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resumo do problema 3 neuro

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Ivina Marcella C. Santos 
 Percepção, Consciência e Emoção 
Problema 3 ( respirem fundo,pq esse problema, foi uma LUTAA para achar os assuntos) 
1) Explanar a morfofisiologia do lobo frontal 
LOBO FRONTAL 
Como disse no início, o lobo frontal está localizado na 
parte da frente da cabeça, próximo à testa e, 
segundo especialistas, esta foi à última parte do 
cérebro a se desenvolver durante o processo de 
evolução e se unir à estrutura que já existia. Vale 
dizer que ele é o maior, pois ocupa quase um 
terço do crânio, e o mais importante dos quatro 
lóbulos por conta das funções que desempenha. 
Identificam-se em sua superfície três sulcos 
principais: 
° Sulco pré-central: mais ou menos paralelo ao sulco central, está localizado logo anteriormente 
ao giro précentral, sendo, por muitas vezes, dividido em dois segmentos. ° 
Sulco frontal superior: inicia-se geralmente na porção superior do sulco pré-central e tem 
direção aproximadamente perpendicular a ele. 
° Sulco frontal inferior: partindo da porção inferior do sulco pré-central, dirige-se para frente e para 
baixo. Entre o sulco central e o sulco pré-central está o giro pré-central, onde se localiza a área 
motora principal do cérebro (área 4 de Brodmann). Acima do sulco frontal superior, continuando, 
pois, na face medial do cérebro, localiza-se a face súpero-lateral do giro frontal superior e a face 
medial do giro frontal superior, respectivamente. Entre os sulcos frontal superior e frontal inferior 
está o giro frontal médio. Logo abaixo do sulco frontal inferior, temos o giro frontal inferior que é 
ainda subdividido pelos ramos anterior e ascendente do sulco lateral em três partes: 
°parte orbital (anteriormente ao ramo anterior do sulco lateral); ° 
parte triangular (entre o ramo anterior e o ramo ascendente); °parte 
opercular (entre o ramo ascendente e a parte inferior do sulco pré-central). 
Córtex frontal 
Áreas funcionais de Brodmann – conceitos clássicos atualizados por RNMf. Das 43 áreas funcionais (AB)8 
que Brodmann descreveu em seu estudo citoarquitetônico, algumas apresentam maior relevância clínica . 
 
AB 3a/b, 1, 2 (áreas sensitivas primárias): situadas no giro póscentral, portanto, posterior ao sulco 
central, no território do lobo parietal, recebem aferências provenientes do tálamo, com informações 
sensitivas primárias. Recebem informações nociceptivas, térmicas, provenientes do tato protopático 
(grosseiro), tato epicrítico (fino), vibração e propriocepção consciente. Neurônios na área 3a 
recebem sinais de entrada dos fusos neuromusculares e de outros receptores profundos. Neurônios 
presentes na área 3b recebem sinais de classes específicas de receptores de tato na pele. Neurônios nas 
áreas 1 e 2 recebem sinais de entrada convergentes de múltiplos tipos de receptores somatossensoriais 
que inervam as mesmas partes do corpo. O significado clínico de lesões presentes no giro pós-central 
pode corresponder a parestesias, anestesias, hipoestesias (térmicas, tátil ou dolorosa) 
o envolvimento de áreas secundárias e terciárias da sensibilidade correspondentes a AB 5 e 7 (lóbulo 
parietal superior), neurônios da área 5 estão ativos principalmente nos movimentos ativos da mão e nas 
modalidades de sensibilidade integrada (protopática e epicrítica), suas lesões podem cursar clinicamente 
com: apraxias (ideomotora, ideatória, construtiva e de vestimentas), disgrafias, heminegligência, 
agrafoestesia, estereoagnosia e desorientação espacial. Anatomicamente, o sulco intraparietal divide o 
lóbulo parietal superior do inferior, criando uma faixa ao redor do sulco intraparietal denominado de área 
2v, que, em conjunto com a AB 3a, recebe informações do sistema vestibular, com importante controle do 
equilíbrio corporal. AB 4 (área motora primária): localizada no giro pré-central, anterior ao sulco central, 
possui as células piramidais de Betz, originando assim os tratos corticoespinal e corticonuclear, 
responsáveis pela iniciação do ato motor voluntário. Uma lesão nessa estrutura será representada por 
paresia, raramente plegia devido a complementação do ato motor por vias secundárias, também 
chamadas de extrapiramidais. 
 A área motora da fala classificada por Brodmann como AB44 (também chamada de área de Broca), situa-
se muito próxima ao giro pré-central, sendo responsável assim pelo ato motor da fala (voluntário). O córtex 
pré-motor e área motora suplementar, situam-se imediatamente anterior ao giro précentral, no lobo frontal, 
e correspondem às AB6aα e AB6aβ, respectivamente. Estas áreas trabalham em conjunto com o giro pré-
central na programação motora. Estudos recentes em neuroimagens revelam que a área motora 
suplementar é responsável pela memória motora, ou seja, armazena informações sobre atos motores já 
aprendidos, enquanto que a área pré-motora, utiliza suas células para aprender esquemas motores novos. 
Lesões nestas estruturas cursam com apraxias ideatórias, ideomotoras, perda da sequência motora dos 
movimentos, incluindo o caminhar e a sequência harmoniosa do movimento. Se a lesão for grande o 
suficiente para envolver a área de Broca, afasia motora ou transcortical motora poderá ser percebida. 
Anteriormente à AB6, situa-se a área do controle do olhar conjugado contralateral (movimentos horizontais 
de sacada) ou AB8. As lesões nessa área cursam classicamente com desvio do olhar conjugado para o 
lado da lesão (déviation conjuguée), no entanto, além desta função, a neuroimagem revelou que esta 
região também participa de funções executivas (planejamento, raciocínio, aprendizado motor e 
comportamento), de linguagem e memória de trabalho. Alguns autores relatam que lesões nessa área 
podem cursar com mutismo e ou dificuldade para iniciar a fala. Mais anteriormente a AB8, situa-se a área 
pré-frontal, uniformemente relacionada ao controle do comportamento. 
ÁREAS DE ASSOCIAÇÃO TERCIÁRIAS 
 As áreas terciárias ocupam o topo da hierarquia funcional no córtex cerebral. Elas são classificadas 
como supramodais, ou seja, não se relacionam isoladamente com nenhuma modalidade sensorial. 
Recebem e integram as informações sensoriais já elaboradas por todas as áreas secundárias e são 
responsáveis também pela elaboração das diversas estratégias comportamentais. Área pré-frontal 
Compreende a parte anterior não-motora do lobo frontal, ocupando cerca de 1/4 da superfície do 
córtex cerebral, incluindo as áreas 9, 10, 11, 12, 32 e 47 de Brodmann. Está relacionada diretamente 
com comportamentos: atenção, centro inibitório de atitudes, inteligência, intelectualidade, afetividade, etc. 
Através dos fascículos de associação presentes no córtex, ela recebe fibras de todas as demais áreas de 
associação do córtex, ligando-se ainda ao sistema límbico. Especialmente importantes são as extensas 
conexões recíprocas que ela mantém com o núcleo dorsomedial do tálamo e suas conexões com o 
hipotálamo. Obs: Um indivíduo que sobrevive a um acidente em que haja acometimento dessa área, 
geralmente é acometido de uma perda do senso de responsabilidades sociais e de desinibição para com 
atos obscenos. Seu comportamento habitual e relações sociais e familiares mudam drasticamente. Há 
cirurgias que consistem em uma secção bilateral da parte anterior dos lobos frontais, passando adiante 
dos cornos anteriores dos ventrículos laterais,para o tratamento de doentes psiquiátricos com quadros de 
depressão e ansiedade. Uma consequência indesejável desteprocedimento (leucotomia) é que muitos 
pacientes perdem a capacidade de discernir e julgar sobre os comportamentos mais adequados diante de 
cada situação, podendo, por exemplo, com a maior naturalidade, urinar, defecar ou masturbar-se em 
público. Por meio de dados experimentais e clínicos, conclui-se então que esta área está envolvida pelo 
menos nas seguintes funções: 
 ° Escolha das opções e estratégias de comportamento mais ideais à situação física e social do indivíduo. 
° Manutenção da atenção. Além da área pré-motora, outras áreas cerebrais (como a formação reticular) 
estão envolvidas no fenômeno da atenção. Entretanto, os aspectos mais complexos dessa função, como 
por exemplo, a capacidade de seguir sequências ordenadas de pensamentos depende fundamentalmente 
da área pré-frontal. 
 ° Controle do comportamento emocional, função exercida juntamente com o hipotálamo e o sistema 
límbico. 
 As AB9 e 10 são denominadas córtex pré-frontal dorsolateral. Ocupam a maior porção do giro frontal 
médio, responsável pela memória de trabalho, ou seja, pelas funções intelectuais, memória, foco, tomada 
de decisão e atenção. As lesões nestas estruturas cursarão com síndromes disexecutivas, traduzindo-se 
por dificuldade de raciocínio, de concentração, de tomadas de decisões e pensamento abstrato. Os 
mecanismos de consolidação de memórias como também os processos de esquecimentos voluntários, 
dependem do funcionamento desta região, estando comprometidos na presença de lesões. 
 As porções mediais destas regiões (AB9 e 10), correspondem ao córtex pré-frontal ventromedial, 
relacionados aos aspectos emocionais das funções executivas mencionadas anteriormente, incluindo a 
meditação, julgamento, circuito de recompensa e o benefício vs. malefício da tomada de uma decisão ou 
de uma escolha. Ainda no córtex pré-frontal há uma terceira subdivisão anátomofuncional denominada 
AB11,12, ou córtex orbitofrontal. Essa região esta associada à atenção, foco, hiperatividade e 
comportamento (impulsividade). Lesões nessa região cur sam com perda da censura social, 
hipersexualidade, prejuízo na interação social, abuso de drogas e comportamento obsessivo-compulsivo. 
O lobo occipital comporta os circuitos relacionados à visão, constituído por diversas áreas: AB17 ou V1, 
considerado o córtex visual primário; o campo visual superior é projetado abaixo do sulco calcarino, 
enquanto que o campo visual inferior está projetado acima do sulco calcarino do lobo occipital. As lesões 
nas regiões de V1, cursam com hemianopsias homônimas, hemianopsias heterônimas, quadrantanopsias, 
escotomas, cegueira completa ou amaurose bilateral. A AB17 identifica informações correspondentes a 
luminosidade, forma, cor, padrão e movimento do objeto. Já a AB18 ou V2, classificada como córtex visual 
secundário ou pré-estriado, responsável pelas primeiras informações associativas visuais. A área V2 
processa complexas informações sobre a forma e contorno dos objetos, a camada de neurônios presentes 
em V2 é responsável pela memória visual e sua consolidação a longo prazo, além do reconhecimento dos 
objetos. A expressão clínica das lesões em V2 pode cursar com agnosia visual, acromatopsias, 
prosopagnosias e agnosia topográfica. Lesões em V2 à esquerda classicamente cursam com alexias. Vale 
destacar que os estudos com RNMf mostram que a área V2 frequentemente funciona em conjunto com a 
AB 19 e 37. Por último, a AB 19 (córtex visual associativo, também parte da área de Wernicke), ou área V3 
e V5 (dorsal), compartilha as mesmas funções da AB 18; no entanto, algumas funções como a localização 
espacial precisa, dizendo ao indivíduo aonde está no espaço aquele objeto que está sendo visualizado, 
pertencem exclusivamente a AB 19. Ainda pertencendo a AB 19, a área V4 (ventral) corresponde a 
interpretação do significado do objeto, dizendo ao indivíduo o que é aquilo que está sendo visto. Com 
técnicas de neuroimagens funcionais, cada vez mais se encontram áreas retinotópicas subdividindo a AB 
19, não sendo propósito deste artigo destacálas. Algumas síndromes psiquiátricas manifestam-se por 
alterações nestas regiões, tais como a síndrome de Capgras e a síndrome de Fregoli.14–16 Presente no 
giro temporal inferior, em vista lateral, a AB 20 é responsável por funções relacionadas ao reconhecimento 
visual de objetos e, consequentemente, faz parte dos mecanismos de memória. Os estudos com RNMf 
revelaram recentemente que a AB 20 faz parte do complexo de regiões relacionadas à compreensão da 
linguagem, sendo também parte da área de Wernicke. 
A AB 20 relaciona-se aos processamentos léxicos-semânticos, compreensão de metáforas, produção e 
interpretação da linguagem. Paralelamente, também nesta região, há participação de processamentos 
visuais, incluindo a percepção de objetos em um cenário. Devido à proximidade das estruturas que 
compõem o sistema límbico, esta região parece ter a capacidade de interpretar as intenções do outro 
(possivelmente correlacionado a sistemas de neurônios-espelhos). 
Acima da AB 20, no giro temporal médio, há a AB 21, de função ainda incerta, que parece ter a 
capacidade de reconhecer as faces (fisionomias conhecidas), compreender o significado das palavras 
durante a leitura e estimar distâncias. Em conjunto com a AB 22, essa área 21 auxilia na compreensão 
sonora de melodias. Parte integral da área da 
2) Relacionar o lobo frontal com a area motora 
O sistema motor central está organizado em níveis hierárquicos de controle, com o prosencéfalo no topo 
e a medula espinhal na base. 
É útil pensar nesse controle motor hierárquico como tendo três níveis 
° O nível mais alto; representado pelas áreas de associação do neocórtex e pelos núcleos da base do 
prosencéfalo, está envolvido com a estratégia: a finalidade do movimento e a estratégia do movimento que 
melhor atinge essa finalidade. Neste nivel a informação sensorial gera uma imagem mental do corpo e sua 
relação com o ambiente. 
° O nível intermediário; representado pelo córtex motor e pelo cerebelo, está relacionado com a tática: 
as sequên cias de contrações musculares, orientadas no espaço e no tempo, necessárias para atingir, de 
forma suave e acurada, a meta estratégica. Nesse nivel as decisões táticas baseiam-se nas memórias 
das informações sensoriais de movimentos passados. 
 
