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IESC II N1 Semana 1 – Apresentação da matéria Semana 2 – PNAB PORTARIA Nº 2.436, DE 21 DE SETEMBRO DE 2017 Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Princípios e diretrizes • Princípios: Universalidade: devem receber e ouvir todas as pessoas que procuram seus serviços, de modo universal, de fácil acesso e sem diferenciações excludentes, e a partir daí construir respostas para suas demandas e necessidades; Equidade: ofertar o cuidado, reconhecendo as diferenças nas condições de vida e saúde e de acordo com as necessidades das pessoas, evitar exclusão social de grupos que possam vir a sofrer estigmatização ou discriminação; de maneira que impacte na autonomia e na situação de saúde; Integralidade: É o conjunto de serviços executados pela equipe; inclui a responsabilização pela oferta de serviços em outros pontos de atenção à saúde e o reconhecimento adequado das necessidades gerais além da ampliação da autonomia das pessoas e coletividade; • Diretrizes: Regionalização e Hierarquização: regiões de saúde são um recorte espacial estratégico para fins de planejamento, organização e gestão de redes de ações; e a hierarquização como forma de organização da RAS entre si, com fluxos e referências; Territorialização: de forma a permitir o planejamento, a programação descentralizada e o desenvolvimento de ações com foco no território específico. Os Territórios são destinados para dinamizar a ação em saúde pública de forma que atendam a necessidade da população adscrita; População adscrita: população que está presente no território da UBS, de forma a estimular o desenvolvimento de relações de vínculo e responsabilização entre as equipes e a população, garantindo a continuidade das ações de saúde e a longitudinalidade do cuidado e com o objetivo de ser referência para o seu cuidado; Cuidado centrado na pessoa: ações de cuidado de forma singularizada; o cuidado é construído com as pessoas, de acordo com suas necessidades e potencialidades na busca de uma vida independente e plena. A família, a comunidade e outras formas de coletividade são elementos relevantes, muitas vezes condicionantes ou determinantes na vida das pessoas e, por consequência, no cuidado; Resolutividade: resolver a grande maioria dos problemas de saúde da população, coordenando o cuidado do usuário em outros pontos da RAS, quando necessário. Longitudinalidade do cuidado: continuidade da relação de cuidado, com construção de vínculo e responsabilização entre profissionais e usuários ao longo do tempo e de modo permanente e consistente, acompanhando os efeitos das intervenções em saúde e de outros elementos na vida das pessoas, evitando a perda de referências; Coordenação do cuidado: elaborar, acompanhar e organizar o fluxo dos usuários entre os pontos de atenção das RAS. Atuando como o centro de comunicação entre os diversos pontos de atenção. Ordenação da rede: reconhecer as necessidades de saúde da população sob sua responsabilidade, organizando-as em relação aos outros pontos de atenção à saúde. Participação da comunidade: estimular a participação das pessoas, a orientação comunitária das ações de saúde na Atenção Básica e a competência cultural no cuidado, como forma de ampliar sua autonomia e capacidade na construção do cuidado à sua saúde e das pessoas e coletividades do território Sobre as unidades Deverá estar afixado em local visível, próximo à entrada da UBS: - Identificação e horário de atendimento; - Mapa de abrangência, com a cobertura de cada equipe; - Identificação do Gerente da Atenção Básica no território e dos componentes de cada equipe da UBS; - Relação de serviços disponíveis; e - Detalhamento das escalas de atendimento de cada equipe. Tipos de unidades a) Unidade Básica de Saúde Recomenda-se os seguintes ambientes: consultório médico e de enfermagem, consultório com sanitário, sala de procedimentos, sala de vacinas, área para assistência farmacêutica, sala de inalação coletiva, sala de procedimentos, sala de coleta/exames, sala de curativos, sala de expurgo, sala de esterilização, sala de observação e sala de atividades coletivas para os profissionais da Atenção Básica. Se forem compostas por profissionais de saúde bucal, será necessário consultório odontológico com equipo odontológico completo; a. área de recepção, local para arquivos e registros, sala multiprofissional de acolhimento à demanda espontânea, sala de administração e gerência, banheiro público e para funcionários, entre outros ambientes conforme a necessidade. b) Unidade Básica de Saúde Fluvial Recomenda-se os seguintes ambientes: a. consultório médico; consultório de enfermagem; área para assistência farmacêutica, laboratório, sala de vacina; sala de procedimentos; e, se forem compostas por profissionais de saúde bucal, será necessário consultório odontológico com equipo odontológico completo; área de recepção, banheiro público; banheiro exclusivo para os funcionários; expurgo; cabines com leitos em número suficiente para toda a equipe; cozinha e outro ambientes conforme necessidade. c) Unidade Odontológica Móvel Tipos de equipes • eSF (Equipe de saúde da família) Composição mínima: 1. Médico 2. Enfermeiro 3. Auxiliar ou técnico de enfermagem 4. ACS 5. ACE e profissional de saúde bucal -O número de ACS é definido conforme base populacional e critérios demográficos, epidemiológicos e socioeconômicos -Em algumas áreas recomenda-se 100% de cobertura da população, no máximo, 750 pessoas por ACS. • eAP (Equipe de atenção primária) Composição mínima: 