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Comércio exterior RENATO MONTEIRO 1ª Edição Brasília/DF - 2018 Autores Renato Monteiro Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário Organização do Livro Didático....................................................................................................................................... 4 Introdução ............................................................................................................................................................................. 6 Capítulo 1 Origem e Evolução do Comércio Exterior ............................................................................................................ 9 Capítulo 2 Teoria Geral do Comércio Internacional .............................................................................................................16 Capítulo 3 Política Comercial e os Principais Blocos Econômicos ..................................................................................24 Capítulo 4 Introdução à Teoria dos Contratos Internacionais e os Incoterms ............................................................33 Capítulo 5 Contratos Internacionais: Compra e Venda Internacional, Agenciamento, Leasing, Factoring e Franchising .......................................................................................................................................................................41 Capítulo 6 Contratos Internacionais de Transferência de Tecnologia, Joint Venture, Exportação de Serviços e Drawback .....................................................................................................................................................50 Referências ..........................................................................................................................................................................60 4 Organização do Livro Didático Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização do Livro Didático. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. Cuidado Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado. Importante Indicado para ressaltar trechos importantes do texto. Observe a Lei Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem, a fonte primária sobre um determinado assunto. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. 5 ORGAnIzAçãO DO LIVRO DIDáTICO Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Posicionamento do autor Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado. 6 Introdução Prezado aluno, será um grande prazer interagir com você durante toda a unidade da disciplina de Comércio Exterior. Surge, agora, uma oportunidade para você aprimorar seus conhecimentos profissionais e pessoais. Sabe-se que hoje vivemos na era do conhecimento tendo como ênfase a globalização e a inovação e, com isso, o comércio exterior vem se expandindo cada vez mais, rompendo fronteiras e barreiras em todo o mundo. Para alcançar os objetivos dessa unidade, dividimos o conteúdo em seis capítulos: » Capítulo 1 – Origem e Evolução do Comércio Exterior. » Capítulo 2 – Teoria Geral do Comércio Internacional. » Capítulo 3 – Política Comercial e os Principais Blocos Econômicos. » Capítulo 4 – Introdução à Teoria dos Contratos Internacionais e os Incoterms. » Capítulo 5 – Contratos Internacionais: Compra e Venda Internacional, Agenciamento, Leasing, Factoring e Franchising. » Capítulo 6 – Contratos Internacionais: Transferência de Tecnologia (Know-How), Joint Ventures, Exportação de Serviços e Drawback. Ao final de cada capítulo, disponibilizaremos uma atividade. Não se esqueça de realizá-las! Estaremos com você em todos os momentos e, com muita satisfação e alegria, incentivando sua aprendizagem e auxiliando suas dúvidas. Sugestão: não se limite ao conteúdo deste Livro Didático. Pesquise em livros, revistas, internet e em outros meios de comunicação. Para alcançar sucesso, precisamos alçar voos e cada vez mais altos. Objetivos Este Livro Didático tem como objetivos: » Despertar o interesse do aluno em entender a origem das negociações em âmbito internacional, procurando conectar os cenários políticos, geográficos e sociais ao longo dos séculos, trazendo até aos dias atuais. » Traçar os perfis das teorias clássicas e modernas da política econômica aplicada ao comércio exterior, tanto para empresas públicas quanto privadas, incluindo a compreensão dos principais instrumentos de política comercial utilizados e da dinâmica 7 dos blocos econômicos, convidando você a fazer suas próprias análises econômicas no contexto brasileiro. » Dar a você uma noção jurídica sobre a teoria geral que envolve os contratos internacionais e os termos de comércio internacional, e abordar as principais características desses contratos, quais sejam: compra e venda internacional, agenciamento, leasing, factoring, franchising, transferência de tecnologia (know-how), joint ventures e exportação de serviços. Você também deverá estar apto a fazer considerações sobre o mecanismo de drawback, instrumento de política comercial amplamente usado nas negociações internacionais no contexto atual. 9 Apresentação Neste capítulo, vamos traçar um panorama geral abordando como foram as primeiras negociações internacionais, desde o período da Antiguidade, passando pela Idade Média, Idade Moderna até os dias atuais, citando fatores políticos, econômicos, tecnológicos, sociais e culturais importantes que marcaram a história do comércio exterior. Veremos como esses acontecimentos foram influenciando a forma de negociar ao longo do tempo, estabelecendo novos padrões de comércio. Em seguida, buscaremos um conceito prático sobre o que é o comércio exterior, citando quais são os principais personagens da dinâmica das negociações internacionais, bem como o papel de cada um nesse contexto. Vamos abordar, ainda, os conceitos e ideias gerais sobre as principais políticas econômicas que traçaram o perfil de negócios no exterior: mercantilismo, liberalismo, protecionismo e liberalismo moderno. Buscaremos enfatizar que todas elas reúnem críticas positivas e negativas para as sociedades atuais em seus respectivos modelos e formas de pensar a respeito das negociações internacionais. Ao longo de todo o texto, verificaremos qual a importância do comércio internacional para a aquisição do desenvolvimento socioeconômico de uma nação. Objetivos » Compreendera origem das negociações internacionais, mostrando os diversos cenários políticos, sociais, geográficos e econômicos que criaram essas primeiras transações, estabelecendo a importância das rotas comerciais marítimas como um grande fator estratégico de negócios. » Mostrar quais são os personagens principais nas trocas comerciais entre países. » Enfatizar o desenvolvimento tecnológico obtido com o lucro das trocas comerciais, e mostrar como ele também criou novas formas de se fazer negócios internacionalmente. 1 CAPÍTULO ORIGEM E EVOLUçãO DO COMÉRCIO EXTERIOR 10 AULA 1 • ORIGEM E EVOLUçãO DO COMÉRCIO EXTERIOR Origem das negociações Internacionais Em épocas pré-históricas, as trocas ocorriam entre habitantes da mesma tribo. Com a evolução do relacionamento humano, o campo de ação das trocas ampliou-se, sucessivamente, para as cidades, nações e, finalmente, para o mundo. Na Antiguidade, o comércio internacional pouco existia. No Egito, uma das civilizações mais antigas que se conhece, as importações e exportações limitavam-se apenas a artigos de luxo. Em épocas posteriores, surgiu a civilização mesopotâmica, que chegou a construir postos comerciais fora do país. Os fenícios foram grandes navegadores, instalando postos de vendas na Europa. A Grécia Antiga não tinha produção suficiente de alimentos e, por isso, comprava esses produtos do exterior e pagava com vinho e azeite. O Mar Mediterrâneo, na época o único grande mar interior no perímetro da Terra, propiciou o desenvolvimento do comércio a longa distância praticado pela civilização greco-romana. Assim, o Império Romano negociava com a China e a Índia, desenvolvendo seu comércio pelo Rio Tibre e pelo Mar Tirreno, erguendo-se em torno da Bacia do Mediterrâneo. Para refletir Como se desenvolveram as primeiras grandes rotas comerciais? As rotas comerciais se desenvolveram sobre os eixos do Mar Mediterrâneo, do Mar Negro, do Mar Báltico e do Mar do Norte. Assim, as cidades que atuavam como portos marítimos ou fluviais se destacavam das demais, por serem grandes rotas de intercâmbio financeiro. Na Idade Média, a Europa viveu sob o regime do feudalismo. Politicamente, era um sistema que enfraquecia o poder central (rei), e fortalecia o poder dos nobres (duques, condes etc.). Economicamente, fazia com que o povo dependesse dos nobres. A economia era corporativista, pois as classes de trabalhadores eram representadas pelas corporações. Importante Nessa época, surgiram as primeiras Cruzadas, que estimularam o comércio com o Oriente, introduzindo na Europa bens novos. Dessa forma, os europeus se tornaram grandes mercadores. As primeiras feiras internacionais surgiram reunindo comerciantes de diversos países europeus, o que trouxe à tona a figura dos trocadores de moedas, que, com o tempo, se transformaram nos primeiros banqueiros. A produção era toda artesanal. A rota marítima incentivou a livre troca de mercadorias, contendo os custos e maximizando os lucros dos comerciantes. Provocação Você sabe como se deu o advento da tecnologia nas negociações marítimas ao longo do tempo? Na Idade Moderna, a tecnologia comercial foi se desenvolvendo com maior expressividade, tanto por terra quanto por mar. A força motriz dos remadores foi substituída por embarcações à vela. As cartas náuticas foram aperfeiçoadas e surgiram as bússolas de navegação, e