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Vanessa dos Santos Souza - Os reflexos da Lei Nº 13 49117 no ordenamento jurídico brasileiro

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Rondonópolis 
2020 
VANESSA DOS SANTOS SOUZA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OS REFLEXOS DA LEI Nº 13.491/17 NO ORDENAMENTO 
JURÍDICO BRASILEIRO: 
A AMPLIAÇÃO DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR 
 
Rondonópolis 
2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OS REFLEXOS DA LEI Nº 13.491/17 NO ORDENAMENTO 
JURÍDICO BRASILEIRO: 
A AMPLIAÇÃO DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à 
UNIC – Ary Coelho, como requisito parcial para 
a obtenção do título de graduada em Bacharel 
em Direito. 
Orientador: Paulo de Souza Freitas Junior. 
 
 
 
VANESSA DOS SANTOS SOUZA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VANESSA DOS SANTOS SOUZA 
 
 
OS REFLEXOS DA LEI Nº 13.491/17 NO ORDENAMENTO 
JURÍDICO BRASILEIRO: 
A AMPLIAÇÃO DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à 
UNIC – Ary Coelho, como requisito parcial para 
a obtenção do título de graduado em Bacharel 
em Direito. 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
Prof(a). Titulação Nome do Professor(a) 
 
 
Prof(a). Titulação Nome do Professor(a) 
 
 
Prof(a). Titulação Nome do Professor(a) 
 
 
Rondonópolis, dia de mês de 2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho em especial a minha 
família, que com seu apoio incondicional 
impulsionou-me na concretização deste 
sonho. 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço primeiramente a Deus, que em sua magnitude me concedeu saúde e 
perseverança para concluir mais esta etapa da minha vida. 
Agradeço minha mãe, Evanilde dos Santos Souza, por ser minha infinita fonte 
de inspiração, obrigada por seu exemplo e dedicação. 
Agradeço a meu pai, João Batista de Souza, por seus conselhos e puxões de 
orelha, que colaboraram para que me tornasse uma pessoa íntegra. 
Agradeço a minha irmã, Valéria dos Santos Souza, Bacharel em Direito, por suas 
inúmeras consultorias e debates. E a minha irmã Laryssa Fernanda dos Santos 
Souza, pela paciência e carinho. 
Agradeço aos meus filhos Lucas Emanoel e Miguel Lorenzo de Bairros, por 
serem minha maior e mais forte razão para continuar, o amor que sinto por vocês é o 
renova a cada instante minha vontade de viver e me reinventar. 
Agradeço em especial a meu esposo, Manoel Laudario de Bairros, por ter me 
apoiado e incentivado diariamente a conquistar mais esta etapa em meu 
aperfeiçoamento pessoal e profissional. 
Agradeço aos meus colegas de turma Mônica, Leonardo e Isadora, para mim 
somos e sempre seremos o melhor “quarteto fantástico”, graças a vocês a jornada 
tornou-se mais leve e prazerosa, obrigada por compartilharem comigo momentos 
únicos e inesquecíveis. 
Agradeço a todo corpo docente, obrigada pelos ensinamentos e dedicação 
ímpar, seus ensinamentos corroboram indescritivelmente para a conquista dos 
conhecimentos necessários para a formação desta discente, levitando a profissional 
que almejo ser. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Que todos os nossos esforços estejam sempre 
focados no desafio à impossibilidade. Todas as 
grandes conquistas humanas vieram daquilo que 
parecia impossível” (Charles Chaplin) 
 
SOUZA, Vanessa dos Santos Souza. Os reflexos da Lei nº 13.491/17 no 
ordenamento jurídico brasileiro: as novas competências da Justiça Militar. 2020. 27 
folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Bacharel em Direito) – UNIC, 
Rondonópolis, 2020. 
 
RESUMO 
 
A alteração do Artigo 9º, do Decreto-Lei nº 1.001/69, Código Penal Militar, através da 
promulgação da Lei nº 13.491, de 13 de outubro de 2017, ampliou o rol de crimes 
militares em tempo de paz, expandindo a competência da Justiça Militar Federal e 
Estadual, bem como, as atividades de polícia judiciária militar. As alterações 
implementadas pelo supramencionado diploma legal repercutiram tanto Direito Penal, 
quanto no Direito Penal Militar, vez que, na redação anterior os crimes militares 
estavam limitados apenas aos previstos no CPM, sendo que, na nova redação todas 
as figuras típicas delitivas previstas na legislação pátria passaram a ser abrangidas, 
estando descrita ou não no Código Penal Militar. Destarte, o presente estudo objetivou 
compreender e analisar os principais reflexos da Lei 13.49/17, para tanto, foi utilizada 
uma abordagem descritiva e qualitativa, por meio de pesquisas bibliográficas na Lei 
Seca e no acervo de obras de doutrinadores do ramo de direito. 
 
Palavras-chave: Lei 13.491/17; Direito Penal Militar; Crime Militar; Justiça Militar; 
Competência. 
 
SOUZA, Vanessa dos Santos Souza. The reflexes of Law nº 13.491 / 17 in the 
Brazilian legal system: the new competences of Military Justice. 2020. 27 sheets. 
Course Conclusion Paper (Graduation in Bachelor of Law) - UNIC, Rondonópolis, 
2020. 
 
