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Corais do Brasil Prado A. Lobo Corais do Brasil Prado A. Lobo Bushido Books Rio de Janeiro 2018 O mar e a origem da Vida Os primeiros animais a habitar a Terra A vida surgiu no mar e espalhou-se com rapidez pelas águas rasas e quentes do jovem planeta Terra. Os antepassados de corais, esponjas e outros seres invertebrados marinhos estavam entre os primeiros animais, surgidos há cerca de um bilhão de anos, e por isso um mergulho pelas paisagens submersas dos recifes coralíneos é também uma viagem às origens da vida. Os corais são seres simples, do filo Cnidária, como as águas- vivas, medusas e anêmonas. O filo é uma das primeiras divisões da biologia, separando espécies com características comuns. O Cnidária é identificado pelos animais invertebrados com um corpo simétrico em forma de saco, chamado de pólipo, e com uma única boca. Praticamente todas as funções do organismo, como respiração, digestão e excreção, são realizadas na cavidade em forma de saco que forma o pólipo. Enquanto águas-vivas e medusas vivem livres na água, os corais e as anêmonas dependem de um substrato para se fixar. O substrato pode ser formado por pedras, rochas, areia ou mesmo o esqueleto de corais mortos. Os pólipos são capazes de formar um esqueleto calcário (como os ossos) ou córneo (como as unhas). Ao morrerem, o esqueleto serve de sustentação para outros corais. Ao longo dos anos, a constante superposição de corais mortos forma os famosos recifes coralíneos, alguns com milhares de anos de idade e muitos quilômetros de extensão. A grande barreira de corais da Austrália é um exemplo, tão grande que pode ser vista do espaço. Vários animais do filo Cnidária já foram chamados de corais. Acredita-se que a palavra tenha origem hebraica, mas seu sentido perdeu-se no tempo. Hoje, consideram-se corais diversos animais de duas classes dos cnidários: a dos antozoários e a dos hidrozoários. A classe é uma subdivisão dentro do filo. A classe dos antozoários é a maior e seu nome é formado pelas palavras anthos (flor) e zoon (animal). Corais e anêmonas lembram flores em um jardim marinho e, na Antiguidade, foram confundidos com plantas. Seu ciclo de vida é simples e inclui as fases de larva, livres na água, e a do pólipo, preso ao substrato. A reprodução pode ser sexuada ou assexuada, com o brotamento de um novo indivíduo, já em sua forma adulta. Os antozoários dividem-se em dois grupos: os octocorais e os hexacorais. Os octocorais são reconhecidos pela presença de oito pequenos tentáculos em torno da boca. Por isso o nome. As colônias possuem uma consistência carnosa e podem não ter forma definida. Por isso são também denominados corais-moles e, em alguns casos, gorgônias. Qualquer que seja a forma assumida, a coloração é sempre bem viva, como vermelho, violeta e amarelo. São mais de 340 espécies, sendo 80 encontradas da costa do Nordeste até Santa Catarina. Entre as mais conhecidas, a Tripalea clavaria, o coral-tubo Carijoa riisei, a Ellisella elongata, a gorgônia vermelha Leptogorgia punicea, a Heterogorgia uatumani e a Muricea atlantica. Pesquisas recentes identificaram, no Brasil, numerosos octocorais registrados até então apenas na região do Caribe, como a Callogorgia gracilis. Os cientistas acreditam que novas investigações podem revelar que nossa diversidade é bem maior que o imaginado. Além disso, entre as espécies já conhecidas, várias são endêmicas, ou seja, encontradas apenas em águas nacionais. O outro grupo dos antozoários é o dos hexacorais, também conhecidos como corais-duros, verdadeiros ou pétreos. O nome vem da simetria baseada em seis lados. Os esqueletos calcários deste grupo têm um importante papel na formação de recifes. A solidez e as belas cores os tornaram cobiçados, desde a Antiguidade, para o uso em joias e ornamentos. Seu comércio, no entanto, está proibido desde a década de 1970. No mundo, são aproximadamente 220 gêneros e 1.300 espécies. Nas águas tropicais brasileiras temos o coral-cérebro da Bahia (Mussismilia braziliensis), e as espécies M. Harttii e M. hispida, além da Madracis decactis e da Favia gravida, esta última bastante resistente às variações das condições ambientais. A Siderastrea stellata, conhecida como coral-estrelinha, é endêmica, encontrada em toda a costa e também no Atol das Rocas e no Arquipélago de Fernando de Noronha. Abundante nas partes rasas dos recifes de Abrolhos, ela ocorre em colônias de grandes dimensões, às vezes com mais de um metro de diâmetro, denominadas “cabeças”. A outra classe Cnidária é a dos hidrozoários. Os corais desta classe, concentrados principalmente no gênero Millepora, são chamados de hidrocorais ou corais-de-fogo. Seu esqueleto é composto