NOTA DE AULA 6 - Agravo de Instrumento

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DISCIPLINA: PRÁTICA SIMULADA RECURSOS
Profa. Marília Costa Barbosa Fernandes
Nota de Aula 6
AGRAVO DE INSTRUMENTO 
1) CABIMENTO:
- Cabe agravo de instrumento para impugnar decisão interlocutória proferida por magistrado de 1º grau. 
- O CPC/2015 determina que o agravo de instrumento deve ser utilizado nas hipóteses do art. 1.015: 
Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:
I - tutelas provisórias;
II - mérito do processo;
III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;
IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;
V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação;
VI - exibição ou posse de documento ou coisa;
VII - exclusão de litisconsorte;
VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;
IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;
X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução;
XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1º ;
XII - (VETADO);
XIII - outros casos expressamente referidos em lei.
Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário.
- E o que ocorre em relação às decisões interlocutórias que não estão dispostas no rol do art. 1.015 do CPC/2015, nem nas demais hipóteses previstas no Código? 
· Em regra, fora dessas hipóteses, não será cabível agravo de instrumento, de modo que a preclusão quanto à impugnação da decisão interlocutória somente ocorrerá após o prazo da apelação – devendo a matéria ser arguida em preliminar de apelação; 
Art. 1009, CPC. (...)
§ 1º As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões.
§ 2º Se as questões referidas no § 1º forem suscitadas em contrarrazões, o recorrente será intimado para, em 15 (quinze) dias, manifestar-se a respeito delas.
· Se a decisão interlocutória envolver situação de urgência, deverá existir alguma forma de imediata impugnação – e não somente na apelação. Para esses casos, o debate é se: 
a) é cabível agravo de instrumento de forma ampliativa (portanto, o rol do art. 1.015 não seria taxativo); ou 
b) se seria adequado o uso de mandado de segurança (ação de impugnação e não recurso)
 
→ Segundo o STJ, em julgamento de recurso repetitivo, a seguinte tese foi fixada: “o rol do art. 1.015 do CPC/2015 é de taxatividade mitigada, por isso admite a interposição de agravo de instrumento quando verificada a urgência decorrente da inutilidade do julgamento da questão no recurso de apelação”. 
DICA PARA A VIDA: O prazo do agravo (15 dias) é inferior ao prazo decadencial do Mandado de Segurança (120 dias). Considerando o prazo, melhor interpor inicialmente o agravo de instrumento e, caso o recurso não seja conhecido, posteriormente ajuizar o MS. 
2) EFEITOS:
- Como regra (CPC/2015, art. 995), o agravo não obsta o prosseguimento do processo, tendo efeito apenas devolutivo (a saber, o efeito de devolver a matéria ao exame do Poder Judiciário, agora em 2º grau, sem prejudicar andamento do processo em 1º grau). 
- Caso se verifique a necessidade de atribuição de efeito suspensivo, este poderá ser concedido pelo relator, segundo o art. 1.019, I, do CPC/2015:
Art. 1.019. Recebido o agravo de instrumento no tribunal e distribuído imediatamente, se não for o caso de aplicação do art. 932, incisos III e IV , o relator, no prazo de 5 (cinco) dias:
I - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão;
· Se a decisão de 1º grau concede uma medida que requer imediata paralisação de sua eficácia (urgência), o agravante poderá pedir ao relator a concessão de efeito suspensivo ao agravo de instrumento. 
Para isso, deverá provar a probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo.
Ex: Seria o caso de um pedido de tutela de urgência formulado em 1º grau, em que o magistrado deferisse a aplicação de multa diária para determinar a realização de uma providência impossível de ser realizada. Tal situação poderia gerar grandes prejuízos à recorrente. O relator pode deferir o efeito suspensivo no agravo de instrumento, obstando a aplicação da referida multa. 
· Já se a decisão de 1º grau foi negativa, indeferindo uma medida pleiteada de natureza urgente, poderá o agravante pedir ao relator do recurso que conceda a antecipação de tutela da pretensão recursal. 
Deverá provar a probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo. 
Ex: Considere o pedido de concessão de liminar de reintegração de posse. Tendo o juiz de 1º grau negado a providência, poderá o agravante recorrer ao Tribunal e pedir, no agravo, que o relator conceda a antecipação de tutela da pretensão recursal para, desde logo, ordenar a reintegração de posse. 
