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EDUCAÇÃO INTEGRAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA

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EDUCAÇÃO INTEGRAL E 
EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Carolina dos Santos Maiola
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Ivan Tesck
Equipe Multidisciplinar da 
Pós-Graduação EAD: Prof.ª Bárbara Pricila Franz
 Prof.ª Tathyane Lucas Simão 
 Prof. Ivan Tesck
Revisão de Conteúdo: Graciele Alice Carvalho Adriano
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2018
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
370
M217e Maiola, Carolina dos Santos
 Educação integral e educação inclusiva / Carolina dos Santos 
Maiola. Indaial: UNIASSELVI, 2018.
 129 p. : il.
 
 ISBN 978-85-69910-88-6
 1.Educação. 
 I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. 
Carolina dos Santos Maiola
Mestre em Educação pela Universidade 
Regional de Blumenau; especialista em 
Psicopedagogia Institucional e Educação Especial 
Inclusiva. Recebeu o prêmio Mérito Universitário 
Catarinense em pesquisas relacionadas à inclusão de 
pessoas com deficiência no ensino regular. Atua como 
professora no atendimento educacional especializado; 
tutora-externa em cursos de educação a distância 
Uniasselvi e nos cursos de especialização em Educação 
Especial Inclusiva, Psicopedagogia e Gestão Escolar. 
Desenvolve pesquisas relacionadas à Deficiência visual, ao 
transtorno do espectro autista e à formação de professores. 
Publicou: Práticas inclusivas na escola: o que os alunos 
têm a dizer sobre isso?; Os dizeres dos acadêmicos 
com deficiência sobre o seu processo de inclusão na 
universidade; Das relações e dos dizeres: os sentidos 
de escola inclusiva para colegas e aluna com 
deficiência visual; A criança com paralisia cerebral 
e o papel do fisioterapeuta no contexto escolar; 
Políticas públicas em educação: um olhar sobre 
a diferença.
Sumário
APRESENTAÇÃO ....................................................................01
CAPÍTULO 1
Histórico da Educação Especial Inclusiva...........................9
CAPÍTULO 2
A Educação Inclusiva na Contemporaneidade ..................29
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
O Direito à Diferença na Igualdade de Direitos: 
Aspectos Legais ....................................................................47
Deficiências, Transtornos e Suas Especificidades ..........71
Práticas Inclusivas na Educação Integral ......................113
APRESENTAÇÃO
Caro pós-graduando, 
O caderno de Educação integral e educação inclusiva vem contribuir para a 
formação pessoal e profissional através de algumas reflexões sobre os processos 
inclusivos no contexto social e principalmente escolar. Entendemos que a educação 
promove alterações no contexto social dos alunos, da escola e da comunidade. 
Diante disso, faz-se necessário compreendermos melhor todo esse processo para 
que a nossa atuação seja mais efetiva e qualitativa.
Este caderno está organizado em cinco capítulos, distribuídos de forma a 
auxiliar o leitor a realizar algumas reflexões, elaborar conceitos e compreender/aplicar 
estratégias pedagógicas inclusivas no contexto da educação integral.
Diante disso, veremos no Capítulo 1 – Histórico da educação especial inclusiva – 
reflexões sobre os aspectos das diferenças no contexto social, a deficiência na história, 
o início da educação especial e o seu papel no atendimento especializado, bem como 
as perspectivas inclusivas através dos estudos da defectologia desenvolvidas por 
Vygotsky.
No Capítulo 2 – A educação inclusiva na contemporaneidade – acompanharemos 
os primeiros passos da educação especial inclusiva no Brasil, bem como as 
concepções presentes nesse momento histórico até os dias atuais, marcados pela 
exclusão, segregação, integração e inclusão.
No Capítulo 3 – O direito à diferença na igualdade de direitos, aspectos legais 
– estudaremos sobre os documentos norteadores da educação especial/inclusiva, 
bem como os avanços históricos desses materiais. Apresentaremos também, os 
programas e ações de apoio ao desenvolvimento inclusivo dos sistemas de ensino 
existentes em nosso país.
O Capítulo 4 – Deficiências, transtornos e suas especificidades – explanaremos 
sobre as deficiências e os transtornos mais comumente presentes no contexto 
escolar e também analisaremos os diferentes tipos de materiais e equipamentos de 
acessibilidade utilizados na inclusão dessas pessoas.
Finalizamos nosso estudo com o Capítulo 5 – Práticas inclusivas na educação 
integral – que apresenta as contribuições da educação integral para a inclusão dos 
alunos com deficiência, algumas reflexões sobre as práticas inclusivas no contexto 
escolar, bem como o estudo sobre a importância da adaptação curricular e da 
produção de material pedagógico adaptado.
Além dos textos do caderno de estudo, você encontrará no decorrer dos 
capítulos, sugestões de livros, filmes, sites, bem como uma vasta opção de referências 
bibliográficas que ampliarão ainda mais os seus estudos sobre os temas abordados.
 Organize sua agenda de estudos e inicie este novo desafio!
 Bom trabalho!
CAPÍTULO 1
Histórico da Educação Especial 
Inclusiva
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
� Conhecer os processos históricos da deficiência no contexto social.
�	Identificar perspectivas inclusivas na teoria sociointeracionista de Vygotsky.
�	Analisar as concepções de diversidade e diferença ao longo da história.
�	Relacionar os estudos da defectologia com a educação especial inclusiva.
10
 EDUCAÇÃO INTEGRAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA
11
Histórico da Educação Especial Inclusiva Capítulo 1 
Contextualização
Iniciamos nossos estudos convidando você para uma caminhada de re-
flexões sobre a educação especial e as concepções de diversidade no percurso 
da nossa história. Você poderá perceber que a representação das pessoas com 
deficiência na sociedade, no decorrer dos tempos mudaram e, estas mudanças 
estavam muito relacionadas com o período em que ocorriam e com as concepções 
e expectativas sobre o ser humano que havia em cada época.
A educação especial permeou grande parte dos momentos históricos com 
papéis característicos à época. Inicialmente, acolhendo as pessoas que eram ex-
cluídas da sociedade num trabalho mais assistencialista, até a sua função mais at-
ual, como mediadora do processo inclusivo nos contextos sociais e educacionais.
Consideramos de fundamental importância, apresentar nesse capítulo, os 
estudos realizados por Vygotsky em: “Obras escogidas: estudo da defectologia”, 
que buscam, de forma aprofundada, esclarecedora e ainda muito atual, discutir 
sobre as influências que a sociedade (meio) tem sobre o desenvolvimento integral 
da pessoa com deficiência. Para Vygotsky, era essencial que todas as pessoas 
tivessem qualidade nas interações; e estas só poderiam ocorrer quando a diversi-
dade humana e de experiências estivesse presente.
O Olhar Sobre as Diferenças no 
Contexto Social
A escola prepara o futuro e, de certo que, se as crianças 
aprendem a valorizar e a conviver com as diferenças nas salas 
de aulas, serão adultos bem diferentes de nós, que temos de 
nos empenhar tanto para entender e viver a experiência da 
inclusão! (MANTOAN, 2003, p. 91).
Conhecer um pouco mais sobre a educação especial inclusivarequer que 
se retome algumas questões a essa temática. Historicamente, pode-se perceber 
que a escola se caracterizou por um espaço que, por muito tempo, delimitava 
a escolarização como privilégio de um grupo, excluindo indivíduos considerados 
fora dos padrões homogeneizadores; apresentando assim, características de 
segregação e seleção dos mais aptos para estarem nesse espaço. Outrossim, 
aquele que era considerado diferente e que fugia do padrão considerado normal, 
não deveria estar junto dos demais.