por carbonato de cálcio e, após a morte do coral, contribui para a geração de novos recifes. Entre eles está a espécie M. alcicornis, conhecida como coral- de-fogo. De fato, ela contém uma substância urticante que queima como fogo, e é usada na defesa ou captura de suas vítimas. A M. brasiliensis e a M. nítida são endêmicas do Brasil, encontradas do Rio Grande do Norte ao Espírito Santo. A rica biodiversidade marinha Ostas, siris, estrelas do mar, ouriços e outros seres Entender o delicado ecossistema dos corais é conhecer a vida em seu entorno. Ambientes marinhos como os recifes coralíneos oferecem diferentes suportes para a flora e a fauna. Nessas áreas, esses seres encontram refúgio, segurança para desova, proteção durante o desenvolvimento, alimentação e chances maiores de reprodução. É um espaço compartilhado por moluscos, poríferos, equinodermos e crustáceos, além de peixes e répteis. Os poríferos, ou esponjas, também vivem presos ao substrato, solitários ou em colônias. Apesar da poluição intensa de muitas praias, ainda se encontram diversas esponjas no litoral do estado de São Paulo e em todas as praias rochosas do Norte e do Nordeste. Entre as mais conhecidas no Brasil está a grande esponja barril (Xestospongia muta), emblemática da região de Fernando de Noronha, mas distribuída por toda costa e pelo Caribe. Os moluscos reúnem mexilhões, ostras e caramujos. Existem ainda bonitos moluscos sem concha aparente, grupo ao qual pertence o gênero Aplysia, que mede de 10 a 15 centímetros de comprimento. Essa lesma-do-mar, bastante desajeitada na areia, tem coloração verde, com pintas brancas e róseas, e expele uma tinta roxa quando molestada, razão pela qual é chamada de chora- vinagre. Pertencem ao mesmo grupo e são comuns no litoral: Chelinodura evelinae e Polycera odhneri. Aranhas-do-mar, estrelas-do-mar, ouriços e pepinos-do-mar formam o grupo dos equinodermos. Bonitos e abundantes, eles escondem-se sob pedras e nas reentrâncias das rochas, ao nível da maré baixa. É nas estrelas-do-mar que mais se nota a simetria radiada dos equinodermos. Em geral, há cinco ou dez braços, dentro dos quais se ramifica o aparelho digestivo. Nos braços, os pódios resolvem os problemas de locomoção, fixação e preensão dos alimentos. As estrelas-do-mar são predadoras, alimentando-se de moluscos. São comuns no litoral a Luidia senegalensis e a Echinaster brasiliensis, entre outras. Os ouriços constituem um grupo numeroso a compartilhar, ou disputar, o espaço com os corais. Eles escavam galerias com seus espinhos para construir suas locas de abrigo. As locas abandonadas funcionam como nicho ecológico para pequenos animais da linha das marés. São comuns nas praias brasileiras o grande e escuro Echinometra lucunter e o Stylocidaris affinis, com seus espinhos grossos. Esses animais alimentam-se de algas, raspando as rochas com um órgão chamado lanterna de Aristóteles. As bolachas-da-praia ou corrupios têm a forma de discos ligeiramente convexos. Têm vida livre e, às vezes, são encontradas em grandes quantidades nas praias. Gêneros desses animais que ocorrem no Brasil são Encope, Clypeaster e Brissopsis, entre outros. Os pepinos-do-mar são equinodermos estranhos, de corpo mole e que, à primeira vista, lembram um verme enorme. Possuem capacidade regeneradora, como todos os equinodermos. Quando ameaçados,eliminam as vísceras, que, eventualmente, são devoradas pelo agressor, refazendo-as depois. No litoral, temos as espécies Synaptula hidriformis e Stichopus badionotus. Siris e caranguejos são crustáceos com numerosos representantes em todo o litoral. Há diferenças entre eles. Os siris têm a carapaça achatada e o quinto par de patas adaptado à natação. Já os caranguejos têm uma carapaça mais alta e compacta. A alimentação desses animais é bem variada: eles ingerem algas em decomposição, restos de animais mortos e também espécimes vivos. Os siris mais comuns no Brasil são o Callinectes danae e o Callinectes sapidus, ambos chamados de siri-azul. O maior dos siris, o siriaçu (C. exasperatus), já é raro. Entre os caranguejos, os maiores e mais conhecidos são os habitantes do mangue, os guaiamus (Cardisoma guanhumi) e os uçás (Ucides cordatus). Siris e caranguejos sofrem predação mais ou menos indiscriminada nas zonas turísticas do litoral. Outros crustáceos de importância nos mares brasileiros são os camarões e as lagostas. As lagostas são particularmente dependentes dos sistemas recifais. Encontradas desde a costa Norte até a ilha de São Sebastião, no litoral paulista, estão em risco devido à superexploração. Esses invertebrados enfrentam os mesmos perigos dos corais. Mudanças climáticas, poluição e a ação humana reduziram de forma significativa sua população. A