 ° O nível mais baixo;representado pelo tronco encefálico e pela medula espinhal, é relativo à execução: 
ativação do neurônio motor e de conjuntos de interneurônios que geram o movimento direcionado à meta 
e realizam todo e qualquer ajuste postural necessário. a retroalimentação sensorial é utilizada para manter 
a postura, o comprimento e a tensão muscular, antes e após cada movimento voluntário. 
TIPOS DE NEURÔNIOS MOTORES 
°Neurônios motores anteriores (neurônios radiculares somáticos): estão localizados em cada 
segmento dos cornos anteriores da substância cinzenta da medula espinhal. Eles dão origem às fibras dos 
nervos motores que se originam da medula espinhal, deixando-a através das raízes anteriores, sendo 
responsáveis por inervar fibras musculares esqueléticas. 
Os neurônios podem ser de dois tipos: neurônios motores alfa e neurônios motores gama. 
° Neurônios motores alfa: dão origem as grandes fibras nervosas motoras que se ramificam muitas 
vezes após entrarem no músculo e que inervam as grandes fibras musculares esqueléticas, estimulando a 
contração das mesmas. 
 ° Neurônios motores gama: menores que os motores alfa, ficam localizados nos cornos anteriores da 
medula espinhal juntamente a eles. Essas fibras constituem o chamado fuso muscular, responsáveis pela 
inervação motora das fibras intrafusais. Tem papel fundamental na regulação da sensibilidade dos 
fusos neuromusculares. 
° Interneurônios: são neurônios de axônio curto, localizados sempredentro da substância cinzenta da 
medula espinhal. Tem a função de estabelecer interconexões entre os neurônios motores. Além disso, 
seus prolongamentos estabelecem conexões entre as fibras aferentes, que penetram pelas raízes dorsais, 
e os neurônios motores, interpondo-se, assim, em vários arcos-reflexos medulares. 
De acordo com as leis da física, o movimento de uma bola arremessada no espaço é balístico, isto é, uma 
trajetória que não pode ser alterada. O movimento do braço do arremessador, ao lançar a bola, também 
pode ser descrito como balístico, porque, uma vez iniciado, não pode ser alterado. Esse tipo de movimento 
voluntário rápido não está sob o mesmo tipo de controle sensorial por retroalimentação que regula reflexos 
posturais antigravitacionais . A razão é simples: o movimento é muito rápido para ser ajustado por 
retroalimentação sensorial. Esse movimento, porém, não ocorre na ausência de informação 
sensorial. A informação sensorial prévia ao início do movimento foi crucial para decidir quando iniciar o 
arremesso, para determinar as posições iniciais dos membros e do tronco e para antecipar qualquer 
alteração na resistência durante o lançamento. E a informação sensorial durante o movimento também é 
importante, não necessariamente para o movimento em questão, mas para melhorar movimentos similares 
subsequentes. O funcionamento adequado de cada nível da hierarquia do controle motor depende 
tanto da informação sensorial que o sistema motor central poderia ser considerado, de fato, um 
sistema sensório-motor. 
 