12
 EDUCAÇÃO INTEGRAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Diante disso, você já parou para analisar sobre o que é ser diferente?
O conceito de diferença pode ser analisado sobre várias 
perspectivas presentes nas práticas sociais e também alguns 
“marcadores”, como gênero, classe social, características físicas, 
intelectuais, culturais e suas respectivas conotações. A diferença 
também pode ser construída negativamente, por meio da exclusão 
ou da marginalização daquelas pessoas que são definidas como 
“outros”. Por outro lado, pode ser celebrada como fonte de diversidade, 
heterogeneidade e hibridismo, sendo vista como enriquecedora (SILVA, 
2003).
O conceito de 
diferença pode ser 
analisado sobre 
várias perspectivas 
presentes nas 
práticas sociais e 
também alguns 
“marcadores”, como 
gênero, classe social, 
características físicas, 
intelectuais, culturais 
e suas respectivas 
conotações.
Estas pessoas 
costumam ser 
percebidas pelo que 
foge ao padrão, tanto 
no que falta, quanto 
no que necessitam 
em questão de 
assistência e 
adaptações.
Figura 1 – Diferença
Fonte: Disponível em: <https://br.pinterest.com/pin/550635491920698774/>. Acesso em: 
13 dez. 2017.
Além da definição de “diferente”, considera-se que a definição de “deficiência” 
também seja construída socialmente, por meio da qual, atribui-se a uma pessoa 
qualidades negativas. Beyer (2006) concorda com esta informação e acrescenta 
que a deficiência pode ser culturalmente elaborada através de um 
processo de atribuição das expectativas sociais, por meio de normas, 
preconceitos e valores presentes na interação entre os que definem 
e os que são definidos. No caso das pessoas com deficiência, suas 
diferenças se exaltam e respondem na forma de preconceitos que 
menosprezam suas potencialidades. Estas pessoas costumam ser 
percebidas pelo que foge ao padrão, tanto no que falta, quanto no que 
necessitam em questão de assistência e adaptações.
13
Histórico da Educação Especial Inclusiva Capítulo 1 
Se você gostou dessa temática sobre diversidade e diferença, 
sugerimos a obra da autora Rosita Edler Carvalho: Escola inclusiva: 
a reorganização do trabalho pedagógico, Mediação, 2008.
Figura 2 – Escola inclusiva: a reorganização do trabalho pedagógico
Fonte: Disponível em: <https://www.editoramediacao.com.br/livro/escola-inclusiva/6/148>. 
Acesso em: 13 dez. 2017.
Para ilustrar nossos estudos até o momento, sugerimos o filme 
“Sempre Amigos” (1998). Nele, você poderá conhecer a história de 
um garoto com problemas de aprendizagem, que passa a encarar 
melhor os preconceitos a sua volta quando conhece o novo vizinho, 
que tem uma doença que o impede de se locomover. Juntos, os 
garotos vivem grandes aventuras, superando as expectativas de 
suas famílias e escolas, mostrando que o diferente une, constrói e 
permite inovadoras e significativas relações.
14
 EDUCAÇÃO INTEGRAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Figura 3 – Sempre amigos
Fonte: Disponível em: <http://www.eovideolevou.com.br/detalhe/completo.asp?cp=39561>. 
Acesso em: 13 dez. 2017.
Com as políticas de educação especial, surge o consenso de que 
as diferenças não podem continuar a serem vistas como meros desvios 
de norma ou resultado de comparação entre as pessoas.
Conforme Veer e Valsiner (1999), Vygotsky sugere que o ser 
humano, antes de ser definido comparativamente, deveria ser 
reconhecido como detentor de identidade única, o que anularia as 
relações binárias do tipo normal/anormal, mais inteligente/menos 
inteligente, melhor/pior, entre outras.
Com as políticas de 
educação especial, 
surge o consenso 
de que as diferenças 
não podem continuar 
a serem vistas como 
meros desvios de 
norma ou resultado 
de comparação entre 
as pessoas.
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Histórico da Educação Especial Inclusiva Capítulo 1 
Figura 4 – Diversidade
Fonte: Disponível em: <https://br.pinterest.com/pin/45176802492376006/>. Acesso: 18 
out. 2017.
Para Maiola (2016), é importante que se constate que a educação deva se 
desvincular de uma pedagogia indiferente às diferenças, passando a possibilitar 
relações com a diversidade. É neste contexto que emerge a necessidade de 
uma pedagogia inclusiva, em que tanto seja discutida a diferença da pessoa com 
deficiência quanto a de cada indivíduo como ser único, bem como seja levado 
em conta esse sujeito; enfatizando assim as possibilidades pedagógicas que 
contemplem esta diversidade humana em sala de aula.
Dentro desta proposta, o papel do professor também toma novas 
perspectivas, pois, para mediar um grupo tão diversificado, é preciso rever 
conhecimentos sobre desenvolvimento humano, aprendizagem e como 
intervir diante das múltiplas facetas da inteligência. É preciso, também, 
ver o indivíduo em sua totalidade; complexidade; potencialidade; 
como indivíduo ativo; cheio de emoções, desejos e sonhos; como 
alguém fazendo história; que deseja ser visto, escutado, entendido 
e, até mesmo, provocado. Todos são diferentes: pensam, aprendem, 
entendem e veem de forma diferente, porque também têm emoções e 
histórias diferentes (MAIOLA, 2016).
É sobre esta diversidade humana que o professor age ou com a qual interage. 
Por esta razão, questiona-se o motivo pelo qual se deva resistir ao diferente, uma 
vez que se lida com as diferenças no dia a dia. 
É preciso, também, 
ver o indivíduo em 
sua totalidade; 
complexidade; 
potencialidade.
16
 EDUCAÇÃO INTEGRAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Atividade de Estudos:
1) Você já vivenciou ou presenciou alguma situação em que as 
diferenças foram evidenciadas? Elas aconteceram de forma 
positiva ou negativa? Como você se sentiu diante desse cenário? 
Faça um breve registro sobre esse acontecimento, relatando os 
sentimentos envolvidos neste momento. 
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A Deficiência na História 
Para que se possa compreender os processos de inclusão nos dias 
atuais, faz-se necessário conhecer um pouco sobre os caminhos percorridos 
pelas pessoas com deficiência nas últimas décadas. Os termos utilizados para 
denominar a pessoa com deficiência vão se modificando com o passar do tempo. 
Para que se acompanhe todo o processo de construção desse sujeito no contexto 
social e escolar, optou-se por manter os termos utilizados em cada época descrita, 
até se chegar às concepções utilizadas atualmente. Os nomes dados, de acordo 
com o período histórico, mostram também como as pessoas eram concebidas 
naquela época. Adiante, um breve recorte dessa trajetória.
Pode-se observar que a pessoa com deficiência na história 
mundial, vivenciou dois tipos de tratamento: a rejeição e a eliminação 
de um lado; e a proteção assistencialista e a piedosa, de outro.
Na Roma Antiga, as famílias tinham permissão de sacrificar os 
filhos que nascessem com alguma deficiência. Em Esparta, as pessoas 
eram lançadas ao mar ou em precipícios. 
A pessoacom 
deficiência na história 
mundial, vivenciou 
dois tipos de 
tratamento: a rejeição 
e a eliminação de um 
lado; e a proteção 
assistencialista e a 
piedosa, de outro.