3) Requisitos do agravo de instrumento: 
- Costuma-se dividir a peça em duas petições: 
· na primeira (de interposição) são destacados os requisitos de admissibilidade do recurso; e 
· na segunda, as razões da impugnação da decisão.
- O recurso será interposto diretamente no Tribunal (juízo ad quem). 
· Como regra, interpõe-se ao seu presidente, para que, nos termos do regimento interno do Tribunal, sejam feitos os encaminhamentos pertinentes.
- Deverá a peça de agravo indicar os nomes de recorrente e recorrido com sua qualificação completa, já que os dados detalhados se encontram apenas no processo de origem, que está no 1º grau. 
- Deve o recorrente apontar o nome de seu recurso, indicando, se for o caso, o pedido de concessão de efeito suspensivo ou de antecipação de tutela da pretensão recursal. 
- Deve-se justificar o cabimento do recurso, fundamentando em qual inciso do art. 1.015 do CPC/2015 ou outra hipótese legal expressa se situa o caso.
- Deverá haver a exposição dos fatos relevantes para o pedido e a fundamentação jurídica pertinente, apontando as razões do requerimento de reforma ou invalidação da decisão interlocutória; além do PEDIDO especificamente.
- Devem ser indicados o nome e o endereço completos dos advogados constantes do processo. 
Caso tais dados não estejam completamente disponíveis – por exemplo, por não ter ainda o réu integrado a relação processual –, tal aviso deverá constar na petição. 
Ex: Em agravo de instrumento contra a denegação de medida liminar, não tendo ainda sido citado o réu, pode informar o agravante que “deixa de indicar o nome do advogado da parte contrária porque o réu ainda não foi citado, não constando tal informação nos autos”.
Art. 1.016. O agravo de instrumento será dirigido diretamente ao tribunal competente, por meio de petição com os seguintes requisitos:
I - os nomes das partes;
II - a exposição do fato e do direito;
III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão e o próprio pedido;
IV - o nome e o endereço completo dos advogados constantes do processo.
- Como o processo continuará tramitando em 1º grau, haverá necessidade de formar novos autos com as principais peças do processo (compondo um instrumento em separado), para que os julgadores possam apreciar o objeto do recurso. 
Art. 1.017. A petição de agravo de instrumento será instruída:
I - obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, da contestação, da petição que ensejou a decisão agravada, da própria decisão agravada, da certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que comprove a tempestividade e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado;
II - com declaração de inexistência de qualquer dos documentos referidos no inciso I, feita pelo advogado do agravante, sob pena de sua responsabilidade pessoal;
III - facultativamente,com outras peças que o agravante reputar úteis.
§ 1º Acompanhará a petição o comprovante do pagamento das respectivas custas e do porte de retorno, quando devidos, conforme tabela publicada pelos tribunais.
- É interessante que o agravante explicite quais são exatamente as cópias que está juntando em seu recurso, indicando, de preferência, os respectivos dispositivos do CPC (diferenciando as peças obrigatórias das facultativas). 
- Caso algum documento obrigatório não conste dos autos de origem – como, por exemplo, a procuração da parte contrária ou a contestação –, o advogado deve destacar o fato informando-o sob sua responsabilidade pessoal (p. ex., com a seguinte frase: “deixa o agravante de juntar a procuração da parte contrária porque ainda não foi o réu citado, não constando tal documento nos autos, informação prestada sob responsabilidade pessoal do advogado”). 
- As cópias que formam o instrumento não precisam ser autenticadas em cartório, podendo o advogado, sob sua responsabilidade pessoal, declarar a autenticidade das peças que apresenta em juízo. 
- Finalmente, após a interposição do recurso, poderá ser exigido que a parte agravante venha a juntar cópia do agravo e documentos, no processo de origem, caso se trate de processo físico (CPC/2015, art. 1.018). Se forem autos eletrônicos, trata-se de uma faculdade do agravante. 
Art. 1.018, CPC. O agravante poderá requerer a juntada, aos autos do processo, de cópia da petição do agravo de instrumento, do comprovante de sua interposição e da relação dos documentos que instruíram o recurso.
§ 1º Se o juiz comunicar que reformou inteiramente a decisão, o relator considerará prejudicado o agravo de instrumento.
§ 2º Não sendo eletrônicos os autos, o agravante tomará a providência prevista no caput , no prazo de 3 (três) dias a contar da interposição do agravo de instrumento.
§ 3º O descumprimento da exigência de que trata o § 2º, desde que arguido e provado pelo agravado, importa inadmissibilidade do agravo de instrumento.