OS CENTROS ORDENADORES E AS VIAS DESCENDENTES 
 Hoje se conhecem os centros ordenadores que dão origem às vias descendentes de comando motor. O 
tronco encefálico é sede de alguns deles , além dos núcleos motores dos nervos cranianos, que 
alojam os motoneurônios da musculatura dos olhos, da cabeça e do pescoço. No bulbo, bem 
próximo à ponte, encontra-se um conjunto de núcleos chamados vestibulares, cujos neurônios recebem 
aferentes do nervo vestibulococlear", originários dos mecanorreceptores do labirinto. Os axônios desses 
neurônios vestibulares formam os feixes vestibuloespinhais, vias descendentes relacionadas à 
manutenção da postura e do equilíbrio corporal. Um outro grupo de neurônios, mais disperso e extenso 
que os núcleos vestibulares, ocupa toda a extensão rostrocaudal da ponte, invadindo tanto o bulbo abaixo, 
como o mesencéfalo acima: é a formação reticular' . Os axônios descendentes da formação reticular 
constituem os feixes reticuloespinhais, vias que participam também dos mecanismos posturais. 
No mesencéfalo há duas regiões motoras: o núcleo rubro e o colículo superior. O primeiro é um núcleo 
esferóide situado bem no interior do mesencéfalo, que forma uma via descendente chamada feixe 
rubroespinhal, coadjuvante do comando motor dos membros. O segundo fica na superficie dorsal do 
mesencéfalo (o tectoG,A mesencefálico) e dá origem ao feixe tectoespinhal. O colículo superior- um dos 
núcleos do tecto - recebe aferências multissensoriais (visuais, auditivas e somestésicas), e por isso suas 
fibras motoras participam das reações de orientação sensorio- motora, isto é, as que posicionam os olhos 
e a cabeça em relação aos estímulos que provêm do ambiente. Finalmente, o córtex cerebral contém um 
vasto conjunto de áreas cujos neurónios emitem axónios descendentes: o córtex motor primário (de forma 
abreviada, é chamado MI), outras áreas motoras adjacentes e até mesmo áreas somestésicas do córtex 
parietal. Em conjunto, esse amplo espectro de regiões corticais dá origem aos feixes corticoespinhais. 
AS VIAS DESCENDENTES DE COMANDO 
 Kuypers partiu da distinção entre a população lateral e a população medial de motoneurónios do corno 
ventral da medula. Os motoneurónios laterais inervam principalmente a musculatura apendicular distal, 
ou seja, dos braços, pernas, mãos e pés, sendo por essa razão relacionados ao comando dos movimentos 
finos das extremidades. A população de motoneurônios mediais, por outro lado, inerva principalmente a 
musculatura axial do tronco e a musculatu~end cular proximal (antebraço e ombros), sendo encarregada 
do comando dos movimentos axiais do corpo, ou seja, aqueles mais relacionados à postura e ao equilíbrio 
corporal. Kuypers realizou primeiro experimentos anatómicos para mostrar que os axônios provenientes 
dos núcleos vestibulares, da formação reticular pontina e bulbar, do tecto mesencefálico e de uma parte do 
córtex cerebral arborizam justamente sobre os intemeurônios e os motoneurónios mediais, enquanto as 
fibras originárias do núcleo rubro e a maioria das que emergem do córtex cerebral terminam sobre os 
intemeurônios e os motoneurónios laterais. Não só isso: os feixes corticoespinhal medial, 
vestibuloespinhais, reticuloespinhais e tectoespinhal posicionam-se no funículo0 ventromedial da 
substância branca da medula, enquanto os feixes corticoespinhallateral e rubroespinhal se posicionam no 
funículo lateral . 
Os experimentos fisiológicos de Kuypers consistiram em lesões específicas de um funículo ou outro, 
realizadas em gatos. Os resultados mostraram uma dissociação funcional coerente com os padrões de 
inervação. A lesão do funículo lateral provoca perda dos movimentos finos das extremida des com a 
manutenção da postura, enquanto a secção do funículo anterior provoca distúrbios postura is sem perdas 
dos movimentos apendiculares. Os pesquisadores propuseram então uma nova classificação das vias 
descendentes : um sistema lateral que veicula os comandos motores para a musculatura dos membros, 
usualmente produzindo os movimentos voluntários finos de que os membros são capazes, e um sistema 
medial (ou ventromedial) que veicula os comandos motores para a musculatura axial, geralmente 
associada aos movimentos posturais. É importante conhecer alguns detalhes da organização anatómica 
dos feixes que constituem esses dois sistemas de vias descendentes, para compreender melhor o seu 
funcionamento e também para entender a natureza dos distúrbios provocados pelas doenças que os 
atingem. Os feixes que se originam no tronco encefálico baixo (bulbo e ponte), e que participam do 
sistema medial, comumente se mantêm do mesmo lado ao longo de todo o trajeto . Isso é verdade para os 
feixes vestibuloespinhal lateral e para os dois reticuloespinhais (bulbar e pontino ). A exceção fica por 
conta do feixe vestibuloespinhal medial, que contém axônios provenientes dos núcleos vestibulares 
mediais de ambos os lados. Os axónios que cruzam a linha média, neste caso, fazem-no logo após a 
emergência do núcleo de origem, no bulbo. Os feixes que se originam no mesencéfalo e no córtex 
cerebral, por outro lado, são em geral cruzados . É o caso dos feixes tectoespinhal e rubroespinhal , que 
cruzam logo após a emergência dos seus núcleos de origem (o colículo superior e o núcleo rubro, 
respectivamente). E é também o caso da grande maioria das fibras corticoespinhais , · que percorrem um 
longo trajeto desde o córtex cerebral até a medula, passando pela cápsula interna ainda no telencéfalo, o 
pedúnculo cerebral no diencéfalo e no mesencéfalo e depois a pirâmide bulbar. Nessa altura a maioria das 
fibras cruza a linha média formando a decussação piramidal, e continua o seu trajeto pelo funículo lateral 
da medula formando o feixe corticoespinhal lateral. O pequeno contingente que não cruza a linha média na 
decussação piramidal descende pela medula no funículo ventromedial (feixe corticoespinhal media). 
Muitas fibras desse feixe, entretanto, cruzam a linha média na medula ao atingir o segmento em que 
terminam, constituindo assim na verdade uma via de projeção bilateral. É importante notar que muitas 
fibras motoras que se originam no córtex cerebral teminam ao longo do caminho nos vários núcleos 
motores do mesencéfalo e do tronco encefálico, sem jamais chegar à medula. 
 