1. Médico 2. Enfermeiro • eSB (Equipe de saúde bucal) Os profissionais de saúde bucal que compõem as equipes de Saúde da Família (eSF) e de Atenção Básica (eAB) e de devem estar vinculados à uma UBS ou a Unidade Odontológica Móvel, podendo se organizar nas seguintes modalidades: - Modalidade I: Cirurgião-dentista e auxiliar em saúde bucal (ASB) ou técnico em saúde bucal (TSB) e; - Modalidade II: Cirurgião-dentista, TSB e ASB, ou outro TSB. Atribuições dos profissionais • Realizar a gestão das filas de espera, evitando a prática do encaminhamento desnecessário, com base nos processos de regulação locais (referência e contrarreferência), ampliando-a para um processo de compartilhamento de casos e acompanhamento longitudinal de responsabilidade das equipes que atuam na atenção básica; • Cadastrar e manter atualizado o cadastramento das famílias; • Realizar ações de atenção à saúde: coletivas, programadas, de vigilância, de promoção, prevenção, de educação, atendimento de demanda espontânea, visita domiciliar, etc; • Participar do acolhimento ao usuário com classificação de risco, responsabilizando-se pela continuidade da atenção e estabelecimento de vínculo; • Realizar busca ativa e notificações de agravo; • Participar de reuniões de equipes. Características da atenção básica O que é a atenção básica (AB) A Atenção Básica é o conjunto de ações de saúde individuais, familiares e coletivas que envolvem promoção, prevenção, proteção, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos, cuidados paliativos e vigilância em saúde, desenvolvida por meio de práticas de cuidado integrado e gestão qualificada, realizada com equipe multiprofissional e dirigida à população em território definido, sobre as quais as equipes assumem responsabilidade sanitária. Será a principal porta de entrada e centro de comunicação da RAS, coordenadora do cuidado e ordenadora das ações e serviços disponibilizados na rede. A Atenção Básica será ofertada integralmente e gratuitamente a todas as pessoas, de acordo com suas necessidades e demandas do território, considerando os determinantes e condicionantesde saúde. Recomenda-se que as Unidades Básicas de Saúde tenham seu funcionamento com carga horária mínima de 40 horas/semanais, no mínimo 5 (cinco) dias da semana e nos 12 meses do ano, possibilitando acesso facilitado à população. População adscrita por equipe de Atenção Básica (eAB) e de Saúde da Família (eSF) de 2.000 a 3.500 pessoas, localizada dentro do seu território, garantindo os princípios e diretrizes da Atenção Básica. Além dessa faixa populacional, podem existir outros arranjos de adscrição, conforme vulnerabilidades, riscos e dinâmica comunitária, facultando aos gestores locais, conjuntamente com as equipes que atuam na Atenção Básica e Conselho Municipal ou Local de Saúde, a possibilidade de definir outro parâmetro populacional de responsabilidade da equipe, podendo ser maior ou menor do que o parâmetro recomendado, de acordo com as especificidades do território, assegurando-se a qualidade do cuidado. ii) - 4 (quatro) equipes por UBS (Atenção Básica ou Saúde da Família), para que possam atingir seu potencial resolutivo. Processo de trabalho na AB I - Definição do território e Territorialização II - Responsabilização Sanitária III - Porta de Entrada Preferencial IV - Adscrição de usuários V – Acesso VI - O acolhimento VII – Trabalho em equipe VIII - Resolutividade Nasf-AB Constitui uma equipe multiprofissional e interdisciplinar composta por categorias de profissionais da saúde, complementar às equipes que atuam na Atenção Básica. É formada por diferentes ocupações (profissões e especialidades) da área da saúde, atuando de maneira integrada para dar suporte (clínico, sanitário e pedagógico) aos profissionais das equipes de Saúde da Família (eSF) e de Atenção Básica (eAB). Busca-se que essa equipe seja membro orgânico da Atenção Básica, vivendo integralmente o dia a dia nas UBS e trabalhando de forma horizontal e interdisciplinar com os demais profissionais, garantindo a longitudinalidade do cuidado e a prestação de serviços diretos à população. Os diferentes profissionais devem estabelecer e compartilhar saberes, práticas e gestão do cuidado, com uma visão comum e aprender a solucionar problemas pela comunicação, de modo a maximizar as habilidades singulares de cada um. Atuação : a) Participar do planejamento conjunto com as equipes que atuam na Atenção Básica à que estão vinculadas; b) Contribuir para a integralidade do cuidado aos usuários do SUS principalmente por intermédio da ampliação da clínica, auxiliando no aumento da capacidade de análise e de intervenção sobre problemas e necessidades de saúde, tanto em termos clínicos quanto sanitários; c) Realizar discussão de casos, atendimento individual, compartilhado, interconsulta, construção conjunta de projetos terapêuticos, educação permanente, intervenções no território e na saúde de grupos populacionais de todos os ciclos de vida, e da coletividade, ações intersetoriais, ações de prevenção e promoção da saúde, discussão do processo de trabalho das equipes dentre outros, no território. Semana 3 – Financiamento – PREVINE BRASIL PORTARIA Nº 2.979, DE 12 DE NOVEMBRO DE 2019 Institui o Programa Previne Brasil, que estabelece novo modelo de financiamento de custeio da Atenção Primária à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde, por meio da alteração da Portaria de Consolidação nº 6/GM/MS, de 28 de setembro de 2017 O financiamento federal de custeio da Atenção Primária à Saúde (APS) será constituído por: I - capitação ponderada – calculo irá considerar I - a população cadastrada na equipe de Saúde da Família (eSF) e equipe de Atenção Primária (eAP) no Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB); II - a vulnerabilidade socioeconômica da população cadastrada na eSF e na eAP; III - o perfil demográfico por faixa etária da população cadastrada na eSF e na eAP; e IV - classificação geográfica definida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). II - pagamento por desempenho; Para o pagamento por desempenho deverão ser observadas as seguintes categorias de indicadores: I - processo e resultados intermediários das equipes; II - resultados em saúde; e III - globais de APS. III - incentivo para ações estratégicas. O cálculo para a definição dos recursos financeiros para incentivo para ações estratégicas deverá considerar: I - as especificidades e prioridades em saúde; II - os aspectos estruturais das equipes; e III - a produção em ações estratégicas em saúde. O incentivo para ações estratégicas contemplará o custeio das seguintes ações, programas e estratégias: I - Programa Saúde na Hora; II- Equipe de Saúde Bucal (eSB); III - Unidade Odontológica Móvel (UOM); Há outras 14. A suspensão de que trata o caput será equivalente a: I - 25% (vinte e cinco por cento) por eSF para os casos de ausência do profissional auxiliar ou técnico de enfermagem ou agente comunitário de saúde na equipe por um período superior a 60 (sessenta) dias; II - 50% (cinquenta por cento) por eSF e eAP para os casos de ausência do profissional médico ou enfermeiro na equipe por um período superior a 60 (sessenta) dias; e III - 100% (cem por cento) por eSF e eAP para os casos: a. de ausência simultânea dos profissionais médico e enfermeiro na eSF por um período superior a 60 (sessenta) dias; ou b. de ausência total de eSF ou eAP; ou c. em que haja verificação de danos ao erário (bens e direitos publicos) PORTARIA Nº 3.222, DE 10 DE DEZEMBRO DE 2019 Dispõe sobre os indicadores do pagamento por desempenho, no âmbito do Programa Previne Brasil. O pagamento mensal por desempenho de cada quadrimestre estará vinculado ao resultado obtido pelo município e pelo Distrito Federal no quadrimestre anterior. O conjunto de indicadores do Pagamento por Desempenho a ser observado na atuação das Equipes de Saúde da Família (ESF) e Equipes de Atenção Primária (EAP), para o ano de 2020, abrange as ações estratégicas de Saúde da Mulher, Pré-Natal, Saúde da Criança e Doenças Crônicas (Hipertensão Arterial e Diabetes Melittus). São indicadores para o ano de 2020: I - proporção de gestantes com pelo menos 6 (seis) consultas pré-natal realizadas, sendo a 1ª até a 20ª semana de gestação; II - proporção de gestantes com realização de exames para sífilis e HIV; III - proporção de gestantes com atendimento odontológico realizado; IV - cobertura de exame citopatológico; V - cobertura vacinal de poliomielite inativada e de pentavalente; VI - percentual de pessoas hipertensas com pressão arterial aferida em cada semestre; e VII - percentual de diabéticos com solicitação de hemoglobina glicada. Art. 7º Os indicadores do pagamento por desempenho para os anos de 2021 e 2022 serão definidos após monitoramento, avaliação e pactuação tripartite durante o ano de 2020, e contemplarão as seguintes ações estratégicas: I - ações multiprofissionais no âmbito da atenção primária à saúde; II - ações no cuidado puerperal; III -ações de puericultura (crianças até 12 meses); IV - ações relacionadas ao HIV; V - ações relacionadas ao cuidado de pessoas com tuberculose; VI - ações odontológicas; VII - ações relacionadas às hepatites; VIII - ações em saúde mental; IX - ações relacionadas ao câncer de mama; e X - Indicadores Globais de avaliação da qualidade assistencial e experiência do paciente com reconhecimento e validação internacional e nacional, como o Primary Care Assessment Tool (PCATool - Instrumento de Avaliação da Atenção Primária), o Patient-Doctor Relationship Questionnaire (PDRQ-9 - Questionário de Avaliação da Relação Médico-Paciente) e o Net Promoter Score (NPS - Escala de Satisfação do Usuário). NOTA TÉCNICA Nº 3/2020-DESF/SAPS/MS sobre Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB) e Programa Previne Brasil. Dessa forma, a composiçãode equipes multiprofissionais deixa de estar vinculada às tipologias de equipes NASF-AB. Com essa desvinculação, o gestor municipal passa a ter autonomia para compor suas equipes multiprofissionais, definindo os profissionais, a carga horária e os arranjos de equipe. O gestor municipal pode então cadastrar esses profissionais diretamente nas equipes de Saúde da Família (eSF) ou equipes de Atenção Primária (eAP), ampliando sua composição mínima. Poderá, ainda, manter os profissionais cadastrados no SCNES como equipe NASF-AB ou cadastrar os profissionais apenas no estabelecimento de atenção primária sem vinculação a nenhuma equipe. As equipes multiprofissionais são importantes para o desempenho da atenção primária do município em todos os componentes. A melhoria dos indicadores em saúde, por exemplo, está diretamente relacionada à capacidade resolutiva das equipes, às ações e serviços que ofertam e aos profissionais que as compõem. Dessa forma, quanto mais apropriada for a composição da equipe para resolver os problemas de saúde da população, melhor será o desempenho dessa equipe, caso ela trabalhe de maneira integrada e efetiva. Conforme definido pela Portaria n° 2.979, de 12 de novembro de 2019, que institui o Previne Brasil, em seu Argo 12-N, os gestores municipais