as primeiras ferrovias e rodovias. No século XIX, tivemos o advento dos navios a vapor, e, no 11 ORIGEM E EVOLUçãO DO COMÉRCIO EXTERIOR • AULA 1 século XX, eles passaram a ter seus motores a diesel. Tais avanços por mar revolucionaram os transportes, principalmente no deslocamento de cargas em longas distâncias, o que reduziu os custos de logística em relação às vias férreas. A revolução nos transportes marítimos acompanhou a industrialização europeia, norte-americana e japonesa e, também, a expansão imperial das potências. A construção do Canal de Suez, inaugurado em 1869, conectou o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho, reduzindo os fretes entre a Europa e os países da Bacia do Índico e do Pacífico. No século XX, o canal se tornou passagem obrigatória para os petroleiros que percorriam a rota entre a Europa e as áreas produtoras do Golfo Pérsico. Nos dias atuais, em que muitos pensadores dizem que vivemos a chamada Era do Conhecimento ou Era da Informação, podemos citar a internet como um dos fatores mais influentes no comércio mundial, porque ela elimina as distâncias e as fronteiras. Ela auxiliou na redução dos estoques dos compradores, melhorou o abastecimento, incentivou a concorrência e facilitou a equiparação entre preços e qualidade em qualquer lugar. Figura 1. Mercado de Roma Antiga. Fonte: <https://pt.wikipedia.org/Roma_Antiga>, 2016. Atenção Ao longo da história, as trocas comerciais foram ultrapassando fronteiras, tornando-se o Comércio Internacional. Ele é uma via de duas mãos, em que quem compra importa, e quem vende exporta. O Comércio Internacional é um mercado mundial de importações e exportações substanciadas pelas necessidades de cada país. Nesse contexto, temos o conceito de divisão do trabalho, pois ninguém produz sozinho tudo o que precisa. Uma pessoa fabrica um tipo de objeto em quantidade superior ao que necessita, e, então, troca o excedente com outra pessoa que não possui condições de produzi-lo. Tal divisão aumenta a produtividade, como, também, melhora a qualidade. Essa é a ideia principal da dinâmica do comércio exterior. No decorrer do tempo, o comércio a longa distância funcionou como fator decisivo na organização do espaço geográfico. As cidades situadas sobre as grandes rotas de intercâmbio distinguiram-se das demais, pois se tornaram focos das atividades de comércio e das atividades financeiras que sustentam as trocas mercantis. Essas cidades, que desempenhavam funções de portos marítimos ou fluviais, cresceram mais que as outras, formando as “armaduras urbanas” dos Estados nacionais contemporâneos. (MAGNOLI E SERAPIÃO JR., 2012) Em termos gerais, a dinâmica da logística das negociações internacionais pode ser facilmente observada na esquematização a seguir. 12 AULA 1 • ORIGEM E EVOLUçãO DO COMÉRCIO EXTERIOR Figura 2. Intervenientes do Comércio Internacional. Fonte: <http://pt.slideshare.net/abracomex1>, 2016. Primeiramente, podemos observar os organismos que definem acordos internacionais para padronizar as negociações entre os países, como a Organização Mundial do Comércio (OMC). Temos o país que vende produtos e/ou serviços (exportador), movimenta os fluxos financeiros por meio do banco exportador, emitindo documentos, garantias e pagamentos ao banco importador. Por sua vez, o país importador é o que adquire as mercadorias e negocia com o exportador. Todo o processo de entrega e recebimento das mercadorias se dá por meio de transporte internacional e interno, por despachantes e terminais (marítimos, terrestres ou aéreos) e, a aduana, que é uma repartição sob administração federal m que é realizado o controle de entrada e saída do país de pessoas, veículos e mercadorias, fiscalizando efetivamente as exportações e as importações. Sugestão de estudo Para que você se familiarize mais com a disciplina de Comércio Exterior, deixaremos duas dicas de sites para você acessar. Acesse o Portal do Exportador (www.portaldoexportador.gov.br) e o Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior (MDIC) (www.mdic.gov.br), com mais informações sobre a dinâmica do comércio exterior. Evolução das negociações Internacionais O comércio exterior cresceu como consequência da expansão geográfica do mundo e dos avanços tecnológicos, principalmente nas navegações. Os comerciantes ficavam milionários com as viagens marítimas para o Oriente. Os governos centrais foram se fortalecendo e a necessidade de dinheiro também aumentava. Nesse contexto, surgiu o mercantilismo. No período mercantilista, entre os séculos XVI e XVIII, a Europa já vivia o fim do feudalismo e da Idade Média. Os mercantilistasachavam que a riqueza das nações consistia no estoque de metais preciosos (ouro e prata) em poder do governo. Os monarcas renascentistas se preocupavam em manter as exportações em nível maior do que as importações, desenvolvendo manufaturas e criando monopólios de comércio, o que acentuou o intervencionismo do governo na economia. 13 ORIGEM E EVOLUçãO DO COMÉRCIO EXTERIOR • AULA 1 Para refletir Qual era o papel do Estado em relação ao Comércio Internacional? O Estado precisava ser forte política e economicamente e, em virtude disso, surgiram as colônias, territórios dominados que funcionavam como regiões de monopólio de comércio. Por sua vez, os países europeus eram chamados de metrópoles. Nas colônias, a mão de obra escrava foi ponto-chave para enriquecer as metrópoles. O crescimento econômico europeu gerou o aparecimento dos primeiros bancos. Os países mandantes do mercantilismo foram França e Inglaterra. No fim do século XVIII, a Europa viveu a chamada Primeira Revolução Industrial, devido ao acúmulo das riquezas, notadamente advindas das colônias. A agricultura também se modernizou nessa época. Daí surgiu o Liberalismo. A política econômica liberalista era baseada na promoção do mercado livre, ou seja, o Estado não influenciava na economia, pois ele só deveria se preocupar com a preservação da justiça e a defesa nacional, e a livre concorrência, na qual o mercado forma os preços. Essa política incentivava também a iniciativa individual de trabalho e a desregulamentação, o que não havia na política mercantilista. O Estado devia remover todos os obstáculos legais que pudessem impedir o comércio. A divisão internacional do trabalho também se fortaleceu. O liberalismo teve sua força em Adam Smith, considerado o pai da Economia moderna. Suas ideias foram publicadas no livro A Riqueza das Nações (Wealth of Nations). O liberalismo também era conhecido como a doutrina do laissez-faire (o Estado deixa de fazer), ou livre cambismo. Vale ressaltar que as moedas tinham lastro em ouro e eram conversíveis em ouro. Os bancos centrais dos países trocavam moedas por ouro. O objetivo principal do agente econômico, fosse ele comerciante, industrial ou agricultor, era o lucro. Figura 3. Monarquia. Fonte: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/>, 2016. Apesar dos avanços ocorridos com a Primeira Revolução Industrial e a Segunda Revolução Industrial (carvão, indústria química, elétrica, de petróleo, de aço, automobilística, trem a vapor, e a produção em linha de montagem), as duas grandes guerras destruíram o parque industrial europeu, fazendo com que os países aliados da Segunda Guerra fossem abastecidos pelos Estados Unidos, principalmente com petróleo como combustível para os veículos de guerra. Contudo, a partir de 1927, o Canadá e a Inglaterra passaram por um período de recessão, o que fez cair as vendas das indústrias americanas, gerando demissões em massa. As ações das empresas ainda mantinham altos valores, por causa dos especuladores. O Banco Central dos Estados Unidos, chamado de Federal Reserve, começou a refrear a especulação, e as quedas começaram a aparecer. Houve uma onda de falências, os bancos quebraram, e fazendeiros endividados perderam suas terras. Era a Grande Crise de 1929. Nessa época, o economista inglês John Maynard Keynes destacou-se formulando sua teoria: poupança maior que investimentos faz a economia declinar e investimentos maiores que a poupança fazem a economia crescer. 14 AULA 1 • ORIGEM E EVOLUçãO DO COMÉRCIO EXTERIOR Portanto, era necessária uma política de juros baixos, o que estimularia um fluxo de poupança para investimentos. Foi a economia keynesiana que permitiu ao capitalismo sobreviver à Grande Depressão de 1929. O comércio mundial também passou por duas grandes crises do Petróleo, em 1973 e em 1979, devido à instabilidade cambial, que desvalorizou o dólar, e a elevação brutal dos preços do petróleo. Essas crises provocaram déficits (volume de despesas maior do que o volume de rendimentos) no fluxo de pagamentos dos principais países, e superávits (volume de rendimentos maior do que o volume de despesas) enormes para os países exportadores de petróleo. Após as crises do petróleo, particularmente em fins da década de 1970, o mundo começou a mudar o eixo da filosofia comercial. Todos começaram a pensar em proteger suas indústrias, para que pudessem se reerguer economicamente. Daí surgiu a política do protecionismo: o governo dita a política comercial externa e interna e controla as exportações e as importações, para proteger a indústria nacional da concorrência externa. Cuidado Há correntes a favor e contra o liberalismo. Por um lado, os defensores dizem que ele privilegia a divisão internacional da produção e a melhor utilização dos recursos naturais com uma distribuição mais eficiente dos fatores de produção, levando à economia de escala: a redução de custos gera aumento do consumo, da produção, de emprego, e, estes, unidos aos custos menores, geram bem-estar para o povo. Por outro lado, os opositores dizem que quando o Estado não controla, os comerciantes tendem a formar trustes, cartéis, dentre