TRACTOS ESPINHAIS DESCENDENTES 
Como o encéfalo se comunica comos motoneurônios da medula espinhal? 
 Axônios descem desde o encéfalo ao longo da medula espinhal, através de dois grupos principais de 
vias. Uma dessas vias é a coluna lateral da medula e a outra é a coluna ventromedial. Lembre-se dessa 
regra de ouro: as vias laterais estão envolvidas no movimento voluntário da musculatura distal e estão sob 
controle cortical direto; as vias ventromediais estão envolvidas no controle da postura e da locomoção e 
estão sob o controle do tronco encefálico. 
As Vias Laterais 
 O componente mais importante das vias laterais é o tracto corticospinal . Originado no neocórtex, é o 
mais longo e um dos maiores tractos do sistema nervoso central (SNC) – 106 axônios em seres humanos. 
Dois terços dos axônios desse tracto têm origem nas áreas 4 e 6 do lobo frontal, denominado 
coletivamente de córtex motor. A maioria dos axônios remanescentes no tracto corticospinal deriva de 
áreas somatossensoriais do lobo parietal e serve para regular o fluxo de informação somatossensorial ao 
encéfalo. Os axônios oriundos do córtex passam através da cápsula interna, fazendo uma ponte entre o 
telencéfalo e o tálamo, cruzam a base do pedúnculo cerebral, uma grande coleção de axônios no 
mesencéfalo, e, então, passam através da ponte e se reúnem para formar um tracto na base do bulbo. O 
tracto forma uma protuberância, chamada de pirâmide bulbar, que passa sobre a superfície ventral bulbar. 
Quando seccionado, a secção transversal tem aspecto aproximadamente triangular, razão pela qual é 
chamado de tracto piramidal. Na junção do bulbo com a medula, o tracto piramidal cruza, ou decussa, na 
decussação das pirâmides. Isso significa que o córtex motor direito comanda diretamente o movimento do 
lado esquerdo do corpo e o córtex motor esquerdo controla os músculos do lado direito. À medida que os 
axônios vão cruzando, eles se reúnem na coluna lateral da medula e constituem o tracto corticospinal 
lateral. Os axônios do tracto corticospinal terminam na região dorsolateral dos cornos ventrais e na 
substância cinzenta intermediária, onde se encontram neurônios motores e interneurônios que controlam 
os músculos distais, particularmente os flexores . Um componente bem menor das vias laterais é o tracto 
rubrospinal, que se origina no núcleo rubro do mesencéfalo, assim denominado devido à sua tonalidade 
rósea em um encéfalo recém-dissecado (do latim, rubro [vermelho]). Os axônios do núcleo rubro 
decussam logo adiante, na ponte, e se reúnem com aqueles do tracto corticospinal na coluna lateral da 
medula . A principal origem de aferências ao núcleo rubro é a região do córtex frontal, que também 
contribui para o tracto corticospinal. De fato, parece que, ao longo da evolução dos primatas, esta via 
corticorrubrospinal indireta foi, de maneira importante, substituída pela via corticospinal direta. Assim, 
enquanto o tracto rubrospinal contribui significativamente para o controle motor em várias espécies de 
mamíferos, parece estar reduzido em seres humanos, com a maior parte de suas funções subordinada ao 
tracto corticospinal. 
As Vias Ventromediais 
 As vias ventromediais possuem quatro tractos descendentes que se originam no tronco encefálico e 
terminam entre os interneurônios espinhais, controlando os músculos proximais e axiais. São eles: o tracto 
vestibulospinal, o tracto tectospinal, o tracto reticulospinal pontino e o tracto reticulospinal bulbar. As vias 
ventromediais utilizam informações sensoriais sobre equilíbrio, posição corporal e ambiente visual para 
manter, de forma reflexa, o equilíbrio e a postura corporal. 
 Os Tractos Vestibulospinais. 
Os tractos vestibulospinal e tectospinal mantêm o equilíbrio da cabeça sobre os ombros, à medida que o 
corpo se move no espaço, e a movem em resposta a novos estímulos sensoriais. 
 Os tractos vestibulospinais originam-se nos núcleos vestibulares do bulbo, que transmitem informações 
sensoriais do labirinto vestibular no ouvido interno . O labirinto vestibular consiste em canais e cavidades 
no osso temporal, cheios de fluido, os quais estão intimamente associados à cóclea . O movimento do 
fluido nesse labirinto, que acompanha o movimento da cabeça, ativa células ciliadas que transmitem sinais 
para os núcleos vestibulares pelo nervo craniano VIII. Um dos componentes dos tractos vestibulospinais 
se projeta bilateralmente para a medula espinhal, ativando os circuitos espinhais cervicais que controlam 
os músculos do pescoço e das costas, a fim de guiar os movimentos da cabeça. A estabilidade da cabeça 
é importante, uma vez que ali estão nossos olhos; manter nossos olhos estáveis, mesmo com nosso corpo 
em movimento, garante que nossa imagem do mundo continue estável. Outro componente dos tractos 
vestibulospinais se projeta ipsilateralmente para baixo até a medula espinhal lombar. Ele nos ajuda a 
manter uma postura correta e equilibrada ao ativar os neurônios motores extensores das pernas. 
 O Tracto Tectospinal. 
 O tracto tectospinal origina-se no colículo superior do mesencéfalo, o qual recebe aferências diretas 
da retina., que “tecto óptico” é o outro nome do colículo superior.) Além das aferências da retina, o colículo 
superior recebe projeções do córtex visual, assim como aferências somatossensoriais e auditivas. Com 
essas aferências, o colículo superior constrói um mapa do mundo que está a nossa volta. A estimulação 
em um ponto desse mapa leva a uma resposta de orientação que comanda a cabeça e os olhos a se 
moverem de modo que o ponto apropriado no espaço é projetado exatamente sobre a fóvea. A ativação 
do colículo pela imagem de alguém correndo em direção à segunda base, por exemplo, faria o 
arremessador orientar sua cabeça e seus olhos na direção desse novo e importante estímulo. Após deixar 
o colículo, os axônios do tracto tectospinal rapidamente decussam e projetam-se próximos da linha média 
para regiões cervicais da medula espinhal, onde ajudam a controlar os músculos do pescoço, de regiões 
superiores do tronco e dos ombros. 
 Os Tractos Reticulospinais Pontino e Bulbar 
 Os tractos reticulospinais originam-se principalmente da formação reticular do tronco encefálico, que 
perpassa longitudinalmente a parte mais interna do tronco encefálico, logo abaixo do aqueduto cerebral e 
do quarto ventrículo. A formação reticular é uma complexa malha de neurônios e fibras que recebe 
aferências de várias regiões e participa de muitas funções diferentes. Para os propósitos desta discussão 
acerca do controle motor, a formação reticular será dividida em duas partes que originarão dois tractos 
descendentes: o tracto reticulospinal pontino (medial) e o tracto reticulospinal bulbar (lateral) . O tracto 
reticulospinal pontino aumenta os reflexos antigravitacionais da medula. A atividade nessa via facilita os 
extensores dos membros inferiores e, com isso, ajuda a manter a postura ereta, resistindo aos efeitos da 
gravidade. Esse tipo de regulação é um componente importante do controle motor. Tenha em mente que, 
na maior parte do tempo, a atividade dos neurônios do corno ventral mantém, em vez de mudar, o 
comprimento e a tensão muscular. 
O tracto reticulospinal bulbar tem, contudo, o efeito oposto: ele libera os músculos antigravitacionais 
do controle reflexo. A atividade em ambos os tractos reticulospinais é controlada por sinais descendentes 
oriundos do córtex. Um fino equilíbrio é necessário entre eles à medida que, por exemplo, o arremessador 
executa seu movimento, que vai desde estar parado na sua base até realizar o movimento apropriado para 
o arremesso e, então, arremessar a bola. As vias ventromediais originam-se em diferentes regiões do 
tronco encefálico e participam principalmente da manutenção da postura e de alguns movimentos reflexos. 
A iniciação de um movimento balístico voluntário, como lançar uma bola de beisebol, requer instruções 
que descem do córtex motor pelas vias laterais. O córtex motor ativa diretamenteos neurônios motores 
espinhais e os libera do controle reflexo, comunicando-se com os núcleos das vias ventromediais. 
O PLANEJAMENTO DO MOVIMENTO PELO CÓRTEX CEREBRAL 
Embora as áreas corticais 4 e 6 sejam chamadas de córtex motor, é importante reconhecer que o controle 
dos movimentos voluntários engloba quase a totalidade do neocórtex. Um movimento direcionado a um 
objetivo depende do conhecimento de onde o corpo está no espaço, para onde pretende ir e a escolha de 
um plano para lá chegar. Uma vez selecionado, o plano precisa ser mantido na memória até o momento 
apropriado. Por fim, instruções para a implementação do plano devem ser emitidas. Até certo ponto, esses 
diferentes aspectos do controle motor estão localizados em diferentes regiões do córtex cerebral. Nesta 
seção, estudaremos algumas das áreas corticais implicadas no planejamento motor. Mais adiante, 
veremos como um plano se converte em ação. 
O Córtex Motor 
O córtex motor é uma região circunscrita do lobo frontal. A área 4 situa-se na região anterior ao sulco 
central, no giro pré-central, e a área 6 situa-se anteriormente à área 4 . A demonstração definitiva de que 
essas áreas constituem o córtex motor em seres humanos veio do trabalho do neurocirurgião canadense 
Wilder Penfield. 
 Penfield estimulava eletricamente o córtex de pacientes que se submetiam a cirurgias para 
remover pequenas porções do encéfalo que se acreditava estarem induzindo crises epilépticas. A 
estimulação era feita com o propósito de identificar quais regiões do córtex eram tão importantes 
que deveriam ser poupadas do bisturi. 
Durante essas operações, Penfield descobriu que uma estimulação elétrica fraca na área 4, no giro pré-
central, desencadeava uma contração dos músculos em uma determinada região do corpo no lado 
contralateral . A área 4 é, atualmente, denominada córtex motor primário, ou M1. Campbell especulou 
que a área 6 cortical, rostral à área 4, podia ser uma área especializada em movimentos voluntários finos. 
Penfield encontrou dois mapas motores somatotopicamente organizados na área 6: um em uma região 
lateral, que chamou de área pré-motora (APM), e outro em uma região medial, chamada de área motora 
suplementar (AMS) . Essas duas áreas parecem desempenhar funções similares, mas em grupos 
diferentes de músculos. Enquanto a AMS envia axônios que inervam diretamente unidades motoras 
distais, a APM conecta-se principalmente com neurônios reticulospinais que inervam unidades motoras 
proximais. As Contribuições dos Córtices Parietal Posterior e Pré-frontal Lembre-se do jogador de beisebol 
parado em sua base, preparando-se para lançar a bola. Deve ser evidente que, antes de poder calcular a 
sequência detalhada de contrações musculares para o arremesso desejado, o arremessador deve ter 
informações acerca da atual posição de seu corpo no espaço e como esta se relaciona com as posições 
do rebatedor, com seu bastão, e do receptor, com sua luva. Essa imagem mental do corpo parece ser 
criada pelas entradas somatossensoriais, proprioceptivas e visuais no córtex parietal posterior. 
 Duas áreas no córtex parietal posterior são de interesse especial: a área 5, alvo das aferências oriundas 
das áreas somatossensoriais corticais primárias 3, 1 e 2 , e a área 7, alvo de áreas corticais visuais de 
ordem superior, como a área MT . 
 Lembre-se que seres humanos com lesões nessas áreas do lobo parietal, que podem ocorrer após um 
acidente vascular encefálico, apresentam anormalidades bizarras da autoimagem corporal e da percepção 