ABSTRACT 
 
The amendment to Article 9, of Decree-Law No. 1,001 / 69, Military Penal Code, 
through the promulgation of Law No. 13,491, of October 13, 2017, expanded the list of 
military crimes in peacetime, expanding the jurisdiction of Justice Federal and State 
Military, as well as the activities of the military judicial police. The changes implemented 
by the aforementioned legal diploma had repercussions both in Criminal Law and in 
Military Criminal Law, since, in the previous wording, military crimes were limited only 
to those provided for in the CPM, and in the new wording all the typical criminal figures 
provided for in national law started to be covered, whether described or not in the 
Military Penal Code. Thus, the present study aimed to understand and analyze the 
main reflexes of Law 13.49 / 17, for this purpose, a descriptive and qualitative approach 
was used, through bibliographic research in the Lei Seca and in the collection of works 
of legal professors. 
 
Key-words: Law 13,491 / 17; Military Criminal Law; Military Crime; Military Justice; 
Competence. 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
CF/88 Constituição da República Federativa do Brasil 
CPM Código Penal Militar 
CPPM Código de Processo Penal Militar 
Art. Artigo 
PJM Polícia Judiciária Militar 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11 
 
2. DIREITO PENAL MILITAR .................................................................................. 12 
 
3. JUSTIÇA MILITAR ............................................................................................... 17 
 
4. CRIMES MILITARES COM O ADVENTO DA LEI Nº 13491 DE 13 DE 
OUTUBRO DE 2017 .................................................................................................... 21 
 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 25 
 
REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 26 
 
 
 
 
11 
1. INTRODUÇÃO 
 
O Código Penal Militar brasileiro sofreu uma significativa mudança, com o a 
advento da Lei 13.491, sancionada em 13 de outubro de 2017, que alterou o artigo 9º, 
do Decreto-Lei nº 1.001/692, a qual dispõe sobre os crimes militares em tempo de 
paz. 
Um dos principais reflexos da alteração do CPM no mundo jurídico foi 
ampliação da ação jurisdicional da Justiça Militar Federal e Estadual, bem como, o 
próprio conceito de crime militar, no concerne com a mudança, a Justiça Militar 
poderá, desde que previstos nas circunstancias elencadas no artigo 9º, julgar os 
crimes previstos tanto no Código Penal Militar, quanto, na legislação penal e leis 
extravagantes, com exceção aos crimes dolosos contra a vida de civil. 
É indubitável que a Lei nº 13.491/17, trouxe expressivas implicações jurídicas 
no que tange a competência da Justiça Militar, nesta seara, é de suma importância a 
análise da temática, devido seus incontestáveis reflexos, uma vez que, a alteração do 
Artigo 9º do Código PenalMilitar Brasileiro impactou todo o mundo jurídico, portanto, 
o presente estudo se justifica, na importância de compreender os principais reflexos 
da alteração do Código Penal Militar Brasileiro no meio jurídico, com fulcro nas novas 
Competências da Justiça Militar. 
Desta forma, o presente estudo objetiva compreender e analisar a Lei nº 
13.491/17 e os seus principais reflexos na Competência da Justiça Militar. Para tanto, 
almejando melhor compreensão da temática, o texto foi dividido em três capítulos. No 
primeiro capítulo estudou-se o Direito Penal Militar, objetivando compreender sua 
finalidade. O segundo capítulo discutiu as novas atribuições e competências da 
Justiça Castrense, analisando as principais consequências jurídicas advindas da Lei 
nº 13.491/2017. Por fim, o terceiro capítulo discutiu acerca da alteração no rol de 
crimes militares. 
Por conseguinte, para elaboração do texto dissertativo expositivo, foram 
realizadas pesquisas bibliográficas, com aporte em legislações vigentes, 
jurisprudências, doutrinas e artigos pertinentes a temática em questão, sendo utilizada 
uma abordagem qualitativa e descritiva. 
 
 
12 
2. DIREITO PENAL MILITAR 
 
Atualmente a principal lei militar no Brasil é a Carta Magna, seguida do Código 
Penal Militar (CPM), Decreto Lei nº 1.001, de 21 de outubro de 1969 e Código de 
Processo Penal Militar (CPPM), Decreto Lei nº 1.002, de 21 de outubro de 1969, 
seguida de demais leis extravagantes. 
O CPM é composto de duas partes: Parte Geral (artigos do 1 ao 135) e a Parte 
Especial, que por sua vez, é dividida em Livro I (crimes militares em tempo de paz - 
artigos do 136 ao 354) e Livro II (crimes militares em tempo de guerra - artigos do 355 
a 408). 
Como demais normas infraconstitucionais, o CPM, deve obediência e 
submissão a Carta Magna brasileira, estando desta forma inserido na pirâmide 
normativa, “assim, como o ordenamento militar (expressão militar do Poder Nacional) 
está inserido no ordenamento geral do Estado, a lei penal militar se insere no tronco 
da legislação penal comum e na legislação que rege o Estado, em última análise” 
(COSTA, 2005, p. 43). 
O Direito Penal Militar (DPM), trata-se de um ramo autônomo do Direito Penal, 
que regula a matéria de natureza militar, podendo ser de caráter constitucional, penal 
ou administrativo, disciplinando as relações entre seus membros, bem como, os 
interesses inerentes às instituições militares. Conforme leciona Ione de Souza Cruz e 
Claudio Amin Miguel: 
 
É um ramo do Direito Penal, especial, criado não com a finalidade de definir 
crimes para militares, mas sim de criar regras jurídicas destinadas à proteção 
das instituições militares e o cumprimento de seus objetivos constitucionais 
(CRUZ; MIGUEL, 2005, p. 01). 
 