17
Histórico da Educação Especial Inclusiva Capítulo 1 
De acordo com registros existentes, de fato, o pai de qualquer 
recém-nascido das famílias conhecidas como homoio (ou 
seja, “os iguais”) deveria apresentar seu filho a um Conselho 
de Espartanos, independentemente da deficiência ou não. Se 
esta comissão de sábios avaliasse que o bebê era normal e 
forte, ele era devolvido ao pai, que tinha a obrigação de cuidá-
lo até os sete anos; depois, o Estado tomava para si esta 
responsabilidade e dirigia a educação da criança para a arte 
de guerrear. No entanto, se a criança parecia “feia, disforme e 
franzina”, indicando algum tipo de limitação física, os anciãos 
ficavam com a criança e, em nome do Estado, a levavam para 
um local conhecido como Apothetai (que significa “depósitos”). 
Tratava-se de um abismo onde a criança era jogada, “pois 
tinham a opinião de que não era bom nem para a criança 
nem para a república que ela vivesse, visto que, desde o 
nascimento, não se mostrava bem constituída para ser forte, 
sã e rija durante toda a vida” (LICURGO DE PLUTARCO apud 
SILVA, 1987, p. 105).
Diante do exposto, pode-se perceber que o processo de classificação entre 
pessoas hábeis ou não hábeis era algo naturalizado para a época, e se não 
“servissem” à sociedade, eram excluídas de forma definitiva.
Atualmente, essa prática parece cruel e repugnante, no entanto, deve ser 
entendida de acordo com a realidade histórica e social da época. Para eles, a 
expectativa era de se criar sujeitos perfeitos para que se tornassem guerreiros. 
Ainda, há relatos de civilizações que utilizavam comercialmente as pessoas com 
deficiência para fins de prostituição ou entretenimento.
[...] cegos, surdos, deficientes mentais, deficientes físicos e outros 
tipos de pessoas nascidas com má formação eram também, 
de quando em quando, ligados a casas comerciais, tavernas e 
bordéis; bem como a atividades dos circos romanos, para serviços 
simples e às vezes humilhantes (SILVA, 1987, p. 130). 
 Percebe-se a exposição das pessoas que eram consideradas como “fora 
do padrão de normalidade”, caracterizados como seres “bizarros” e que diante 
disso, serviam como atração para divertimento dos demais.
18
 EDUCAÇÃO INTEGRAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Figura 5 – Trabalho em circo
Fonte: Disponível em: <https://www.obaoba.com.br/filmes-e-series/noticia/conheca-mais-
sobre-o-circo-dos-horrores-aposta-do-seriado-american-horror-story>. Acesso em: 13 
dez. 2017.
Com a vinda do cristianismo, algumas mudanças sobre como as pessoas com 
deficiência eram vistas mudaram. O próprio conteúdo da doutrina cristã, voltado 
para a caridade e amor ao próximo, deu respaldo à vida daqueles que ficavam 
às margens da sociedade. Diante disso, criaram-se hospitais e instituições de 
caridade voltados ao atendimento dessa demanda (SILVA, 1987).
Na Idade Média, as incapacidades físicas, problemas mentais e 
malformações eram considerados “castigos de Deus” e, nessa mesma 
época, a própria igreja, que antes propunha a caridade, passa a rejeitá-
los por fugirem do “padrão de normalidade” (SILVA, 1987).
O período do Renascimento marca uma fase mais esclarecida da 
humanidade, principalmente com a criação dos direitos reconhecidos 
como universais, numa filosofia humanista, bem como a realização de 
avanços na ciência que viabilizaram um olhar mais clínico à pessoa 
com deficiência. Assim, passa-se a ter uma atenção mais direcionada e 
constroem-se espaços de atendimento específico para essas pessoas.
O período do 
Renascimento 
marca uma fase 
mais esclarecida 
da humanidade, 
principalmente 
com a criação dos 
direitos reconhecidos 
como universais, 
numa filosofia 
humanista, bem 
como a realização de 
avanços na ciência 
que viabilizaram um 
olhar mais clínico 
à pessoa com 
deficiência.
19
Histórico da Educação Especial Inclusiva Capítulo 1 
Figura 6 – Renascimento
Fonte: Disponível em: <https://daytodayforever.files.wordpress.com/2013/07/ambroise_
pare.jpg?w=445&h=300>. Acesso em: 13 dez. 2017.
Beyer (2006) relata que as primeiras tentativas de se educar 
crianças com deficiência se baseavam na ideia de que elas 
apresentavam uma significativa limitação na aprendizagem, impedindo 
que houvessem avanços no seu desenvolvimento. Sua situação 
requeria apenas os cuidados da medicina. Somente com o surgimento 
das escolas especiais, as crianças com deficiência obtiveram a chance 
de poder frequentar um espaço educacional. Elas foram importantes 
historicamente, mas uma solução transitória. A longa existência e prática 
de segregação escolar reforçou a ideia de que não se poderia educar a 
pessoa com deficiência em outro lugar, a não ser nas escolas especiais, 
considerando esse espaço o melhor ou mais apropriado para eles.
Somente com o 
surgimento das 
escolas especiais, 
as crianças 
com deficiência 
obtiveram a chance 
de poder frequentar 
um espaço 
educacional. Elas 
foram importantes 
historicamente, 
mas uma solução 
transitória.
Atividade de Estudos:
1) Quais as suas impressões sobre o processo histórico da 
pessoa com deficiência apresentado até o momento? Percebeu 
algum tipo de mudança? Qual?
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
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20
 EDUCAÇÃO INTEGRAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA
A Educação Especial
A escola sempre desejou simplificar o que era complexo no que diz respeito à 
condição humana e, por isso, selecionava o que era de sua responsabilidade e o 
que não cabia em suas abordagens educacionais (BLEIDICK, 1981, apud BEYER, 
2006). Para isso, criava-se espaços educacionais que separavam aqueles 
que não cabiam nos padrões estabelecidos pela escola, dando origem a novos 
parâmetros de desenvolvimento e concepções de seres humanos, para atender 
às disparidades excluídas das instituições anteriores.
Figura 7 – Educação especial
Fonte: Disponível em: <http://bomjesus.br/niveis-de-ensino/educacao-especial.vm>. Aces-
so em: 13 dez. 2017.
Por isso, criaram-se instituições de acolhimento às pessoas que não se 
enquadravam no modelo estabelecido pelas escolas, as quais viam nesses 
espaços a possibilidade de integração social, mesmo que agrupadas a partir de 
uma característica ou condição clínica.
21
Histórico da Educação Especial Inclusiva Capítulo 1 
Atividade de Estudos:
1) Você conhece algum espaço educacional na sua cidade ou 
região que realiza esse tipo de atendimento, voltado apenas às 
pessoas com deficiência? Faça seu registro.
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Para Vygotsky (1997), a dificuldade encontrada nas escolas especiais 
consiste na limitação de acesso ao horizonte social das crianças com deficiência, 
enquanto estas precisariam da convivência com crianças com condições 
cognitivas e socioafetivas diferenciadas dos seus. Beyer (2006, p. 14) ainda 
questiona: “As escolas especiais são de fato as escolas certas para crianças com 
necessidades especiais?”. E explica seu posicionamento:
O desafio é construir e por em prática no ambiente uma 
pedagogia que consiga ser comum ou válida para todos os 
alunos da classeescolar, porém capaz de atender aos alunos 
cujas situações pessoais ou características de aprendizagem 
requeiram uma pedagogia diferenciada. Tudo isso sem 
demarcações, preconceitos ou atitudes nutridoras dos 
indesejados estigmas. Ao contrário, pondo em andamento, 
na comunidade escolar, uma conscientização crescente dos 
direitos de cada um (BEYER, 2006, p. 76).
 
Veja que há mais de 80 anos, Vygotsky já vislumbrava uma perspectiva 
que iria além do atendimento às pessoas com deficiência em escolas especiais. 
Diante dos seus estudos sobre o desenvolvimento humano e seus processos de 
aprendizagem, já conotava uma grande inclinação para os processos inclusivos. 