das relações espaciais. Em sua manifestação mais extrema, o paciente simplesmente ignora o lado do 
corpo, e todo o resto do mundo, que fica do lado oposto ao da lesão parietal*. 
do lobo frontal que, em seres humanos, se supõe serem importantes para o pensamento abstrato, à 
capacidade de tomada de decisão e à antecipação das consequências de ações. Essas áreas “pré-
frontais”, juntamente ao córtex parietal posterior, representam os níveis superiores da hierarquia do 
controle motor, onde decisões são tomadas acerca de quais ações realizar e suas possíveis 
consequências (uma bola em curva que resultará em ponto – um strike). Ambos os córtices pré-frontal e 
parietal enviam axônios que convergem para a área cortical 6. Lembre-se que as áreas 6 e 4 contribuem, 
em conjunto, com a maioria dos axônios do tracto corticospinal descendente. Assim, a área 6 encontra-se 
na fronteira onde os sinais que codificam quais ações são convertidos em sinais que especificam como as 
ações serão realizadas. 
Ao solicitar aos indivíduos participantes que realizassem uma série de movimentos dos dedos apenas de 
memória, o fluxo sanguíneo aumentava nas seguintes regiões do córtex: áreas somatossensorial e parietal 
posterior, partes do córtex pré-frontal (área 8), área 6 e área 4. É interessante que, quando era solicitado 
aos participantes que apenas ensaiassem mentalmente o movimento, sem de fato mover os dedos, a área 
6 manteve-se ativa, mas a área 4, não. Correlatos Neuronais do Planejamento Motor Um trabalho 
experimental posterior em macacos também reforça a ideia de que a área 6 (APM e AMS) tenha um 
importante papel no planejamento do movimento, em especial nas sequências de movimentos complexos 
da musculatura distal. Utilizando um método desenvolvido no final dos 1960 por Edward Evarts, nos 
Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (National Institutes of Health), tem sido possível 
registrar a atividade de neurônios nas áreas motoras de animais acordados e ativos . Células na AMS 
geralmente aumentam sua taxa de disparo cerca de um segundo antes da execução de um movimento da 
mão ou do pulso, consistente com o papel que lhes é proposto no planejamento do movimento (lembre-se 
dos achados de Roland em seres humanos). 
 Uma característica importante é que essa atividade ocorre em antecipação aos movimentos de qualquer 
uma das mãos, sugerindo que as áreas suplementares dos dois hemisférios estão intimamente 
interligadas pelo corpo caloso. De fato, tanto em macacos quanto em seres humanos, deficiências nos 
movimentos, observadas após lesão na AMS de um lado, são particularmente pronunciadas em tarefas 
que exigem ações coordenadas das duas mãos, como abotoar uma camisa. Em seres humanos, a 
incapacidade específica para realizar ações motoras complexas (mas não as simples) é chamada de 
apraxia. Você já deve ter ouvido a expressão “preparar, apontar, fogo!”. A discussão precedente sugere 
que a prontidão (“preparar”) depende da atividade nos lobos parietal e frontal, em conjunto a contribuições 
importantes de centros do encéfalo que controlam níveis de atenção e alerta. “Apontar” pode residir nas 
áreas suplementar e pré-motora, onde estratégias de movimentos são projetadas e mantidas até serem 
executadas. 
Neurônios-Espelho 
Anteriormente, mencionamos que alguns neurônios na área cortical 6 respondem não somente quando os 
movimentos são executados, mas também quando o mesmo movimento é apenas imaginado, ou seja, 
mentalmente ensaiado. 
É notavel que alguns neurônios em áreas corticais motoras disparam não só quando o macaco faz, ele 
próprio, um movimento específico, mas também quando simplesmente observa outro macaco, ou mesmo 
um ser humano, fazer o mesmo tipo de movimento 
 Os neurônios-espelho parecem representar determinados atos motores, como alcançar, agarrar, segurar 
ou movimentar objetos, independentemente de o macaco realizar o ato ou simplesmente observar outros 
agindo. Cada célula tem preferências muito específicas de movimentos. Um neurônio-espelho que 
responde quando o “seu” macaco agarra um petisco também responderá à visão de outro macaco, 
agarrando um petisco de forma semelhante, o que não ocorre quando os macacos abanam sua mão. 
Muitos neurônios-espelho respondem aos sons típicos produzidos por outro macaco durante uma ação 
específica (p. ex., ao abrir um amendoim), da mesma maneira que respondemà visão desse movimento. 
Em geral, os neurônios-espelho parecem codificar os objetivos específicos de atos motores, em vez de 
determinados estímulos sensoriais. É muito provável que seres humanos também possuam neurônios-
espelho na APM e em outras áreas corticais, embora as evidências, principalmente a Por mais intrigantes 
que sejam as hipóteses sobre as funções de neurônios-espelho, ainda há poucas evidências que as 
comprovem. À medida que os métodos diretos de registro de neurônios humanos se aprimorarem, será 
fascinante testar essas ideias diretamente. Agora, consideraremos novamente o nosso arremessador de 
beisebol em pé sobre sua base. Ele tomou a decisão de lançar uma bola em curva, mas o rebatedor sai 
abruptamente da base principal para ajustar seu capacete. O arremessador fica imóvel na sua base, com 
os músculos tensos. Ele sabe que o rebatedor voltará e, então, espera. O arremessador está, portanto, na 
posição “apontar”. Uma seleta população de neurônios nos córtices pré-motor e motor suplementar (as 
células que estão planejando a sequência de movimento da bola curva) está disparando, antecipando o 
lançamento. Assim que o rebatedor volta para sua posição, um comando “vai!”, gerado internamente, é 
emitido. Esse comando parece ser implementado com a participação de importantes aferências 
subcorticais para a área 6, assunto que discutiremos na próxima seção. 
OS NÚCLEOS DA BASE 
A principal aferência subcortical para a área 6 origina-se em um núcleo do tálamo dorsal, o núcleo 
ventrolateral (VL). A aferência para essa parte do VL, chamada de VLo, surge dos núcleos da base, nas 
profundezas do telencéfalo. Os núcleos da base, por sua vez, são alvo do córtex cerebral, particularmente 
dos córtices frontal, pré-frontal e parietal. Assim, temos uma alça em que a informação cicla do córtex aos 
núcleos da base e ao tálamo e de volta para o córtex, em especial para a AMS . Uma das funções dessa 
alça parece ser a de seleção e iniciação de movimentos originados da nossa vontade. Anatomia dos 
Núcleos da Base Os núcleos da base consistem em núcleo caudado, putâmen, globo pálido (formado pelo 
segmento interno, GPi, e segmento externo, GPe) e o núcleo subtalâmico. Além disso, podemos adicionar 
a substância nigra, uma estrutura mesencefálica conectada reciprocamente aos núcleos da base situados 
no prosencéfalo . O caudado e o putâmen, em conjunto, são chamados de estriado, que é alvo das 
aferências aos núcleos da base de origem cortical. Do globo pálido se originam as eferências ao tálamo. 
As outras estruturas participam em várias alças colaterais que modulam a via direta: 
Córtex → Estriado → GPi → VLo → Córtex (AMS) 
 Ao microscópio, os neurônios do estriado parecem estar dispersos aleatoriamente, sem uma ordem 
aparente, como observada nas camadas corticais. Contudo, essa aparência simples esconde um grau de 
complexidade na organização dos núcleos da base, a qual compreendemos apenas parcialmente. Parece 
que os núcleos da base participam de um grande número de circuitos paralelos, sendo apenas alguns 
poucos de função estritamente motora. Outros circuitos estão envolvidos em certos aspectos da memória 
e da função cognitiva. 
Vias Direta e Indireta dos Núcleos da Base 
A alça motora através dos núcleos da base se origina a partir de conexões excitatórias do córtex. Na via 
direta, as sinapses das células corticais excitam células no putâmen, que fazem sinapses inibitórias em 
neurônios no globo pálido, que, por sua vez, fazem conexões inibitórias com as células do VLo. A conexão 
talamocortical (do VLo até a AMS) é excitatória, facilitando o disparo das células relacionadas a 
movimentos na AMS. A ativação cortical do putâmen leva à excitação da AMS pelo VL. 
° Analisaremos como isso acontece. Uma questão fundamental é o fato de que os neurônios no segmento 
interno do globo pálido são espontaneamente ativos em repouso e, portanto, inibem tonicamente o VL. Já 
a ativação cortical 
 (1) excita os neurônios do putâmen, 
que (2) inibem os neurônios GPi, 
 (3) liberando as células do VLo de sua inibição e tornando-as ativas. 
 A atividade no VLo impulsiona a AMS. Assim, essa parte do circuito atua como uma alça de 
retroalimentação positiva capaz de convergir, ou afunilar, a ativação de diversas áreas corticais para a 
área motora suplementar do córtex. Especula-se que o sinal “Vai!” para um movimento gerado pela própria 
vontade ocorre quando a AMS é impulsionada ao alcançar seu limiar em função da atividade que passa 
pelo “funil” dos núcleos da base. Há também uma complexa via indireta através dos núcleos da base que 
tende a antagonizar as funções motoras da via direta. Informações do córtex passam através das vias 
diretas e indiretas em paralelo, e suas eferências, no final, regulam o tálamo motor . A particularidade da 
via indireta são o GPe e o núcleo subtalâmico. Os neurônios do estriado inibem as células do GPe, cuja 
função é inibir as células de ambos GPi e núcleo subtalâmico. Este último também é estimulado por 
axônios oriundos do córtex, e suas projeções excitam os neurônios do GPi que, como se sabe, inibem os 
neurônios talâmicos. Embora a ativação cortical da via direta tenda a facilitar o tálamo e a informação que 
por ele passa, a ativação cortical da via indireta tende a inibir o tálamo. Em geral, a via direta é capaz de 
auxiliar a selecionar certas ações motoras, enquanto a via indireta, simultaneamente, suprime programas 
motores que competem e que são inapropriados. 
A INICIAÇÃO DO MOVIMENTO PELO CÓRTEX MOTOR PRIMÁRIO A AMS 
 está fortemente conectada ao M1, área cortical 4 no giro pré-central . A designação da área 4 como córtex 
motor primário é, de certa forma, arbitrária, uma vez que essa não é a única área cortical que contribui 
para o tracto corticospinal ou para o movimento. Mesmo assim, os neurocientistas reconhecem, desde os 
tempos de Sherrington, que essa área tem um limiar mais baixo para desencadear movimentos por 
estimulação elétrica. Em outras palavras, estímulos de intensidades incapazes de evocar movimento em 
outras áreas corticais são efetivos quando aplicados na área 4, significando que essa área possui fortes e 
densas conexões sinápticas com os neurônios motores e com os interneurônios espinhais que são a eles 
conectados. A estimulação elétrica focal da área 4 determina a contração de pequenos grupos de 
músculos e, como discutimos anteriormente, a musculatura somática está organizadamente mapeada 
nessa área. Essa fatia de córtex que se estende por toda a extensão do giro pré-central é também 
chamada de faixa motora. 
A Organização das Entradas e Saídas de M1 
A via pela qual o córtex motor ativa os neurônios motores inferiores se origina na camada cortical V. Essa 
camada possui uma população de neurônios piramidais, alguns podendo ser bem grandes (o diâmetro do 
corpo celular se aproxima de 0,1 mm). As maiores células foram descritas pela primeira vez como uma 
classe separada, pelo anatomista russo Vladimir Betz, em 1874, e, por isso, são chamadas de células de 
Betz. Em seres humanos, muitas dessas grandes células corticospinais da camada V se projetam para 
