Buscar

TEORIA GERAL DO ESTADO

Prévia do material em texto

TEORIA GERAL DO ESTADO
۩. 2. Origem e Formação do Estado
۩. 2.1. O Aparecimento do Estado
Várias teses já foram elaboradas para determinar o momento do surgimento do Estado:
a) "O Estado sempre existiu" - dessa tese decorre que sempre existirá. Os defensores dessa tese argumentam que sempre houve, em todas as sociedades, uma autoridade, uma liderança consolidada.
b) "O Estado sempre existiu, contudo, surgiu em determinadas sociedade, em determinados momentos, que diferem de uma região para outra" - segundo os teóricos dessa corrente, isso pode ser visto ainda hoje, com a convivência de Estados altamente desenvolvidos com sociedades onde praticamente o Estado inexiste. A corrente marxista (o Estado surge após o aparecimento da propriedade privada dos meios de produção) filia-se a essa tese.
c) "O Estado surge no século XVII, a partir do princípio da territorialidade" - essa tese teria maior rigor conceitual. O Estado é definido como um território determinado onde vive um povo com claras relações sociais e jurídicas e onde existe um governo soberano. Os teóricos dessa corrente costumam usar como marco o ano de 1648 e o Tratado de Westphalia ([1])
 
۩. 2.2. Causas do Aparecimento do Estado
As explicações sobre as causas do aparecimento do Estado podem ser de dois tipos:
a) Formação originária, e 
b) Formação derivada
 
۩. 2.2.1. Formação originária
A Formação originárias busca a explicação a partir de uma transformação de uma estrutura anterior. As teorias sobre a formação do Estado, desse tipo, dividem-se em Contratualistas e Não-Contratualistas. As concepções contratualistas surgiram entre os séculos XVI e XVIII, a partir da reflexão racional de teóricos europeus que, abrindo mão das explicações teológicas para os fatos sociais, optaram por explicações baseadas na razão.
O Contratualismo prega que os homens, antes do surgimento da vida organizada em sociedade, viviam em um Estado Natural. Tal Estado é explicado de maneiras diferentes entre os diversos teóricos, que buscavam entender como se deu a passagem dos homens do Estado Natural para o Estado Social. É nesse momento que surge o "Ius Naturalismo", segundo o qual, o homem no Estado Natural tinha direitos naturais ([2]), que independiam das relações entre os homens. É também esse o momento da contraposição ao Absolutismo Monárquico, que era explicado a partir da vontade de Deus.
Para os contratualistas, o Estado surge fruto da ação voluntária e racional dos homens em acordo. Dessa forma, caso o Estado não cumprisse com os deveres para os quais foi criado ele podia ser modificado, transformado.
Principais teóricos contratualistas:
Thomas Hobbes (Leviatã) - Buscava a instauração de uma ordem social não-conflitiva. O Estado surgia a partir de um contrato para por fim à situação de guerra permanente de todos contra todos. O Estado visava garantir a segurança entre os homens. o soberano poderia ser derrubado, única e exclusivamente, caso não garantisse essa segurança.
John Locke (Segundo Tratado do Governo Civil) - Representante do liberalismo burguês, defendia que no Estado Natural tornava-se difícil separar o que pertencia a cada indivíduo. O Estado surge como uma espécie de juiz imparcial. Assim o Estado seria criado para garantir três direitos naturais: o direito à vida, à liberdade (qualquer que seja: de reunião, de expressão, de associação, de reunião etc.) e o direito à propriedade. Defendia a derrubada do Estado que não atendesse a esses fins.
Jean-Jacques Rousseau (O Contrato Social) - Defendia que a passagem do Estado Natural para o Estado Social é a garantia do exercício da liberdade de todos. O contrato social seria a garantia que as liberdades individuais não entrasse em choque entre si. O Estado criado por esse contrato seria a garantia do princípio de igualdade dos pactuantes. O Estado seria a representação da vontade de todos, da vontade coletiva, da soberania popular.
As teorias contratualistas do Estado partem do pressuposto que há um consenso hipotético sobre o qual repousa a legitimidade do Estado. A legitimidade também estaria assentada na busca do bem comum pelo Estado. Na medida que houvesse um desvio dessa busca, caberia aos indivíduos o direito de resistência.
Explicações não contratualistas:
a) Origem Familiar / Patriarcal - o Estado teria suas origens nas estruturas familiares. Esta visão é criticada por ser eminentemente Ocidental judaico-cristã. Seus críticos afirmam que nas sociedades primitivas, na maioria delas, o padrão seria o matriarcado e não o patriarcado.
b) Origem por Atos de Força - na origem de cada Estado haveria a dominação de um povo sobre outro. O pensamento marxista também estaria ligado a essa corrente , na medida em que o Estado nasceria da dominação de uma classe sobre outra.
c) Origem Econômica / Patrimonial - estabelece que a noção de modo de produção como constituinte do Estado. Cada modo de produção teria moldado uma estrutura política administrativa específica. O pensamento marxista estaria ligado a essa corrente de pensamento.
d) Origem Germinal presente em todas as sociedades - Explica que o desenvolvimento e complexidade de cada sociedade faria com que fosse necessário o surgimento de um órgão que regulasse as relações entre os homens.
 
