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PROJETO RETROSPECTIVA 
Direito Processual Penal 
Renato Brasileiro 
1 
Lei n. 12.961: vigência em 07 de abril de 2014 
- Altera a Lei n. 11.343/06 para dispor sobre a 
destruição de drogas apreendidas; 
 
Lei n. 11.343/06 com redação dada pela Lei n. 
12.961/14 
 
Art. 50. (...) 
 
§3º Recebida cópia do auto de prisão em 
flagrante, o juiz, no prazo de 10 (dez) dias, 
certificará a regularidade formal do laudo de 
constatação e determinará a destruição das 
drogas apreendidas, guardando-se amostra 
necessária à realização do laudo definitivo. 
 
§4º A destruição das drogas será executada 
pelo Delegado de Polícia competente no prazo 
de 15 dias na presença do Ministério Público e 
da autoridade sanitária. 
 
Art. 50-A. A destruição de drogas apreendidas 
sem a ocorrência de prisão em flagrante será 
feita por incineração, no prazo máximo de 30 
(trinta) dias contado da data da apreensão, 
guardando-se amostra necessária à realização 
do laudo definitivo, aplicando-se, no que 
couber, o procedimento dos §§3º a 5º do art. 
50. 
 
Súmula n. 512 do STJ: A aplicação da causa 
de diminuição de pena prevista no art. 33, § 4º, 
da Lei n. 11.343/2006, não afasta a hediondez 
do crime de tráfico de drogas. 
 
 
 PREVISÃO LEGAL. 
 
Lei nº 11.343/06, art. 33 (...) 
 
§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º 
deste artigo, as penas poderão ser reduzidas 
de um sexto a dois terços, vedada a conversão 
em penas restritivas de direitos, desde que o 
agente seja primário, de bons antecedentes, 
não se dedique às atividades criminosas nem 
integre organização criminosa. (Vide 
Resolução nº 5, de 2012) 
 
 
 
 
Obs.1.: apesar de muitos fazerem referência a 
este dispositivo como “tráfico privilegiado”, não 
se trata de privilégio, pois o legislador não 
inseriu um novo mínimo e um novo máximo da 
pena. Trata-se, na realidade, de uma causa de 
diminuição de pena que varia de 1/6 a 2/3. 
 
 
 PRESSUPOSTOS PARA INCIDÊNCIA DA 
MINORANTE. 
 
 Aplicável apenas aos crimes do art. 33, caput, 
e § 1º, da Lei nº 11.343/06; 
 
É necessário o preenchimento de 4 (quatro) 
requisitos cumulativos (e não alternativos): 
acusado primário; bons antecedentes; não 
dedicação a atividades criminosas; não 
integração de organização criminosa. Nesse 
sentido: STF, RHC 110.084; 
 
1) Acusado primário: é o não reincidente, ou 
seja, aquele que pratica determinado crime 
sem que tenha contra si, à época do fato 
delituoso, sentença condenatória transitada em 
julgado referente à prática de outro crime 
(interpretação a contrario sensu dos arts. 63 e 
64 do CP); 
 
Obs 1: no julgamento do RE 453.000, o 
Plenário do STF concluiu ser constitucional a 
aplicação da reincidência não só como 
agravante da pena em processos criminais 
(CP, art. 61, inciso I), mas também como fator 
impeditivo para a concessão de diversos 
benefícios, sem que se possa objetar a 
configuração de bis in idem. 
 
2) Bons antecedentes: por óbvio, trata-se do 
acusado que não possui maus antecedentes, 
que seriam as condenações pretéritas não 
abrangidas pela reincidência, isto é, que 
tenham transitado em julgado há mais de 5 
anos. Nesse sentido: STJ, 5ª T, HC nº 
198/557/MG. 
 
Obs 1: não configuram maus antecedentes 
inquéritos policiais e processos criminais em 
andamento, bem como absolvições por 
insuficiência de provas, reconhecimento de 
prescrições abstratas, retroativas ou 
intercorrentes. De acordo com a súmula 444 do 
STJ, “é vedada a utilização de inquéritos 
 
 
 
 
 
 
 
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policiais e ações penais em curso para agravar 
a pena-base”. 
 