grupos de neurônios motores inferiores e os ativam monossinapticamente. Os mesmos axônios 
corticospinais podem também se ramificar e excitar interneurônios inibitórios locais. Ao controlar grupos 
seletos de neurônios e interneurônios motores, um único neurônio corticospinal pode gerar efeitos 
coordenados em músculos antagonistas. As células piramidais da camada V em M1 recebem projeções 
principalmente de duas origens: de outras áreas corticais e do tálamo. As principais aferências corticais 
originam-se de áreas adjacentes à área 4: a área 6, imediatamente anterior, e as áreas 3, 1 e 2, 
imediatamente posteriores. As entradas do tálamo para M1 decorrem principalmente de uma outra parte 
do núcleo ventrolateral, chamado de VLc, que retransmite informações do cerebelo. Alémde se projetarem 
diretamente à medula, as células piramidais da camada V enviam axônios colaterais para muitas regiões 
subcorticais envolvidas no processamento sensório-motor, sobretudo o tronco encefálico. 
do macaco, sugerindo que a direção do movimento não poderia ser codificada pela atividade de células 
individuais capazes de responder a uma única direção de movimento. Georgopoulos propôs a hipótese de 
que a direção do movimento era, ao contrário, codificada pela atividade coletiva de uma população de 
neurônios. Lembre-se do papel do código de população neuronal nos sistemas sensoriais, em que as 
respostas de muitos neurônios com perfil de ajuste amplo são utilizadas para especificar as características 
de um estímulo particular . O código de população no sistema motor implica que grupos de neurônios 
apresentam um amplo perfil de ajuste às propriedades dos movimentos. Para testar a viabilidade da ideia 
de código de população para a direção do movimento. A atividade de cada célula foi representada por um 
vetor de direção apontando para a direção que mais se ajusta a ela. O comprimento do vetor representa a 
intensidade de ativação da célula durante um determinado movimento . Os vetores de atividade para cada 
direção de movimento de cada célula são plotados graficamente em conjunto e, então, a média é 
calculada para gerar o que os investigadores chamaram de vetor de população . Observou-se uma forte 
correlação entre esse vetor médio, representando a atividade de uma população inteira de células M1, e a 
real direção do movimento . 
 Esse trabalho sugere três conclusões importantes acerca de como M1 comanda o movimento voluntário: 
(1) que uma boa parte do córtex motor está ativo para cada movimento, 
(2) que a atividade de cada célula representa apenas um único “voto” computado em favor de uma dada 
direção do movimento 
 (3) que a direção do movimento é determinada por um cálculo da média dos “votos” na população. 
Embora esse esquema de códigos de população 
A Codificação do Movimento em M1 
 A visão que emerge de trabalhos mais recentes, contudo, é a de que cada célula piramidal pode controlar 
numerosos grupos de neurônios motores conectados a um grupo de músculos capazes de mover um 
membro na direção de um objetivo desejado. Registros de neurônios M1 em animais ativos revelam que 
uma descarga de atividade ocorre imediatamente antes e durante um movimento voluntário e que essa 
atividade parece codificar dois aspectos do movimento: a força e a direção. Considerando-se que estudos 
com microestimulação cortical sugeriam a existência de um mapa de “especificidade fina” dos movimentos 
em M1, foi uma surpresa a descoberta de que o perfil de ajuste da direção do movimento de cada 
neurônio M1 é mais amplo. Esse perfil de ajuste direcional mais grosseiro dos neurônios corticospinais 
certamente era desproporcional à alta acurácia dos movimentos. 
 Esse esquema para o controle motor permite uma predição interessante: quanto maior a população de 
neurônios que representa um tipo de movimento, mais refinado é o seu controle. É claro que movimentos 
finos de outros músculos podem ser aprendidos com a experiência: considere o movimento dos dedos, 
pulsos, cotovelos e ombros de um competente violoncelista com uma técnica aprimorada. Isso significa 
que as células corticais em M1 podem trocar suas funções e se comprometer com outro tipo de movimento 
à medida que habilidades são aprendidas? 
 A resposta parece ser positiva. John Donoghue, Jerome Sanes e seus alunos, na Universidade Brown, 
têm levantado evidências indicando que essa plasticidade do córtex motor adulto é possível. Por exemplo, 
em uma série de experimentos, foi utilizada a microestimulação cortical em ratos para mapear as regiões 
de M1 que normalmente provocam movimentos da pata anterior, dos pelos faciais e dos músculos em 
volta do olho . Em seguida, foi cortado o nervo motor que supre os músculos do focinho e das vibrissas, o 
que levou à descoberta de que as regiões de M1 que evocavam movimentos dessas vibrissas passaram a 
provocar movimentos da pata dianteira ou dos olhos . O mapa motor foi reorganizado. Esses 
neurocientistas sugeriram que formas semelhantes de reorganização cortical são, provavelmente, o 
substrato do aprendizado de habilidades motoras finas. Da discussão precedente, podemos imaginar que, 
ao chegar o momento de o jogador de beisebol realizar seu arremesso, o córtex motor gerará uma torrente 
de atividade no tracto piramidal. O que poderia parecer uma voz distoante a um neurofisiologista gravando 
um único neurônio M1, é, na verdade, parte de um claro coro de atividade para os neurônios motores 
espinhais geradores dos movimentos precisos, necessários para impulsionar a bola com acurácia. 
CEREBELO 
 Chegam ao cerebelo milhões de fibras nervosas trazendo informações dos mais diversos setores do 
sistema nervoso, as quais são processadas pelo órgão, cuja resposta, veiculada através de um complexo 
sistema de vias eferentes, vai influenciar os neurônios motores. Um princípio geral é que, ao contrário do 
cérebro, o cerebelo influencia os neurônios motores do lado ipsilateral. Para isso, tanto suas vias aferentes 
como eferentes, quando não são homolaterais, sofrem um duplo cruzamento, ou seja, vão para o lado 
oposto e voltam para o mesmo lado. De um modo geral, para melhor entendimento das conexões 
cerebelares, temos: 
° Conexões cerebelares aferentes: estão relacionadas com a divisão filogenética do cerebelo. 
° Conexões cerebelares eferentes: estão relacionadas com a divisão longitudinal do cerebelo Conexões 
Eferentes Através de suas conexões eferentes, o cerebelo exerce influência sobre os neurônios motores 
da medula, não agindo diretamente sobre esses neurônios, mas sempre através de relés intermediários, 
situados em áreas do tronco encefálico, do tálamo ou das próprias áreas motoras do córtex cerebral. 
 ° Conexões eferentes da Zona medial: os axônios das células de Purkinje da zona medial (vérmis) fazem 
sinapse nos núcleos fastigiais (os axônios do lobo flóculo nodular terminam, em grande parte, diretamente 
nos núcleos vestibulares), de onde sai o tracto fastigiobulbar com dois tipos de fibras: fastígio-vestibulares 
e fastígio-reticulares. Em ambas os casos, a influência do cerebelo se exerce sobre os neurônios motores 
do grupo medial da coluna anterior, os quais controlam a musculatura axial e proximal dos membros, no 
sentido de manter o equilíbrio. 
 o As fibras fastígio-vestibulares fazem sinapse nos núcleos vestibulares, a partir dos quais os impulsos 
nervosos, através do tracto vestíbulo-espinhal, se projetam sobre os neurônios motores da medula. 
 o As fibras fastígio-reticulares terminam na formação reticular, a partir da qual os impulsos atingem, 
pelo tracto retículo-espinhal, os neurônios motores. 
° Conexões eferentes da Zona intermédia: os axônios das células de Purkinje localizadas na zona 
intermédia fazem sinapses com o núcleo interpósito, de onde saem fibras para o núcleo rubro e para o 
tálamo do lado oposto. Através das primeiras, o cerebelo influencia os neurônios motores pelo tracto 
rubro-espinhal, 
constituindo-se a via interpósito-rubro-espinhal. Já os impulsos que vão para o tálamo (núcleo 
ventrallateral) seguem para as áreas motoras do córtex cerebral (via interpósito-tálamo-cortical), onde se 
origina o tracto córtico-espinhal. Assim, através desse tracto, o cerebelo exerce sua influênc ia sobre os 
neurônios motores. A ação do núcleo interpósito (globoso e emboliforme) se faz sobre os neurônios 
motores do grupo lateral da coluna anterior, que controlam os músculos distais dos membros responsáveis 
pelos movimentos finos, delicados e elaborados. 
 °Conexões eferentes da Zona lateral: os axônios das células de Purkinje da zona lateral do cerebelo 
fazem sinapse no núcleo denteado, de onde os impulsos seguem para o tálamo (núcleo ventral lateral), do 
lado opostoe daí, para as áreas motoras do córtex cerebral (via dendo-tálamo-cortical), onde se origina o 
tracto córtico-espinhal. Através desse tacto, o núcleo denteado participa da atividade motora, agindo sobre 
a musculatura distal (coordenando o início do movimento). As principais funções do cerebelo incluem: 
manutenção do equilíbrio, controle dos movimentos voluntários e aprendizagem motora. 
° Controle do tônus muscular: os núcleos centrais, em especial o núcleo denteado e interpósito, 
mantêm, mesmo na ausência de movimento, um certo nível de atividade espontânea. Essa atividade, 
agindo sobre os neurônios motores via tractos córtico-espinhal e rubro-espinhal, é importante para a 
manutenção do tônus. 
° Controle dos movimentos voluntários: lesões do cerebelo têm como sintomatologia uma grave ataxia, 
ou seja, falta de coordenação dos movimentos voluntários decorrentes do erro na força, extensão e 
direção do movimento. O mecanismo através do qual o cerebelo controla o movimento envolve duas 
etapas: uma de planejamento do movimento e outra de correção do movimento já em execução. O 
planejamento do movimento é elaborado na zona lateral do órgão, a partir de informações trazidas, pela 
via córtico-pontocerebelar, de áreas do córtex cerebral ligadas a funções psíquicas superiores (áreas de 
associação) e que expressam a intenção do movimento. O ‘plano’ motor é então enviado às áreas motoras 
do córtex cerebral pela via dento-talâmica-cortical e colocado em execução através da ativação dos 
neurônios apropriados dessas áreas, os quais, por sua vez, ativam os neurônios motores medulares 
através do tracto córticoespinhal. Uma vez iniciado, o movimento passa a ser controlado pela zona 
intermédia do cerebelo. Esta, através de suas inúmeras aferências sensoriais, especialmente as que 
chegam pelos tractos espinocerebelares, é informada das características do movimento em execução e, 
através da via interpósitotálamo-cortical, promove as correções devidas, agindo sobre as áreas motoras e 
o tracto córtico-espinhal. Assim, o papel da zona intermédia é diferente da zona lateral, o que pode ser 
correlacionado com o fato de que a zona intermédia recebe aferências espinhais e corticais, enquanto a 
zona lateral recebe apenas estas últimas. 
 Aprendizagem motora: o sistema nervoso é capaz de aprender a executar tarefas motoras repetitivas 
cada vez melhor, o que provavelmente envolve modificações mais ou menos estáveis em circuitos 
nervosos. Admite-se que o cerebelo participa desse processo através das fibras olivo-cerebelares, que 
chegam ao córtex cerebelar como fibras trepadeiras e fazem sinapses diretamente com as células de 
Purkinje. Essas fibras podem modular a excitabilidade das células de Purkinje, em resposta aos impulsos 
que elas recebem do sistema de fibras musgosas e paralelas. Tal ação parece ser muito importante para a 
aprendizagem motora. 
 