Nesse sentido, Guilherme de Souza Nucci explica que o DPM se trata de um 
“ramo especializado do Direito, possuidor de um corpo de normas próprias voltadas à 
instituição de infrações penais militares, a fim de garantir os basilares princípios das 
Forças Armadas: hierarquia e disciplina” (NUCCI, 2014, p. 3). 
Mister salutar, que o DPM é especial “não só porque se aplica a uma classe de 
indivíduos, como também, pela natureza do bem jurídico tutelado” (LOBÃO, 2006, p. 
42), no concerne, a hierarquia e disciplina, como esclarecem Cruz e Miguel: 
 
Essa especialização se justifica na medida em que entendemos que a 
sociedade civil tem como base a liberdade, enquanto as instituições militares 
 
 
13 
se fundam na hierarquia e na disciplina, seus princípios basilares. Essa visão 
torna-se muito clara quando observamos que o Código Penal Militar - 
instituído pelo Decreto-lei nº 1001 de 21.10.1969 estabelece como bens 
jurídicos tutelados a autoridade e disciplina militar, o serviço e o dever militar, 
definindo como crimes a deserção, a recusa de obediência, o desrespeito à 
superior etc., conduta essas que não apresentam qualquer relevância para 
a sociedade civil, mas de fundamental importância para o regular 
funcionamento das instituições militares (CRUZ; MIGUEL, 2005, p. 1). 
 
A respeito, Nucci entende que: 
 
O Código Penal (Decreto-lei 2.848/40) tutela inúmeros bens jurídicos, dentre 
os quais a vida, o patrimônio, a dignidade sexual, a fé pública, a administração 
da justiça etc. O Código Penal Militar tutela, igualmente, variados bens 
jurídicos, porém, sempre mantendo escalas: num primeiro plano, por se tratar 
de ramo específico do direito penal, tem por bem jurídico constante, presente 
em todas as figuras típicas, de modo principal ou secundário, o binômio 
hierarquia e disciplina, bases organizacionais das Forças Armadas (art. 142, 
caput, CF); num segundo plano, não menos relevante, os demais, como vida, 
integridade física, honra, patrimônio etc. A constatação dos valores de 
hierarquia e disciplina, como regentes da carreira militar, confere legitimidade 
à existência do direito penal militar e da Justiça Militar (arts. 122 a 124, CF) 
(NUCCI, 2014, p. 3). 
 
Note-se, que a Hierarquia e Disciplina, constituem os pilares das instituições 
militares, são verdadeiros princípios basilares da caserna e do DPM, quer seja na 
esfera federal, ou estadual. Conforme se observa nos termos da Lei 6.880/80, a qual 
dispõe sobre o Estatuto dos Militares: 
 
Art. 14. A hierarquia e a disciplina são a base institucional das Forças 
Armadas. A autoridade e a responsabilidade crescem com o grau hierárquico. 
§ 1º A hierarquia militar é a ordenação da autoridade, em níveis diferentes, 
dentro da estrutura das Forças Armadas. A ordenação se faz por postos ou 
graduações; dentro de um mesmo posto ou graduação se faz pela 
antiguidade no posto ou na graduação. O respeito à hierarquia é 
consubstanciado no espírito de acatamento à sequência de autoridade. 
§ 2º Disciplina é a rigorosa observância e o acatamento integral das leis, 
regulamentos, normas e disposições que fundamentam o organismo militar e 
coordenam seu funcionamento regular e harmônico, traduzindo-se pelo 
perfeito cumprimento do dever por parte de todos e de cada um dos 
componentes desse organismo. 
§ 3º A disciplina e o respeito à hierarquia devem ser mantidos em todas as 
circunstâncias da vida entre militares da ativa, da reserva remunerada e 
reformados (BRASIL, 1980). 
 
Desta forma, é imprescindível compreender o real significado e a importância 
da hierarquia e disciplina no âmbito militar, uma vez que, a obediência dos militares a 
estes dois alicerces, assegura a soberania do Estado, bem como, a manutenção da 
ordem pública, conforme ensina José Luiz Dias Campos Júnior: 
 
Não se confundem, como se vê, hierarquia e disciplina, mas são termos 
correlatos, no sentido de que a disciplina pressupõe relação hierárquica. 
 
 
14 
Somente se é obrigado a obedecer, juridicamente falando, a quem tem poder 
hierárquico. ‘Onde há hierarquia, com superposição de vontades, há 
correlativamente, uma relação de sujeição objetiva, que se traduz na 
disciplina, isto é, no rigoroso acatamento pelos elementos dos graus 
inferiores da pirâmide hierárquica, às ordens, normativas ou individuais, 
emanadas dos órgãos superiores. A disciplina é, assim um corolário de toda 
organização hierárquica’ (CAMPOS JÚNIOR, 2006, p. 136). 
 
A hierarquia e disciplina constituem valores indissociáveis, sendo que, sua 
observância e cumprimento se trata de um dever, uma obrigação inerente a todo 
militar. O Regulamento Disciplinar do Exército, Decreto nº 4.346, de 26 de agosto de 
2002, estabelece: 
 
Art. 7º A hierarquia militar (grifo nosso) é a ordenação da autoridade, em 
níveis diferentes, por postos e graduações. 
 