Conheça um pouco mais sobre este teórico e sua principal obra direcionada às 
pessoas com deficiência a seguir.
22
 EDUCAÇÃO INTEGRAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Vygotsky e os Fundamentos da 
Defectologia
Vygotsky (1997) deixou uma contribuição significativa no que se refere à 
educação especial, nos chamados fundamentos da defectologia, presentes num 
conjunto de obras intituladas “Obras escogidas”, traduzidas para o espanhol, e 
que aborda os aspectos da deficiência e das interações dos sujeitos com o meio.
O termo defectologia era utilizado para a ciência que estudava as 
crianças com vários tipos de problemas (defeitos), tanto intelectuais 
quanto físicos. Dentre as crianças estudadas, estavam os surdos-
mudos, atualmente classificados somente como surdos, cegos, não 
educáveis e deficientes mentais, hoje, deficientes intelectuais.
Veer e Valsiner (1999) apontam que o interesse de Vygotsky 
por problemas de defectologia tornou-se evidente em 1924, com sua primeira 
publicação nessa área, na qual relatava os trabalhos que estava realizando no 
subdepartamento de educação de crianças defeituosas no Narkompros, academia 
russa de ciências. Assim, a partir de 1924, Vygotsky tentou formular sua própria 
visão da criança “defeituosa”, tarefa que nunca foi completada e prosseguiu até sua 
morte, em 1934.
O termo defectologia 
era utilizado para a 
ciência que estudava 
as crianças com 
vários tipos de 
problemas (defeitos), 
tanto intelectuais 
quanto físicos.
Você deve ter achado estranho a utilização do termo “crianças 
defeituosas”, não é mesmo? Porém, esta era uma referência 
muito comum utilizada na época para denominar as pessoas com 
deficiência. Os termos foram evoluindo com o passar dos tempos.
23
Histórico da Educação Especial Inclusiva Capítulo 1 
Figura 8 – Obras escogidas – fundamentos de defectologia
Fonte: Disponível em: <https://goo.gl/Ug2eS2>. Acesso em: 3 jan. 2018.
Vygotsky (1997) distinguia dois tipos de deficiência: primária e secundária. 
A deficiência primária era compreendida como biológica, relacionada a lesões 
orgânicas, lesões cerebrais, malformações, alterações cromossômicas, ou 
seja, características físicas apresentadas pelo sujeito. A deficiência secundária, 
compreendia o desenvolvimento do sujeito com essas características (orgânicas), 
com base nas interações sociais, ou seja, derivada do isolamento das relações 
sociais e culturais características do entorno em que cada sujeito se insere. 
 
[...] uma educação ideal só é possível com base em um ambiente 
social orientado de modo adequado e que os problemas 
essenciais da educação só podem ser resolvidos depois de 
solucionada a questão social em toda a sua plenitude. Dai 
deriva também a conclusão de que o material humano possui 
uma infinita plasticidade se o meio social estiver organizado 
de forma correta. Tudo pode ser educado e reeducado no 
ser humano por meio da influência social correspondente. A 
própria personalidade não deve ser entendida como uma forma 
acabada, mas como uma forma dinâmica de interação que flui 
permanentemente entre o organismo e o meio (VYGOTSKY, 
1997, p. 200).
24
 EDUCAÇÃO INTEGRAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Com base nessa capacidade plástica citada por Vygotsky (1997), 
pode-se compreender que um indivíduo com limitações físicas ou 
intelectuais pode modificar seus estados a partir de estímulos externos 
e refinar suas capacidades já desenvolvidas, de modo a ressaltar, 
preferencialmente, o que cada sujeito tem de melhor para oferecer ao 
seu meio e a si mesmo.
Um indivíduo com 
limitações físicas 
ou intelectuais 
pode modificar 
seus estados a 
partir de estímulos 
externos e refinar 
suas capacidades já 
desenvolvidas.
Vygotsky (1997) 
enfatizava a 
importância da 
educação social de 
crianças deficientes 
e o potencial da 
criança para o 
desenvolvimento 
normal.
Figura 9 – Estimulação precoce
Fonte: Disponível em: <http://leandrafono.blogspot.com.br/2012/04/estimulacao-pre-
coce-e-linguagem-em.html>. Acesso em: 13 dez. 2017.
Em seus escritos, Vygotsky (1997) enfatizava a importância da 
educação social de crianças deficientes e o potencial da criança para 
o desenvolvimento normal. Afirmava que as deficiências corporais 
afetavam suas relações sociais, e não suas interações diretas com o 
ambiente físico, ou seja, o defeito orgânico manifestava-se devido à 
situação social da criança. Assim, as pessoas que faziam parte do seu 
meio o tratariam de maneira diferente das demais, de um modo positivo 
ou negativo (MAIOLA, 2016). 
25
Histórico da Educação Especial Inclusiva Capítulo 1 
Vygotsky (1997) considerava que os problemas de crianças com 
deficiência resultavam de falta de adequação entre sua organização 
psicofisiológica desviante e os meios culturais disponíveis. Sendo 
assim, a educação social, baseada na compensação social dos 
problemas físicos, era a maneira de proporcionar uma vida satisfatória 
às pessoas com deficiência. Por isso, defendia uma escola que 
integrasse, tanto quanto fosse possível, todas as crianças na sociedade 
para que aquelas com deficiência tivessem a oportunidade de conviver 
junto com pessoas sem deficiência.
Ao enfatizar que grande parte das crianças com deficiência era 
“normal” e tinha potencialidade para se desenvolver normalmente, 
Vygotsky reivindicou que os muros das escolas especiais fossem 
derrubados e que essas crianças participassem da vida escolar comum a todos. O 
teórico opunha-se a todos os procedimentos diagnósticos que fossem baseados 
em uma abordagem puramente quantitativa, lembrando que na época dos seus 
estudos, havia uma valorização aos testes de Quociente de Inteligência (QI).
Vygotsky (1997) 
considerava que 
os problemas 
de crianças 
com deficiência 
resultavam de falta 
de adequação entre 
sua organização 
psicofisiológica 
desviante e os 
meios culturais 
disponíveis.
Atividade de Estudos:
1) Você percebeu que, em nossos estudos, muitas ideias de 
Vygotsky contribuem para uma perspectiva inclusiva da pessoa 
com deficiência. Retome o texto e pontue algumas dessas ideias.
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Outra contribuição dos escritos de Vygotsky (1997) refere-se à ideia de grupos 
de níveis mistos como condição de promover o desenvolvimento do indivíduo. 
Diferentemente das práticas segregacionistas da época, em que a pessoa com 
deficiência permanecia agrupada com pessoas que tivessem o mesmo tipo de 
deficiência que ela.
26
 EDUCAÇÃO INTEGRAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Em seus estudos, concluiu que as pessoas com deficiência encontravam 
como suporte para o seu desenvolvimento, ações recíprocas sociais com 
outras pessoas que estivessem em um nível superior a elas próprias. Esta ideia 
antecipao conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal, da forma como ela é 
tradicionalmente compreendido.
Você se recorda do conceito de zona de desenvolvimento proximal proposta 
por Vygotsky? Ele define que a zona de desenvolvimento proximal da criança é a 
distância entre seu desenvolvimento real, determinado com a ajuda de tarefas 
solucionadas de forma independente, e o nível de seu desenvolvimento potencial, 
determinado com a ajuda de tarefas solucionadas pela criança com a orientação de 
adultos e em cooperação com seus colegas mais capazes (VEER; VALSINER, 1999).
Em linhas gerais, pode-se dizer que, para Vygotsky, não bastava 
conhecer o desempenho cognitivo atual da criança, mas dar importância 
à qualidade da mediação dada a ela, e avaliar o desempenho posterior. 