3)Abordar o lobo frontal relacionando a área de atenção com os aspectos psicológicos; 
ATENÇÃO E PERCEPÇÃO SELETIVA 
Intuitivamente, todo mundo sabe o que é atenção. Prestar atenção é focalizar a consciência, 
concentrando os processos mentais em uma única tarefa principal e colocando as demais em 
segundo plano. É natural intuir que essa ação focalizadora só se toma possível porque conseguimos 
sensibilizar seletivamente um conjunto de neurônios de certas regiões cerebrais que executam a tarefa 
principal, inibindo as demais. Isso significa que a atenção tem dois aspectos principais: 
(l) a criação de um estado geral de sensibilização, conhecido atualmente como alerta, 
 (2) a focalização desse estado de sensibilização sobre certos processos mentais e neurobiológicos- a 
atenção propriamente dita. 
Podemos focalizar a atenção em estímulos sensoriais: um ruído vem da porta da sala, alguém está 
entrando ... Podemos também prestar atenção em um processo mental, como um cálculo matemático, 
uma lembrança ou outro pensamento qualquer. A atenção mental pode ser chamada cognição seletiva, 
enquanto a atenção sensorial é chamada percepção seletiva. 
 COMO SE MEDE A ATENÇÃO? 
 O americano Michael Posner desenvolveu um método simples e eficiente para medir a atenção visual 
tanto em humanos como em macacos . No primeiro caso, a pessoa se senta defronte a urna tela fixando o 
olhar em um ponto central. Aparece então na tela, sob o comando 
 Os tricromatas possuem três diferentes pigmentos visuais na retina, enquanto os dicromatas possuem 
apenas dois. 
 7 Sons com frequências superiores a 20 kHz, inaudíveis para os seres humanos. 
do pesquisador, uma pista neutra (um ponto branco, por exemplo: ou uma pista direcionadora da atenção 
(que pode ser uma seta apontando para a periferia do campo visual à direita . O sujeito não pode desviar o 
olhar quando a pista aparece, mas ela lhe indica uma maior probabilidade de aparecer um estímulo-alvo 
na área apontada pela seta. Quando o estímulo-alvo finalmente aparece, o sujeito indica que o percebeu 
apertando um botão com um dedo da mão, ou simplesmente realizando um movimento ocular sacádico 
em direção a ele. O pesquisador pode então medir o tempo de reação do sujeito, computando o tempo 
decorrido entre o aparecimento do estímulo-alvo e a resposta motora. Menores tempos de reação são 
interpretados como decorrentes de maior grau de atenção do indivíduo para o local ou a natureza 
do estímulo-alvo, o que facilitaria a sua detecção. Essa técnica de medida baseada no tempo de 
reação, por sua simplicidade, passou a ser frequentemente utilizada por neuropsicólogos e 
neurofisiologistas para o estudo experimental ou clínico em humanos, e para o estudo experimental com 
animais. O método ficou conhecido como cronometria mental. O profissional que utiliza essa técnica pode 
variar alguns aspectos dela: 
 (1) as relações de tempo e espaço entre a pista direcionadora e o estímulo-alvo; 
(2) a probabilidade de aparecimento do estímulo-alvo em diferentes locais do campo; 
 (3) o método de registro da resposta do sujeito. Ao variar o primeiro aspecto, o pesquisador estará 
manipulando a atenção. 
 No exemplo descrito, o indivíduo não se move nem move os olhos: permanece fixando o olhar no centro 
da tela, embora preste atenção ao local indiçado pela pista direcionadora. Está em teste em que medida o 
sujeito consegue modular (prestando atenção) a sua capacidade de localizar estímulos no espaço. Seu 
tempo de reação indicará a rapidez da localização espacial de estímulos visuais quando a atenção é 
focalizada em local de maior probabilidade de ocorrência de um estímulo. Mas o pesquisador pode 
"enganar" o indivíduo, fazendo aparecer o estímulo-alvo no local ménos provável, isto é; no lado oposto ao 
indicado pela pista direcionadora. O tempo de reação, neste caso, medirá também a rapidez com que o 
sujeito desatrela a atenção para perceber o estímulo-alvo em um local improvável. Podem-se avaliar 
outras capacidades perceptuais: a discriminação de formas, por exemplo. Basta que se peça ao sujeito 
que só aperte o botão para círculos, e que se utilizem, depois da pista direcionadora, estímulos de 
diversas formas geométricas, além dos círculos que ele deverá indicar. O tempo de reação medirá a 
percepção de formas modulada pela atenção. Variando esses parâmetros da estimulação visual, é 
possível estudar a influência do foco atencional sobre a percepção de cada submodalidade sensorial. O 
método de Posner foi projetado para testar a percepção seletiva visual, mas outras técnicas simples 
tomam possível também testar a percepção seletiva auditiva. _Nesse caso, o indivíduo porta fones de 
ouvido em cada orelha e o experimentador aplica sons diferentes em cada lado, pedindo-lhe que preste 
atenção inicialmente em uma orelha, depois na outra. 
 Os tipos de sons aplicados aos fones, é claro, podem ser variados: tons simples, sons verbais, padrões 
musicais, ruídos sem sentido, e assim por diante. Esse teste é chamado audição dicótica,isto é, audição 
simultânea pelos dois ouvidos. A audição musical estereofónica utilizando fones de ouvido é um tipo de 
audição dicótica em que um canal veicula o som de alguns instrumentos, e o outro canal veicula outros. 
Assim, fica mais fácil prestar atenção só aos baixos de um conjunto, ou só à voz do cantor, porque esses 
estímulos estão sendo conduzidos a ouvidos diferentes. Pode-se variar também o tipo de registro da 
resposta do indivíduo. No exemplo descrito antes, o sujeito executa um certo comportamento, e o 
profissional mede o tempo decorrido até que esse comportamento ocorra. Mas, em vez disso, podem-se 
registrar potenciais elétricos extraídos do eletroencefalograma , ou então campos magnéticos cerebrais 
extraídos do magnetoencefalograma (MEG). Quando um potencial do EEG aparece sempre no mesmo 
momento após um determinado evento e pode ser modificado variando o evento, conclui-se que ele foi 
provocado ou de alguma forma influenciado por este. Potenciais desse tipo são chamados potenciais 
relacionados a eventos. O mesmo se 636 aplica ao MEG, e os campos magnéticos correspondentes são 
conhecidos como campos relacionados a eventos. Pode-se medir o tempo entre o aparecimento do 
estímulo e a ocorrência do sinal cerebral (potencial ou campo), obtendo um valor chamado tempo de 
latência ou simplesmente latência. Latências curtas indicam que poucas sinapses ocorreram·entre a 
entrada sensorial (o aparecimento do estímulo-alvo na tela) e· o processamento cerebral. Isso seria 
sugestivo de que a modulação atencional incide sobre os estágios analíticos da percepção. Latências 
longas, é claro, indicam o contrário, ou seja, que a modulação atencional incide sobre estágios tardios. 
Além disso, a amplitude do sinal pode também ser medida, indicando o maior ou o menor envolvimento de 
uma determinada região cerebral no processo seletivo da atenção. A grande vantagem dos registres eletro 
e magnetofisiológicÇ> é a sua resolução0 temporal. Sua resolução espacial, entretanto, não é muito boa, 
porque os eletródios de captação aplicados sobre a pele da cabeça do indivíduo captam sinais 
provenientes de amplas áreas cerebrais, sem grande capacidade de localização. Também as imagens 
funcionais do cérebro podem ser registradas durante a tarefa perceptual, como a tomografia por emissão 
de pósitrons (conhecida pela sigla inglesa PET) e a ressonância magnética funcional . 
 Nesse caso, entretanto, a resolução temporal é baixa porque é preciso muito tempo para colher as 
imagens, uma desvantagem amplamente compensada pela precisão na localização anatómica das regiões 
cerebrais com maior atividade. Quando se empregam animais para o estudo da percepção seletiva, os 
mesmos métodos podem ser utilizados, porque os animais (principalmente os primatas) são capazes de 
aprender a realizar as tarefas comportamentais da cronometria mental tão bem quanto os seres humanos. 
No caso dos animais, além disso, podem-se empregar microeletródios intracerebrais e assim registrar os 
potenciais de ação e potenciais sinápticos de neurónios isolados em diferentes regiões. 
EM QUE CONSISTE A ATENÇÃO? 
Armados com os métodos que descrevemos para estudar a percepção seletiva, os neuropsicólogos e 
neurofisiologistas têm-se proposto a compreender três questões fundamentais: 
 (1) se a atenção influencia a percepção, tomando-a seletiva; oculares. Prestamos mais atenção, 
geralmente, aos objetos 
(2) de que modo isso ocorre; 
 (3) quais os mecanismos neurais envolvidos nessas operações. Logo de saída foi possível perceber que 
há diferentes tipos de atenção. Na atenção explícita ou aberta, o foco da atenção coincide com a fixação 
visual. Os movimentos do foco atencional, neste caso, são atrelados aos movimentos o 
que fixamos com o olhar. A seleção dos objetos a serem percebidos depende de seu posicionamento 
no centro da fóvea. Você está neste momento prestando atenção às palavras que está lendo, isto é, 
àquelas que se posicionam no seu eixo visual. No entanto, nem sempre é assim. 
 Atenção implícita ou oculta: foco da atenção não coincide com o olhar. Quer dizer: você pode estar 
com o olhar focalizado no livro, mas na verdade prestando atenção ao que se passa na televisão ligada, 
no canto do quarto. Os mecanismos neurais que permitem a seleção dos objetos a serem percebidos, 
neste caso, operam nas regiões vizinhas à representação do eixo visual, ou mesmo na periferia do campo. 
Os objetos a serem percebidos aí não são selecionados apenas pelo local onde tendem a aparecer, mas 
também por outros parâmetros. Podemos procurar uma pessoa com boné vermelho numa multidão, e 
nesse caso os mecanismos perceptuais selecionarão objetos de cor vermelha e forma de boné para a 
busca perceptual, independentemente do local exato onde estejam. 
 A atenção explícita: tende a ser automática: sem nos darmos conta, vamos movimentando o foco 
atencional pelo ambiente à medida que movimentamos os olhos. O controle voluntário é o mesmo do 
olhar; o foco atencional segue junto com ele. Mas quando o olhar está fixo em um ponto, podemos 
também movimentar o foco atencional livremente pelas regiões vizinhas do campo visual. Dificilmente o 
fazemos, entretanto, a não ser voluntariamente. Quer dizer, a atenção implícita tende a ser uma operação 
mental voluntária. 
 O método de Posner 
permitiu estudar ambas as formas de atenção. No caso da atenção explícita, pôde-se variar o tempo entre 
o aparecimento da pista direcionadora e a ocorrência do estímulo-alvo. Verificou-se que quando esse 
tempo aumenta, o tempo de reação também aumenta. É como se o indivíduo fosse diminuindo a sua 
atenção àquele local, um fenômeno chamado inibição de retorno. Isso significa que existe um mecanismo 
de interrupção da atenção que entra em ação quando a pista direcionadora deixa de ser preditora da 
ocorrência do estímulo-alvo. Na atenção implícita ocorre algo parecido quando a pista direcionadora 
aponta para um lado, mas o estímulo-alvo é projetado na posição oposta. O tempo de reação 
aumenta, indicando menor atenção para aquele lado. Se isso se repetir várias vezes, ocorrerá um 
fenômeno análogo à inibição de retomo chamado extinção. Com base nesses resultados, o próprio 
Posner propôs um modelo descritivo dos processos que ocorrem durante a seleção perceptual promovida 
pela atenção implícita . Na condição inicial, o indivíduo está alerta e tem a sua atenção fixada em um 
determinado ponto do espaço, ou em um determinado objeto da cena perceptual que muitas vezes 
coincide com o ponto de fixação do olhar. Esse objeto atencional pode ser visual, auditivo ou de outro 
sentido. A seguir, movido pela vontade ou por um estímulo direcionador, o individuo desatrela o foco 
atencional do estímulo inicial e move-o para um outro "ponto" da cena (onde está um outro estímulo). 
Ocorre então uma nova fixação da atenção, seguida ou não dos movimentos oculares correspondentes. O 
modelo de Posner não é uma explicação, mas uma descrição dos fenômenos atencionais 
. Então, afinal, em que consiste a atenção? Seria um fi ltro destinado a proteger a percepção de um 
excesso de informações sensoriais? Ou um mecanismo seletivo destinado a separar os estímulos 
relevantes dos irrelevantes, criando as melhores condições para perceber os relevantes? Os dados 
indicam que a última hipótese está mais próxima da realidade. Vejamos. Os experimentos de registro de 
potenciais do EEG e campos magnéticos relacionados a eventos indicaram que a focalização atencional 
provoca o aumento da amplitude desses sinais . Em outras palavras: se a pista direcionadora aponta para 
a esquerda e o estímulo-alvo efetivamente aparece à esquerda, o potencial registrado tem maior amplitude 
que quando o estímulo-alvo aparece do lado não previsto. Conclui-se que a atenção deve consistir em um 
mecanismo de sensibilização ou facilitação das respostas perceptuais do córtex cerebral. Mas quais 
regiões corticais seriamsuscetíveis de ter sua atividade ampliada pela atenção? A seleção perceptual dos 
objetos relevantes seria precoce (nas áreas sensoriais primárias) ou tardia (nas áreas associativas)? Para 
responder a essa questão, o registro de sinais relacionados a eventos- de baixa resolução espacial- não é 
o método adequado. Foi preciso utilizar as técnicas de estudo eletrofisiológico em macacos - que têm boa 
resolução tanto espacial quanto temporal. As primeiras áreas escolhidas foram V 4 e o córtex 
inferotemporal, porque seus grandes campos receptores facilitam a coutilização de pistas direcionadoras e 
estímulos-alvo. Experimentos desse tipo são trabalhosos: implicam primeiramente ensinar o macaco a 
fixar o olhar em um ponto central da tela plana que fica defronte a seus olhos, prestando atenção a uma 
pequena região próxima. Depois que o animal está convenientemente treinado, mapeia-se o campo 
receptor de um neurônio cortical e tenta-se descobrir os estímulos capazes de provocar uma resposta do 
neurônio. Encontrase que os estímulos - mesmo os menos eficazes - têm sua resposta aumentada se são 
projetados dentro do foco atencional do campo receptor. Os resultados desses experimentos concordaram 
com a ideia de que o foco atencional de algum modo facilita a resposta dos neurônios corticais, e além 
disso indicaram que esse efeito existe em todas as áreas corticais estudadas no sistema visual, inclusive 
Vl. É, entretanto, mais forte nas áreas associativas como V4 e IT. 
 Conclui-se que a seleção perceptual resulta de um mecanismo facilitador das respostas neuronais, e que 
tal mecanismo ocorre tanto nas áreas sensoriais como nas associativas. De fato, todas as áreas corticais 
recebem projeções recíprocas das áreas seguintes, especialmente daquelas situadas no lobo temporal e 
no córtex parietal posterior. Atribui-se a esses circuitos recíprocos a função de facilitar o processamento 
sináptico para cada parâmetro sobre o qual incide o foco atencional, seja ele um local do espaço ou uma 
característica específica do objeto de interesse. 
4) Discorrer sobre o impacto do trauma na região do córtex e interferência na socialização 
As sequelas do TCE são impactantes para o paciente, sua família, a comunidade e os profissionais que o 
atendem.16 De acordo com o objetivo do presente trabalho, são destacadas as características funcionais 
dos lobos frontais, bem como lesões associadas a estes, o que se justifica em vista de nestas regioes 
estarem localizados circuitos tanto da cognição social quanto da afetividade. 
 