3) Não dedicação a atividades criminosas: 
necessário que o acusado tenha atividade 
laborativa lícita e habitual, evidenciando que o 
crime foi um evento isolado em sua vida. 
 
Obs 1: se restar evidenciado que o acusado faz 
parte de associação voltada para o tráfico (Lei 
n. 11.343/06, art. 35), ou é um dos integrantes 
de associação criminosa (CP, art. 288, com 
redação dada pela Lei n. 12.850/13), não será 
possível a incidência da minorante. Nesse 
sentido: STJ, 5ª T, REsp nº 1.178.001/DF; 
 
Obs. 2: a apreensão de grande quantidade e 
variedade de droga torna inadmissível a 
aplicação da minorante, pois revela forte indício 
de participação em estrutura voltada ao tráfico. 
Nesse sentido: STJ, 6ª T, HC nº 194.594/SP; 
 
Obs. 3: não há bis in idem pelo fato de uma 
mesma circunstância ser levada em 
consideração duas vezes, ora na primeira fase 
de individualização da pena, ora para fixar o 
quantum de diminuição da pena-base. Na 
verdade, trata-se da utilização do mesmo 
referencial a ser sopesado em momentos 
distintos quando da dosimetria da pena, 
objetivando uma reprimenda proporcional e 
que atenda às finalidades da sanção penal. 
Nesse sentido: STJ, 5ª T, HC nº 199.416. 
 
4) Não ser o acusado integrante de 
organização criminosa: o conceito de 
organização criminosa deve ser extraído do art. 
1º, §1º, da Lei n. 12.850/13 (associação de 
quatro ou mais pessoas; estrutura ordenada e 
caracterizada pela divisão de tarefas; objetivo 
de obter vantagem de qualquer natureza, 
mediante a prática de infrações penais com 
penas máximas superiores a 4 anos, ou de 
caráter transnacional); 
 
Obs 1: apesar de controverso, prevalece o 
entendimento de que as denominadas “mulas 
do tráfico” não fazem jus à minorante, pois, 
pelo menos em regra, trata-se de pessoa 
dedicada à atividade criminosa e integrante de 
organização criminosa (STF, 2ª T, HC nº 
101.265); 
 
 Ônus da Prova. 
Incumbe ao Ministério Público comprovar a 
impossibilidade de aplicação da minorante, 
demonstrando a ausência de pelo menos um 
dos pressupostos necessários para a aplicação 
do art. 33, §4º, sob pena de violação à regra 
provatória que deriva do princípio da presunção 
de inocência. Nesse sentido: STF, 2ª T, HC nº 
103.225/RN; 
 
 
 QUANTUM DE DIMINUIÇÃO DE PENA. 
 Presentes os requisitos, deve ser aplicada a 
minorante. Trata-se, pois, de verdadeiro direito 
subjetivo do acusado; 
 Para o cálculo da diminuição, não pode o juiz 
se valer dos mesmos critérios utilizados para 
concessão da minorante. Se assim o fizesse, 
todo acusado que preenchesse os requisitos 
que autorizam o benefício receberia a 
diminuição máxima, tornando inócua a previsão 
de um mínimo (1/6) e um máximo (2/3). Nesse 
contexto: STF, 1ª T, HC nº 103.430/MG. 
 Critério para diminuição: o juiz deve se valer 
dos critérios constantes do art. 42 da Lei de 
Drogas (natureza e quantidade da droga, 
personalidade e conduta social do agente); 
 
Obs 1: prevalece o entendimento de que o fato 
de uma mesma circunstância ser levada em 
consideração para fins de individualização da 
pena e para fixar o quantum de diminuição de 
pena do §4º do art. 33 da Lei de Drogas não 
caracteriza bis in idem. Nesse sentido: STJ, 5ª 
T, AgRg no AREsp 74.617/MG; STF, 1ª T, HC 
104.195/MS; STF, 1ª T, HC 100.800/RJ. Em 
sentido contrário, há precedentes da 2ª Turma 
do STF: STF, HC 97.256/RS, STF, 2ª T, HC 
108.513/RS; STF, HC 108.523/MS. 
 
