Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) DESEMBARGADOR (A) PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE XXX Prcesso n° XXX “M”, já qualificado nos autos em epígrafe, por seu advogado que esta subscreve, com endereço profissional na Rua XXX, Bairro XXX, Cidade XXX, Estado XXX, local indicado para receber as devidas intimações e notificações, conforme o artigo 106 do Código de Processo Civil de 2.015, vem, inconformado com acórdão de folhas n° XXX, proferido por esse Tribunal de Justiça, em face de XYX ALIMENTOS S.A., vem, perante Vossa Excelência, com fulcro no artigo 105, inciso III, alíneas “a” e “c”, da Constituição Federal de 1.988 e artigo 1.029 da Lei n° 13.105 de 2.015, interpor: RECURSO ESPECIAL Requer seja recebido, processado e admitido, determinando-se sua remessa ao Colendo Superior Tribunal de Justiça para apreciação e julgamento. Nestes termos, pede deferimento. Local / Data Advogado OAB n° XXX RAZÕES DO RECURSO ESPECIAL Apelação n° XXX Recorrente: “M” Recorrido: XYZ ALIMENTOS S.A. EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA Colenda Turma, Eméritos Ministros: “Permissa máxima vênia” o v. Acórdão recorrido merece integral reforma, eis que infringiu vários dispositivos de leis federais, divergindo também de decisões de outros Tribunais pátrios e, inclusive do presente E. Tribunal, conforme a seguir será demonstrado: I – DOS FATOS Em 27/02/2011, XYZ Alimentos S.A., companhia aberta, ajuizou ação para responsabilizar seu ex-diretor de planejamento, "M", por prejuízos causados à companhia decorrentes de venda, realizada em 27/09/2005, de produto da Companhia a preço inferior ao de mercado, em troca de vantagem pessoal. Em sua defesa, "M" alegou que não houve a realização prévia de assembleia da companhia que houvesse deliberado o ajuizamento da demanda e que as contas de toda administração referentes ao exercício de 2005 haviam sido aprovadas pela assembleia geral ordinária, ocorrida em 03/02/2006, cuja ata foi devidamente arquivada e publicada na imprensa oficial no dia 05/02/2006, não podendo este tema ser passível de rediscussão em razão do decurso do tempo. Em sede de recurso, a 1ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Piauí reconheceu os fatos de que (i) não houve a prévia assembleia para aprovar ajuizamento da ação; e de que (ii) as contas de ?M? referentes ao exercício de 2005 foram aprovadas em uma assembleia, em cujas deliberações não se verificou erro, dolo, fraude ou simulação incorridos ou perpetrados por quem dela participou. No entanto, manteve a condenação do ex-diretor que havia sido imposta pela sentença da 1ª instância, que entendeu prevalecer, no caso, o art. 158, I, da Lei n.6.404/76, sobre qualquer outro dispositivo legal desta Lei, sobretudo os que embasam os argumentos de "M". II – DO CABIMENTO Diante da pretensão de reforma de acórdão de Tribunal de Justiça Estadual, será cabível Recurso Especial. Todavia, é preciso que se demonstre a presença de seus requisitos de admissibilidade, que nos caso presente Recurso Especial, é apresentado pelo: II.1 – PREQUESTIONAMENTO Como sabido, cabe Recurso Especial, de competência do Superior Tribunal de Justiça, quando a decisão recorrida contrariar lei federal. Nesse sentido, o teor do art. 105, III, a CF, a saber: Art. 105. “Compete ao Superior Tribunal de Justiça: (...) III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida: a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; (...).” No caso em tela, o acórdão recorrido contrariou dispositivos da Lei Federal 6.404/76 (como se verá no Mérito), dando o tribunal a quo intepretação incompatível com o seu teor, motivo pelo qual resta justificado o cabimento do presente Recurso Especial. Assim, percebe-se no caso que houve o prequestionamento da matéria recorrida, uma vez que o conteúdo da lei federal contrariada foi objeto de análise pelo tribunal a quo, restando cumprido, portanto, dito requisito. III – DO DIREITO Da ofensa aos artigos 1.022, inciso II, 489, § 1°, inciso IV, 373, inciso I e 1.013 e incisos do Novo Código de Processo Civil de 2.015: Não tendo sido acolhidos os Embargos de Declaração, acabou-se por infringir os artigos 1.022, inciso II e 489, § 1°, inciso IV do Novo Código de Processo Civil de 2.015 que assim estão dispostos: Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para: I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição; II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento; III - corrigir erro material. Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que: I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento; II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1º . Art. 489. São elementos essenciais da sentença: I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do pedido e da contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo; II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito; III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe submeterem. § 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento. § 2º No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o objeto e os critérios gerais da ponderação efetuada, enunciando as razões que autorizam a interferência na norma afastada e as premissas fáticas que fundamentam a conclusão. § 3º A decisão judicial deve ser interpretada a partir da conjugação de todos os seus elementos e em conformidade com o princípio da boa-fé. III.1 – DA AÇÃO DE RESPONSABILIDADE Não havia respaldo legal para a propositura da Ação de Responsabilidade Civil Contra Diretor de S.A., no caso, contra “M”, toda vez que não houve deliberação da assembleia geral nesse sentido. É o que se desprende o art. 159, caput, da Lei 6.404/76, conforme a seguir: Art. 159: “Compete à companhia, mediante prévia deliberação da assembleia-geral, a ação de responsabilidade civil contra o administrador, pelos prejuízos causados ao seu patrimônio. (…).” Logo, considerando que não houve prévia assembleia para aprovar o ajuizamento da Ação de Responsabilidade em face do recorrente, a medida não se sustenta. III.2 – DA EXONERAÇÃO DA RESPONSABILIDADE DO DIRETOR Tampouco seria possível demandar contra “M”, em razãoda aprovação, sem reservas, das demonstrações financeiras e das contas da recorrida do ano de 2005 (conf. Ata da assembleia geral ordinária de 2005, publicada no Diário Oficial em 05/02/06 – DOC. ANEXO). Com a aprovação destas, sem qualquer restrição, opera-se a exoneração da responsabilidade do administrador, salvo a ocorrência de erro, dolo, fraude ou simulação, situações que não foram verificadas no caso concreto. Nesse sentido, aduz o art. 134, §3º, da Lei 6.404/76: Art. 134. “(...). §3º A aprovação, sem reserva, das demonstrações financeiras e das contas, exonera de responsabilidade os administradores e fiscais, salvo erro, dolo, fraude ou simulação (artigo 286). (...).” Logo, considerando a aprovação, sem ressalvas, dos demonstrativos contábeis da recorrida, e diante da inocorrência de erro, dolo, fraude ou simulação, resta o recorrente exonerado de responsabilidade, não sendo cabível o ajuizamento da Ação de Responsabilidade em face do mesmo. III.3 – DA PRESCRIÇÃO Deve observar-se ainda que se acha prescrita a Ação de Responsabilidade intentada contra o recorrente, conforme se desprende do art. 287, II, b, 2, Lei 6.404/76, senão vejamos: Art. 287. “Prescreve: (...) II - em 3 (três) anos: (…) b) a ação contra os fundadores, acionistas, administradores, liquidantes, fiscais ou sociedade de comando, para deles haver reparação civil por atos culposos ou dolosos, no caso de violação da lei, do estatuto ou da convenção de grupo, contado o prazo: (…) 2 - para os acionistas, administradores, fiscais e sociedades de comando, da data da publicação da ata que aprovar o balanço referente ao exercício em que a violação tenha ocorrido; (...).” Portanto, considerando que a data da publicação da ata da assembleia se deu no dia 05/02/06, e que a propositura da Ação de Responsabilidade contra “M” ocorreu apenas em 27/02/11, fácil perceber que a mesma se encontrava prescrita quando de sua propositura. Tampouco poderia a recorrida valer-se de ação para anulação das deliberações tomadas pela assembleia geral, ainda que irregularmente convocada ou instalada, ou mesmo eivada de vício, tendo em vista o que preconiza o art. 286 da Lei 6.404/76, que dispõe: Art. 286. “A ação para anular as deliberações tomadas em assembleia- geral ou especial, irregularmente convocada ou instalada, violadoras da lei ou do estatuto, ou eivadas de erro, dolo, fraude ou simulação, prescreve em 2 (dois) anos, contados da deliberação.” Desse modo, tendo em vista a data da realização da assembleia (03/02/2006), dita medida igualmente estaria prescrita. Sendo assim, temos que todos dispositivos supramencionados devem ser aplicados em detrimento do art. 158, I, da Lei 6.404/76, uma vez que são mais específicos em um paralelo com o caso. IV – DOS PEDIDOS Ante ao exposto, requer: Finalmente, o pedido deve ser o provimento do recurso especial, com o consequente reconhecimento da prescrição da ação tanto para anular a deliberação da assembleia que aprovou as contas de “M”, quanto da ação para responsabilizá-lo pelos prejuízos causados à companhia. Nestes termos, pede deferimento. Local / Data Advogado OAB n° XXX
Compartilhar