mais recente lista de animais marinhos em perigo de extinção, publicada em 2014, traz várias espécies. Em situação crítica estão a esponja Corvomeyenia epilithosa, os caramujo-de-caverna Potamolithus karsticus e Potamolithus troglobius, vários caranguejos, entre eles o guaiamu Cardisoma guanhumi, e o pepino-do-mar Synaptula secreta. Recifes e corais do litoral brasileiro Explorações, pesquisas e preservação O Oceano Atlântico banha mais de 8 mil quilômetros de costa. Além do litoral, são 3,6 milhões de quilômetros quadrados de mar, uma área equivalente à Amazônia. A fauna e a flora marinha identificadas nessa área estão entre as mais ricas do planeta. Aqui estão os únicos bancos de corais do Atlântico Sul, com destaque para Abrolhos, na Bahia, e diversas espécies endêmicas. Tal riqueza não passou despercebida e as primeiras descrições dos recifes brasileiros foram realizadas ainda no século 19, pelo naturalista canadense Charles Frederick Hartt, durante a Expedição Thayer, iniciada em 1865. Hartt passou mais de um ano explorando a costa brasileira e formando uma coleção de inestimável valor, base do Museu Nacional do Rio de Janeiro. Ele foi um dos fundadores e diretor de geologia da instituição. O conhecido coral- couve-flor (Mussismilia harttii), endêmico, tem seu nome em homenagem ao naturalista, morto aos 38 anos, vítima de febre amarela. O trabalho de Hartt teve prosseguimento com as expedições organizadas por seu antigo assistente, o geólogo norte-americano John Casper Branner, durante a primeira década do século passado. Somente em 1960 o tema voltaria a ser aprofundado, com a histórica pesquisa de Jacques Laborel. Nascido na França, veio para o Brasil no início da década de 1960 e passou anos explorando os recifes coralíneos, em um trabalho de campo para sua tese de doutorado. Sua base era Recife (PE), mas ele vasculhou todo o litoral. É dele o primeiro grande levantamento sobre os corais e sua pesquisa ainda é uma referência para os cientistas. Tão importante quanto o estudo biológico é entender a história geológica dos recifes. Os trabalhos mais relevantes foram desenvolvidos no início da década de 1980, pela equipe da pesquisadora Zelinda Leão, da Universidade Federal da Bahia. Os estudos mostraram que os recifes brasileiros somente começaram a crescer há 7 mil anos, com a elevação do nível do mar e inundação da atual plataforma continental. Os corais cresceram em direção à superfície e seus esqueletos serviram de base para a fixação de novos corais e de outros organismos, formando assim os recifes. Essas estruturas acompanharam o ritmo da subida e descida do nível dos oceanos, atingindo maior tamanho há cerca de 5 mil anos. O mar atual está mais baixo e o peculiar formato dos chapeirões baianos está relacionado a essas mudanças. No entanto, há muitas variações ao longo da costa. Em termos de formações coralíneas, fauna e flora, o litoral pode ser dividido em três regiões, com características distintas. A primeira vai do norte do Rio Amazonas até o Rio Grande do Norte, e sofre forte influência da fauna caribenha. A segunda vai do Rio Grande do Norte até o Rio de Janeiro e é uma área de transição, com forte endemismo. E a terceira chega ao Rio Grande do Sul, já influenciada pelas frias águas subantárticas. A foz do Rio Amazonas marca a região litorânea do Norte do Brasil. A plataforma continental é larga e o litoral é conhecido pelos mangues e pelas dunas. Somente na região entre o Ceará e o Rio Grande do Norte a plataforma estreita-se. Sua fauna e flora marítimas são similares àquelas encontradas na região do Caribe. Praticamente inexplorado ao longo dos últimos séculos, o trecho foi objeto de novas pesquisas nas últimas duas décadas e revelou muitas surpresas. Uma das mais recentes é a confirmação da existência de recifes com rica vida marinha na região onde o Rio Amazonas encontra o Atlântico, com corais, esponjas e algas. O trabalho confirma as previsões dos biólogos marinhos de que o rio não é uma barreira natural entre a fauna brasileira e a do Caribe e que mesmo em ambientes rasos a carga de sedimentos ou a salinidade diferente das águas do rio não impedem o fluxo biológico entre os hemisférios Sul e Norte. Nesse sentido, o reduzido número de corais registradas na Região Norte – por exemplo, apenas sete das 59 espécies de octocorais encontradas no Brasil foram identificadas no litoral do Maranhão – deve-se muito mais à falta de pesquisas do que à ausência de condições para sua sobrevivência. A realização de pesquisas supre as lacunas. É o caso da descoberta, em 2005, de exemplares da gorgônia vermelha Leptogorgia punicea na Praia da Marcela, em São Luís. A espécie ocorria de Santa Catarina à Bahia e do Suriname até a