 (Im) possibilidade de conversão da pena 
privativa de liberdade em restritiva de direitos. 
 
Obs. 1: A redação original do art. 33, § 4º, da 
Lei de Drogas, vedava esta conversão, ainda 
que a pena final ficasse abaixo do patamar de 
4 anos. No entanto, o STF declarou a 
inconstitucionalidade da restrição (HC 97.256); 
 
Obs. 2: Tendo em vista que tal declaração se 
deu em sede de controle difuso, o Senado 
Federal, no uso das atribuições do art. 52, X, 
da CF/88, editou a resolução nº 5/2012, que 
 
 
 
 
 
 
 
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suspendeu a eficácia da expressão “vedada a 
conversão em penas restritivas de direitos”, 
constante do art. 33, § 4º, da Lei 11.343/06; 
 
 Causa de diminuição de pena e natureza 
hedionda do tráfico de drogas. 
 
Obs. 1: A aplicação da minorante não tem o 
condão de afastar a natureza hedionda do 
crimede tráfico de drogas. Nesse contexto: 
STJ, 5ª T, HC nº 174.154/MG. Portanto, não é 
possível o deferimento de indulto, conforme art. 
5º, XLIII, da CF/88 (STJ, 6ª T, HC nº 
167.825/MS). 
 
Súmula n. 512 do STJ: A aplicação da causa 
de diminuição de pena prevista no art. 33, § 4º, 
da Lei n. 11.343/2006, não afasta a hediondez 
do crime de tráfico de drogas. 
 
 CAUSA DE DIMINUIÇÃO E DIREITO 
INTERTEMPORAL. 
 
Obs. 1: à época da revogada Lei nº 6.368/76, o 
tráfico era punido com pena de reclusão, de 3 a 
15 anos. A Lei nº 11.343/06 fixou a pena do 
tráfico de drogas em 5 a 15 anos de reclusão, 
ou seja, aumentou a pena base. Contudo, 
previu causa de diminuição no art. 33, § 4º, que 
não era prevista na lei anterior. Pergunta-se: é 
possível a combinação de leis penais 
favoráveis ao réu, isto é, seria possível aplicar 
aos crimes praticados antes da Lei nº 
11.343/06 a pena base de 3 anos e também 
fazer incidir a minorante do art. 33, § 4º? Sobre 
o assunto, veja-se o teor da Súmula n. 501 do 
STJ: “É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 
11.343/2006, desde que o resultado da 
incidência das suas disposições, na íntegra, 
seja mais favorável ao réu do que o advindo da 
aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada 
a combinação de leis”. Para o Supremo (RE 
600.817), não é possível a aplicação da causa 
de diminuição do artigo 33, parágrafo 4º, da 
nova Lei de Drogas (Lei 11.343/2006), 
combinada com penas previstas na Lei 
6.368/1976, para crimes cometidos durante sua 
vigência. 
 
 
 
 
Lei n. 12.978: vigência em 22 de maio de 2014 
- Art. 2º O art. 1º da Lei n. 8.072/90 passa a 
vigorar acrescido do seguinte inciso VIII: 
“Art. 1º. (...) 
(...) 
VIII – favorecimento da prostituição ou de outra 
forma de exploração sexual de criança ou 
adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, 
caput, e §§1º e 2º). 
19 
 
CP 
Favorecimento da prostituição ou de outra 
forma de exploração sexual de criança ou 
adolescente ou de vulnerável. 
 
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à 
prostituição ou outra forma de exploração 
sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou 
que, por enfermidade ou deficiência mental, 
não tem o necessário discernimento para a 
prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar 
que a abandone: 
 
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. 
 
§ 1o Se o crime é praticado com o fim de obter 
vantagem econômica, aplica-se também multa. 
 
§ 2o Incorre nas mesmas penas: 
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato 
libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e 
maior de 14 (catorze) anos na situação descrita 
no caput deste artigo; 
II - o proprietário, o gerente ou o responsável 
pelo local em que se verifiquem as práticas 
referidas no caput deste artigo. 
 
§ 3o Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui 
efeito obrigatório da condenação a cassação 
da licença de localização e de funcionamento 
do estabelecimento.

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