outros, o que torna a concorrência, por vezes, desleal, e há uma generalização do colonialismo, em que as nações mais desenvolvidas impõem o que desejam às nações menos favorecidas. O protecionismo também reúne argumentos a favor e contra. Por um lado, seus defensores dizem que a divisão da produção é perigosa porque o país fica vulnerável em situação de emergência, no caso de guerra externa, por exemplo, porque ele não possui estoque suficiente para o seu abastecimento, e que ele também ajuda a proteger os recursos naturais de uma exploração excessiva e privilegia setores estratégicos. Por outro lado, seus opositores dizem que o protecionismo incentiva os monopólios, porque as reservas de mercado acabam acomodando a indústria nacional. Saiba mais Você sabe o que significa o Liberalismo Moderno? As linhas básicas do liberalismo prevaleceram na década de 1990. Entretanto, hoje falamos em uma nova política econômica: o Liberalismo Moderno. Ela adota o liberalismo com doses de protecionismo, ou seja, o governo intervém assumindo gastos sociais (seguro-desemprego, aposentadoria, dentre outros) e também cria barreiras alfandegárias para evitar que produtos estrangeiros, apoiados em práticas desleais de comércio prejudiquem a economia do país. Ainda em 1944, as nações aliadas da Segunda Guerra participaram da Conferência de Bretton Woods, que estabeleceu o padrão dólar-ouro, abandonando o antigo padrão ouro, criando o Fundo Monetário Internacional e o Banco Internacional para Reconstrução e o Desenvolvimento (Bird ou Banco Mundial). A ordem de Bretton Woods era estabilizar os preços, flexibilizar os mercados e dar total apoio à política liberalista. Em 1946, essas nações firmaram o, Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT), com o objetivo de regulamentar o comércio internacional, que, posteriormente, se transformou na Organização Mundial de Comércio (OMC). 15 ORIGEM E EVOLUçãO DO COMÉRCIO EXTERIOR • AULA 1 Criada em 1995, a OMC tem como objetivo aumentar o comércio internacional liberalizando medidas restritivas às práticas desleais de comércio. O sistema de Bretton Woods (FMI, Banco Mundial e GATT) incentivou o desenvolvimento das tecnologias do pós-guerra. No mundo capitalista, o predomínio estratégico e militar dos Estados Unidos estabilizou o ambiente geopolítico, criando condições para a reconstrução econômica da Europa Ocidental e do Japão. Vale ainda lembrar que, em termos gerais, a globalização tem grande papel no desenvolvimento do comércio internacional, atuando por meio de três dimensões: tecnológica, com a onda de inovações; geopolítica, com a abertura econômica da China e a implosão do bloco soviético; e empresarial, com a tendência de transformação dos conglomerados transnacionais em corporações globais. Para refletir Roberto Campos, em artigo publicado no jornal O Estadode S. Paulo, assim definiu o mercantilismo: “Uma forma de organização econômica em que o governo decidia mais ou menos tudo: quem podia produzir, comerciar, o que exportar ou importar, tendo em vista exclusivamente o aumento máximo da riqueza e do poder do Estado.” Qual a sua opinião sobre as políticas econômicas? Compartilhe suas ideias. Sintetizando Vimos até agora: » Que o comércio exterior começou a se desenvolver a partir das rotas comerciais marítimas, e, com isso, as civilizações antigas começaram a se organizar, criando sistemas econômicos e sociais diversos ao longo da história, até chegar à formação das sociedades atuais; » Que quando as trocas comerciais mundiais se tornaram mais intensas, foram criados acordos internacionais para regulamentá-las, para que houvesse uma concorrência mais justa possível; » Que o mercantilismo, o liberalismo, o protecionismo e o liberalismo moderno são as principais políticas econômicas intervenientes do comércio internacional, em que temos uma maior ou menor influência do posicionamento estatal. 16 Apresentação Neste capítulo, vamos abordar as teorias clássicas de comércio exterior: a teoria das vantagens absolutas, a teoria das vantagens comparativas e a teoria da demanda recíproca. Falaremos também sobre algumas das mais importantes teorias modernas e os seus efeitos na dinâmica do comércio exterior: o modelo da curva da possibilidade de produção, o custo de oportunidade, a curva da indiferença, a teoria dos fatores produção e consumo combinados e o custo dos transportes. Por fim, buscaremos enfatizar os benefícios do comércio internacional, principalmente no que se refere à mobilidade dos fatores de produção, abordando o Modelo dos Fatores Específicos em uma situação prática. Objetivos » Compreender a dinâmica da política econômica, estudando as teorias clássicas e modernas de comércio exterior, e os seus efeitos no cenário comercial de uma nação. » Entender o que são os fatores de produção e como eles se relacionam entre si nas trocas comerciais entre os países. » Trazer uma análise sobre os benefícios do comércio exterior, tendo como ponto de vista a mobilidade dos fatores de produção e a divisão internacional do trabalho. 2 CAPÍTULO TEORIA GERAL DO COMÉRCIO InTERnACIOnAL 17 TEORIA GERAL DO COMÉRCIO InTERnACIOnAL • AULA 2 Teorias Clássicas e Modernas do Comércio Exterior No capítulo anterior, falamos que fatores como divisão do trabalho, gerando especialização, e a produção em grande escala, reduzindo os custos de produção, foram cruciais para formulação das políticas econômicas para comercialização no exterior. Outros fatores também impulsionaram o desenvolvimento dos estudos voltados para o comércio, como, por exemplo, as condições diferentes de clima de uma região para outra, alterando a produção agrícola, e a qualidade de subsolo diferente, tornando um país rico em determinados minérios e pobre em outros. Dessa forma, as teorias econômicas foram evoluindo através dos tempos. Figura 4. Teóricos Clássicos da Economia. Fonte: <http://indecquetrabaja.blogspot.com.br/.html>, 2016. Para refletir Quais são as principais Teorias Clássicas de Comércio Internacional? As principais teorias clássicas são: a Teoria das Vantagens Absolutas, a Teoria das Vantagens Relativas e a Teoria da Demanda Recíproca. Primeiramente, vamos falar sobre a Teoria das Vantagens Absolutas, do economista Adam Smith. Ele publicou, em 1776, o livro A Riqueza das Nações, no qual afirmava que cada país pode produzir uma mercadoria com custos menores que outros. Assim, esse país se beneficiaria exportando essa mercadoria e importando outras. As vantagens seriam absolutas, porque tal país compraria produtos mais baratos, e também os outros países pagariam com produtos que lhes custariam menos. Dessa forma, ambos se beneficiariam exportando o que têm de melhor e importando a custos baixos. Entretanto, a Teoria das Vantagens Absolutas mereceu críticas, pois Adam Smith considerou que os preços eram determinados principalmente pela quantidade de horas utilizadas (mão de obra) durante a produção. Na verdade, o custo das mercadorias é consequência de diversos fatores combinados, tais como a natureza (matéria-prima), trabalho (mão de obra) e capital (investimentos, ou know-how). Adam Smith partiu do princípio de que cada país tem sempre vantagem absoluta em algum produto. (MAGNOLI e SERAPIÃO JR., 2012) 18 AULA 2 • TEORIA GERAL DO COMÉRCIO InTERnACIOnAL Em 1817, o economista inglês David Ricardo apresentou a Teoria das Vantagens Relativas ou Teoria das Vantagens Comparativas. Ele entendia que o comércio internacional permitia a cada país se especializar nos produtos em que detinha vantagem comparativa. Um país tem vantagem comparativa na produção de um bem quando o custo de oportunidade da produção desse bem nesse país é menor, em termos da produção de outros bens, do que nos demais países. Lembramos que custo de oportunidade significa avaliar quais as possibilidades de ganho ou perda onde exista mais de uma opção para escolher, ou seja, é aquilo que você pode deixar de ganhar em uma transição por ter escolhido outra. O modelo de David Ricardo dizia que os ganhos do comércio são provenientes da especialização da produção, pois cada indústria tem sua produtividade, o que amplia a possibilidade de consumo. Para Ricardo, um país pode não produzir coisa alguma mais eficientemente do que os demais, e, não ter, assim, vantagem absoluta em produto algum. Mesmo assim, esse país pode pagar salários mais baixos, obtendo vantagem comparativa na produção de determinado bem em relação a outro que possua maior produtividade no mesmo bem, mas com salários mais altos. Dessa forma, ambos os países podem ganhar com o comércio. Contudo, essa teoria também recebeu críticas, pois ela somente considerava um fator de produção, o trabalho, esquecendo-se da complexa realidade do comércio internacional, tais como a diferença em termos de disponibilidade de recursos e o papel da economia de escala. Outra teoria econômica foi divulgada posteriormente pelo economista britânico John Stuart Mill, chamada de Teoria da Demanda Recíproca. Ela diverge da teoria de Ricardo em um aspecto: ela considera a vantagem comparativa não em termos de unidades produzidas de um bem, mas o que dois países diferentes podem produzir sendo dado a ambos o mesmo número de horas para tanto. Assim, ele procura evidenciar a eficiência comparativa, considerando que os países possuem limites em suas possibilidades de troca, e o que vai determinar o valor exato dessa troca é a demanda pelas mercadorias nos dois países. Os preços vão sendo alterados em função do grau de interesse (necessidade) da população de cada país em determinada mercadoria e, quando se chega a um equilíbrio, a troca, enfim, pode ser realizada. Cuidado Mesmo que uma venha complementar a outra, todas as teorias clássicas principais consideraram somente o fator trabalho de produção. Dessa forma, elas precisavam ser reformuladas, já que a produção envolve, além do trabalho, matéria-prima e investimentos (equipamentos e métodos de trabalho). Daí surgiram as Teorias Modernas de Comércio Internacional. Importante As principais teorias modernas são: Curva da Possibilidade de Produção, Custo de Oportunidade, Curva da Indiferença, Fatores Produção e Consumo combinados, e Custo dos Transportes. A Curva da Possibilidade de Produção ou Fronteira de Possibilidade de Produção é uma ferramenta moderna da economia que ilustra graficamente como a escassez de fatores de produção cria um limite para a capacidade produtiva de uma empresa, país ou sociedade. Ela representa todas as possibilidades de produção que podem ser atingidas com os recursos e tecnologias existentes. A concavidade da curva indica que, dadas as quantidades dos recursos, se a sociedade quiser aumentar sucessivamente a produção de um bem, maior será a taxa de sacrifício (o custo de oportunidade) associada a tal intenção(isso em termos da produção do outro bem). Os pontos sobre a curva mostram o máximo possível da produção combinada das duas mercadorias (abacaxis e peixes), como mostram os pontos A e B na figura a seguir. 