e estaduais têm autonomia na aplicação dos incentivos de custeio federal referente ao financiamento de que trata o Programa, desde que sejam destinados a ações e serviços da APS e que se respeite o disposto na Lei Complementar nº 141, de 13 de janeiro de 2012, e na Lei Orgânica da Saúde. Semana 4 – Territorialização A territorialização, nos sistemas de saúde, surge em 1920, com o Relatório Dawson, por solicitação do governo inglês, fruto do debate de mudanças no sistema de proteção social depois da Primeira Guerra Mundial, devido à necessidade de se implantar um sistema de redes no serviço público de saúde. A territorialização é necessária tanto na implantação de uma nova equipe de saúde da família quanto como ferramenta de estratégia rápida para reconhecimento, identificação e responsabilização sanitária de uma determinada área, para, em seguida, estabelecer um relacionamento horizontal e vertical com outros serviços adjacentes. A área de abrangência é uma área delimitada geograficamente que determina a responsabilidade sanitária de uma equipe de saúde da família. O território-microárea é uma unidade operacional de um Agente Comunitário de Saúde, em que o objeto é a prática de vigilância à saúde e no qual residem, no máximo, 750 habitantes. A ESF foi proposta como modelo de assistência com base na prevenção e na promoção da saúde, com reestruturação dos serviços de saúde e de sua relação com a comunidade (aumentando o vínculo com o indivíduo e com sua família) e com atuação nos níveis de atenção primária, secundária e terciária com consequente melhora da acessibilidade As ações de vigilância em saúde, primordialmente, deverão ser estabelecidas sobre uma base territorial local de saúde, levando-se em consideração as relações locais (p. ex., condições sociais, ambientais) e o acesso às ações e aos serviços de saúde. O território é um espaço limitado político-administrativamente ou por ação de um grupo social, em que se edificam e exercitam os poderes do Estado e dos cidadãos, de grande importância para a definição estratégica de políticas públicas. 5 Portanto, o território deve ser relativamente homogêneo, resultado de uma produção histórica, ambiental e social capaz de gerar uma identidade própria com problemas e necessidades sociais Para definir o território, deve-se delimitar a área de atuação dos serviços, analisar o ambiente, a população e a dinâmica social da área e definir relações horizontais com outros serviços e verticais com centros de referência. Atualmente, os sistemas locais de saúde podem ser estruturados em nível de unidade de saúde, distrito de um município ou da microrregião, e, não havendo um acordo sobre a implantação do fluxo nos diferentes níveis de organização dos serviços, fica a critério de cada profissional, instituição ou gestor de saúde o entendimento e a proposição na estruturação nos sistemas de saúde. O SUS foi ordenado de modo a descentralizar o sistema de saúde em subsistemas municipais que obedecem a uma hierarquia administrativa sob a responsabilidade das secretarias estaduais de saúde e o apoio da União. Aos serviços municipais coube a atenção básica e as ações básicas de vigilância em saúde, bem como a organização em níveis diferenciados de atenção à saúde (primário, secundário e terciário) com capacidades tecnológicas diversas que se complementam, de modo a garantir a resolubilidade e o acesso aos serviços. No processo de municipalização, podem ser identificados os seguintes territórios: ● Território-distrito: delimitação político-administrativa. O distrito poderia se identificar com o território do município, com parte dele ou, ainda, constituir-se como um consórcio de municípios. ● Território-área: delimitação da área de abrangência de uma unidade ambulatorial. A área para uma Unidade de Saúde da Família (USF) é formada por microáreas, nem sempre contíguas, onde atua uma equipe de saúde da família e residem em torno de 2.000 a 3.500 pessoas. 1 ● Território-microárea: delimitada conforme as condições socioeconômicas e sanitárias, de modo a concentrar grupos mais homogêneos. Tem objetivo a prática da vigilância em saúde e a melhoria de indicadores de saúde A microárea é formada por um conjunto de famílias que congrega, no máximo, 750 habitantes, constituindo a unidade operacional do ACS. ● Território-moradia: lugar de residência de uma família. É o objeto da prática da vigilância em saúde. Os territórios-distrito e moradia apresentam um território conceitualmente delimitado, e os territórios-área e microárea apresentam dimensões e população indefinidas, variando para cada UBS e se revelando como extensões de abrangência desta. Várias ferramentas podem ser utilizadas a partir da territorialização dos serviços da saúde, entre elas georreferenciamento, ecomapa, densidades populacionais e outros. Questões 1. A territorialização é: a. Uma estratégia para prevenção e promoção à saúde b. Uma ferramenta utilizada pelos países subdesenvolvidos para a promoção de saúde c. Definida por um espaço territorial independente, que não estabelece relações com outros serviços d. O processo de análise territorial visando a uma base organizativa dos sistemas de saúde e do planejamento da vigilância em saúde 2. O conceito de território é: a. Rede de ações e serviços de saúde de um município b. Espaço territorial coincidente com a divisão administrativa do estado c. Espaço limitado político-administrativamente ou por ação de um grupo social d. Primeiro nível de assistência individual ou coletiva de uma população 3. No âmbito