Os lobos frontais tem uma importante participação na regulação da atividade mental. Em relação ao córtex 
pré-frontal ventromedial, pacientes com lesões em áreas orbitárias apresentam maior dificuldade em inibir 
seus impulsos. O córtex orbital medial está relacionado ao "eu social". 
 
Uma lesão nessa área acarreta transtorno nas condutas sociais dos indivíduos. Baseados em estudo com 
pacientes lesionados, pesquisadores descrevem também que uma lesão pré-frontal dificulta a tomada de 
decisões e do raciocínio social. 
 
Lesões no córtex pré-frontal podem provocar déficits importantes envolvendo funções cognitivas, afeto, 
humor, comportamento social, movimento, alterações de personalidade e conduta. 
 
Uma lesão no córtex pré-frontal ventromedial pode acarretar falhas na utilização de sinais somáticos ou 
emocionais para guiar a conduta. Assim, eles se mostram alheios às futuras consequências de seus atos e 
atuam segundo suas perspectivas imediatas. 
 
Danos na regiao órbito-frontal resultam em desinibição social, labilidade emocional, falha de julgamento, 
alegria inapropriada, denominada como estado de euforia exagerada. 
 
Indivíduos que sofrem lesões em regioes cerebrais responsáveis pelas emoções e sentimentos perdem a 
capacidade de governar o seu comportamento para viver em sociedade.Assim, a capacidade de tomada 
de decisão, especialmente em situações de grande incerteza, está fortemente comprometida.Por exemplo, 
investimentos financeiros, relações de amizade, casamento, entre outros. 
 
Pessoas acometidas por este tipo de lesão rompem os contratos sociais. Esse tipo de lesão faz com que a 
pessoa seja incapaz de manter o seu status social, podendo perder sua independência financeira. 
Raramente tornam-se violentos, e em suas rupturas do contrato social eles tendem a não desrespeitar as 
leis propriamente ditas, embora desrespeitem por certo as convenções sociais. Contudo, o comando geral 
da sua vida é afetado. De maneira que necessitam da ajuda de outros para seu bem-estar e até a 
sobrevida. 
 
Outra característica dessa lesão é a mudança na personalidade desses indivíduos. Sua capacidade de 
planejar atividades está comprometida tanto no imediato como no que diz respeito ao futuro. Quanto às 
relações sociais apresentam dificuldade em decidir em quem deve ou não confiar. Falta-lhes o sentido 
daquilo que é socialmente permissível, por vezes de forma altamente embaraçosa. Não observam certas 
convenções sociais e podem também não observar certas regras da ética. 
 
Finalizando, lesões nas regioes dorsolaterais suscitam déficits, principalmente, no controle, regulação e 
integração de atividades cognitivas. Nota-se dificuldade para focar e sustentar atenção, motivação, 
respostas tardias, memória operacional, flexibilidade mental, estratégias construcionais e de organização 
em tarefas, déficits de raciocínio e funções executivas, entre outros.18 O que aponta a relação das áreas 
frontais com diversificadas funções, destacando-se neste trabalho a memória operacional emocional, em 
que assim como no córtex pré-frontal dorsolateral encontra-se a representação cognitiva da meta de uma 
ação na ausência de seu desencadeante imediato (o que todos conhecemos como memória de trabalho), 
"no córtex pré-frontal ventromedial, encontra-se a representação emocional da meta de uma ação, na 
ausência de seu desencadeante imediato". 
 
Em vista dos aspectos até aqui levantados, o profissional de psicologia necessita realizar uma avaliação 
mais apurada possível, para que por meio desta delimite um plano de reabilitação para pessoas com 
acometimento frontal e alteração de cognição social. 
Introdução e anatomia funcional 
Os lobos frontais (esquerdo e direito) constituem a porção mais anterior dos hemisférios cerebrais, 
perfazendo 2/3 do córtex cerebral. O LF engloba posteriormente o córtex motor, responsável pelos 
movimentos voluntários do hemicorpo contralateral, e anteriormente as áreas pré-motoras e o córtex pré-
frontal (CPF). 
O CPF é o mais importante do ponto de vista comportamental e pode subdividir-se em: córtex orbitário ou 
inferior — face inferior do LF, áreas citoarquitectónicas 11,13 e 14 de Broadmann; córtex interno ou 
cingulato—porção mais anterior e inferior da face interna do LF, incluindo as áreas 12 (e 47), 24 e 32, 
situa-se à frente e por baixo da área motora 4, suplementar motora 6 e "visuomotora" 8; e córtex 
dorsolateral — na face externa do lobo frontal, áreas 8,9 
Exemploss 
Phineas Gage 
Após lesões frontais, provocadas por uma barra de ferro que atravessou o cérebro em 1848, 
retrospectivamente caracterizadas por Hanna Damásio (Damásio, 1994) como sendo ventromedianas, 
existe a descrição clínica do Dr. Harlow (Damásio 1994, pp. 27): "o equilíbrio, por assim dizer, entre as 
suas faculdades intelectuais e as suas propensões animais fora destruído. As mudanças tornaram-se 
evidentes quando amainou a fase crítica da lesão cerebral. Mostrava-se agora caprichoso e irreverente, 
usando por vezes a mais obscena das linguagens, o que não era anteriormente seu costume, 
manifestando pouca deferência para com os seus colegas, impaciente relativamente a restrições ou 
conselhos quando eles entravam em conflito com os seus desejos, por vezes determinadamente 
obstinado, outras ainda caprichoso e vacilante, fazendo muitos planos para acções futuras que tão 
facilmente eram concebidos

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