۩. 2.2.2. Formação derivada
a) União de Estados - união de dois ou mais Estados dando origem a outro. Conquista, sucessão dinástica etc. Hoje processa-se através do federalismo, forme que apresenta vários pontos positivos. O Estado Federativo é descentralizado em unidades menores, com alto grau de autonomia política e administrativa. Essa forma pode-se dar em países de grande extensão territorial ou com grande variedade de etnias, religiões, culturas etc.
b) Fracionamento de Estados - é a divisão territorial de um Estado criando dois ou mais Estados. Exemplos recentes são os países do Leste Europeu. Esse princípio também é válido para o processo de libertação de colônias de suas metrópoles (Argélia, Angola e Moçambique etc).
 
۩. 2.2.3. Formação atípica
Formas de criação de Estados que não se encaixam nas outras duas. Normalmente são Estados originários de uma ação política internacional, como por exemplo o surgimento do Vaticano, a partir de um acordo com o Estado italiano, ou o surgimento do Estado de Israel e a divisão das duas Alemanhas.
 
۩. 2.2. Tipos de Estado
 
۩. 2.2.1. Estado Antigo Oriental
Localizado a Leste a região do Crescente Fértil teria como características:
a) unicidade - o poder do governante se estendia por todo o território indistintamente.
b) confusão entre Estado e Sociedade - não havia separação entre os dois; a "cidadania" confundia-se com o individualismo.
c) religiosidade - o poder político estava fundado no plano metafísico. não poucas vezes o chefe político também era o chefe religioso.
d) poder absoluto - não havia limites para o poder do soberano, exceto aqueles impostos pelas tradições ou costumes.
 
۩. 2.2.2. Estado Grego ou Helênico
Era baseado na cidade grega (na polis). Toda a vida do Estado girava em torno da cidade. O cidadão geria as questões do Estado diretamente. O conceito de cidadão era restrito aos homens livres, excluídos os escravos, as mulheres, as crianças e os estrangeiros.
 
۩. 2.2.3. Estado Romano
Dado sua longa duração, é difícil conceituar o Estado Romano. Em seu início, por volta do século V a.C., possuía estrutura semelhante a das Cidades-Estado gregas. Apesar do grande desenvolvimento do Direito Privado, em Roma não houve um aprofundamento nos direitos subjetivos públicos (liberdade, expressão etc); não havia uma clara divisão entre a esfera do Estado e a dos indivíduos, divisão que só ficou clara na Idade Média.
 
۩. 2.2.4. O "Estado" na Idade Média
A esfacelamento do Império Romano irá criar inúmeros centros de poder local ([3]).O poder esteve, por quase dez séculos, dividido entre senhores feudais, ordens religiosas, corporações de ofício e Cidades-Estado. Havia o domínio ideológico da Igreja Católica que percorria toda Europa Ocidental. Havia a ficção político-jurídicado Sacro Império Romano Germânico que não tinha poder real sobre o território que "em tese" pertencia a seus domínios.
 