Carolina do Norte, nos Estados Unidos. Sua identificação confirma a presença dessa flexível espécie em toda a costa oeste do Atlântico. O levantamento mais recente feito na costa Norte encontrou, na foz do Amazonas, exemplares da Acanthoptilum agassizii e da Thesea antiope. E na faixa até o Rio Grande do Norte, a Diodogorgia nodulifera, a Iciligorgia schrammi, a Leptogorgia miniata, a Pacifigorgia elegans, a Thelogorgia studeri e a Muriceopsis metaclados. Entre as áreas de mais rica biodiversidade da região está o Parque Estadual Marinho do Parcel de Manoel Luís, a 80 quilômetros da costa do Maranhão. Cenário do naufrágio de dezenas de embarcações, assoladas por fortes correntes marítimas e sem locais para atracação, reúne uma vasta formação de recifes submersos, com biodiversidade impressionante e pouco conhecida. Já no Ceará, o Parque Estadual Marinho da Pedra da Risca do Meio, localizado a 18 quilômetros de Fortaleza, reúne grandes recifes cobertos por corais, com quase um quilômetro de extensão. São abundantes em suas águas os corais-moles Palythoa caribaeorum, Protopalythoa variabilis e Zoanthus sociatus. A área entre o Rio Grande do Norte e o Rio de Janeiro abrange biomas diversos, das ilhas oceânicas de Fernando de Noronha às extraordinárias formações de Abrolhos, passando pela riqueza única das ressurgências do litoral fluminense. É considerado pelos biólogos um trecho de transição entre a área de influência do Caribe e a das águas subantárticas, ao Sul. O relevo submarino que vai do Cabo de São Roque (RN) à Baía de Todos os Santos (BA) é marcado pela presença de baixios isolados próximos à costa em vários trechos, como no litoral potiguar ou pernambucano, favoráveis à formação de recifes de arenito ou coralíneos. Eles seguem até a foz do Rio São Francisco, em uma linha próxima à costa, descontinuada, longa e estreita, de quase 800 quilômetros, raramente ultrapassando os50 metros de largura. Podem aflorar também em alto-mar, neste caso atingindo tamanhos consideráveis, como o Atol das Rocas. Bastante estreita até a Baía de Todos os Santos, a plataforma continental alarga-se progressivamente. É uma área marcada pela desembocadura de rios caudalosos, como o São Francisco, em Sergipe, Pardo, Jequitinhonha e Mucuri, na Bahia, e São Mateus e Rio Doce, no Espírito Santo. Na altura de Caravelas, no sul da Bahia, a plataforma alcança mais de 200 quilômetros e, junto a São Mateus (ES), aproxima-se bastante dessa largura. Constitui, assim, extensos planaltos submersos, com a faixa das pequenas profundidades colada às praias. Os trechos rasos servem de base para numerosos recifes coralinos, como os de Itacolomi, Abrolhos, Paredes e Prado. A vida marinha é abundante e os mais conhecidos bancos de corais do Brasil estão ali. Vale a pena destacar a Bacia Potiguar (RN), Fernando de Noronha (PE), Abrolhos (BA) e as áreas de ressurgência no Rio de Janeiro. A Bacia Potiguar, no Rio Grande do Norte, tem atraído um grupo cada vez maior de pesquisadores ao longo dos últimos anos, devido sua diversidade. Uma das mais celebradas descobertas recentes é a da concentração de fauna e flora em águas profundas, na área ao largo de Natal. No local, entre as profundidades 350 e 2.000 metros, foram coletados muitos octocorais – de forma acidental em redes de pesca ou em estações de pesquisa –, além de corais-negros da ordem Antipatharia, e vários exemplares de corais-duros. Na mesma região foram descobertos, em 2011, os primeiros registros no Atlântico Sul das espécies Riisea paniculata, Callogorgia Gilberti e Callogorgia gracilis. No Rio Grande do Norte encontram-se também os Parrachos de Maracajaú, parte da Área de Proteção Ambiental dos Recifes de Corais, entre os municípios de Maxaranguape, Rio do Fogo e Touros, no litoral Norte do estado. São formados por uma área com mais de 136 mil hectares. Os parrachos são os mais conhecidos – e explorados turisticamente –, mas diversas formações ocorrem na área. Uma das espécies predominantes é o coral-estrelinha. Ao largo da costa Nordeste, a 545 quilômetros do litoral, pertencente administrativamente a Pernambuco, fica o Arquipélago de Fernando de Noronha, reconhecido por suas belezas naturais. Sua biodiversidade é similar à do litoral, com alguns exemplares endêmicos. Os mergulhadores encontram a Favia gravida, as grandes colônias do coral-casca-de-jaca (Montastraea cavernosa) – a espécie mais característica da ilha –, além de exemplares de M. hispida, Siderastrea stellata e o coral-de-fogo-galhado (Millepora alcicornis), entre outras. O banco de recifes de Abrolhos é o maior do Atlântico Sul. Darwin o visitou, em 1832, a bordo do Beagle, mas foi o naturalista Louis Agassiz o primeiro a investigar sua extraordinária