Parágrafo único. A ordenação dos postos e graduações se faz conforme 
preceitua o Estatuto dos Militares. 
 
Art. 8º A disciplina militar (grifo nosso) é a rigorosa observância e o 
acatamento integral das leis, regulamentos, normas e disposições, 
traduzindo-se pelo perfeito cumprimento do dever por parte de todos e de 
cada um dos componentesdo organismo militar. 
 
§ 1o São manifestações essenciais de disciplina: 
 
I - a correção de atitudes; 
 
II - a obediência pronta às ordens dos superiores hierárquicos; 
 
III - a dedicação integral ao serviço; e 
 
IV - a colaboração espontânea para a disciplina coletiva e a eficiência das 
Forças Armadas. 
 
§ 2º A disciplina e o respeito à hierarquia devem ser mantidos 
permanentemente pelos militares na ativa e na inatividade. (grifo nosso) 
(BRASIL, 2002) 
 
Não obstante, o Estatuto dos Militares, Lei nº 6.880, de 09 de dezembro de 
1980, dispõe: 
 
Art. 14. A hierarquia e a disciplina são a base institucional das Forças 
Armadas. A autoridade e a responsabilidade crescem com o grau hierárquico. 
 
§ 1º A hierarquia militar é a ordenação da autoridade, em níveis diferentes, 
dentro da estrutura das Forças Armadas. A ordenação se faz por postos ou 
graduações; dentro de um mesmo posto ou graduação se faz pela 
antigüidade no posto ou na graduação. O respeito à hierarquia é 
consubstanciado no espírito de acatamento à seqüência de autoridade. 
 
§ 2º Disciplina é a rigorosa observância e o acatamento integral das leis, 
regulamentos, normas e disposições que fundamentam o organismo militar e 
coordenam seu funcionamento regular e harmônico, traduzindo-se pelo 
 
 
15 
perfeito cumprimento do dever por parte de todos e de cada um dos 
componentes desse organismo. 
 
§ 3º A disciplina e o respeito à hierarquia devem ser mantidos em todas as 
circunstâncias da vida entre militares da ativa, da reserva remunerada e 
reformados. 
 
José Afonso da Silva, aduz que: 
 
Hierarquia é o vínculo de subordinação escalonada e graduada de inferior a 
superior. Ao dizer-se que as Forças Armadas são organizadas com base na 
hierarquia sob a autoridade do Presidente da República, quer-se afirmar que 
elas, além da relação hierárquica interna a cada uma das armas, subordinam-
se em conjunto ao Chefe do Poder Executivo federal, que delas é o 
comandante supremo (art. 84,XIII). Disciplina é o poder que têm os superiores 
hierárquicos de impor condutas e dar ordens aos inferiores. Correlativamente, 
significa o dever de obediência dos inferiores em relação aos superiores. 
Declarar-se que as Forças Armadas são organizadas com base na disciplina 
vale dizer que são essencialmente obedientes, dentro dos limites da lei, a 
seus superiores hierárquicos (SILVA, 2012, p. 775). 
 
Portanto, há de se observar que o Direito Penal Militar visa proteger as 
instituições militares, bem como, tutelar o cumprimento de seus objetivos 
constitucionais, almejando a disciplina militar em seus aspectos orgânico, funcional e 
institucional. 
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CF/88), preconiza 
em seu artigo 142 que: 
 
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela 
Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, 
organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade 
suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à 
garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da 
lei e da ordem (BRASIL, 1988). 
 
No tocante, é imprescindível esclarecer a diferença entre os militares federais, 
elencados no supracitado artigo, cuja a competência é a defesa da Pátria, a garantia 
dos poderes constitucionais, da lei e da ordem, dos militares estaduais, força auxiliar, 
a qual incumbe a preservação da ordem pública, elencados na Carta Magna nos 
seguintes dispositivos: 
 
Art. 42 - Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, 
instituições organizadas com base na hierarquia e disciplina, são militares dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. 
 
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de 
todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade 
das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: 
I - polícia federal; 
II - polícia rodoviária federal; 
 
 
16 
III - polícia ferroviária federal; 
IV - polícias civis; 
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. 
VI - polícias penais federal, estaduais e distrital... 
 
§ 6º As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares ... 
(BRASIL, 1988). 
 
Em síntese, a Polícia Militar e o Corpos de Bombeiros Militar são instituições 
destinadas à preservação da integridade física e patrimonial do cidadão, e salubridade 
pública, já as Forças Armadas, são responsáveis pelas questões de segurança 
nacional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
3. JUSTIÇA MILITAR 
 
A Justiça Militar compete julgar os crimes militares definidos em lei, analisando 
a natureza do crime e a condição pessoal do acusado, está inserida no rol das Justiças 
Especializadas. A “Justiça Militar brasileira é sui generis, apresentando duas espécies 
distintas, a saber, a Justiça Militar da União e a Justiça Militar Estadual” (ASSIS, 2005, 
p. 198). Possui previsão expressa no artigo 92, da CF/88: 
 
Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário: 
I - o Supremo Tribunal Federal; 
I-A - o Conselho Nacional de Justiça; 
II - o Superior Tribunal de Justiça; 
II-A - o Tribunal Superior do Trabalho; 
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; 
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho; 
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais; 
VI - os Tribunais e Juízes Militares; 
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios. 
§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os 
Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal. 
§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição em 
todo o território nacional. (BRASIL, 1988, grifo nosso). 
 