۩. 2.2.5. Estado Moderno
Uma série de fatores (epidemias, enfraquecimento do poder dos senhores feudais, reativação do comércio, revoltas camponesas etc) irá desestruturar a ordem feudal. A introdução da economia monetária , o fortalecimento das cidades e do poder da burguesia ascendente irão contribuir para essa ruptura. À burguesia não interessava a descentralização medieval que impedia a livre circulação de mercadorias.
A burguesia começa, assim, a apoiar alguns nobres que, gradativamente, passa a centralizar o poder em suas mãos de forma absoluta. O embasamento teórico do Absolutismo será dado, entre outros, por Jean Bodin em Os Seis Livros da República. Para ele, soberania seria o poder absoluto e perpétuo da "república". Os príncipes soberanos seriam os representantes de Deus na Terra, com os direitos:
a) fazer as leis para todos;
b) declarar a guerra e celebrar a paz (monopólio da violência pelo Estado);
c) nomear os principais funcionários e magistrados; 
d) decidir em última instância e conceder as graças aos condenados. e
e) cunhar moeda, estabelecer pesos e medidas e fixar os impostos.
O marco do surgimento do Estado Moderno é o Tratado de Westphalia (1) que deixou claras as fronteiras dos Estados Europeus, assim como suas atribuições no campo interno e externo.
 
۩. 2.2.6. Estado Contemporâneo
O Estado Contemporâneo nasce das contradições entre o Estado Moderno, e o Absolutismo, e a burguesia em ascensão. Apesar desta ter apoiado a unificação do poder real ela não participava de fato do poder. A nobreza permanecia no domínio do Estado, mantendo inúmeros entraves feudais.
O novo Estado começa a surgir com as revoluções liberais burguesas dos séculos XVII e XVIII. O suporte teórico desses movimentos foi o Iluminismo, pautado pelas concepções racionalistas, contratualistas e jusnaturalistas, que defendiam que o Estado nasce das relações entre os homens, fruto da razão, sem a intervenção sobrenatural. o Iluminismo defendia a liberdade em todos os seus aspectos, inclusive o econômico.
Nesse momento surge a Escola Fisiocrata que apregoa as leis naturais da economia, contra as quais não cabia ao Estado intervir. Nesse sentido surgem os textos de Adam Smith e David Ricardo, principais teóricos do liberalismo econômico. Das revoluções burguesas surgem parte das concepções vigentes de Estado, de constitucionalismo, de Estado de Direito, que são as matrizes do pensamento liberal.
A Revolução Industrial provocou uma completa alteração do quadro social e econômico do Capitalismo, com o surgimento do operariado fabril e das concepções socialistas. o confronto entre o socialismo e o capitalismo liberal, com todos seus embates ao longo do século XIX, trazem para o século XX um novo desenho de Estado. De um lado, em 1917, começa a ser erguido o primeiro Estado Socialista e, por outro, em 1919, o Estado de Weimar, na Alemanha, começa um processo de intervenção na economia, sem deixar de ser liberal. A Crise de 1929 irá aumentar ainda mais essa intervenção. Dessa forma, os países capitalistas superam o Estado de Direito, criando o Estado "Social" de Direito, o Welfare State. 
 
۩. 3. Características do Estado
 
۩. 3.1. Soberania
A Soberania pode ser entendida como a Independência, que é a capacidade dos Estados de agirem livremente no plano internacional. No plano interno é entendida como Supremacia, que é o poder de estabelecer normas para toda a Nação, em caráter final e irrevogável.
Quanto à Titularidade e Justificação da Soberania dos Estados eles podem ser classificados:
a) teocrática - justifica-se em nome de Deus. O monarca estaria acima da lei, havendo confusão entre a vontade do soberano e a vontade do Estado. A titularidade estava centrada no monarca.
b) democrática - soberania representada pelo povo. Divide-se em:
* Idade Média (primeira fase) - é admitida a possibilidade de rebelião contra o monarca
* Revoluções Burguesas (segunda fase) - surge a idéia de Nação e de Soberania Popular.
* Titularidade do Estado (terceira fase) - entendido o Estado como a relação entre o povo e as instituições.
 