fauna e flora, durante a expedição Thayer, em 1865. Localizado a 200 quilômetros de Caravelas, no Sul da Bahia, o ecossistema de Abrolhos ocupa uma área de aproximadamente 6 mil quilômetros quadrados, formado por duas linhas de recifes paralelas à costa, além de ilhas vulcânicas, bancos de areia e canais. Seus corais são raros, com um elevado número de espécies endêmicas e arcaicas. As Milleporas são comuns, como a Millepora braziliensis e as grandes colônias do coral-de-fogo-galhado Millepora alcicornis, semelhantes a arbustos cor de mostarda e assim conhecidas por provocar queimaduras em quem encosta em seus ramos. As Milleporas estão muitas vezes em conjunto com gorgonáceas, como a Plexaurella grandiflora, a Muriceopsis sulphurea e a Phyllogorgia dilatata, conhecida como gorgônia orelha-de-elefante, endêmica do Brasil. Entre os corais-duros, estão principalmente as espécies Mussismilia braziliensis, M. hispida e a Siderastrea stellata. Há também grandes colônias de Montastrea cavernosa, com sua superfície marrom e aveludada, Scolymia wellsi e o coral-couve-flor Mussismilia harttii. O fundo, mais sedimentado, abriga o coral-flor- de-iemanjá Meandrina braziliensis. Nas ilhas próximas ao arquipélago, como a Ilha Redonda, as partes rasas contêm a M. braziliensis, a M. hispida e a Favia leptophylla, além de pequenas colônias de Favia gravida e do onipresente coral-estrelinha. No arco externo, os “chapeirões” são característicos. São grandes colunas formadas pelo coral-cérebro da Bahia e alcançam até dois metros, cercadas por pequenas colônias de Favia leptophylla e Siderastrea stellata. Em águas mais profundas, encontramos os corais-negros e o octocoral Carijoa riisei. Ao sul da região de Abrolhos, a foz de rios caudalosos limitou a formação de bancos coralíneos. Eles somente voltam a ser identificados no Espírito Santo, na região de Guarapari, em situação bastante ameaçada. Mas, na costa fluminense, o mar volta a revelar surpresas, como a que encantou Jacques Laborel na década de 1960: “É um oásis de corais!” De fato, o litoral do Rio de Janeiro tem uma formação privilegiada e concentra uma biodiversidade única. O motivo é o fenômeno conhecido como ressurgência. As águas geladas e ricas em nutrientes da corrente antártica seguem pelas profundezas do oceano Atlântico, ao longo da Argentina e do Sul do Brasil, e ressurgem na superfície na região próxima a Cabo Frio e ao Rio de Janeiro. As características dessas águas favorecem a proliferação de alimentos primários para a cadeia da vida, e todo o ecossistema é favorecido com uma rica diversidade marinha. A maior parte da costa fluminense beneficia-se da ressurgência. Um dos destaques é a região no entorno de Cabo Frio, como Arraial do Cabo e Armação de Búzios. Nos costões rochosos de ambas cidades os mergulhadores encontram exemplares das brasileiras Mussismilia hispida e do coral-estrelinha. As gorgônias, como a orelha-de-elefante e outras, são também facilmente achadas na região. Elas vivem nas águas tropicais de todos os oceanos, apresentando grande riqueza de formas e colorações. No Brasil, ocorrem diversas espécies, principalmente ao norte de Cabo Frio. Os agrupamentos assumem, em geral, aspectos semelhantes a arbustos secos, com muitos ramos retorcidos. A coloração pode ser bem viva, com tons delicados de rosa, vermelho ou amarelo-claro. Uma colônia de gorgônias pode alcançar grandes dimensões, ultrapassando os dois metros de altura. Permanece sempre sustentada por um eixo central, em geral córneo e muito raramente calcário. Os pólipos permanecem escondidos entre os muitos indivíduos e mostram ao exterior apenas a parte de cima de seus corpos. Mas a importância do litoral do Rio de Janeiro para a biodiversidade estende-se além dos famosos pontos de mergulho. A Bacia de Campos, ao largo, esconde em suas águas profundas um rico ecossistema, desconhecido pelo homem até poucas décadas. Pesquisas recentes vasculharam o talude continental – a íngreme área entre a plataforma e o sopé do continente, onde se iniciam as planícies abissais dos oceanos – e encontraram 32 espécies de octocorais e 11 de corais pétreos. O levantamento foi realizado entre 50 e 1.600 metros de profundidade. Os resultados referendam pesquisas feitas em todo o mundo, comprovando a riqueza da biodiversidade em profundidades elevadas. Nessas águas frias e sem luz, a temperatura, a salinidade e o volume de nutrientes disponíveis são cruciais para a sobrevivência. As correntes marítimas e os muitos cânions influenciam no fluxo da água e no transporte de alimentos, como o plâncton. Entre as raras espécies encontradas nas profundezas das águas do Rio de Janeiro estão os corais-duros Caryophyllia ambrosia, Deltocyathus