municipal, podemos identificar os seguintes territórios: a. Regiões fronteiriças, município-sede, distrito, área b. Distrito, área, microárea, moradia c. Módulo assistencial, distrito, microárea, moradia d. Território de influência, área, microárea, moradia 4. A unidade operacional do agente comunitário de saúde é: a. A área b. O segmento territorial c. O módulo assistencial d. A microárea 5. No Brasil, a agregação espacial de dados com a possibilidade de identificar riscos sociais encontra barreiras pela: a. Grande extensão territorial brasileira b. Organização não estruturada das cidades c. Ausência de profissionais capacitados d. Falta de uma base digital de ruas e quadras Respostas: 1D, 2C, 3B, 4D, 5D Semana 5 – Educação em saúde na APS Ela parte do pressuposto de que todas as pessoas, mesmo as mais oprimidas e marginalizadas, têm uma busca criativa de melhoria de suas vidas, acumulando saberes e experiências, os quais necessitam ser valorizados e considerados no fazer educativo. O trabalho de diagnosticar, propor tratamentos e organizarações coletivas de promoção da saúde é, antes de tudo, uma produção cognitiva que pode ser realizada em conjunto com as pessoas envolvidas. O saber da educação popular pode orientar essa construção dialogada e participativa de soluções. A educação popular é instrumento para uma abordagem mais integral na assistência à saúde, pois agrega dimensões políticas, econômicas e culturais nas soluções construídas e fortalece o protagonismo social das pessoas envolvidas. Ela coloca o trabalho cotidiano em saúde a serviço do fortalecimento da democracia, da justiça e da solidariedade social. A educação em saúde é o campo de prática e do conhecimento sistematizado do setor da saúde que se tem dedicado mais diretamente à criação de vínculos entre o trabalho de saúde e o pensar e o agir cotidiano da população. A educação em saúde se constituiu e se organizou como disciplina teórica no Brasil no início do século XX, quando, dentro do movimento higienista, intelectuais se deram conta da importância das práticas educativas para a construção da nação e para o enfrentamento das epidemias e endemias que tanto atrapalhavam o desenvolvimento. Educação popular (EP) é uma concepção teórica das ciências da educação que se estruturou inicialmente na América Latina, na segunda metade do século XX, e que hoje está presente em todos os continentes. O educador brasileiro Paulo Freire (1921-1997) foi o pioneiro na sistematização teórica dessa concepção. Muitas experiências de saúde comunitária orientadas pela EP surpreenderam pela capacidade de construir, de modo compartilhado com a população, práticas de grande eficácia no enfrentamento dos problemas de saúde por levarem em conta o saber acumulado dessa população, os seus interesses, as forças sociais ali presentes e as peculiaridades da realidade local. Em 2013, com a aprovação da Política Nacional de Educação Popular em Saúde no Sistema Único de Saúde (PNEPS-SUS) pelo Ministério da Saúde, criou-se a possibilidade dessa perspectiva participativa de construção da integralidade generalizar-se mais amplamente nas ações de saúde. Essa política propõe a valorização e a implementação – nos âmbitos municipais, estaduais e nacionais do SUS – de práticas político- pedagógicas orientadas por estes princípios: diálogo; amorosidade; problematização; construção compartilhada do conhecimento; emancipação; e compromisso com a construção do projeto democrático e popular. O diálogo é o elemento central da EP. Geralmente, enfatiza-se a EP como instrumento para ações educativas coletivas na comunidade. Entretanto, ela é também um grande instrumento na ampliação do trabalho clínico que busca ir além da abordagem centrada na biologia do corpo. Semana 6 – Vigilância em saúde O médico de família e comunidade tem por característica o cuidado com a pessoa, a família e a comunidade como um todo. Além disso, tem seu processo de tomada de decisão determinado pela prevalência e incidência dos problemas de saúde na comunidade. Por outro lado, quando tratam da abordagem comunitária, os profissionais devem priorizar os problemas de saúde com maior impacto na saúde da população afetada, considerando a frequência com que os problemas aparecem e a possibilidade de atuação sobre seus determinantes. Da mesma forma que exames complementares são úteis na elaboração do diagnóstico individual, as informações provenientes do sistema de vigilância em saúde (VS) são úteis na elaboração do diagnóstico da comunidade. Conhecer e integrar ações de VS na prática diária do médico de família e comunidade qualifica as informações geradas, contribuindo com a adoção de políticas públicas baseadas em informações mais confiáveis e gerando instrumentos mais úteis de apoio clínico à prática diária. Entre as várias definições, destaca-se a da VS como uma forma de pensar e agir, tendo como objetivo a análise permanente da situação de saúde da população e a organização e a execução de práticas de saúde adequadas ao enfrentamento dos problemas existentes, por meio de ações de vigilância, de promoção, de prevenção e de controle de doenças e agravos à saúde. a VS necessita estar apoiada em três pilares fundamentais: território, problemas e práticas de saúde. Características da vigilância em saúde: ► Intervenção sobre problemas de saúde – danos, riscos e/ou determinantes ► Ênfase em problemas que requerem atenção e acompanhamento contínuos ► Operacionalização do conceito de risco ► Articulação entre ações promocionais, preventivas e curativas ► Atuação intersetorial ► Ações sobre o território ► Intervenção sob a forma de operações Embora a articulação entre as diferentes áreas possa ser representada de diversas formas nos organogramas nacional, estadual e municipal, tradicionalmente as ações de VS são organizadas em três núcleos: Vigilância Epidemiológica, Vigilância Sanitária e Vigilância Ambiental. A Vigilância Epidemiológica é definida pela Lei n° 8.080/90 como “um conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos”. O acompanhamento do perfil epidemiológico desses agravos é essencial para que sejam reconhecidas e priorizadas as melhores intervenções para seu controle, de forma a vencer o desafio de diminuir o impacto de morbimortalidade das chamadas doenças negligenciadas, agir oportunamente no controle de emergências epidemiológicas e proteger a população de intervenções desnecessárias. As ferramentas de vigilância, por meio da análise da situação de saúde das comunidades, possibilitam às equipes de saúde da família o desenvolvimento de habilidades de programação e planejamento de ações – programadas ou de atenção à demanda espontânea – que tenham impacto sobre os principais indicadores de saúde e qualidade de vida no local. O objetivo dessa política é promover a qualidade de vida e reduzir a vulnerabilidade e os riscos à saúde relacionados aos seus determinantes e condicionantes – modos de viver, condições de trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura e acesso a bens e serviços essenciais. Um importante foco da ação de controle desses agravos está voltado para o diagnóstico precoce e para o tratamento das pessoas doentes, visando à interrupção da cadeia de transmissão, ações em grande parte desenvolvidas na APS. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm Além de inquéritos periódicos, o sistema de vigilância de agravos transmissíveis e não transmissíveis envolve o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), que foi desenvolvido na década de 1990 com o objetivo de padronizar a coleta e o processamento de dados sobre agravos de notificação obrigatória no território nacional, fornecer dados para a análise do perfil da morbidade e contribuir para a tomada de decisões nos níveis municipal, estadual e federal. O SINAN é hoje alimentado, principalmente, pela notificação e pela investigação de casos de doenças e agravos que constam da Lista Nacional de Doenças de Notificação Compulsória em todo o território nacional (LDNC), conforme Portaria n o 204, de 17 de fevereiro de 2016, e complementada pela Portaria n o 782, de 15 de março de 2017, que trazem, em seus anexos, a lista dos agravos de notificação compulsória e de notificação imediata, podendo os Estados e os municípios incluírem outros problemas de saúde pública que considerem importantes para a sua região. De acordo com esta mesma portaria há a notificação compulsória imediata (em até 24h), semanal (em ate 7 dias), negativa (informa semanalmente quando não há ocorrências) e vigilância sentinela (para morbidade, mortalidade e agentes etiológicos, e facultativo). A ficha de notificação individual é o documento básico de coleta de dados do SINAN, 10 devendo ser preenchida, conformelegislação vigente, por profissionais de saúde no exercício da profissão, bem como pelos responsáveis por organizações e estabelecimentos públicos e particulares de saúde e ensino que identifiquem a ocorrência dos agravos de notificação compulsória. A utilização efetiva do SINAN possibilita a realização do diagnóstico dinâmico da ocorrência de um evento na população, podendo fornecer subsídios para explicações causais dos agravos de notificação compulsória, além de indicar riscos aos quais as pessoas estão sujeitas, contribuindo, assim, para a identificação da realidade epidemiológica de determinada área geográfica. SIS – Sistema de Informação e Saúde A vigilância ambiental em saúde teve a sua importância reconhecida em virtude da relação entre ambiente e saúde. A intenção de intervir nos fatores de risco ambiental está na Lei n o 8.080, de 19 de setembro de 1990. 18 Entretanto, a incorporação da vigilância ambiental no âmbito das políticas públicas de saúde é relativamente recente no Brasil. Suas ações estão inseridas no campo de atuação do SUS, portanto são pautadas pelos mesmos princípios e diretrizes. Da mesma forma, a combinação de seus componentes deve ser conduzida de modo a gerar a prevenção ou a redução da exposição humana a fatores ambientais prejudiciais à saúde. As prioridades de intervenção dessa vigilância estão focadas em fatores biológicos, representados por vetores, hospedeiros, reservatórios e animais peçonhentos, bem como em fatores não biológicos, como a água, o ar, o solo, os contaminantes ambientais, os desastres naturais e os acidentes com produtos perigosos, apoiadas no reconhecimento da relação entre os possíveis riscos existentes nesses fatores e seus efeitos adversos sobre a saúde. Destaca-se que a vigilância ambiental em saúde possui necessariamente um caráter integrador inter e intrassetorial, o que cria a exigência de vínculos e de articulações com todas as outras formas de vigilância já definidas institucionalmente e presentes no sistema de saúde. O processo de territorialização realizado pelas equipes de saúde da família auxilia na identificação dos riscos ambientais a que a comunidade está exposta, de forma que a aproximação entre esses serviços amplia e qualifica o diagnóstico14 de risco ambiental e propicia mais efetividade no planejamento das ações de controle ambiental. Aspectos relacionados à