19 TEORIA GERAL DO COMÉRCIO InTERnACIOnAL • AULA 2 Gráfico 1. Curva das Possibilidades de Produção. Fonte: <https://pt.wikiversity.org/wiki/,> 2016. A economia pode produzir no interior da curva, nesse caso o ponto D, tendo mais abacaxis sem sacrificar peixes, no entanto, isso significaria a não utilização de alguns recursos. O ponto que se encontra fora da curva das possibilidades de produção, nesse caso o ponto C, é inatingível devido à falta de recursos para chegar lá. Uma observação a ser feita é que essa curva parte do pressuposto de que a economia esteja em pleno emprego, ou seja, o país esteja utilizando os seus recursos em capacidade máxima. O Custo de Oportunidade reflete o custo associado a determinada escolha, medido em termos da melhor oportunidade perdida. Em outras palavras, o custo de oportunidade representa o valor que os agentes econômicos (empresas, instituições ou países) atribuem à melhor alternativa de que prescindem quando efetuam a sua escolha. No Gráfico 1, tomando como exemplo o ponto C, para que um país alcance esse nível de produção, ele teria que aumentar o parque produtivo, ou seja, fazer mais investimentos, buscar mais mão de obra e matéria-prima, também disponíveis no mercado. No ponto D, o país estaria operando com queda de produção, com investimentos ociosos, provável desemprego e sobra de matéria-prima. Dessa forma, a escolha entre priorizar abacaxis ou peixes dependeria das conveniências de mercado, ou seja, o que fosse mais oportuno. Por isso, o conceito de custo de oportunidade. A Curva da Indiferença é um gráfico que mostra as combinações de bens, na quantidade que torna o consumidor indiferente. Assim, ele não tem preferência entre uma combinação contra a outra, já que cada uma provê um mesmo nível de satisfação, ou seja, a utilidade não muda na hora da escolha. Vejamos as curvas de indiferença no Gráfico 2 a seguir. Vamos supor que o ponto A representa 3 (três) unidades de alimentação e 2 (duas) unidades de vestuário. Já o ponto B representa 1 (uma) unidade de alimentação e 4 (quatro) unidades de vestuário. Para uma pessoa que possua curvas de indiferença como as apresentadas a seguir, podemos afirmar que tanto o ponto A (3, 2) quanto o ponto B (1, 4) fornecem o mesmo nível de satisfação, pois ambos estão sobre a mesma curva de indiferença. Gráfico 2. Curva da Indiferença. Fonte: <http://informeeconomico.com.br/>, 2016. O nível de satisfação representado pelas curvas de indiferença aumenta à medida que a curva se afasta do eixo do gráfico, ou seja, a curva 3 representa um nível maior de satisfação que a curva 2 e esta, por sua vez, um nível maior de satisfação que 20 AULA 2 • TEORIA GERAL DO COMÉRCIO InTERnACIOnAL a curva 1. Caso um indivíduo possa optar entre várias cestas (conjunto de bens), todas localizadas sobre a mesma curva de indiferença, esse indivíduo será indiferente a elas. Caso possa optar por diversas cestas, distribuídas por diversas curvas de indiferença, optará pela que se afastar mais do eixo do gráfico. Nesse caso, seria por alguma cesta sobre a curva 3. A Teoria dos Fatores Produção e Consumo combinados consiste na ideia principal de um país encontrar a melhor combinação entre oferta e demanda, para que o padrão de vida da população seja elevado. Por exemplo, se temos alta produção de chinelos em detrimento de blusas, mas há maior interesse das pessoas em comprar blusas, a tendência é realocar os fatores de produção para fabricar blusas, e, então, reduz-se a fabricação de chinelos. Por fim, o Custo dos Transportes também é largamente considerado quando falamos em comércio exterior. As distâncias entre um país e outro alteram os custos das mercadorias, e, nem sempre o frete é proporcional às distâncias. As despesas portuárias, que são agregadas ao custo do frete, podem também reduzir a vantagem comparativa entre empresas, principalmente em virtude da ineficiência dos portos. Sugestão de Estudo Para que você se informe mais sobre a disciplina de Comércio Exterior, deixaremos uma dica de site para você acessar. Site da Apex Brasil: Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos: www.apexbrasil.com.br. Benefícios do Comércio Exterior e Distribuição de Renda No contexto das teorias modernas, observamos que o comércio exterior tem diversos efeitos, dentre os quais podemos citar: a realocação dos recursos produtivos, pois transfere recursos destinados à produção de bens com desvantagem comparativa para a produção de bens que têm vantagem comparativa; a equalização de preços no mercado internacional, guardadas as devidas proporções de diferenças causadas pelo custo de transporte, seguro e carga tributária; e a melhora no nível de vida da população, pois a realocação de recursos provoca a redução dos custos, e, assim, melhora o poder aquisitivo dos consumidores. Figura 5. Distribuição de Renda. Fonte: <http://syedmafizkamal.com>, 2016. A partir das negociações comerciais de importação e exportação, podemos verificar que os fatores de produção possuem certa mobilidade. A natureza (solo, matéria-prima e condições climáticas) 21 TEORIA GERAL DO COMÉRCIO InTERnACIOnAL • AULA 2 representada pelas plantações e pelas jazidas minerais, pode ser levada de um país para outro. A mão de obra se desloca de uma região para outra, por diversos fatores, tais como o desemprego, que, por sua vez, é causado pelo crescimento demográfico maior do que o econômico, pelo avanço de novas tecnologias, e pela estagnação econômica. As migrações podem ser internas (movimento de fluxo de pessoas de uma região para outra dentro do mesmo país) ou externas (movimento de fluxo de pessoas de um país para outro). Atenção O fluxo de investimentos (capitais) se movimenta por diversos fatores, tais como a saturação no mercado de origem, a segurança e a rentabilidade. O portador de capital externo dispõe de todas as praças do mundo para aplicá-lo, e, a partir disso, pode escolher investir naquelas que lhe ofereçam maior segurança. Uma legislação que coloque obstáculos a seu retorno ou à remessa de lucros, economia e política instáveis e uma tributação onerosa, também afugentam o capital estrangeiro. Evidentemente, entre os países que oferecem maior segurança, o investidor irá escolher aquele que lhe proporcione maior rentabilidade. O capital que ingressa no país pode ser compensatório ou autônomo. O capital compensatório é aquele que o governo obtém para cobrir déficit de seu balanço de pagamentos, e o capital autônomo é aquele cujo destino é o mercado, podendo ingressar sob a forma de empréstimos ou capitais de risco. O capital de risco é aquele que ingressa no país para ser incorporado definitivamente ao patrimônio da empresa domiciliada. Ele pode ser de curto prazo, quando é aplicado na aquisição de títulos de curto prazo, em bolsa ou em fundos de investimento; ou de longo prazo, quando o capital permanece em um país por mais de 12 meses (esse tipo de capital também é conhecido como investimento externo direto). No caso do Brasil, como a taxa de poupança interna é muito baixa, a vinda de capitais estrangeiros é muito necessária. Para refletir Qual o efeito da taxa de câmbio na movimentação dos capitais estrangeiros? A taxa de câmbio exerce um papel muito importante em relação à movimentação dos capitais estrangeiros. Em um mercado de câmbio livre, a taxa se forma pela lei da oferta e da procura. A oferta é representada pelos vendedores de câmbio (exportadores e tomadores de empréstimos, por exemplo), e a procura, pelos compradores de câmbio (importadores e devedores de empréstimos, por exemplo). Quando ela está muito baixa, estimula o retorno do capital estrangeiro, a remessa de lucros para o exterior e o desinteresse em reinvestir lucros no país. Por outro lado,quando está muito alta, estimula a entrada de capitais, porque o investidor disporá de maior quantidade de moeda nacional e desestimula a remessa de lucros, royalties e dividendos, porque esses valores são obtidos em moeda nacional e, quando convertidos em moeda estrangeira, sofrem redução, quando a taxa se eleva. Por exemplo, um lucro de R$ 1 milhão de reais será US$ 1 milhão de dólares à taxa de R$ 1,00 = US$ 1,00, ou US$ 500 mil à taxa de R$ 2,00 = US$ 1,00. Por isso, os investidores confiam mais nos países em que a taxa cambial é real, ou seja, não artificialmente alta e nem baixa. Você sabe qual a influência da dívida externa no comércio exterior? A dívida externa de um país deve ser administrada prudentemente, evitando riscos financeiros e crises econômicas. Existe a dívida boa e a ruim. A dívida boa, em termos de comércio exterior, é aquela que foi gerada a partir do investimento em empreendimentos produtivos que gerem receitas para seu pagamento. Se a dívida estiver em moeda estrangeira, o país precisa gerar receitas em divisas (geralmente dólares), quando, por exemplo, se faz investimentos em exportação ou em desenvolvimento no setor de turismo. Quando a dívida não é bem administrada, se torna ruim, e o país que não consegue pagar seus compromissos, passa a ser inadimplente. 