sp., Stephanocyathus sp. e Solenosmilia variabilis. E também os octocorais Bebryce sp., Muriceopsis sp., Acanella sp., Anthoptilum murrayi e Umbellula thomsonii. Todos os octocorais foram registrados em profundidade superior aos mil metros, em uma área de influência das correntes intermediária de águas profundas do Atlântico. Essas correntes têm circulação mundial e, dos 20 gêneros de corais de águas profundas da Austrália, oito foram encontrados também na Bacia de Campos, como aAnthomastus grandiflorus e a Narella alvinae. O Rio de Janeiro marca uma inflexão na costa e, de sua divisa com São Paulo até o Rio Grande do Sul, a fauna e a flora, principalmente de invertebrados, ganha características diferentes daquelas encontradas no Norte, Nordeste e parte do Sudeste. Um dos motivos é a mudança na temperatura da água, agora sob influência das frias correntes da província subantártica. Os recifes coralíneos desaparecem, mas comunidades isoladas de corais são encontradas em diversos pontos do litoral paulista ao gaúcho. Até o final do século passado, considerava-se a região de baixa biodiversidade, mas as pesquisas recentes comprovaram que as lacunas se deviam à falta de investimento em exploração e identificação. Uma das regiões mais ricas – e mais estudadas – é o entorno da Ilha de Santa Catarina, onde fica Florianópolis. Suas praias e costões abrigam uma fauna variada. Pelo menos sete tipos de corais já foram encontrados em suas águas: Carijoa riisei, Ellisella elongata, Heterogorgia uatumani, Leptogorgia punicea, Muricea atlantica, Thesea bicolor e Tripalea clavaria. Ainda em Santa Catarina, na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo, está uma colônia de Madracis decactis, considerada o limite sul, no Oceano Atlântico, para a presença de corais recifais. Os corais estão localizados entre 6 e 15 metros de profundidade, cercados por esponjas, medusas e peixes. Assim como em toda a costa, pesquisas recentes confirmaram sua presença em águas profundas. Elas ocupam um importante nicho biológico, atuando como refúgio e berçário para outros animais e plantas, além de consolidarem áreas para a formação de novos corais. É o caso dos corais azooxantelados Madrepora oculata, Solenosmilia variabilis e Trochocyathus laboreli, localizados a mais de 125 metros abaixo do nível do mar, entre o Paraná e o Rio Grande do Sul. As espécies azooxanteladas não dependem da luz do sol para sobreviver. Sua energia vem dos nutrientes carregados pelas correntes marinhas de águas profundas e essa habilidade permite sua expansão por todos os oceanos do mundo. Existem 14 tipos de corais azooxantelados no Brasil. Das novas ocorrências, a M. oculata e a Solenosmilia variabilis são relevantes, por abrigarem grandes incrustações de outros seres invertebrados, como poliquetas, briozoários e outros corais. Ambas são reconhecidas pela formação de recifes de profundidade. Já o Trochocyathus laboreli, cujo nome homenageia o pesquisador Jacques Laborel, é um coral solitário encontrado com frequência na região Sul. Ecossistema ameaçado Aquecimento global e ocupação desordenada ameaçam corais As mudanças climáticas, a poluição e a ação do homem já danificaram de forma severa entre 30% e 40% dos recifes no mundo. A destruição afeta toda a frágil teia de interações, das microscópicas algas que vivem dentro dos corais aos grandes predadores que se alimentam em seu entorno. O aquecimento global é o risco mais visível, pois atinge até mesmo os corais e seres invertebrados de áreas remotas do planeta. O branqueamento é uma das piores consequências. Mesmo um pequeno aumento da temperatura das águas superficiais pode provocar o fenômeno, relacionado à perda, pelos corais, das zooxantelas. As zooxantelas são algas simbiontes fotossintetizantes presentes no tecido dos corais. Além de darem a cor, elas fornecem componentes orgânicos para a alimentação e, em contrapartida, recebem proteção e elementos químicos importantes para sua sobrevivência. A elevação da temperatura do mar interrompe essa frágil simbiose, causando a separação entre as algas e os corais. Como consequência, o coral perde a sua cor, tornando visível seu esqueleto calcário branco. Por isso o nome branqueamento. A incidência e a severidade do fenômeno podem afetar de forma negativa o crescimento, a manutenção e o desenvolvimento das comunidades coralíneas, chegando, em muitos casos, a provocar sua morte. Os corais sobrevivem por algum tempo após o branqueamento e podem recuperar-se, caso novas zooxantelas ocupem o organismo ou novos pólipos brotem. Mas o branqueamento é fatal caso não seja revertido em pouco tempo. A Grande Barreira de Corais da Austrália, patrimônio natural da humanidade, enfrentou diversos episódios