Nas palavras do teórico, importante seria conhecer a possibilidade 
de dilatamento intelectual que a criança apresenta, antes de concluir 
meramente sobre suas capacidades.
Para Vygotsky, não 
bastava conhecer 
o desempenho 
cognitivo atual 
da criança, mas 
dar importância 
à qualidade da 
mediação dada 
a ela, e avaliar 
o desempenho 
posterior.
Atividade de Estudos:
1) Qual a contribuição dos estudos sobre a zona de 
desenvolvimento proximal nos processos de aprendizagem dos 
alunos com deficiência?
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27
Histórico da Educação Especial Inclusiva Capítulo 1 
Algumas Considerações
No primeiro capítulo do nosso caderno de estudos, pudemos acompanhar 
os caminhos percorridos pelas pessoas com deficiência em vários momentos 
históricos na nossa sociedade. As concepções sobre diversidade e diferença, bem 
como a forma de compreender o indivíduo na sua particularidade, com habilidades 
e limitações passaram por modificações no decorrer dos tempos. 
Vimos, em nosso texto, que a sociedade vivenciou movimentos de exclusão 
social, nos quais só os considerados normais poderiam ter seu espaço, bem como 
direitos e deveres. As pessoas com deficiência eram invisíveis nesse cenário. 
A educação especial teve papel fundamental nesse primeiro momento de 
acolhimento às pessoas com deficiência. Essas instituições oportunizavam a 
socialização dessa demanda, permitindo que estes conhecessem novos espaços 
e novas experiências, mesmo que ainda em contextos limitados
Foi através dos escritos de Vygotsky na obra “Defectologia”, que novas 
perspectivas sobre as pessoas com deficiência se fizeram presentes. Para o teórico, 
era através da interação com o outro, na riqueza de estímulos e, pela diversidade 
humana, que as pessoas se desenvolviam e aprendiam. E que as pessoas com 
deficiência teriam muito mais avanços se estivessem envolvidos nesses espaços. 
Até hoje, as ideias de Vygotsky são amplamente estudadas e fundamentam os 
trabalhos desenvolvidos dentro das políticas de educação inclusiva.
Referências
BEYER, Hugo Otto. Inclusão e avaliação na escola: de alunos com necessi-
dades educacionais especiais. Porto Alegre: Mediação, 2006.127p.
MAIOLA, Carolina dos S. Práticas inclusivas para formação de professores. 
Indaial: Uniasselvi, 2016.
MANTOAN, Maria Teresa Egler. Inclusão escolar: o que é? por quê? como fazer? 
2. ed. São Paulo: Moderna, 2003.
SILVA, Tomás Tadeu. Documentos de identidade: uma introdução as teorias do 
currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.
SILVA, Otto Marques. Epopéia ignorada: a história da pessoa deficiente no mun-
do de ontem e de hoje. São Paulo: Cedas, 1987.
VEER, Rene Van der; VALSINER, Jaan. Vygotsky: uma síntese. 3. ed. Tradução 
Cecília C. Bartalotti. São Paulo: Loyola, 1999.
VYGOTSKY, Lev Semenovich. Obras escogidas V: fundamentos de defectologia. 
Madrid: Visor, 1997.
28
 EDUCAÇÃO INTEGRAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA
CAPÍTULO 2
A Educação Inclusiva na 
Contemporaneidade 
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
� Compreender as concepções de exclusão, segregação, integração e inclusão 
da pessoa com deficiência no contexto social e escolar.
� Conhecer as perspectivas da educação inclusiva.
� Analisar a trajetória de educação especial/inclusiva no Brasil e no mundo.
� Avaliar as concepções de exclusão, segregação, integração e inclusão escolar.
30
 EDUCAÇÃO INTEGRAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA
31
A Educação Inclusiva na Contemporaneidade Capítulo 2 
Contextualização
No capítulo anterior, acompanhamos os momentos históricos da deficiência 
no contexto social, as concepções de diversidade, diferença e os estudos 
pioneiros na educação especial, a partir das ideias de Vygotsky na obra intitulada 
“Defectologia” (1983) (estudo do defeito).
Avançaremos no Capítulo 2, no qual trataremos sobre a trajetória da 
educação especial, principalmente em nosso país, as contribuições desse 
trabalho nas discussões sobre deficiência e educação, as instituições precursoras 
dessa nova modalidade de ensino, bem como os movimentos de inclusão que 
começam a acontecer na sociedade e nas instituições escolares.
Nesse contexto, você irá identificar as concepções de exclusão, segregação, 
integração e inclusão, podendo analisar todos esses momentos, que ainda estão 
presentes no nosso dia a dia.
A Educação Especial Inclusiva No 
Brasil 
Estar junto é se aglomerar com pessoas que não conhecemos. 
Inclusão é estar com, é interagir com o outro (MANTOAN, 
2003, p. 26).
No Brasil, o atendimento a pessoas com deficiência iniciou na época do 
Império, com a criação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em 1854, atual 
Instituto Benjamin Constant (IBC), e o Instituto dos Surdos-Mudos, em 1857, 
conhecido como Instituto Nacional da Educação dos Surdos (INES), ambos no 
Rio de Janeiro. 
32
 EDUCAÇÃO INTEGRAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Figura 10 – Instituto Benjamim Constant
Fonte: Disponível em: <www.ibc.org.br>. Acesso em: 13 dez. 2017.
Figura 11 – Ines
Fonte: Disponível em: <https://chpenhanews.wordpress.com/2012/02/17/forum-permanen-
te-de-educacao-linguagem-e-surdez-em-2012/>. Acesso em: 13 dez. 2017.
33
A Educação Inclusiva na Contemporaneidade Capítulo 2 
Atividade de Estudos:
1) Convidamos você para acessar o site do Instituto Benjamin 
Constant <www.ibc.gov.br> e acompanhar as principais atividades 
e projetos desenvolvidos ainda hoje nessa instituição. Registre 
aqui os programas de atendimento, os centros de estudos e os 
trabalhos realizados na educação básica.
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No início do século XX, fundou-se o Instituto Pestalozzi (1926), 
cujo atendimento estava direcionado às pessoas com deficiência 
intelectual; em 1954, foi fundada a primeira Associação de Pais e 
Amigos dos Excepcionais (APAE); e, em 1945, foi criado o primeiro 
atendimento educacional especializado às pessoas com superdotação 
na Sociedade Pestalozzi, por Helena Antipoff.
Em 1954, foi 
fundada a primeira 
Associação de 
Pais e Amigos 
dos Excepcionais 
(APAE).
Figura 12 – Instituto Pestalozzi
Fonte: Disponível em: <http://pt.slideshare.net/bernardoalves967/303-o-inclusiva>. Acesso 
em: 13 dez. 2017.
34EDUCAÇÃO INTEGRAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Figura 13 – Primeira Apae do Brasil
Fonte: Disponível em: <http://niteroi.apaebrasil.org.br/artigo.phtml/23740>. Acesso em: 
13 dez. 2017.
Figura 14 – Helena Antipoff
Fonte: Disponível em: <http://www.pestalozzi.org.br/historia.html>. Acesso em: 13 
dez. 2017.
35
A Educação Inclusiva na Contemporaneidade Capítulo 2 
Para ilustrar nosso estudo, deixamos como sugestão o 
documentário: Do luto à luta. O título expressa a passagem do 
sentimento de perda para o de afirmação da vida, que nem todos os 
pais de crianças com Síndrome de Down conseguem fazer, e que 
Mocarzel fez. É um filme corajoso e comovente, e que lança um novo 
olhar sobre a síndrome de Down.
Figura 15 – Documentário: do Luto à Luta
Fonte: Disponível em: <http://tvbrasil.ebc.com.br/programadecinema/episodio/do-luto-a-
luta-1>. Acesso em: 13 dez. 2017.