22 AULA 2 • TEORIA GERAL DO COMÉRCIO InTERnACIOnAL Vale ressaltar que, no caso brasileiro, as principais causas do crescimento da dívida externa foram os choques do petróleo (principalmente no primeiro choque de 1973, quando os preços do barril foram elevados em 400%), o aumento das taxas de juros internacionais e os erros administrativos do governo brasileiro, que estimulou o consumo do petróleo ao invés de incentivar a utilização de energias substitutas, tais como o álcool, o biodiesel, dentre outros. (MAGNOLI e SERAPIÃO JR., 2012) Figura 6. Turismo em Dubai. Fonte: <http://www.essenciamoveis.com.br>, 2016. Saiba mais Para abordar com maior ênfase o impacto do comércio internacional na distribuição de renda de um país, Paul Samuelson e Ronald Jones desenvolveram o Modelo dos Fatores Específicos. O Modelo dos Fatores Específicos considera a existência de outros fatores de produção, colocando o fator trabalho como móvel (que pode ser mudado de um setor para outro), e os demais como específicos, ou seja, somente podem ser empregados na produção de alguns bens em particular. Imaginemos uma economia que produz dois bens: roupas e alimentos, e tem três fatores de produção: terra, trabalho e capital. Roupas são produzidas utilizando capital e trabalho, mas não terra; e alimentos, mediante terra e trabalho, mas não capital. O trabalho pode ser usado para os dois, ao passo que terra e capital são específicos. Essa verificação entre produção final e quantidade de fatores necessários se chama função de produção. Quanto maior a quantidade de trabalho utilizada para uma quantia constante de capital, maior é a produção de roupas. O aumento da produção com o acréscimo de uma hora-homem de trabalho é o produto marginal do trabalho. Mas, se isso ocorrer sem aumento do capital, é decrescente e constitui um fenômeno denominado rendimento decrescente. Assim, cada novo trabalhador terá menos capital para trabalhar do que os outros anteriormente contratados, até um ponto em que o produto marginal do trabalho seja nulo. Agora tomemos um país A qualquer. Quando sua economia é aberta ao comércio internacional, quais fatores de produção se beneficiam da distribuição de renda? Vamos supor que as roupas estão caras no exterior, de forma que a produção interna aumente para poder suprir a demanda exportadora. O setor de roupas vai poder aumentar os preços nos mercados externo e doméstico, remunerando melhor seus fatores de produção (capital e trabalho) e atraindo trabalhadores provenientes do setor de alimentos. Os donos do capital vão festejar os preços altos. Presos ao setor de alimentos, cujos preços relativos são mais baixos, os proprietários de terras são obrigados a pagar mais pela mão de obra à medida que os trabalhadores vão migrando para o setor de roupas. Assim, menos mão de obra estará disponível por unidade de terra, diminuindo o produto marginal físico da terra, e reduzindo o preço dos aluguéis em relação ao preço dos alimentos e ainda mais em relação ao preço mais alto das roupas. 23 TEORIA GERAL DO COMÉRCIO InTERnACIOnAL • AULA 2 Os trabalhadores poderiam migrar, embora o custo social seja alto, do setor de alimentos para o de roupas, em busca de melhores salários. Mas os salários no setor de roupas aumentam menos do que o aumento do preço final das roupas, ao passo que o retorno dos capitalistas aumenta mais do que o aumento do preço final das roupas. Dessa forma, é possível entender que o comércio internacional beneficia os fatores de produção específicos do setor exportador de cada país, e prejudica, de certa forma, os fatores específicos do setor que sofre concorrência das importações e têm efeitos ambíguos sobre os fatores móveis. Para refletir Observe o trecho da reportagem de Mônica Scaramuzzo, no jornal O Estadão, de 21 de fevereiro de 2016: “Há uma tendência geral em momentos de crise: empresas tentam diversificar suas receitas, e buscam outros mercados, diz Welbber Barral, ex-secretário de comércio exterior, à frente da Consultoria Barral M. Jorge.” A partir da leitura desse trecho e considerando o momento atual de crise econômica brasileira, em sua opinião, o que leva as empresas a buscar oportunidades no exterior? Desenvolva sua linha de raciocínio e compartilhe com seus colegas. Sugestão de estudo Para que você se informe mais sobre a disciplina de Comércio Exterior, deixaremos duas dicas de sites para você acessar: Radar Comercial: Radar Comercial: <www.radarcomercial.desenvolvimento.gov.br>; e Comex – Portal do Comércio Exterior: <www.comexbrasil.gov.br>. Sintetizando Vimos até agora: » Que, ao longo do tempo, várias teorias surgiram para tentar explicar a dinâmica do comércio exterior. As teorias clássicas e as teorias modernas se complementam atualmente, pois cada uma tem seu nível de contribuição para a economia mundial; » Que há diversas situações que influenciam a mobilidade dos fatores de produção – natureza, trabalho e capital; » Que há benefícios e riscos no comércio exterior, influenciando a distribuição de renda para os países. 24 Apresentação A dinâmica da política comercial se utiliza de instrumentos comerciais e não comerciais. Os principais instrumentos comerciais são: subsídios, tarifas e taxa de câmbio. Os principais instrumentos não comerciais são licença de importação ou de exportação, quota de importação, restrição voluntária de exportação, exigência de conteúdo nacional, as compras internacionais e as barreiras ecológicas, técnicas, burocráticas e sanitárias. Há, ainda, práticas consideradas desleais de comércio, mas que são utilizadas por alguns setores, tais como o dumping, oligopólio, trustes e cartéis. Vamos falar ainda sobre os principais blocos econômicos, suas origens e formas de constituição. Por fim, faremos as considerações em reflexão sobre a política comercial, e vamos enfatizar a importância dela para o comércio internacional. Vamos lá? Objetivo » Compreender como são inseridos os instrumentos de política comercial e a geografia dos blocos econômicos no contexto econômico mundial. 3 CAPÍTULO POLÍTICA COMERCIAL E OS PRInCIPAIS BLOCOS ECOnÔMICOS 25 POLÍTICA COMERCIAL E OS PRInCIPAIS BLOCOS ECOnÔMICOS • AULA 3 Política Comercial e seus Principais Instrumentos A Política Comercial, ou Política de Comércio Internacional, é uma política governamental que rege o comércio com países terceiros. Ela trata sobre como um governo pode administrar seus interesses, incentivando ou reprimindo suas importações ou exportações. Em geral, ela é adotada pelos governos como uma forma de proteger a indústria nacional contra a concorrência externa. A Economia Clássica ensina que a produçãoé resultado de três fatores: matéria-prima, mão de obra e investimentos. Figura 7. Política Comercial. Fonte: <http://www.everyoneweb.com/>. Para refletir Qual a importância da Política Comercial no contexto do comércio exterior? A Política Comercial trata justamente dos instrumentos que os países utilizam para resguardar sua produção interna, ou seja, os seus fatores de produção. Quando o governo impõe política econômica inadequada, tais fatores entram em desequilíbrio, o que prejudica as relações comerciais desse país com os outros. Importante Os principais instrumentos de política comercial são: subsídios (para exportação ou para importação); tarifas alfandegárias (barreiras alfandegárias); taxas múltiplas de câmbio; licenças de importação ou exportação; quotas de importação; restrição voluntária de exportação; exigências de conteúdo nacional; compras governamentais; e as barreiras burocráticas, técnicas, ecológicas ou sanitárias. O subsídio é um valor monetário fixado e concedido pelo Estado como ajuda ou crédito, ou por outra corporação, para uma obra de beneficência ou de interesse público, que represente papel importante para a economia do país. É uma subvenção, ou seja, um auxílio monetário concedido pelos poderes públicos. Governos auxiliam monetariamente certas mercadorias para que elas se tornem competitivas, em preços, com as que são produzidas no exterior. O subsídio pode ser para exportação (específico, quando o governo fixa uma quantia por unidade exportada) ou ad valorem (quando o governo fixa um 26 AULA 3 • POLÍTICA COMERCIAL E OS PRInCIPAIS BLOCOS ECOnÔMICOS percentual do valor exportado); ou para importação (quando a quantia é fixada para que a produção nacional possa competir com a produção estrangeira). O subsídio onera, então, o bolso do consumidor, que paga por meio de impostos. (MAGNOLI e SERAPIÃO JR., 2012) A tarifa alfandegária é uma taxa cobrada pelo governo sobre uma mercadoria importada, podendo ser específica ou ad valorem. A tarifa específica é cobrada por meio de um preço fixo por unidade da mercadoria importada (por exemplo, R$ 2,00 para cada garrafa de vinho importada). A tarifa ad valorem é um percentual do valor da mercadoria importada (por exemplo, 5% sobre o valor de um automóvel importado). Pode haver combinação dos dois tipos de tarifa, num modelo misto. As taxas múltiplas de câmbio também interferem no comércio internacional. Elas ocorrem quando o governo adota uma taxa de câmbio valorizada para combater a inflação, e ao mesmo tempo, utiliza várias taxas de câmbio paralelas para