۩. 3.2. Território
É o suporte fático do Estado. Essa noção, assim como a de Soberania, surge no século XVII. Delimita o âmbito de incidência do poder do Estado. É a área geográfica onde a moeda nacional tem curso forçado, e onde a Justiça nacional tem poder de incidência. Segundo Kelsen, o âmbito jurídico do Direito é delimitado pelo território do Estado. O território tem como um de seus principais elementos a impenetrabilidade.
Os princípios fundamentais do Território são:
a) não existe Estado sem Território;
b) a perda temporária do Território não implica no fim do Estado;
c) o Território estabelece a área da Soberania do Estado. e
d) o Território é objeto de Direito por parte do Estado, sobre o qual tem total autonomia.
 
۩. 3.2.1. Limites do Território
Os limites do territoriais do Estado são tridimensionais; dimensões sobre as quais exerce Soberania. Os limites do Estado são definidos através de suas fronteiras. Fazem parte do Território do Estado:
a) espaço aéreo - é a coluna de ar que se alça sobre todas as terras e mares de um Estado. Esse conceito ganha força após a Segunda Guerra Mundial, com o desenvolvimento da aviação militar;
b) subsolo - o Estado tem autoridade sobre as terras do subsolo, até onde permitirem ir as técnicas conhecidas, e
c) mar territorial - é uma faixa de mar, paralela à costa, até onde vai a Soberania do Estado. A largura dessa faixa é variável internacionalmente, segundo as conveniências de poder do Estado; em geral, giram em torno de 12 milhas, ou do tamanho da largura da plataforma continental (Vide Lei 8.617\93).
 
۩. 3.3. Povo
O conceito de Povo surge como um elemento constitutivo do Estado, juntamente com o de Soberania e Território, na passagem da Idade Média para a Idade Moderna, com a construção dos Estados Nacionais. Povo é um conceito usado de maneira equivocada, confundido com o de População e com o de Nação. População é um conceito estatístico, dizendo respeito apenas ao número de habitantes de um Estado, sem dizer nada sobre como são essas pessoas. Nação é um conceito sócio-antropológico que define um conjunto de pessoas com traços culturais comuns (religião, línguas, etnia etc), independente dos conceitos de Estado  ou de Território.
Povo, juridicamente é um conjunto de cidadãos, excluídos os estrangeiros e os apátridas. A definição de cidadania como participação das coisas do Estado surge na Grécia antiga. ele ressurge durante a Idade Moderna, na época das Revoluções burguesas, nos séculos XVIII e XIX, como uma crítica à noção de casta estamental.
O conceito de Povo pode ser entendido de maneira objetiva e subjetiva. Objetiva quando é entendido como elemento ativo dentro do Estado e subjetiva quando o povo está subordinado à ação do Estado.
Existem dois critérios para definir a cidadania das pessoas:
* "Jus Sanguinis"- adotado por alguns Estados que entendem que os filhos de seus cidadãos, independente do local de nascimento, também são seus cidadãos.
* "Jus Soli"- adotado pelos Estados que entendem que cidadãos são aqueles nascidos em seu Território.
No Brasil, o art. 12 da Constituição define quem é brasileiro:
ART.12 - São brasileiros:
I - natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;
c) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira;
II - naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterruptoe idoneidade moral;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.
§ 1 - Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição.
§ 2 - A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.
§ 3 - São privativos de brasileiro nato os cargos:
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
III - de Presidente do Senado Federal;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas.
§ 4 - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela leiestrangeira;
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em Estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis.
 
۩. 3.4. Fim do Estado
O Estado se justifica, e suas ações se legitimam, pelo seu próprio fim. Para Hegel, o Estado é um fim em si mesmo. Para outros autores, o Estado é um instrumento para a obtenção de uma finalidade última (Hobbes segurança, Locke liberdade e propriedade, Rousseau liberdade e igualdade). Para muitos, essa finalidade seria o bem comum. 
 