ESTRUTURA DE AGRAVO DE INSTRUMENTO
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE xxxxxxx 
AGRAVANTE, (qualificação completa), por seu advogado que esta subscreve, vem, respeitosamente, à presença de V. Exa., nos termos dos arts. 1.015 e seguintes do CPC/2015, interpor o presente AGRAVO DE INSTRUMENTO COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA RECURSAL contra decisão que indeferiu pedido de liminar (tutela de urgência) proferida pelo r. Juízo da xxxx, nos autos da ação autuada sob o n. (número), que move em face de AGRAVADO (qualificação completa), pelas razões que acompanham a presente peça de interposição. 
Requer seja deferida inaudita altera pars a tutela antecipada recursal pleiteada e, após os regulares trâmites, seja o agravo conhecido e integralmente provido. 
Justifica-se a interposição do presente recurso na modalidade de instrumento por se tratar de uma das hipóteses do rol do art. 1.015, do CPC (especificar o inciso). 
Em cumprimento ao art. 1.016, IV, do CPC, informa a agravante nome e endereço dos advogados constantes do processo: 
- Pelo agravante: Dr. (nome completo), com escritório em (endereço). 
- Pelo agravado: Dr. (nome completo), com escritório em (endereço). 
Com fulcro no art. 1.017, I e III, do CPC/2015, vem indicar as peças que instruem o presente recurso: 
a) peças obrigatórias (art. 1.017, I): 
1 – petição inicial; 
2 – decisão agravada; 
3 – certidão da intimação da decisão agravada; 
4 – procuração outorgada ao advogado da agravante; 
5 – procuração outorgada ao advogado da agravada; 
Deixa a agravante de juntar a contestação porque ela ainda não foi apresentada nos autos de origem – informação prestada sob responsabilidade do advogado (art. 1.017, II). 
b) peças facultativas (art. 1.017, III):
1 – xxxx. 
Assim, estão sendo juntados todos os documentos para que o agravo seja conhecido. Caso V. Exa. entenda não serem eles suficientes, requer-se a intimação da agravante para que junte eventuais cópias adicionais (art. 1.017, § 3º). 
Nos termos do art. 425, IV, do CPC/2015, as cópias das peças do processo são declaradas autênticas pelo advogado sob sua responsabilidade pessoal. 
Informa, outrossim, que, em cumprimento ao art. 1.018 do CPC/2015, dentro do prazo legal de três dias, juntará aos autos do processo de origem cópia do presente recurso, da prova de sua interposição e do rol dos documentos que o instruem, apresentando PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO da decisão interlocutória proferida . 
Informa ainda que, nos termos do art. 1.017, § 1º, do CPC/2015, recolheu os valores exigidos legalmente relativos às custas e ao porte de retorno, o que se comprova pelas guias devidamente quitadas que ora são juntadas aos autos. 
Termos em que pede deferimento. 
São José dos Pinhais-SP, 01 de novembro de 2022.
Assinatura, OAB. 
(outra página)
RAZÕES RECURSAIS
Agravante: xxx 
Agravado: xxx 
Autos número: (número) 
Vara de Origem: (...)
Egrégio Tribunal 
Colenda Câmara 
Nobres Julgadores 
I – DOS FATOS/BREVE SÍNTESE DA DEMANDA
Relatar os fatos relevantes para o pedido recursal. 
II – DAS RAZÕES DO INCONFORMISMO 
Apontar na decisão interlocutória o ponto a ser reformado e apresentar a fundamentação jurídica.
III - DO PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA RECURSAL 
Dispõe o art. 1.019, I, do CPC/2015 que o relator pode deferir a antecipação de tutela, total ou parcial, da pretensão recursal. 
O art. 300 do CPC explicita os requisitos de concessão da tutela de urgência antecipada, a saber, (i) a probabilidade do direito e (ii) o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. 
No caso em hipótese, estão presentes ambos os requisitos, sendo de rigor tal concessão. 
A probabilidade do direito está presente xxxxx. 
No que tange ao perigo de dano, xxxx
III – CONCLUSÃO E PEDIDO 
Por todo o exposto, a agravante requer que o recurso seja conhecido; que seja liminarmente deferida a antecipação de tutela da pretensão recursal para xxxxxx; e que, após a apresentação de contrarrazões pela parte agravada, seja dado provimento integral ao recurso para reformar a decisão ora impugnada, confirmando a antecipação de tutela que se espera liminarmente deferida. 
Termos em que Pede deferimento. 
Cidade, data.
Assinatura, OAB