estimular as exportações. Assim, o governo interfere fixando uma paridade para a moeda fora da realidade. Provocação Diríamos que US$ 1,00 deveria valer R$ 10,00. Entretanto, o governo fixa em R$ 7,00, porque teme o aumento de preços dos produtos importados, e, consequentemente, o crescimento da inflação. Com a moeda nacional valorizada, tudo o que vem do exterior é muito barato. Em face disso, o governo cria duas ou mais taxas de câmbio para controlar a importação; as mercadorias consideradas essenciais são beneficiadas com taxas favorecidas e as não essenciais com taxas elevadas. Figura 8. Regime Aduaneiro. Fonte: <http://blogabstrato.blogspot.com.br/.html,> 2016. Quando um país enfrenta escassez de divisas, pode controlar sua balança comercial emitindo licenças de importação ou de exportação. A ideia da emissão de licenças é impedir o superfaturamento da importação e o subfaturamento da exportação, para que não haja depósitos irregulares no exterior. O governo designa um órgão que estuda suas necessidades e autoriza a importação dos artigos essenciais, de acordo com as disponibilidades cambiais, e, como há escassez de divisas, também é necessário controlar a exportação, para que o governo tenha certeza de que toda a receita de divisas foi entregue ao país. 27 POLÍTICA COMERCIAL E OS PRInCIPAIS BLOCOS ECOnÔMICOS • AULA 3 Importante A quota de importação refere-se a uma restrição quantitativa à importação de determinado produto e, em geral, são distribuídas a países ou a empresas de certos países. A quota sempre aumenta o preço do produto doméstico protegido, porque ao limitar a importação, aumenta a carência do produto no mercado interno, fazendo seu preço subir e estimulando a produção doméstica. A principal diferença entre tarifa e quota é que, nesse último caso, o governo não aufere ganhos tributários. Quando a quota é usada para restringir a importação, o dinheiro que, no caso da tarifa, iria para o governo (que é a diferença entre preço internacional de exportação e o preço mais alto do mercado doméstico do importador), vai para as empresas beneficiadas pelas quotas, ou seja, as empresas que têm a licença para comprar ou produzir barato no exterior e vender caro no mercado interno. Cuidado A restrição voluntária de exportação é um instrumento de política comercial pelo qual o governo e o setor privado do país importador, como resultado de negociação, impõem determinado volume até o qual aceitarão a importação de determinado produto sem restrições. Já a exigência de conteúdo nacional significa que determinado percentual dos componentes de um produto final deve ser de fabricação nacional, para que esse produto seja considerado como feito no país. Os maiores beneficiários dessa política são os produtores domésticos dos componentes do produto final. As compras governamentais surgem da preferência dada aos fornecedores nacionais nas compras realizadas pelo setor público. Trata-se da instrumentalização da política comercial em política industrial. Vender para governos e empresas estatais pode ser um bom negócio, principalmente, para micro e pequenas empresas. No Brasil, algumas facilidades, como dispensa de apresentação de certidões negativas antes da assinatura do contrato e prioridade para as micro e pequenas empresas no caso de empate na licitação não dependem de regulamentação e, por isso, já têm de ser aplicadas pela Administração Pública. As dificuldades burocráticas, técnicas, ecológicas ou sanitárias são instrumentos mais criativos da política comercial para restringir a entrada de importados em um país. São barreiras não alfandegárias baseadas em aspectos burocráticos, técnicos, ecológicos ou sanitários que, segundo determinado país, são impeditivos para a entrada de um produto em seus territórios. Atenção Você sabia que algumas das barreiras usadas pelos países para proteger seu capital no comércio exterior são inadequadas ao capital externo? Aqui vão elas: dumping, oligopólio, trustes, e cartéis. Considera-se que há prática de dumping quando uma empresa exporta para outro país um produto a preço inferior àquele que pratica para o produto similar nas vendas para o seu mercado interno; dessa forma, a diferenciação de preços já é, por si só, considerada como prática desleal de comércio. Oligopólio é um sistema que caracteriza um mercado em que existem poucos vendedores para muitos compradores, e esses poucos vendedores exercem hegemonia sobre o mercado, estabelecendo padrões de preço conforme lhes convenha, com o objetivo de impedir a entrada de novos concorrentes. 28 AULA 3 • POLÍTICA COMERCIAL E OS PRInCIPAIS BLOCOS ECOnÔMICOS Importante Trustes são uma espécie de oligopólio, no qual leva a fusão e incorporação de empresas envolvidas de um mesmo setor de atividades a abrirem mão de sua independência legal para constituir uma única organização, tendendo ao monopólio. Os cartéis são acordos comerciais entre empresas que se organizam numa espécie de sindicato para impor preços no mercado, suprimindo ou criando impedimentos à livre concorrência. Posicionamento do autor De forma geral, podemos observar que os instrumentos de política comercial atuam como barreiras ao comércio internacional, com o objetivo protecionista de resguardar a produção nacional em relação à competição estrangeira. Os países podem se utilizar de barreiras comerciais ou não comerciais para fazerisso, dependendo do contexto em que os negócios estão inseridos. Lembre-se de que, por trás do jogo comercial, existe o jogo político e social. Assim, cada país adota o que for melhor para suprir suas necessidades. Para refletir Dê uma olhada em um trecho da revista Veja publicados em diferentes datas: “O Grupo Pão de Açúcar precisou pressionar os burocratas do Ministério da Saúde durante um ano inteiro até conseguir autorização para importar sabão em pó. Qual era o problema? Brasília queria que o Pão de Açúcar provasse que tinha instalações adequadas para vender sabão em pó.” Trecho da Veja de 2/11/1994 – Exemplo de Barreira Burocrática. E você? Qual a sua opinião sobre as barreiras não alfandegárias? Desenvolva sua linha de raciocínio e compartilhe com seus colegas. Sugestão de estudo Para que você saiba mais sobre política comercial, aqui vão algumas dicas de sites: da Organização Mundial de Comércio (OMC) – World Trade Organization: <www.wto.org>; da Brazil Trade Net: <www.braziltradenet.gov.br>; e o da Aduaneiras: <www.aduaneiras.com.br>. Principais Blocos Econômicos Vimos anteriormente que os instrumentos de política comercial atuam, em sua grande maioria, para proteger a indústria nacional contra a concorrência externa. Entretanto, muitas vezes, essas barreiras se tornam verdadeiros entraves ao comércio, ao invés de, simplesmente, protegerem a capacidade produtiva de um país. Nesse contexto, entram as negociações multilaterais. Um acordo multilateral é aquele celebrado no âmbito jurídico-institucional da Organização Mundial de Comércio (OMC), aceito e de caráter obrigatório para todos os países-membros desse organismo multilateral. As negociações multilaterais são o fundamento do comércio global, 29 POLÍTICA COMERCIAL E OS PRInCIPAIS BLOCOS ECOnÔMICOS • AULA 3 pois se baseiam no princípio da nação mais favorecida, ou seja, quaisquer reduções tarifárias oferecidas a um país devem ser oferecidas a todos os outros. A ideia desses acordos é liberalizar o fluxo comercial dentro de cada país, pois os interesses dos exportadores contrabalançam os interesses protecionistas dos setores vulneráveis à concorrência de importados, e também evitar que os governos criem guerras comerciais destrutivas adotando escaladas protecionistas, nas quais todos saiam perdendo. Provocação A partir disso, qual o propósito dos Blocos Econômicos? Os blocos econômicos foram criados com a finalidade de desenvolver o comércio de determinada região, facilitando as negociações multilaterais. Para alcançar esse objetivo, eliminam barreiras alfandegárias, o que torna menor o custo dos produtos, criando maior poder de compra dentro do bloco, elevando o nível de vida de seu povo. Como o mercado passa a ser disputado também por empresas de outros países-membros do bloco econômico, cresce a concorrência, o que gera a melhoria de qualidade e a redução de custos. Os blocos econômicos são criados sob a forma de zonas de livre comércio, em um primeiro estágio, que podem evoluir sucessivamente para: união aduaneira (segundo estágio), mercado comum (terceiro estágio), união econômica (quarto estágio) e integração econômica total (quinto e último estágio). Atenção As Zonas de Livre Comércio são acordos formados por países que concordam em eliminar ou reduzir as barreiras alfandegárias apenas para as importações de mercadorias produzidas dentro dessa área. Entretanto, cada país terá uma política própria para produtos originários fora da zona de livre comércio. Já a União Aduaneira é um acordo que, além de buscar eliminar as barreiras alfandegárias para as importações de mercadorias produzidas dentro da área, adota uma política tarifária comum em relação a produtos importados de países fora da área. O Mercado Comum é aquele que, além do que foi estabelecido na União Aduaneira, não admite restrições aos fatores de produção (capital e trabalho). A União Econômica é aquela que, além do que foi estabelecido no Mercado Comum, procura harmonizar as políticas econômicas nacionais, fazendo com que os países-membros mudem suas legislações para torná-las coerentes com os princípios estabelecidos na União Econômica. Já a União de Integração Total é um acordo que, além do que foi estabelecido na União Econômica, determina a adoção de uma política monetária comum entre os países-membros, o que possibilita a criação de um Banco Central do bloco e uma moeda única. Para que isso aconteça, as economias dos países-membros devem manter padrões coerentes, como taxa de juros, déficit orçamentário, nível de inflação e dívida pública. Para refletir O que é necessário para se ter uma moeda comum? O economista Robert Mundell, considerado o pai do euro, diz que, para a existência da moeda comum, os países-membros precisam ter uma área monetária ótima, ou seja, que eles suportem os choques externos, por exemplo, uma alta no preço do petróleo, de forma semelhante, e que haja dentro do bloco mobilidade de mão de obra, pois permitiria realocar os trabalhadores desempregados de um país em outro. 