de branqueamento ao longo das últimas décadas, sendo o pior entre 2015 e 2016, com mais de 80% de suas espécies afetadas. A recuperação tem sido lenta. Os primeiros registros de branqueamento no Brasil ocorreram no verão de 1993/1994, atingindo recifes desde a costa nordeste até comunidades em São Paulo. Em 1997/1998, o fenômeno El Niño causou a elevação da temperatura das águas em um grau, na região de Abrolhos, e a mudança causou o branqueamento parcial ou total de vários tipos, como a Agaricia agaricites, Mussismilia harttii, M. hispida, Porites astreoides e P. branneri. Além do branqueamento, a elevação da temperatura das águas é responsável pela disseminação das doenças de corais. Há claras evidências da ligação entre a atividade humana e o aumento do número de espécies afetadas. Mais de 35 doenças diferentes já foram registradas em corais em todo o mundo. A primeira descrita foi a da banda preta, reconhecida pelas manchas negras nos corais da região do Pacífico. Ela é causada pela cianobactéria Phormidium corallyticum, transmitida por peixes que se alimentam de corais. Duas doenças já foram identificadas no Brasil. A da banda branca ataca corais do gênero Acropora e é facilmente transmissível, sendo responsável por sua quase extinção na região do Caribe. É causada pelo Vibrio carchariae. Já a praga branca é disseminada pela bactéria Aurantimonas coralicida e, em seus vários tipos, atinge diversos corais. Ela foi verificada pela primeira vez nos corais do Caribe e do Pacífico, no final da década de 1970, e espalhou-se com rapidez nos anos 1990. As doenças tornam-se ainda mais perigosas em mares cada vez mais poluídos. Elementos como o fosfato, o nitrato e a amônia são comuns no esgoto sem tratamento e nos fertilizantes usados na agricultura. Sua presença nas águas aumenta a virulência dos microrganismos que atacam os corais. A pesca desordenada, ilegal ou excessiva é outro problema. Peixes como a garoupa e o badejo (e o mero, já praticamente extinto), carnívoros e históricos moradores dos recifes, tornaram-se escassos. Para manter a oferta, a indústria da pesca busca agora os budiões e outras espécies de peixes herbívoros. A redução da quantidade de budiões nos recifes resultou na proliferação das algas, que competem por espaço com os corais. Os corais sofrem também com o impacto da navegação, a atividade portuária e a exploração de recursos marinhos, do sal ao petróleo. Um exemplo dos riscos associados a estas atividades é a introdução de espécies invasoras. Desde o final da década de 1980 foram identificados, na região da Bacia de Campos, no Rio de Janeiro, exemplares do coral-sol Tubastraea sp. e do coral-mole Stereonephthya, espécies invasoras que podem desestabilizar os ecossistemas locais. Elas teriam chegado à região nos grandes cargueiros transportadores de petróleo. As primeiras manifestações em defesa dos corais ocorreram na Europa, nos anos 1960. O Mar Mediterrâneo sofria com os séculos de ocupação e exploração. O aumento da atividade industrial em toda a região contribuiu para a piora dos índices de qualidade da água do mar e os povos litorâneos assistiram à lenta diminuição da vida marinha. Seus corais, famosos na Antiguidade, citados por gregos e egípcios, estavam praticamente dizimados. A extração e o comércio foram proibidos e uma crescente regulamentação reduziu o lançamento de resíduos não tratados. Ainda assim, o Mar Mediterrâneo permanece como um dos mais ameaçados do mundo. Um marco na luta pela manutenção da biodiversidade marinha ocorreu com a adoção, pelos países membros da Organização das Nações Unidas, da Convenção sobre o Direito do Mar (Unclos, na sigla em inglês). Discutida ao longo da década de 1970 e finalizada em 1982, a convenção estabeleceu regras para temas polêmicos envolvendoo domínio territorial, o transporte marítimo e as obrigações ambientais. A convenção estabelece como princípio a obrigação de todos os países de proteger e preservar seus ecossistemas, além de incentivar a cooperação internacional para o monitoramento e a pesquisa. O Congresso ratificou a convenção em 1988 e, em 1992, o Rio de Janeiro sediou a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento. Conhecida também como Eco-92, a conferência reafirmou as diretrizes estabelecidas na década anterior e resultou na Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), ratificada pelo Brasil e outras centenas de países. O objetivo dessa convenção, em vigor desde 1994, é assegurar a diversidade biológica e seu compartilhamento por todo o mundo. É a principal sustentação legal para as ações globais de preservação. O compromisso com a natureza levou ao fortalecimento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma, ou