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Periodizaçao segundo Laranjeira 1º Período, que vai das origens da permanência dos portugueses naquela região índica até 1924, ano que precede o da publicação de O livro da dor, de João Albasini. É um período de Incipiência, um quase deserto secular, que se modifica com a introdução do prelo, no ano de 1854, mas sem os resultados literários verificados em Angola. Nesse panorama desértico, tão habitual no oitocentismo, em África, sobressai, nos anos 60, 70 e 80, a publicação dispersa dos textos de Campos Oliveira (nasceu na Ilha de Moçambique, em 1847; morreu em 1911), num total de 31, rastreados por Manuel Ferreira. 2.° Período, de Prelúdio vai da publicação de O livro da dor até ao fim da II Guerra Mundial, incluindo, além do livro do jornalista João Albasini, os poemasdispersos, nos anos 1930, de Rui de Noronha, depois publicados em livro, numa recolha duvidosa, incompleta e censoriamente truncada, com o título de Sonetos(1946), por ser o género mais cultivado por ele. O 3.° Período, que vai de 1945/48 a 1963, caracteriza-se pela intensiva Formação da literatura moçambicana. Pela primeira vez, uma consciência grupal instala-se no seio dos (candidatos a) escritores, tocados pelo Neo-realismo e, a partir dos primeiros anos de 1950, pela Négritude. Noémia de Sousa escreve todos os seus poemas (conhecidos até hoje) entre 1948 e 51, ainda sem conhecer a Negritude francófona, mas estando a par dos negrismos americanos (Black Renaissance, Indigenismo haitiano e Negrismo cubano, entre outros), visto que dominava o inglês e o francês. Em 1951, circulará o seu livro policopiado Sangue negro, formado por 43 poemas. O 4.° Período prolonga-se desde 1964 até 1975, ou seja, entre o início da luta armada de libertação nacional e a independência do país (a publicação de livrosfundamentais coincide com estas datas políticas). É o período de Desenvolvimento da literatura, que se caracteriza pela coexistência de uma intensa actividade cultural e literária no hinterland, no ghetto, apresentando textos de cariz não explícita e marcadamente político (em que pontificavam intelectuais, escritores e artistas como Eugénio Lisboa, Rui Knopfli, o português António Quadros, entre outros) com, no outro lado, na guerrilha, inequívocos poemas anti-colonialistas queteciam loas à revolução e tematizavam a luta armada. Em 1964, Luís Bernardo Honwana publica Nós matámos o cão-tinhoso, um conjunto de contos que finalmente emancipa a narrativa em relação à preponderância da poesia. 5.° Período, entre 1975 e 1992, de Consolidação, por passar a não haver dúvidas quanto à autonomia e extensão da literaturamoçambicana, contra todas as reticências, provindas de alguns sectores dos estudos literários, e, diga-se também, contra todas as evidências. Após a independência, (1975-1982), assistiu-se sobretudo à divulgação de textos que tinham ficado nas gavetas. O livro típico, até pelo título sugestivo, foi Silêncio escancarado (1982), de Rui Nogar (1935-1993), aliás o primeiro e único que publicou em vida. A publicação dos poemas de Raiz de orvalho, de Mia Couto (em1983) e sobretudo da revista Charrua (a partir de 1984, com oito números), da responsabilidade de uma nova geração de novíssimos (Ungulani Ba Ka Khosa, Hélder Muteia, Pedro Chissano, Juvenal Bucuane e outros).
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