30 AULA 3 • POLÍTICA COMERCIAL E OS PRInCIPAIS BLOCOS ECOnÔMICOS Dessa maneira, vimos que cada bloco econômico é definido em função do estágio em que ele se encontra. Vamos partir para alguns exemplos dos blocos econômicos mais importantes? O Benelux foi uma união aduaneira formada em 1948 por Bélgica, Holanda e Luxemburgo. Em 1950, Robert Schulman lançou a ideia da Comunidade Econômica do Carvão e do Aço. Em 1951, nasceu a Ceca (Benelux, Alemanha Ocidental, França e Itália), com o objetivo de eliminar barreiras alfandegárias e as restrições econômicas, estabelecendo também política de preços de transporte e instituindo uma tarifa comum aos países não membros. Importante Em 1957, os países da Ceca firmaram o Tratado de Roma, eliminando todos os obstáculos para a livre movimentação dos fatores de produção, extinguindo as taxas aduaneiras entre os países-membros, eliminando as restrições às importações e exportações e estabelecendo tarifas alfandegárias comuns aos países não membros e política comercial comum para agricultura e transportes. Após adesões de outros países, formou-se o Mercado Comum Europeu, que evoluiu para Comunidade Econômica Europeia (CEE), até se formar a União Europeia. A União Europeia é uma união econômica e política constituída por 28 países. Seus países- membros são: Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Croácia, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Polônia, Portugal, Reino Unido, República Checa, Romênia e Suécia. Vale ressaltar que sua sede fica em Bruxelas, na Bélgica, e possui o sistema de moeda única, o euro. (MAGNOLI e SERAPIÃO Jr., 2012) Atualmente, o Reino Unido tem tentado negociar a sua saída do bloco, manobra chamada de Brexit, alegando que sua economia é mais desenvolvida do que a dos outros países integrantes, o que inviabilizaria seu sucesso em muitos acordos multilaterais. O Mercado Comum do Sul (Mercosul), como o próprio nome diz, é um mercado comum, ou seja, uma união aduaneira, ainda incompleta, com livre movimentação de capital e trabalho. O Mercosul nasceu em 1991, quando Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai firmaram o Tratado de Assunção. O objetivo primordial é a integração por meio da livre circulação de bens, serviços e fatores produtivos, o estabelecimento de uma Tarifa Externa Comum (TEC), a adoção de uma política comercial comum, a coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais, e a harmonização de legislações nas áreas pertinentes. O Mercosul caracteriza-se pelo regionalismo aberto, ou seja, tem por objetivo não só o aumento do comércio intrazona, mas, também, o estímulo ao intercâmbio com outros parceiros comerciais. Dentre os seus Estados-Membros estão a Bolívia (em processo de adesão ao Mercosul), o Chile, o Peru, a Colômbia, o Equador, a Guiana e o Suriname. Em 2012, o bloco passou pela primeiraampliação, com o ingresso definitivo da Venezuela como Estado-Parte. O aperfeiçoamento da União Aduaneira é um dos objetivos principais do Mercosul, já que os Estados-Partes ainda não conseguiram estabelecer uma política tarifária comum para as importações de países fora da área. 31 POLÍTICA COMERCIAL E OS PRInCIPAIS BLOCOS ECOnÔMICOS • AULA 3 Figura 9. Alca. Fonte: <http://www.horadesaber.com.br/,> 2016. A Área de Livre Comércio das Américas (Alca) foi uma proposta de criação de bloco econômico feita pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, durante a Cúpula das Américas, em Miami no ano de 1994, com o objetivo de eliminar as barreiras alfandegárias entre os 34 países americanos, exceto Cuba, formando uma área de livre comércio. Uma vez implementada, a Alca se tornaria o maior bloco econômico do mundo. Uma das principais dificuldades para formação do bloco é a enorme disparidade entre a economia dos Estados Unidos e a dos demais países americanos. O projeto da Alca foi recusado pela maioria dos governos latino-americanos desde novembro de 2005. O North American Free Trade Agreement (Nafta), ou Tratado Norte-Americano de Livre Comércio, é o bloco econômico formado por Estados Unidos, México e Canadá (América do Norte) em 1992, com o objetivo de facilitar as transações econômicas entre esses países, assim como abolir as taxações sobre a circulação de mercadorias e produtos. O Nafta visa apenas à criação de uma área de livre comércio entre esses países, o que ainda não foi concluída. A Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (Apec) ou Asia-Pacific Economic Cooperation, foi criada oficialmente no ano de 1994, adquirindo características de um bloco econômico na Conferência de Seattle, nos Estados Unidos, quando os membros se comprometeram a transformar o Pacífico em uma área de livre comércio. Um aspecto estratégico da aliança é aproximar a economia norte-americana dos países do Pacífico, para contrabalançar com as economias do Japão e de Hong Kong. Os países-membros da Apec são: Austrália, Brunei, Canadá, Indonésia, Japão, Malásia, Nova Zelândia, Filipinas, Cingapura, Coreia do Sul, Tailândia, Estados Unidos, China, Hong Kong, Taiwan, México, Papua, Nova Guiné e Chile. A diplomacia de um país pode levá-lo a diferentes tipos de negociação. Cada tipo de negociação é originado de um processo decisório doméstico, que envolve ministérios, representantes do setor privado, sindicatos, academia, chancelaria e imprensa. A posição de um país depende dos seus interesses internos e externos. A política comercial define, por exemplo, como o país vai https://pt.wikipedia.org/wiki/Bill_Clinton https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%BApula_das_Am%C3%A9ricas https://pt.wikipedia.org/wiki/1994 https://pt.wikipedia.org/wiki/Barreira_comercial https://pt.wikipedia.org/wiki/Bloco_econ%C3%B4mico https://pt.wikipedia.org/wiki/Estados_Unidos https://pt.wikipedia.org/wiki/2005 32 AULA 3 • POLÍTICA COMERCIAL E OS PRInCIPAIS BLOCOS ECOnÔMICOS proteger sua produção. Por outro lado, se ele decidir participar de blocos econômicos, a política comercial não será mais em função de suas próprias decisões, mas, sim, será em função das decisões do bloco. A saúde econômica e política vai ajudar a definir a saúde social e cultural do futuro de uma nação, principalmente quando ela negocia de forma multilateral. O país tem que buscar utilizar os instrumentos que melhor satisfaçam as suas necessidades. Para refletir Thomas Richter, doutor em Direito Estrangeiro, em artigo publicado no jornal Diário do Nordeste afirma: “A saída para os países é a união em blocos. Primeiro, para a criação de mercados, depois, atingindo as liberdades pessoais até chegar ao multiculturalismo (a pluralidade cultural vivendo de forma harmônica).” Qual a sua opinião sobre os blocos econômicos? Desenvolva suas ideias e compartilhe com seus colegas. Sugestão de estudo Para que você continue aprendendo mais sobre Blocos Econômicos, deixaremos algumas dicas de sites para você acessar: União Europeia: <http://europa.eu/index_pt.htm>; do Mercosul: <www.mercosul.gov.br>; do Nafta: <www.naftanow.org>; e da Apec: <www.apec.org>. Sintetizando Vimos até agora: » Que a política comercial constitui uma série de instrumentos, majoritariamente protecionistas, que criam barreiras ao comércio internacional, com o objetivo de proteger os fatores de produção; » Que tais instrumentos podem ser comerciais, tais como os subsídios e as tarifas alfandegárias, ou não comerciais, tais como as barreiras burocráticas ou sanitárias; » Que o objetivo principal da formação de blocos econômicos é para se evitar o protecionismo excessivo. 33 Apresentação Neste capítulo, vamos fazer uma introdução à Teoria Geral dos Contratos Internacionais, explicando o porquê de sua existência, conceituando contrato, e falando sobre os seus aspectos mais importantes. Em seguida, para complementar melhor o nosso estudo, abordaremos os princípios que regem os contratos internacionais: autonomia da vontade, consensualismo, relatividade, obrigatoriedade, boa-fé, natureza internacional, e razoabilidade. Vamos falar também sobre os Termos Internacionais de Comércio, os Incoterms, o que significam e para que servem no contexto do comércio exterior. Explicaremos quais são suas categorias, formas de atuação e para quais modalidades de transporte são mais aplicados. Ao final, faremos um panorama geral do cenário do comércio exterior e como o Brasil está posicionado em relação a ele. Vamos começar? Objetivos » Entender o conceito de contrato internacional, seus princípios e a importância jurídica da Teoria Geral que busca contextualizá-los nas relações comerciais. » Compreender os Termos Internacionais de Comércio, identificando suas especificidades e condições que os diferenciam uns dos outros. 