۩. 4. Constitucionalismo Moderno
Processo deflagrado no final do século XVIII, após a promulgação das Constituições dos Estados Unidos (1786) e da França (1791). Constituição é um conjunto de princípios e regras que define a estrutura do Estado, sua forma de governo, e sistema de governo, e as relações fundamentais da sociedade.
A Constituição compreende as normas hierarquicamente superiores de todo o Sistema Legal. O próprio sistema possui formas de expelis as normas que firam os preceitos constitucionais ([4]).
A origem do princípio das Constituições deriva de diversos tipos de documentos legais estabelecidos entre governantes e governados durante a Idade Média. O primeiro desses documentos seria a "Carta Magna" inglesa, do século XIII, assinada entre o rei João Sem-Terra e os barões feudais.
O Constitucionalismo Moderno visava conter o poder político do Estado e garantir os direitos legais aos cidadãos. A contenção desse poder deu-se, definitivamente, com a tripartição dos poderes. A garantia dos direitos dos cidadãos, nas Constituições primordiais, foi dada por anexos que deixavam explícitos quais eram esses direitos.
Segundo o publicista Bidart de Campos, essas Constituições tinham como características:
a) eram leis de defesa dos cidadãos contra o Estado;
b) eram do tipo escrito e rígido; 
c) fundavam-se no princípio racionalista "A Razão desvenda Direitos";
d) traziam uma rígida divisão de poderes;
e) traziam um catálogo de direitos eternos e imutáveis (divididos em três "gerações": dos indivíduos, dos  trabalhadores, e sociais-coletivos, ou difusos);
f) reputavam ao Poder Legislativo a autoridade máxima do Estado;
g) valorizavam o "princípio da legalidade" contra o arbítrio;
h) o Estado passa a ser entendido como uma construção artificial dos homens, visando garantir uma vida melhor para os cidadãos;
i) o Estado deveria apenas garantir a liberdade individual, política e econômica);
j) exaltam o cidadão como peça fundamental do sistema, e
k) adotam a noção de povo como sujeito do governo, adotando os princípios de soberania popular e representação.
 
۩. 4.1. Tipos de Constituição
As constituições podem ser organizadas segundo vários critérios. Quanto à forma elas podem ser:
a) Escritas
Correspondem à maior parte das Constituições após o século XVIII. As Constituições que nasceram após os processos revolucionários tendem a ser escritas, visando garantir as conquistas obtidas. A Constituição dos EUA (1786) foi inovadora em vários pontos: adotou o presidencialismo, criou as eleições populares, adotou a tripartição dos poderes, criou a Suprema Corte como "guardiã" da constitucionalidade, criou a figura do vice-presidente etc.
b) Não-Escritas
Em vigor em sociedades estáveis. A "Constituição" inglesa é composta por um amplo conjunto de documentos escritos, costumes, práticas políticas, decisões judiciais etc.
Também quanto à forma, as Constituições podem ser classificadas como:
a) Rígidas
Cartas estáveis; apresentas várias dificuldades para sua alteração, quer no que diga respeito ao rito parlamentar, quer quanto ao quorum.
b) Flexíveis
Constituições de fácil alteração, como, por exemplo, a da Nova Zelândia.
c) Semi-Rígidas
Constituições com alguns dispositivos de fácil alteração e outros não, especialmente os que se referem à organização do Estado e aos direitos e garantias individuais.
A Constituição Brasileira é rígida; suas alterações estão previstas:
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: 
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; 
II - do Presidente da República; 
III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. 
§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio. 
§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. 
§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem. 
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: 
I - a forma federativa de Estado; 
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; 
III - a separação dos Poderes; 
IV - os direitos e garantias individuais. 
§ 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. 
 
۩. 4.2. Divisão de Poderes
As Constituições surgidas após o século XVIII previam a garantia das liberdades fundamentais e a limitação do Poder Político. Essa limitação foi dada pela divisão dos poderes, prevista pelos teóricos desde o século XVI, mas consolidada com Monstesquieu e, O Espírito das Leis. Posteriormente esse princípio passou a fazer parte das Constituições como uma racionalização das funções do Estado (fazer leis, executá-las e dirimir conflitos ou punir aos que violam as leis).
O princípio da divisão dos poderes foi introduzido pela Constituição dos EUA. Os constituintes americanos desenvolveram um sistema de "freios e contrapesos" (checks and balances) onde os três poderes regulam-se mutuamente.
PAGE 
3

Continue navegando