A CF/88 dispõe acerca da competência para julgar matéria militar, positivando-
a nos artigos a seguir aduzidos: 
 
Art. 124. À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares 
definidos em lei. 
Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o funcionamento e a 
competência da Justiça Militar. 
 
Destarte, a Justiça Militar trata-se de um órgão especializado do Poder 
Judiciário, com competência de julgar os crimes tipificados em lei, onde por meio de 
processo investigatório do Inquérito Policial Militar (IPM), averígua-se as razões legais 
para propositura da ação penal na Justiça Militar. 
Trata de conteúdos específicos da vida castrense, com aporte em legislação 
específica, sendo exercida em ordem crescente de competência, nos termos do artigo 
122 da CF/88: 
 
Art. 122. São órgãos da Justiça Militar: 
I - o Superior Tribunal Militar; 
II - os Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei. 
 
Art. 123. O Superior Tribunal Militar compor-se-á de quinze Ministros 
vitalícios, nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a 
indicação pelo Senado Federal, sendo três dentre oficiais-generais da 
Marinha, quatro dentre oficiais-generais do Exército, três dentre oficiais-
 
 
18 
generais da Aeronáutica, todos da ativa e do posto mais elevado da carreira, 
e cinco dentre civis. 
Parágrafo único. Os Ministros civis serão escolhidos pelo Presidente da 
República dentre brasileiros maiores de trinta e cinco anos, sendo: 
I - três dentre advogados de notório saber jurídico e conduta ilibada, com mais 
de dez anos de efetiva atividade profissional; 
II - dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e membros do Ministério 
Público da Justiça Militar. 
 
Salientasse que, a Justiça Militar da União “com competência exclusivamente 
penal, incumbe-lhe processar e julgar os crimes militares definidos em lei” (LENZA, 
2015, p. 889), conforme supracitado no artigo 124, da CF/88, com atuação em todo o 
território brasileiro. No concerne, Ribeiro explica: 
 
A Justiça Militar da União posiciona-se em situação de destaque dentro da 
estrutura da Justiça da República, representada pelo Superior Tribunal Militar, 
no mesmo nível dos demais tribunais superiores. Atua emtodo o país dividida 
em 12 circunscrições judiciárias militares distribuídas no território nacional em 
18 auditorias militares, responsáveis pela aplicação das leis militares nos 27 
estados da Federação. Nas auditorias atuam 18 juízes auditores, e outros 18 
substitutos. As auditorias compõem o que se chama de primeira instância da 
Justiça Militar da União. Os cargos para juízes auditores são providos 
mediante concurso público. A segunda instância, e última, é exercida pelo 
Superior Tribunal Militar, fisicamente instalado em Brasília (DF), na Praça dos 
Tribunais Superiores, desde 1973 (RIBEIRO, 2008, p. 46). 
 
Já a Justiça Militar Estadual, compete dirimir os conflitos relacionados a vida 
castrense dos Estados, tal como disciplina o artigo 125, da CF/88, a qual estabelece 
que os Estados organizarão a Justiça Militar, conforme princípios descritos neste 
aparato legal (BRASIL/88). Nos parágrafos 3º à 5º, preconizam que a estrutura e a 
competência da Justiça Militar Estadual no que tange a processar e julgar os militares 
dos Estados em relação aos crimes militares previstos em lei, assim como, decidir 
sobre a perda de posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças. (BRASIL, 
2000, p. 75). 
Em treze de outubro de dois mil e dezessete, o Poder Executivo da União, 
sancionou a Lei nº 13.491, de vigência imediata, a qual gerou mudanças significativas 
no Artigo 9º do Código Penal Militar, Decreto-Lei nº 1001/69. Destarte, a alteração 
redefiniu o conceito de certos crimes militares em tempos de paz, estabelecendo um 
significativo alargamento da matéria de competência da Justiça Militar dos Estados e 
da Justiça Militar da União. 
Para Fabiano Prestes e Mariana Nascimento (2017, p. 49) a competência “é a 
delimitação da jurisdição da autoridade investida do poder de aplicar o Direito ao caso 
concreto”, desta forma, foi ampliada a competência da Justiça Militar, o que acarretou 
 
 
19 
grande alvoroço no mundo jurídico brasileiro, vez que, “sendo assim, todos os 
processos em que não há sentença já transitada em julgado, deverão ser transferidos 
para a justiça castrense, sendo essa competente para analisar a aplicação da lei” 
(ASSIS, 2018, p. 9). 
Mister salutar que, Lei n° 13.491/2017 ampliou substancialmente a 
competência jurisdicional da Justiça castrense, ao estabelecer que os crimes dolosos 
contra a vida de civil cometidos pelos militares das forças armadas nos contextos 
previstos no Art. 9°, § 2°, serão de competência da Justiça Militar da União, como se 
observa: 
 
Decreto-Lei nº 1.001/69 (CPM): 
Art.9º. Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: 
[...] Parágrafo único. Os crimes de que trata este artigo quando dolosos contra 
a vida e cometidos contra civil serão da competência da justiça comum, salvo 
quando praticados no contexto de ação militar realizada na forma do 
art.303, da Lei nº 7.565, de 19 de dezembro de 1986 (Código Brasileiro 
de Aeronáutica). (BRASIL, 1969, p.2, grifos nossos). 
 