Com o passar dos anos, novas escolas de educação especial 
foram criadas, com base nessas instituições de referência. 
Demarcando assim, um período histórico até então caracterizado pela 
exclusão, para um momento de inserção do sujeito com deficiência na 
escolarização, mesmo que ainda segregacionista.
A educação especial também foi marcada pelo atendimento em salas de 
recursos. Estas salas ficavam na instituição escolar, porém, separadas das salas 
de ensino comum. O aluno com deficiência tinha suas aulas nestes espaços, junto 
de alunos com o mesmo tipo de deficiência, como se fossem “salas especiais”.
Novas escolas de 
educação especial 
foram criadas, 
com base nessas 
instituições de 
referência.
36
 EDUCAÇÃO INTEGRAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Figura 16 – Sala de recurso
Fonte: Disponível em: <http://www.dgabc.com.br/Noticia/512226/o-mundo-em-libras>. 
Acesso em: 13 dez. 2017.
É importante salientar que a sala de recurso descrita não é a 
mesma que a atual sala de recurso multifuncional. A proposta da 
sala de recurso é a escolarização de alunos com o mesmo tipo de 
deficiência em uma mesma sala (dentro da escola regular), atendidos 
por um educador especial. Essas aulas acontecem todos os dias, 
cumprindo a carga horária escolar. Diferentemente da atual sala de 
recurso multifuncional, que consiste num serviço de atendimento 
realizado no contraturno das aulas do aluno, em que ele irá receber o 
suporte para as suas necessidades específicas.
Em 2007, foi lançado o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) e 
dentre os eixos norteadores do trabalho, o documento sugere a oferta de formação 
de professores para a educação especial e a implantação de salas de recursos 
multifuncionais nas redes de ensino comum. Nestas salas, os professores de 
educação especial realizariam o atendimento educacional especializado, no 
contraturno das aulas, de modo a complementar ou suplementar a escolarização. 
O detalhamento desse trabalho é apresentado posteriormente no documento que 
embasará a educação especial pelos próximos anos, conhecido como Política 
de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, que será visto no 
decorrer dos estudos (MAIOLA, 2016).
37
A Educação Inclusiva na Contemporaneidade Capítulo 2 
Concepção de Exclusão, 
Segregação, Integração e Inclusão
Conforme Beyer (2006), até o momento, pode-se perceber em relação à 
trajetória da educação especial no Brasil, quatro momentos históricos da pessoa 
com deficiência: a exclusão do sistema escolar, atendimento especial, integração 
no sistema escolar regular, e inclusão no sistema escolar, demonstrados da 
seguinte forma:
Figura 17 – Momentos históricos da pessoa com deficiência
Fonte: Disponível em: <http://umanjoazulentrenos.blogspot.com.br/2013/11/a-indu-
stria-da-exclusao-escolar.html>. Acesso em: 13 dez. 2017.
Na exclusão as pessoas com deficiência eram ignoradas, rejeitadas, 
perseguidas e exploradas, pois não havia nenhuma forma de atenção educacional 
dada a elas (SASSAKI,1997).
Figura 18 – Exclusão
Fonte: Disponível em: <http://umanjoazulentrenos.blogspot.com.br/2013/11/a-indu-
stria-da-exclusao-escolar.html>. Acesso em: 13 dez. 2017.
38
 EDUCAÇÃO INTEGRAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Figura 19 – Exclusão
Fonte: Disponível em: <http://www.liga.ufc.br/?p=1139>. Acesso em: 13 dez. 2017.
Na segregação, buscou-se o desenvolvimento educacional das pessoas com 
deficiência através do atendimento educacional que era oferecido geralmente nas 
chamadas instituições especializadas, surgindo assim, as escolas especiais.
Figura 20 – Escola especial
Fonte: Disponível em: <http://posglobal.com.br/educacao-especial-e-inclusao/>. Acesso 
em: 13 dez. 2017.
A integração, de acordo com Sassaki (1997), é identificada no momento que 
acontece a proliferação das classes especiais nas escolas de ensino regular. 
Essas salas se baseavam na compreensão de que, separados dos alunos sem 
deficiência em salas à parte, os alunos com deficiência não atrapalhariam o 
ensino dos demais.
39
A Educação Inclusiva na Contemporaneidade Capítulo 2 
Figura 21 – Sala de recurso para surdos
Fonte: Disponível em: <http://escolasbilingueparasurdodobrasil.blogspot.com.br/2012/12/
sala-de-aula.html>. Acesso em: 13 dez. 2017.
Na inclusão, os alunos com deficiência devem ser matriculados diretamente 
no ensino regular, cabendo à instituição se adaptar para atender às suas 
necessidades no contexto escolar.
Figura 22 – Inclusão escolar
Fonte: Disponível em: <https://novaescola.org.br/conteudo/3436/boas-praticas-de-inclu-
sao>. Acesso em: 13 dez. 2017.
Percebe-se que os termos integração e inclusão são comumente vistos, 
porém com base de concepção e objetivos diferentes. Entende-se que a definição 
de inclusão é algo mais amplo e complexo do que integração.
40
 EDUCAÇÃO INTEGRAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Figura 23 – Inclusão
Fonte: Disponível em: <http://rutevera.blogspot.com.br/2013/12/>. Acesso em: 13 
dez. 2017
O MEC disponibiliza uma central de mídia com alguns vídeos 
relacionados à inclusão. Sugerimos que você acesse o material 
e acompanhe as discussões sobre essa temática com histórias e 
práticas educacionais inclusivas no ensino regular. Entre esses 
vídeos, destacamos: <http://centraldemidia.mec.gov.br/index.
php?option=com_hwdmediashare&view=mediaitem&id=9326:par
te-1-caminhos-para-inclusao&Itemid=484?&filter_mediaType=4>. 
Acesso em: 3 jan. 2018.
Pode-se perceber que esses quatro momentos (exclusão, segregação, 
integração e inclusão) não podem ser vistos de forma linear e cronológica. 
Eles permanecem presentes em situações escolares diferenciadas, ou seja, 
algumas experiências escolares ainda se encontram num momento apenas de 
integração das pessoas com deficiência, com o intuito de possibilitar a elas maior 
socialização; outras já criaram estratégias bem-sucedidas para a permanência de 
todas as crianças, cada qual com suas especificidades, procurando, mesmo que 
nas suas limitações, o maior índice de aproveitamento e experiência educacional 
(MAIOLA, 2016).
Quanto à palavra inclusão, esta implica numa mudança de perspectiva 
educacional, porque não atinge apenas os alunos com deficiência e os que 
apresentam dificuldades de aprender, mas a todos.
41
A Educação Inclusiva na Contemporaneidade Capítulo 2 
A sociedade e as 
instituições precisam 
se redimensionar 
para a remoção 
dos obstáculos 
existentes à 
participação das 
pessoas com 
deficiência na vida 
social e escolar.
Para isso, entende-se que a sociedade e as instituições precisam se 
redimensionar para a remoção dos obstáculos existentes à participação 
das pessoas com deficiência na vida social e escolar, através de uma 
política de educação inclusiva pautada no princípio da “cidadania” e 
que norteie a promoção do atendimento à demanda: 
a) com garantiade acesso e permanência na escola; 
b) com priorização da formação continuada de educadores e de 
projetos arquitetônicos adaptados e acessíveis a todos;
c) com propostas, materiais e recursos pedagógicos que 
viabilizem a participação efetiva da pessoa com deficiência; 
d) com base em uma individualização dos percursos, ritmos e intervenções 
educativas; e 
e) com a socialização contida na convivência escolar.