Unep, na sigla em inglês), em atividade desde a década de 1970, e culminou na criação de um núcleo dedicado ao ecossistema. A unidade para Recifes de Corais da Unep (CRU), aberta em 2000, é hoje o principal agregador de programas, diretrizes e ações voltadas para a preservação de corais em todo o mundo. Sob sua coordenação, a ONU lançou, em 2001, o primeiro atlas mundial de corais de recife. É também a responsável pela Rede Global de Monitoramento dos Recifes de Coral (Global Coral Reef Monitoring Network), o mais importante programa de pesquisa e preservação de corais em andamento no mundo. No Brasil, as metas desenvolvidas a partir da Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU fazem parte do Programa Nacional de Diversidade Biológica (Pronabio), do Ministério do Meio Ambiente. O programa reúne órgãos governamentais e entidades da sociedade civil em ações voltadas para a preservação. As principais iniciativas para o conhecimento e a recuperação dos corais brasileiros fazem parte do Pronabio e seguem o Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Ambientes Coralíneos (Pan Corais), lançado em 2016. O plano tem como objetivo reduzir o impacto da ação humana nos ambientes coralíneos e ampliar a proteção e o conhecimento sobre os corais e também sobre 52 peixes e invertebrados aquáticos ameaçados de extinção. Entre essas espécies estão o pepino-do-mar Synaptula secreta, criticamente em perigo, a anêmona gigante Condylactis gigantea e o coral-couve-flor Mussismilia harttii, em risco de extinção, e os corais Millepora laboreli e Mussismilia braziliensis (coral-cérebro da Bahia), considerados vulneráveis. Até 2021, o plano estabeleceu ações para cumprir os seguintes objetivos: promover a integridade e manutenção dos habitats; contribuir para o controle e monitoramento da pesca; aumentar o conhecimento sobre ambientes coralíneos ainda pouco investigados; minimizar os conflitos de uso e impactos negativos no espaço marinho costeiro; contribuir para o ordenamento da atividade turística; prevenir a introdução e a disseminação de espécies exóticas e invasoras; e avaliar e minimizar poluições química, física, orgânica e biológica. Uma das principais organizações voltadas para a preservação é a ONG Projeto Coral Vivo, fundada pelos professores Clovis Castro e Débora Pires e liderada por pesquisadores de diversas instituições de pesquisa, entre elas a Universidade Federal do Rio de Janeiro e Universidade Federal Fluminense. O instituto assessorou o Ministério da Fazenda na criação das notas de R$ 100,00, ilustradas com o coral-flor-de-iemanjá Meandrina braziliensis, orelha-de- elefante Phyllogorgia dilatata, coral-cérebro da Bahia Mussismilia braziliensis e a gorgônia-de-fogo Muricea flamma. Com bases em Arraial d´Ajuda, na Bahia, e em Búzios, no Rio de Janeiro, o projeto atua na pesquisa, na educação ambiental e na mobilização social. Em paralelo, a Universidade Federal de Pernambuco coordena a seção nacional da Rede Global de Monitoramento dos Recifes de Coral. A rede incentiva a adoção, pelas equipes de pesquisadores e mergulhadores, do protocolo Reef Check para a avaliação da saúde dos ecossistemas de recifes. São procedimentos de fácil execução para medir, in loco, o tamanho, as condições e o número de exemplares de corais e outros seres invertebrados. Como é um procedimento padrão, os resultados podem ser comparados aos obtidos em todo o mundo. O monitoramento já foi feito na maioria das unidades federais de conservação marinha, além de várias estaduais e municipais, do Rio Grande do Norte ao litoral fluminense. É vital a manutenção e o aprimoramento das ações para a salvaguarda dos ambientes coralíneos, no Brasil e no mundo. Há centenas de milhões de anos nos mares, os corais enfrentam atualmente seu maior desafio para a sobrevivência. As mudanças climáticas e outras consequências da ação irresponsável do homem podem aniquilar não apenas esses seres, mas toda a frágil teia de espécies da fauna e flora dependentes entre si. E nessa teia encontra-se o homem. As paisagens submersas que encantaram os primeiros mergulhadores, desbravadas há apenas um século, podem transformar-se em desertos marinhos, privando as gerações futuras de beleza, conhecimento e vida. Créditos Coordenação editorial – Bushido Produções Textos: Prado A. Lobo Revisão: Letra Certa Copyright Bushido Produções Contato: imprensa@bushido.net.br DADOS INTERNACIONAIS PARA CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) A659r Aragão, Guilherme Corais do Brasil / Prado A. Lobo ; – 1. ed. – Rio de Janeiro : Bushido Produções , 2018. 80p. ISBN 1. Biologia I. Título. II. Título: Corais do Brasil CDD – 921.53
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