Decreto-Lei nº 1.001/69 (CPM) após a Lei N° 13.491/2017: 
Art.9º. Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: [...] 
§1º. Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e 
cometidos por militares contra civil, são da competência do Tribunal do Júri. 
§2º. Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e 
cometidos por militares das Forças Armadas contra civil, serão da 
competência da Justiça Militar da União, se praticados no contexto: 
I – do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo 
Presidente da República ou pelo ministro de Estado da Defesa; 
II – de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão 
militar, mesmo que não beligerante; ou 
III – de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e 
da ordem ou de atribuição subsidiária, realizadas em conformidade com o 
disposto no art.142 da Constituição Federal e na forma dos seguintes 
diplomas legais: 
a) Lei nº 7.565, de 19 de dezembro de 1986 – Código Brasileiro de 
Aeronáutica; 
b) Lei Complementar nº 97, de 9 de junho de 1999; 
c) Decreto-Lei nº 1.002, de 21 de outubro de 1969 – Código de Processo 
Penal Militar; d) Lei nº 4.737, de 15 de julho de 1965 – Código Eleitoral. 
(BRASIL, 2017, p.1, grifos nossos). 
 
Nesse contexto, sobre o exercício da polícia judiciária militar, Neves precípua 
que: 
 
realiza um complexo de atividades voltadas à repressão das infrações penais 
militares, exercendo seu poder de policia, como a realização de 
investigações, dos inquéritos policiais militares, dos autos de prisão em 
flagrante delito, da instrução provisória de deserção ou de insubmissão, e 
assim atuando como auxiliar da Justiça, Militar” e não do Poder Judiciário 
Militar (NEVES, 2014, p. 242). 
 
 
 
20 
No tocante, Lobão destaca: 
 
A polícia judiciária militar é exercida pela autoridade castrense, nas 
corporações militares sob seu comando, independentemente do local da 
prática do crime, quando o objeto jurídico da tutela penal militar são bens e 
interesses das referidas corporações militares (LOBÃO, 2009, p. 45). 
 
O artigo 8º do Código de Processo Penal Militar, estabelece as atribuições da 
Polícia Judiciária Militar, in verbis: 
 
Art. 8º Compete à Polícia judiciária militar: 
a) apurar os crimes militares, bem como os que, por lei especial, estão 
sujeitos à jurisdição militar, e sua autoria; 
b) prestar aos órgãos e juízes da Justiça Militar e aos membros do Ministério 
Público as informações necessárias à instrução e julgamento dos processos, 
bem como realizar as diligências que por eles lhe forem requisitadas; 
c) cumprir os mandados de prisão expedidos pela Justiça Militar; 
d) representar a autoridades judiciárias militares acerca da prisão preventiva 
e da insanidade mental do indiciado; 
e) cumprir as determinações da Justiça Militar relativas aos presos sob sua 
guarda e responsabilidade, bem como as demais prescrições deste Código, 
nesse sentido; 
f) solicitar das autoridades civis as informações e medidas que julgar úteis à 
elucidação das infrações penais, que esteja a seu cargo; 
g) requisitar da polícia civil e das repartições técnicas civis as pesquisas e 
exames necessários ao complemento e subsídio de inquérito policial militar; 
h) atender, com observância dos regulamentos militares, a pedido de 
apresentação de militar ou funcionário de repartição militar à autoridade civil 
competente, desde que legal e fundamentado o pedido (BRASIL, 1969). 
 
No concerne Aury Lopes Junior, assevera: 
 
Enfim, a nova lei vai muito além da questão da competência do júri. 
Representa uma significativa ampliação da competência das Justiças 
Militares da União e dos estados, que agora terão de dar conta de uma 
imensa demanda para a qual não estão preparadas e tampouco foram 
criadas. Esse entulhamento exigirá um substancial investimento na estrutura 
das Justiças Militares e também na própria investigação preliminar no âmbito 
militar, o que dificilmente ocorrerá a médio prazo. Como se trata de lei 
processual penal, com aplicação imediata – inclusive para processos em 
curso, repita-se -, é evidente que esse deságue inesperado de processos irá 
gerar grande impacto na administração da Justiça Militar (LOPES JR, 2017). 
 
Contudo, é indubitável que a Justiça Militar, com a Lei n° 13.491/2017, teve 
maximizada suas competências e atribuições, ao ser ampliado o rol de crimes de 
competência da justiça castrense, refletindo não só no Direito Penal Militar, mas 
também no Direito Penal. 
 