Atividades de Estudos:
1) Elabore um esquema que contemple as principais ideias 
dos quatro momentos históricos vivenciados pela pessoa com 
deficiência (exclusão, segregação, integração e inclusão):
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2) Na escola em que você atua (ou outro espaço profissional), há 
inclusão de pessoas com deficiência? Você acredita que exista 
respeito e acolhimento às diferenças?
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42
 EDUCAÇÃO INTEGRAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Caminhos Para uma Educação Mais 
Inclusiva
A perspectiva de inclusão exige, por um lado, modificações 
profundas nos sistemas de ensino; e estas modificações 
[...] demandam ousadia, por um lado e prudência por outro; 
- que uma política efetiva de educação inclusiva deve ser 
gradativa, contínua, sistemática e planejada, na perspectiva 
de oferecer às crianças deficientes educação de qualidade; e 
que a gradatividade e a prudência não podem servir para o 
adiamento “ad eternum” para a inclusão [...] devem servir de 
base para a superação de toda e qualquer dificuldade que se 
interponha à construção de uma escola única e democrática 
(BUENO, 2001, p. 27).
No Brasil, o projeto ainda caracterizado de integração escolar surgiu com 
mais ênfase na década de 1990, como decorrência das pressões e experiências 
desenvolvidas em outros países. Diante disso, medidas políticas foram 
necessárias, a mencionar, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 
9.394 de 1996, que, ainda com imprecisões e indefinições, sinaliza um espaço de 
atendimento educacional com alunos com deficiência no ensino comum. Assim, 
pode-se acompanhar um lento progresso no sentido de democratização do ensino 
e da inserção gradual dessas crianças no cenário da educação formal, até se 
chegar em novas discussões com foco na inclusão propriamente dita.
Adotou-se o termo educação inclusiva para traduzir a orientação 
política proposta e que influencia em diversas mudanças nas atitudes 
das pessoas e práticas educacionais nas instituições escolares. A partir 
de uma perspectiva de educação para todos, é necessário possibilitar 
condições viáveis e ao mesmo tempo desafiadoras para que cada aluno 
possa explorar a aprendizagem em suas possibilidades, e não em suas 
deficiências.
As pessoas com deficiência estão sendo inseridas nas escolas 
regulares, porque, além de um direito conquistado, têm um maior número 
de estímulos e possibilidades de desenvolvimento que, adquiridos nas 
inter-relações, nos centros de interesse e na motivação frente aos novos 
desafios, contribuem com todos os alunos da sala.
Conforme relata Mantoan (2003), a educação inclusiva entende que a 
presença de alunos com deficiência, embora torne o conjunto da turma de alunos 
mais heterogêneo e complexo, também pode torná-lo mais rico, no sentido de que a 
convivência com a diversidade colocaria em pauta as diversas formas de aprender e 
de ensinar, bem como a variedade de ideias e concepções de pessoa e de mundo.
A partir de uma 
perspectiva de 
educação para 
todos, é necessário 
possibilitar 
condições viáveis 
e ao mesmo tempo 
desafiadoras para 
que cada aluno 
possa explorar a 
aprendizagem em 
suas possibilidades.
43
A Educação Inclusiva na Contemporaneidade Capítulo 2 
Referente à análise das realidades educacionais brasileiras, Afonso (2004) 
sugere que se deve considerar quatro níveis de análise da realidade educacional:
• Nível microssociológico: no caso, a sala de aula, pois é onde predo-
mina o processo de ensino-aprendizagem e a proposta de educação 
inclusiva pode traduzir-se apenas pela presença física de pessoas com 
deficiência, sem as indispensáveis ações para remover barreiras para 
a aprendizagem e para a participação de todos os alunos. 
• Nível mesossociológico: a instituição escolar no qual as práticas de-
vem ser avaliadas, permitindo identificar as características excludentes 
ou inclusivas em relação aos alunos que apresentam diferenças signif-
icativas na aprendizagem e no desenvolvimento.
• Nível macrossociológico: o Estado tem papel na definição de sua 
política educacional. Isso inclui os processos de gestão, prestação de 
contar e também analisar as articulações entre políticas públicas, pois 
os movimentos inclusivos não dependem só das escolas e dos educa-
dores.
• Nível megassociológico: o papel das organizações, no contexto da 
globalização, impõe certas ações que acarretam a prevalência das re-
gras de uma pedagogia mais humanista, na qual a educação não é 
bem de investimento e sim bem de consumo essencial para todos os 
cidadãos.
Pode-se perceber que estes quatro níveis apontam três 
dimensões: cultura; política; e práticas pedagógicas que precisam 
estar em consonância para se vivenciar uma escola para todos. 
Compreender a dimensão dessa realidade educacional ajudará no 
trabalho pedagógico na diversidade, envolvendo práticas pedagógicas 
comuns para todos e sensíveis às diferenças individuais.
Compreender a 
dimensão dessa 
realidade educacional 
ajudará no trabalho 
pedagógico na 
diversidade, 
envolvendo práticas 
pedagógicas 
comuns para todos 
e sensíveis às 
diferenças individuais.
Você sabia que o escritor de histórias em quadrinhos Maurício 
de Sousa criou personagens com algum tipo de deficiência e que 
eles participam de muitos gibis da Turma da Mônica? Sabemos da 
importância da literatura para a disseminação de informações e 
esclarecimentos, e essa foi a contribuição do escritor para que as 
crianças tivessem contato com a diversidade na sua mais variada 
forma. Veja!
44
 EDUCAÇÃO INTEGRAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Figura 24 – Personagens do Maurício de Sousa
Fonte: Disponível em: <http://blogs.atribuna.com.br/deficienciaempauta/mauricio-de-sou-
sa-e-a-turminha-da-inclusao/>. Acesso em: 13 dez. 2017.
Figura 25 – Inclusão
Fonte: Disponível em: <http://turmadamonica.uol.com.br/saibamaisinclusaosocial/>. Aces-
so em: 13 dez. 2017.
45
A Educação Inclusiva na Contemporaneidade Capítulo 2 
Algumas Considerações
No Capítulo 2 do nosso caderno, acompanhamos os primeiros trabalhos 
da educação especial desenvolvidos no Brasil. Entendemos que esse serviço 
ofereceu acolhimento a uma demanda bastante excluída pela sociedade, 
dando assistência e espaço para que essas pessoas pudessem conviver e se 
integrar. Novas discussões e ações surgem com o intuito de ampliar o campo de 
possibilidades desse público-alvo.
Vimos também os momentos históricos que perpassaram àqueles que fugiam 
do modelo, do padrão estabelecido pela sociedade. Assim, acompanhamos 
o processo de exclusão, em que não havia aceitação e nem participaçãodas 
pessoas com deficiência no contexto social. Em seguida, acompanhamos 
os primeiros passos segregacionistas, cujo papel da educação especial foi 
fundamental para iniciar o processo de discussão dessa demanda na sociedade. 
Também pudemos compreender sobre os movimentos de integração e, por fim, as 
perspectivas inclusivas discutidas e reivindicadas até hoje.
Referências
BEYER, Hugo Otto. Inclusão e avaliação na escola: de alunos com necessi-
dades educacionais especiais. Porto Alegre: Mediação, 2006.127p.
MANTOAN, Maria Teresa Egler. Inclusão escolar: o que é? por quê? como fazer? 
2. ed. São Paulo: Moderna, 2003.
SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. Rio 
de Janeiro: WVA, 1997.
VEER, Rene Van der; VALSINER, Jaan. Vygotsky: uma síntese. 3. ed. Tradução 
Cecília C. Bartalotti. São Paulo: Loyola, 1999.
VYGOTSKY, Lev Semenovich. Obras escogidas V: fundamentos de defectologia. 
Madrid: Visor, 1997.
