstet Gynecol. 2005; 106: 1289-96.
 
22. Ericson A, Kallen B, Wiholm B. Delivery outcome after the use of antidepressants in early pregnancy. Eur J Clin
Pharmacol. 1999; 55: 503-8.
 
23. Simon GE, Cunningham ML, Davis RL. Outcomes of prenatal antidepressant exposure. Am J Psychiatry. 2002;
159: 2055-61.
 
24. Louik C, Lin A, Werler M, Diaz S, Mitchell A. First trimester use of selective serotonin re-uptake inhibitors and
the risks of birth defects. N Engl J Med. 2007; 356: 2675-83.
 
25. Cohen LS, Heller VL, Bailey JW, Grush L, Ablon JS, Bouffard SM. Birth outcomes followingprenatal exposure to
fluoxetine. Biol Psychiatry. 2000; 48: 996-1000.
 
26. Einarson A, Pistelli A, De Santis M, et al. Evaluation of the Risk of Congenital Cardiovascular Defects Associated
with use of Paroxetine during Pregnancy. Am J Psychiatry. 2008; 165:749–752.
 
27. Kallen B, Olausson P. Maternal use of selective serotonin re-uptake inhibitors in early pregnancy and infant
congenital malformations. Birth Defects Rev Clin Mol Teratol. 2007; 79:301-8.
 
28. Diav-Citrin O, Shechtman S, Weibaum D, et al. Paroxetine and fluoxetine pregnancy: a multicenter, prospective,
controlled study. Reprod Toxicol. 2005; 20: 459.
 
29. Berard A, Ramos E, Rey E, Blais L, St-Andre M, Oraichi D. First trimester exposure to paroxetine and risk of
cardiac malformations in infants: the importance of dosage. Birth Defects Rev B Dev Reprod Toxicol. 2007; 80: 18-27.
 
30. Einarson TR, Einarson A. Newer antidepressants in pregnancy and rates of major malformations: a meta-analysis
of prospective comparative studies. Pharmacoepidemiol Drug Saf. 2005; 14(12): 823-7.
 
31. Hendrick V, Stowe ZN, Altshuler LL, Hwang S, Lee E, Haynes D. Placental passage of antidepressants
medications. Am J Psychiatry. 2003; 160(5): 993-6.
ANTIDEPRESSIVOS NA GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA – Parte 1
http://www.polbr.med.br/ano13/art0313a.php[07/04/2017 11:25:03]
 
32. Einarson A, Fatoye B, Sarkar M, Lavigne SV, Brochu J, Chambers C. Pregnancy outcome following gestational
exposure to venlafaxine: a multicenter prospective controlled study. Am J Psychiatry. 2001; 158: 1728-30.
 
33. Chun-Fai-Chan B, Koren G, Fayez I, Kaira S, Voyer-Lavigne S, Boschier A et al. Pregnancy outcome of women
exposed to bupropion during pregnancy: a prospective comparative study. Am J Obstet Ginecol. 2005; 192: 932-6.
 
34. Suri R, Altshuler L, Hellemann G, Burt VK, Aquino A, Mintz J. Effects of antenatal depression and antidepressant
treatment on gestational age at birth and risk of preterm birth. Am J Psychiatry. 2007; 164: 1206.
 
35. Nonacs R, Cohen L. Assesment and treatment of depression during pregnancy: an update. Psychiatr Clin Am.
2003; 26: 547-562.
 
36. Eggermont E. Withdrawal symptoms in neonates associated with maternal imipramine therapy. Lancet. 1973; 2:
680
 
37. Chambers CD, Diaz SH, Van Marter LJ, Werler MM, Louik C, et al. Selective Serotonin-Reuptake Inhibitors and
risk of persistent pulmonary hypertension of the newborn. N Engl J Med. 2006; 354: 579-87.
 
38. Costei AM, Kozer E, Ho T, Ito S, Koren G. Perinatal outcome following third trimester exposure to paroxetine.
Arch Pediatr Adolesc Med. 2002; 156: 1129-32.
 
39. Kallen B. Neonate characacteristics after maternal use of antidepressants in late pregnancy. Arch Pediatr Adolesc
Med. 2004; 158(4): 312-6.
 
40. Misri S, Sivertz K. Tricyclic drugs in pregnancy and lactation: a preliminary report. Int J Psychiatry. 1991; 21: 157-
71.
 
41. Creasy RK, Resnik R. Maternal-fetal medicine: principles and practice. 3.ed. Philadelphia: WB Saunders; 1994. p.
96-7.
 
42. Spinelli MG. Interpersonal psychotherapy for depressed antepartum women: a pilot study. Am J Psychiatry. 1997;
154: 1028-33.
 
43. Tess VL. Psicofarmacologia na gestação e na lactação. In: Teng CT, Demetrio F. (Orgs.). Psicofarmacologia
Aplicada. São Paulo SP: Atheneu; 2006. p. 249.
 
ANTIDEPRESSIVOS NA GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA – Parte 1
http://www.polbr.med.br/ano13/art0313a.php[07/04/2017 11:25:03]
TOP
*Parte 1 – extrato de estudo sobre “Antidepressivos na ginecologia e obstetrícia”. O texto, em sua íntegra, poderá ser
encontrado no livro “Uso de antidepressivos no contexto médico”. São Caetano do Sul, SP: Yendis, 2011, 248 p.,
Coordenado por Crespo de Souza, CA; Terra, MB e Lopes, VLB.
 
** Doutor em Psiquiatria pela UFRJ.
***Especialista em Psiquiatria pela FFFCMPA/CEJBF.
 
Endereço para correspondência: cacrespo@terra.com.br 
mailto:cacrespo@terra.com.br
	www.polbr.med.br
	ANTIDEPRESSIVOS NA GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA – Parte 1
	IvYW5vMTMvYXJ0MDMxM2EucGhwAA==: 
	form2: 
	input0: 
	lp: [pt_en]

Continue navegando