 
 
21 
4. CRIMES MILITARES COM O ADVENTO DA LEI Nº 13491 DE 13 DE 
OUTUBRO DE 2017 
 
Este capítulo versa sobre os crimes militares, com o advento da Lei nº 
13.491/17, sendo que, para melhor compreensão dá temática há de se denotar a priori 
o conceito de crime no CPM. A justiça castrense, adota a teoria tripartida para crime, 
ou seja, fato típico, antijurídico e culpável. 
O crime militar é toda ofensa ou violação dos deverese obrigações militares, 
bem como, a violação aos deveres gerais, comuns a todos indivíduos, positivadas no 
ordenamento jurídico pátrio. Para Jorge César de Assis, crime militar é: 
 
Crime Militar – é toda a violação acentuada ao dever militar e aos valores das 
instituições militares. Distingue-se da transgressão disciplinar porque esta é 
a mesma violação, porém na sua manifestação elementar e simples. A 
relação entre crime militar e transgressão disciplinar é a mesma que existe 
entre crime e contravenção penal. (ASSIS, 2006, p. 37) 
 
Na esteira, Lobão acentua: 
 
A infração penal prevista na lei penal militar que lesiona bens ou interesses 
vinculados à destinação constitucional das instituições militares, às suas 
atribuições legais, ao seu funcionamento, à sua própria existência, no aspecto 
particular da disciplina, da hierarquia, da proteção à autoridade militar e ao 
serviço militar (LOBÂO, 2006, p.56). 
 
Os crimes militares próprios são “aqueles previstos exclusivamente no Código 
Penal Militar, sem similar na legislação penal comum (p. ex.: motim – art. 149, 
conspiração – art. 152, dormir em serviço – art. 203” (ESTEFAM, 2018, P.476). Na 
mesma linha, Greco define crime militar próprio da seguinte forma: 
 
São próprios os crimes militares quando a previsão do comportamento 
incriminado somente encontra moldura no Código Penal Militar, não havendo 
previsão de punição do mesmo comportamento em outras leis penais (Código 
Penal ou legislação penal extravagante). Assim, por exemplo, o art. 203 do 
Código Penal Militar prevê o delito de dormir em serviço [...] (GRECO, 2017, 
p. 248). 
 
Já os crimes impropriamente militares são aqueles cujo tipo penal pode ser 
encontrado tanto no CPM, quanto no Código Penal, conforme Romeiro, podem ser 
definidos como: 
 
(...) crimes impropriamente militares são os que, comuns em sua natureza, 
podem ser praticados por qualquer cidadão, civil ou militar, mas que, quando 
praticados por militar em certas condições, a lei considera militares, como os 
crimes de homicídio e lesão corporal, os crimes contra a honra, os crimes 
 
 
22 
contra o patrimônio, os crimes de tráfico ou posse de entorpecentes, o 
peculato, a corrupção, os crimes de falsidade, entre outros. São também 
impropriamente militares os crimes praticados por civis, que a lei define como 
militares, como o de violência contra sentinela (CPM, art. 158). 
 
Neves e Streifinger (2012, p. 114), à cerca dos critérios preconizam que: 
 
o critério ratine persona resta configurado no crime militar, com a presença 
da condição de militar nos sujeitos ativo e passivo da relação que envolve o 
delito, enquanto que aos critérios ratione temporis e ratione loci, são 
referendados no ponto em que configuram crimes militares quando da 
incidência de circunstâncias que envolvam determinados períodos de tempo 
ou local. 
 
A alteração do artigo 9º, II, do CPM, através da publicação da Lei 13.491/17, 
ampliou significativamente o rol de crimes militares. Desta forma, para melhor 
entendimento da problemática em questão é imprescindível a análise efetiva da letra 
de lei, conforme o texto antigo e o atual, que se segue pormenorizado: 
 
Decreto-Lei nº 1.001/69 (CPM): 
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: 
I - os crimes de que trata este Código, quando definidos de modo diverso na 
lei penal comum, ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo 
disposição especial; 
II – os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com 
igual definição na lei penal comum, quando praticados: 
a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na 
mesma situação ou assemelhado; 
b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à 
administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou 
assemelhado, ou civil; 
c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de 
natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à 
administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou civil; 
d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da 
reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; 
e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio 
sob a administração militar, ou a ordem administrativa militar; 
f) revogada. [...](BRASIL, 1969, p.2, grifo nosso). 
 
 
Decreto-Lei nº 1.001/69 (CPM) após a Lei N° 13.491/2017: 
Art.9º. Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: [...] 
II – os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, 
quando praticados: [...](BRASIL, 2017, p.1, grifo nosso). 
 
Note-se que, enquanto a redação anterior só alcançava os crimes impróprios 
previstos no CPM, com a supracitada alteração o conceito de crime militar adquiriu 
uma nova roupagem, abrangendo todas as figuras típicas delitivas previstas na 
legislação brasileira, independentemente de previsão correspondente na parte 
especial do CPM. Assim, Galvão ensina: 
 
 
23 
 
Agora, deve-se entender por crime militar a infração penal prevista no Código 
Penal Militar ou na legislação penal que lhe seja extravagante e que lesiona 
bens jurídicos por meio da inadequada realização de por meio da inadequada 
realização de atividades inerentes às instituições militares no cumprimento da 
missão constitucional, neles incluídos os que interessam à existência e ao 
regular funcionamento das instituições militares, como os seus princípios 
organizacionais da disciplina e da hierarquia (GALVÃO, 2018, p. 66). 
 