qualidade da água consumida pela comunidade, ao destino dos resíduos, à poluição, aos contaminantes ambientais – principalmente em áreas rurais de produção agrícola – e ao desmatamento, entre outros, são bons exemplos de situações a serem consideradas, em conjunto com a população local, na avaliação dos riscos à saúde, bem como na formulação de estratégias intersetoriais necessárias ao seu enfrentamento. A vigilância sanitária é entendida como um conjunto de estratégias institucionais, administrativas, programáticas e sociais, integradas e orientadas por políticas públicas que se destinam a eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde. Abrange o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionam com a saúde, compreendidas todas as etapas e os processos, da produção ao consumo; e o controle da prestação de serviços que se relacionam direta ou indiretamente com a saúde. Seus métodos de intervenção não se restringem às ações meramente técnicas, porém têm como eixos propulsores as ações dirigidas ao fortalecimento da sociedade e da cidadania com o propósito da promoção da saúde e da prevenção de danos ou agravos. Saúde do trabalhador: conjunto de atividades destinadas à promoção, proteção, recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores expostos aos riscos e agravos causados pelas condições de trabalho. Dentre os seus principais objetivos estão a caracterização do território,perfil social, econômico e ambiental dos trabalhadores; intervir nos fatores determinantes dos riscos e agravos para eliminar ou diminuí-los; avaliar o impacto das intervenções para subsidiar o planejamento do SUS e órgãos competentes nas três esferas de governo. Semana 7 – Vigilância epidemiológica [...] um conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou a prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle de doenças e agravos (BRASIL, 1990, documento on-line). Um sistema de vigilância epidemiológica pode também ser definido como um “sistema de coleta, análise e disseminação de informações relevantes para a prevenção e o controle de um problema de saúde pública” (PEREIRA, 2000). A estrutura organizacional da vigilância epidemiológica está ligada ao Ministério da Saúde e é chamada de Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE). Este sistema atua em todo o território nacional desenvolvendo ações nos três níveis de poder (esferas de atuação): união, estados e municípios. Secretarias Municipais de Saúde (SMS) „ Notificação compulsória de doenças, surtos e agravos inusitados; „ Investigação epidemiológica de casos notificados, surtos e óbitos por doenças específicas; „ Busca ativa de casos de notificação compulsória existentes em seu território; Secretarias Estaduais de Saúde (SES) „ Coordenação e supervisão das ações de prevenção e controle de doenças no âmbito do estado; „ Execução de ações de vigilância e controle de doenças, de forma complementar à atuação dos municípios; „ Assistência técnica aos municípios; „ Participação no financiamento das ações; Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS) „ Coordenação nacional das ações de vigilância e controle de doenças; „ Normatização técnica de sistemas e ações; „ Provimento de insumos estratégicos; „ Participação no financiamento das ações; „ Gestão dos sistemas de informação; „ Divulgação de informações e análises epidemiológicas; „ Promoção, coordenação e execução de pesquisas; O Sistema de Informação Nacional de Agravos de Notificação (Sinan) é o principal sistema de informação da vigilância epidemiológica. O Sinan é alimentado pelas notificações das doenças de notificação compulsória e, também, pela investigação da ocorrência dessas doenças. Todos os serviços de saúde, públicos e privados, de todo o território nacional, têm a responsabilidade de realizar as notificações. O SNVE desenvolve ações para identificar as doenças, com a finalidade de indicar as melhores intervenções para a prevenção e o controle. A seleção das doenças, ou agravos, que serão alvo do sistema de vigilância em saúde pública geralmente leva em consideração a magnitude do problema, aferida em termos de sua incidência e prevalência, sua gravidade, considerando a mortalidade e a letalidade, a existência de fatores de risco suscetíveis à intervenção, a existência de medidas de intervenção eficazes, a necessidade de aprofundar os conhecimentos acerca do comportamento epidemiológico das doenças (especialmente no caso das doenças emergentes e reemergentes) e a adesão do país a acordos internacionais visando ao controle, à eliminação ou à erradicação de determinadas doenças (TEUTSCH, 2001). A Saúde do Viajante é um programa desenvolvido pelo SNVE que orienta respeito dos cuidados gerais de saúde necessários às pessoas que irão viajar para o Brasil e, daqui, para outros países. Doenças transmissíveis As doenças transmissíveis são aquelas causadas por agentes infecciosos específicos: bactéria, vírus, protozoário, helminto, fungo ou príon, ocorrendo após a transmissão de algum desses agentes, de uma pessoa ou animal infectado para um hospedeiro suscetível. Na vigilância de doenças transmissíveis, um dos objetivos centrais continua a ser a interrupção das cadeias detransmissão das doenças (TEUTSCH, 2001) Contudo, não são todos os agravos e doenças infecciosas que possuem a recomendação de notificação obrigatória. Existe uma lista nacional de doenças e agravos de notificação compulsória. Esta lista está implantada, no Brasil, desde 1978, quando foi publicado o Decreto no 78.231, no dia 12 de agosto, sendo