4 CAPÍTULO InTRODUçãO À TEORIA DOS COnTRATOS InTERnACIOnAIS E OS InCOTERMS 34 AULA 4 • InTRODUçãO À TEORIA DOS COnTRATOS InTERnACIOnAIS E OS InCOTERMS Introdução à Teoria dos Contratos Internacionais Em termos gerais, contrato é o acordo de vontades que tem por fim criar, modificar ou extinguir direitos e obrigações. Com o desenvolvimento do intercâmbio comercial entre os diversos Estados e demais entes dotados de personalidade jurídica (personalidade jurídica é a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair deveres), torna-se imprescindível estudar e compreender em profundidade o seu principal instrumento: o contrato internacional. Para refletir O que é o contrato internacional? O contrato internacional é o acordo de vontades em que estão envolvidos mais de um ordenamento jurídico. Por sua vez, ordenamento jurídico é um conjunto hierarquizado de normas jurídicas que disciplinam coercivamente as condutas humanas, com a finalidade de alcançar a harmonia e a paz social. Atualmente, contudo, não basta a qualificação jurídica para que um contrato seja conceituado como internacional: deve ele satisfazer também o critério econômico. Este é definido em função do fluxo e refluxo de bens, valores e capitais de um país para outro. Figura 10. Conferência Internacional. Fonte: <http://fadep.org/blog/>, 2016. Provocação Qual o propósito da Teoria Geral dos Contratos Internacionais? A existência da Teoria Geral dos Contratos Internacionais se justifica pelo fato de haver a necessidade de diferenciação da lei a ser aplicada em cada caso concreto, pois mais de uma legislação pode ser competente para solução de um mesmo dissídio. Os contratos internacionais são resultado de múltiplos fatores decorrentes da economia, da política, do comércio exterior e das ciências sociais, respeitando-se as peculiaridades de cada caso. Dessa maneira, a conceituação clássica dos contratos – que repousa sua validade no consentimento, objeto, causa e efeitos entre as partes – não se aplica aos contratos internacionais do comércio. A natureza do contrato internacional vai repousar mais na execução em função dos vários fatores econômicos,do que em outros elementos formadores do contrato. De forma geral, os contratos internacionais devem possuir autonomia técnica, ou seja, internacionalmente, eles são regidos dentro de regras decididas em convenções e são cada vez mais padronizados em operações similares, e eficácia, ou seja, os contratantes têm poder para fazer valer seus direitos territorial ou extraterritorialmente. 35 InTRODUçãO À TEORIA DOS COnTRATOS InTERnACIOnAIS E OS InCOTERMS • AULA 4 Provocação O contrato internacional tem algumas características com base no aspecto econômico: promove o intercâmbio de mercadorias, serviços e capitais, entre empresas de diferentes países; no mínimo, uma das partes desempenha papel preponderante no meio econômico internacional, em função do objeto do acordo; afeta os estados e países pactuantes; coloca em risco interesses corporativos do conjunto de empresas que se dediquem ao setor em que se inclua a operação; e suas formas, geralmente, possuem características peculiares, tais como: homogeneidade de suas disposições, existência de cláusulas de submissão, arbitragem e emprego de terminologia unificada. As características surgem em virtude do próprio dinamismo das negociações internacionais, proporcionando elementos próprios. Dessa maneira, contrato internacional é um elemento dinâmico e não somente um monumento jurídico. Provocação Os princípios que regem os contratos internacionais são os seguintes: » Princípio da autonomia da vontade: este princípio diz que uma pessoa tem liberdade de contratar quando quiser, com quem quiser e sobre o que quiser. As partes podem contratar sem se submeter a qualquer interferência do Poder Público, desde que respeitem a ordem pública e os bons costumes; » Princípio do consensualismo: este princípio diz que o aperfeiçoamento de um contrato dá-se apenas com o acordo de vontades, independentemente da entrega do que foi acordado, de formalismos ou de simbolismos; » Princípio da relatividade dos contratos: diz que o contrato só produz efeitos entre as próprias partes, ou seja, em regra, não é possível criar, mediante contrato, direitos e obrigações para outrem; contudo esse princípio não é absoluto, admitindo-se estipulações em favor de terceiro, que é o caso do seguro de vida, por exemplo; » Princípio da obrigatoriedade: é a regra de que o contrato é lei entre as partes; » Princípio da boa-fé: explica que há a presunção de que as partes contratantes procedem com lealdade e confiança recíprocas (boa-fé), devendo fazer prova aquele que alegar a má-fé do outro. Em segundo lugar, entende-se que a intenção das partes deve prevalecer sobre o que foi literalmente declarado. Daí a importância das testemunhas; » Princípio da natureza internacional: para que um contrato seja considerado internacional, é necessário um destes requisitos: partes contratantes de nacionalidades diferentes ou domicílios em países distintos, mercadoria ou serviço a serem prestados além-fronteira, lugares de celebração e execução não coincidentes. » Princípio da razoabilidade: abrange o significado de senso comum, de racionalidade, de equilíbrio, de prudência e de sensatez. Ao se aplicar as regras expressas em um contrato internacional, deve-se analisar de forma coerente as circunstâncias e as peculiaridades do comércio internacional. Na verdade, o contrato internacional é a consequência do intercâmbio entre Estados e pessoas, no sentido amplo, cujas características são diversificadas dos mecanismos conhecidos e, usualmente, utilizados pelos comerciantes. Sugestão de estudo Para que você se informe mais a respeito de contratos internacionais, deixaremos uma dica de site com matérias interessantes para você acessar: Organização das Nações Unidas (ONU) no Brasil: https://nacoesunidas.org/. 36 AULA 4 • InTRODUçãO À TEORIA DOS COnTRATOS InTERnACIOnAIS E OS InCOTERMS Figura 11. Incoterms 2016. Fonte: <www.incoterms2016.gov.br>, 2016. Os Tratados e Acordos são instrumentos ou acertos firmados entre nações em que se estabelecem objetivos e período de vigência. O Tratado é mais amplo, complexo e com longa duração. O Acordo é mais simples e flexível. Para refletir Como foram criados os Incoterms? Em 1931, os países-membros da Liga das Nações (órgão, naquela época, equivalente à ONU), reuniram-se em Genebra, na Suíça, para dotar uma lei uniforme para cheques, letras de câmbio e notas promissórias. Para lembrar, vale citar que a Liga das Nações foi uma organização internacional, idealizada em 28 de abril de 1919, em Versalhes, nos subúrbios de Paris, onde as potências vencedoras da Primeira Guerra Mundial se reuniram para negociar um acordo de paz. Sua última reunião ocorreu em abril de 1946. O Brasil é um dos signatários dessa convenção. A Câmara de Comércio Internacional (CCI), sediada em Paris, também editou regras uniformes para diversas modalidades de operações bancárias relativas ao comércio exterior. A finalidade dessas regras é também dirimir conflitos decorrentes de costumes e leis de inúmeros países que participam do comércio internacional. O Brasil também é um dos signatários dessas regras. Em 1936, a Câmara de Comércio Internacional definiu, oficialmente, cláusulas relativas à direitos e obrigações de cada parte (compradores e vendedores), nas compras e vendas de mercadorias. (MURTA, 2012) Os chamados International Commercial Terms / Termos Internacionais de Comércio (Incoterms) servem para definir, dentro da estrutura de um contrato de compra e venda internacional, os direitos e obrigações recíprocos do exportador e do importador, quanto às tarefas necessárias para deslocamento da mercadoria do local onde é elaborada até o local de destino final (zona de consumo): embalagem, transportes internos, licenças de exportação e de importação, movimentação em terminais, transporte e seguro internacionais, dentre outras. Eles propõem, por exemplo: onde o exportador deve entregar a mercadoria, quem paga o frete, quem é o responsável pela contratação do seguro etc. Atenção Dessa forma, após agregados aos contratos de compra e venda, os Incoterms passam a ter força legal, com seu significado jurídico preciso e efetivamente determinado, o que simplifica e agiliza a elaboração das cláusulas dos contratos de compra e venda. Eles são representados por uma sigla de três letras, e também são chamados de cláusulas de preço, pelo fato de cada termo determinar os elementos que compõem o preço da mercadoria, adicionais aos custos de produção. Os termos são divididos em quatro categorias e, dentro dessas categorias, temos os Incoterms especificados. 37 InTRODUçãO À TEORIA DOS COnTRATOS InTERnACIOnAIS E OS InCOTERMS • AULA 4 Importante O termo EXW – Ex Works representa obrigação mínima para o vendedor; o comprador arca com todos os custos e riscos envolvidos em retirar a mercadoria do estabelecimento do vendedor; desde que o Contrato de Compra e Venda contenha cláusula explícita a respeito, os riscos e custos envolvidos e o carregamento da mercadoria na saída, poderão ser do vendedor; esse termo não deve ser usado se o comprador não puder se responsabilizar, direta ou indiretamente, pelas formalidades de exportação; este termo pode ser usado em qualquer modalidade de transporte. A Categoria FCA – Free Carrier (Livre no transportador no local designado): o vendedor completa suas obrigações quando entrega a mercadoria, desembaraçada para a exportação, aos cuidados do transportador internacional indicado pelo comprador, no local determinado; a partir daquele momento, cessam todas as responsabilidades do vendedor, ficando o comprador responsável por todas as despesas e por quaisquer perdas ou danos que a mercadoria possa vir a sofrer. Cuidado O local escolhido para entrega é muito importante para definir as responsabilidades quanto à carga e descarga da mercadoria: se a entrega ocorrer nas dependências do vendedor, este é o responsável pelo carregamento no veículo coletor do comprador, mas se a entrega ocorrer
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