No que tange os crimes militares por extensão Ronaldo João Roth disciplina: 
 
É na regra contida no inciso II do art. 9º do CPM que reside a maior alteração 
da novel Lei, pois a redação do aludido dispositivo é expressa ao prever que, 
além dos crimes definidos no próprio CPM, todos os demais crimes previstos 
na legislação penal comum – ressalvada a competência do Júri nos crimes 
dolosos praticados contra vida de civil (§1º) -, se praticados numa das 
hipóteses taxativas previstas nas alíneas do inciso II do art. 9º do CPM, são 
considerados crimes militares e, portanto, de competência da Justiça Militar. 
Destarte, com a novel Lei, haverá possibilidade de outros tipos penais, 
estranhos ao CPM, serem de competência da JMU e da JME... (ROTH, 2017, 
p. 32) 
 
Mister salutar que, a Lei 13.491/17 não tipificou novos crimes, apenas ampliou 
o rol para aqueles também elencados no CP, cometidos nas condições estabelecidas 
no artigo 9º do CPM, com a ressalva para os crimes dolosos contra civil. No tocante 
Assis assevera que: 
 
O conceito de crime militar é fruto da redação do art. 9° do CPM que, em seus 
três incisos vincula esse conceito não apenas aos crimes previstos na parte 
especial do CPM, mas amplia o rol com a nova redação do inciso II, de sorte 
que diante das circunstâncias descritas nas suas alíneas “a” a “e” são também 
crimes militares aqueles tipificados na lei penal comum. Não houve 
modificação da competência da Justiça Militar, mesmo porque só por meio 
de Emenda Constitucional pode-se modificar tal competência. O que a Lei n. 
13.491/2017 alterou foi o rol de crimes que fogem da competência da justiça 
comum quando cometidos nas condições do art. 9° do CPM. Não houve, de 
igual modo, inclusão de novos tipos penais ao CPM. Permanece incólume a 
competência da Justiça Militar da União e dos Estados para o processo e 
julgamento dos crimes militares definidos em lei, assim entendidos os crimes 
previstos na parte especial do CPM e aqueles tipificados no CP e na 
legislação penal extravagante. Quanto à prática, por militares, de crimes 
dolosos contra a vida e que tem como vítima civil, a nova redação dos §§ 1° 
e 2° caminham em sintonia com o comando Constitucional, preservando-se 
a jurisdição militar e a competência do tribunal do júri. Acertadamente, 
substituiu o legislador o termo “justiça comum” por “tribunal do júri” e, uma 
vez mais, resta evidenciada a possibilidadejurídica de se instituir o tribunal 
do júri na Justiça Militar dos Estados (ASSIS, 2018, p.20). 
 
No tocante, Roth leciona que: 
 
Como a novel Lei 13.491/17 temos agora três categorias de crimes militares: 
1) crimes militares próprios, que são previstos exclusivamente no CPM; 
2) crimes militares impróprios, aqueles que encontram-se dispostos dentro do 
CPM mas também estão previstos com igual definição na lei penal comum; 
 
 
24 
3) crimes militares por extensão [crimes militares extravagantes ou crimes 
acidentalmente militares], que estão previstos fora do CPM, ou seja, 
exclusivamente na legislação penal comum, mas que se caracterizam como 
de natureza militar pela tipicidade indireta construída pela conjugação do tipo 
penal comum com uma das hipóteses do inciso II do art. 9º do CPM. (ROTH, 
2017, p. 33) 
 
Para Cícero Robson Coimbra Neves, “tratam-se de novos crimes militares, aos 
quais se dará a designação, doravante, de crimes militares extravagantes, por 
estarem tipificados fora do Código Penal Militar” [...] (NEVES, 2017, p. 24). Contudo, 
crimes que antes não eram recepcionados pela justiça militar, agora passaram a ser, 
desde que cometidos em uma das situações previstas no art. 9º. 
 
 
 
25 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
A Lei nº 13.491/2017, sancionada aos 13 dias de outubro de 2017, gerou 
diversos impactos no Direito Penal e Penal Militar, a alteração na redação do artigo 
9º, II, do Decreto-Lei nº 1.001/692, ampliou o rol de crimes militares em tempo de paz, 
aumentando a competência da Justiça Castrense. 
Em síntese, os crimes militares que ora se limitavam aos crimes descritos no 
Código Penal Militar, passaram a alcançar os crimes positivados também na 
legislação penal, com exceção dos crimes dolosos contra a vida de civil, que 
permanecem de competência do Direito Penal. 
O Direito Penal Militar, trata-se de um ramo Especial do Direito, que tutela os 
bens jurídicos militares estatuídos constitucionalmente. Competindo a Justiça Militar 
julgar e processar os crimes militares estabelecidos em lei. Desta forma, mister salutar 
que, a alteração provocou um alargamento da matéria de competência da Justiça 
Militar dos Estados e da União, assim, tornou-se procedente julgar os crimes militares 
próprios (com previsão somente no CPM) e impróprios (crimes previstos na legislação 
brasileira), desde que, presente uma das hipóteses elencadas nas alíneas do inciso 
II, do artigo 9º. 
Contudo, é indubitável que a nova lei trouxe inovações substanciais ao Direito 
Castrense, refletindo ainda no Direito Penal e Processual, vez que, a ampliação dos 
crimes militares, elevou a competência da Justiça Militar, bem como, as atribuições 
de polícia judiciária militar. Desta forma, é de suma importância compreender a 
temática em questão, 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
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(Acessado em 20 de outubro de 2019 às 17h30min). 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6880.htm
 
 
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SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 35º ed. São Paulo: 
Malheiros, 2012. 
 
	1. INTRODUÇÃO
	2. direito penal militar
	3. justiça militar
	4. crimes militares com o advento da lei nº 13491 de 13 de outubro de 2017
	5. CONsiderações finais
	REFERÊNCIAS

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