composta, na época, por 41 doenças. A última atualização da lista nacional foi publicada em 2016, na Portaria no 204, de 17 de fevereiro, contemplando 48 doenças e agravos. Em relação à prevenção de doenças, o SNVE atua de forma consistente na área das doenças transmissíveis. O Brasil é visto como exemplo para a comunidade mundial pelo seu Programa Nacional de Imunização (PNI). Doenças não transmissíveis As DANTs são responsáveis pela maior ocorrência de doenças e mortalidade no mundo. Nas Américas, três de cada quatro óbitos são causados por elas. Na realidade do Brasil, as principais DANTs são: doenças cardiovasculares, câncer, doenças respiratórias crônicas e diabetes Desta maneira, as atividades da vigilância epidemiológica, em relação às DANTs, estão embasadas na verificação de dados secundários gerados nos sistemas de informação. Os dados, sobre a mortalidade de uma população, dizem muito sobre a maneira como esse grupo vive. Portanto, é possível fazer análises e indicar as principais causas de óbito para se procurar tratamentos mais efetivos e a prevenção do desenvolvimento de doenças ou das complicações. Por isso, o SNVE examina os dados coletados pelo SIM e SIH para essa finalidade. As ações de prevenção, voltadas para as DANTs, não estão tão consolidadas quanto as ações direcionadas às doenças transmissíveis, pelo SNVE. Contudo, o plano de ações estratégicas para o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis é uma iniciativa importante para avanços nessa área. O plano tem como objetivo a implementação de políticas efetivas para o controle das doenças crônicas e de seus fatores de risco. As metas do plano, no Brasil, são as seguintes: „ Redução em 2% ao ano, da mortalidade prematura (entre 30 e 69 anos) por DCNT. „ Redução em 30%, da ocorrência do tabagismo. „ Aumento de 70% dos exames de mamografia em mulheres (entre 50 e 69 anos), realizados nos últimos dois anos. „ Aumento de 85% dos exames de Papanicolau, em mulheres (entre 25 e 64 anos), realizados nos últimos três anos. „ Aumento de 10% da prática de atividade física no tempo livre. „ Contenção do crescimento da obesidade em adultos. „ Aumento de 10% no consumo recomendado de frutas e hortaliças. „ Redução em 10% do consumo abusivo de bebidas alcoólicas. Doenças e agravos de notificação compulsória no Brasil A notificação de doenças e agravos à saúde é definida como a comunicação da sua ocorrência à autoridade sanitária, realizada por profissionais da saúde, em todo o território brasileiro, que atuam tanto em estabelecimentos públicos quanto nos privados. O objetivo da notificação é a implementação de medidas de intervenção adequadas e com a agilidade exigida para cada caso. Ela é a principal fonte de dados dos sistemas de vigilância epidemiológica. No Brasil, a primeira lista nacional foi publicada pela Portaria no 314/BSB, em 1976 e, desde então, vem sendo atualizada constantemente pelo Ministério da Saúde. A lista nacional de notificação compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública, em vigor, foi publicada na Portaria no 204, de 17 de fevereiro de 2016. Todas as condições descritas nela são de notificação compulsória, ou seja, obrigatória. Porém, estados e municípios podem incluir outros problemas de saúde que são importantes em suas localidades Na Portaria no 204/2016, além da listagem de situações que exigem a notificação, também, são apresentados os prazos para o envio dessa notificação à autoridade de saúde. A ficha de notificação é preenchida em todos os casos suspeitos e confirmados da ocorrência de um agravo ou doença presente na lista nacional de notificação compulsória. Assim, a complementação com o preenchimento da ficha de investigação é realizada nos casos em que a doença ou agravo exija a investigação e nas ocorrências de surtos e epidemias. Agravo: qualquer dano à integridade física ou mental do indivíduo, podendo ser causado por acidentes, substâncias nocivas, agressões ou lesões autoprovocadas. Autoridades de saúde ou autoridades sanitárias: trata-se do Ministério da Saúde e das secretarias estaduais e municipais de saúde que são responsáveis pela vigilância em saúde de cada esfera de gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) Doença: enfermidade ou estado clínico que cause danos à saúde. Epizootia: doença ou morte de animal que possa causar danos à saúde dos seres humanos. Evento de Saúde Pública (ESP): situação de potencial ameaça à saúde pública, como surtos e epidemias, doenças e agravos desconhecidos/inusitados, bem como acidentes e desastres ambientais. Notificação compulsória: comunicação obrigatória à autoridade de saúde, por profissionais de estabelecimentos de saúde públicos ou privados, sobre a ocorrência de suspeita ou caso confirmado de doença ou agravo presentes na lista nacional. Notificação compulsória imediata: notificação realizada em até 24 horas, a partir da detecção da doença, agravo ou evento de saúde pública. Notificação compulsória semanal: notificação realizada em até sete dias, a partir da detecção da doença ou agravo. Notificação compulsória negativa: comunicação semanal realizada pelos estabelecimentos de saúde às autoridades informando que naquela semana epidemiológica não foi identificado nenhum agravo, doença ou evento de saúde pública. Vigilância sentinela: modelo de vigilância realizada, a partir de estabelecimentos de saúde estratégicos para a vigilância de morbidade, mortalidade ou agentes infecciosos de interesse para a saúde pública.
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