46
 EDUCAÇÃO INTEGRAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA
CAPÍTULO 3
O Direito à Diferença na Igualdade 
de Direitos: Aspectos Legais
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
� Conhecer os documentos norteadores da educação especial/inclusiva no Brasil.
� Avaliar os avanços históricos presentes nos documentos e leis 
norteadores da política de educação especial inclusiva.
� Analisar os programas e ações de apoio ao desenvolvimento 
inclusivo dos sistemas de ensino.
48
 EDUCAÇÃO INTEGRAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA
49
O Direito à Diferença na Igualdade de Direitos: 
Aspectos Legais
 Capítulo 3 
Contextualização
Nas escolas, inclusivas pela força da lei, não há preparação 
antes, para o exercício das relações do depois. O próprio 
exercício das relações de ensino tem preparado os professores 
para receber e acolher ‘alteridade deficiente’ (FONTANA, apud 
GÓES, p. 163, 2004).
Nos capítulos anteriores, estudamos a pessoa com deficiência 
que, por um significativo período histórico, esteve às margens da 
escolarização; e percebemos, ao longo do tempo, movimentos para a 
criação de leis na tentativa de reconfigurar a inserção da pessoa com 
deficiência no ensino comum. A educação inclusiva é um movimento 
ainda em construção e que necessita ser constantemente repensada 
sobre as políticas públicas e as práticas pedagógicas nas escolas.
Por isso, abordaremos neste momento, os principais aspectos 
da trajetória legal revisados por Maiola (2016), com as principais leis 
e documentos norteadores da educação especial, notas técnicas e os 
programas e ações de apoio ao desenvolvimento inclusivo dos sistemas 
de ensino. 
Você perceberá que esse percurso se inicia com discussões feitas em 
conferências nas quais vários países se reuniram para repensar as políticas de 
inclusão, resultando em declarações e leis norteadoras.
A educação 
inclusiva é um 
movimento ainda 
em construção e 
que necessita ser 
constantemente 
repensada sobre as 
políticas públicas 
e as práticas 
pedagógicas nas 
escolas.
Da Conferência de Jomtien à Política 
Nacional de Educação Especial na 
Perspectiva da Educação Inclusiva – 
Caminhos Trilhados
A partir do século XX, movimentos sociais de luta contra todas as formas de 
discriminação se tornaram mais intensos e a importância do exercício de cidadania 
das pessoas com deficiência surge, em nível mundial, através da defesa de uma 
sociedade mais inclusiva.
50
 EDUCAÇÃO INTEGRAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Ainda marcada por práticas de categorização e segregação, fortalece-se a 
crítica a essas ações, questionando-se os modelos de ensino e aprendizagem 
homogeneizadores.
A Constituição Federal de 1988, traz como seus objetivos 
fundamentais “promover o bem de todos, sem preconceito de origem, 
raça, sexo, cor, idade e quais outras formas de discriminação” (artigo 
3º, inciso IV) (BRASIL, 1988, p. 160) e define, no artigo 205, a educação 
como um direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da 
pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho 
(BRASIL, 1988). No seu artigo, 206, inciso I, estabelece “igualdade de 
condições de acesso e permanência na escola” (BRASIL, 1988, p. 160) 
como um dos princípios para o ensino e garante como dever do Estado, 
a oferta do atendimento educacional especializado, preferencialmente 
na rede regular de ensino (artigo 208). Mesmo essa exposição clara, relatada 
pela Constituição, não foi suficiente para garantir a igualdade de direitos e de 
oportunidades às pessoas com deficiência no contexto da educação comum.
Na tentativa de enfrentar esses desafios e pensar em ações capazes de 
superar esses processos históricos de exclusão, conferências importantes 
aconteceram, e delas, novos documentos norteadores de políticas públicas foram 
criados, conforme alguns exemplos especificados a seguir.
A Constituição 
Federal de 1988, traz 
como seus objetivos 
fundamentais 
“promover o bem 
de todos, sem 
preconceito de 
origem, raça, sexo, 
cor, idade e quais 
outras formas de 
discriminação” (artigo 
3º, inciso IV).
Conferência Mundial de Educação 
Para Todos: Jomtien
A Conferência Mundial de Educação para Todos aconteceu na cidade de 
Jomtien, na Tailândia, em 1990. Neste encontro, evidenciou-se os altos índices 
de crianças, adolescentes e jovens sem escolarização, objetivando assim, a 
promoção de transformações nos sistemas de ensino e o acesso e permanência 
de todos na escola.
 Desse encontro, surgiu um plano de ação (Declaração de Jomtien), do 
qual participaram representantes de governos e organizações não governamentais 
(ONGs), com o intuito de garantir as necessidades básicas da aprendizagem de 
todas as crianças, jovens e adultos. Essas necessidades básicas compreendem 
tanto os instrumentos essenciais para a aprendizagem como a leitura, a escrita, 
a expressão oral, o cálculo, a solução de problemas, quanto a aquisição de 
conhecimentos, habilidades, valores e atitudes necessários para que os seres 
humanos possam sobreviver e se desenvolver plenamente. Ao mencionar as 
pessoas com deficiência, o documento refere, em seu artigo 3º, a universalizar o 
acesso à educação e promover a equidade:
51
O Direito à Diferença na Igualdade de Direitos: 
Aspectos Legais
 Capítulo 3 
1. A educação básica deve ser proporcionada a todas 
as crianças, jovens e adultos. Para tanto, é necessário 
universalizá-la e melhorar sua qualidade, bem como tomar 
medidas efetivas para reduzir as desigualdades.
2. Para que a educação básica se torne equitativa, é mister 
oferecer a todas as crianças, jovens e adultos, a oportunidade 
de alcançar e manter um padrão mínimo de qualidade da 
aprendizagem.
[...]
5. As necessidades básicas de aprendizagem das pessoas 
portadoras de deficiências requerem atenção especial. 
É preciso tomar medidas que garantam a igualdade de 
acesso à educação aos portadores de todo e qualquer tipo 
de deficiência, como parte integrante do sistema educativo 
(On-line. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/
images/0008/000862/086291por.pdf>). 
Os países que participaram desta conferência foram incentivados 
a elaborar planos decenais, em que as diretrizes e metas do plano de 
ação da conferência fossem contempladas. No Brasil, o Ministério da 
Educação divulgou o Plano Decenal de Educação Para Todos para o 
período de 1993 a 2003, elaborado em cumprimento às resoluções da 
conferência. A partir deste plano, ocorreu a aceitação formal, do governo 
federal, das propostas formuladas nos foros internacionais para a 
melhoria da educação básica.
Diante disso, pode-se considerar que a Conferência de Jomtien foi 
um marco político e conceitual na educação ao reafirmar a necessidade de 
que todos dominem os conhecimentosindispensáveis à compreensão do 
mundo em que vivem, recomendando a todos os países participantes que 
se empenhem nesse movimento. 
A Conferência de 
Jomtien foi um 
marco político 
e conceitual 
na educação 
ao reafirmar a 
necessidade de 
que todos dominem 
os conhecimentos 
indispensáveis à 
compreensão do 
mundo em que 
vivem.
Conferência Mundial de 
Necessidades Educativas Especiais: 
Acesso e Qualidade: Declaração de 
Salamanca
A Conferência Mundial de Necessidade Educativas Especiais: Acesso e 
Qualidade foi realizada pela UNESCO em 1994, na cidade de Salamanca na 
Espanha, com a participação de 92 governos e 25 organizações internacionais, 
cujo objetivo consistiu na discussão sobre a escola não acessível a todos os 
estudantes.
52
 EDUCAÇÃO INTEGRAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA
 A partir dessas discussões, sobre as práticas educacionais e a 
desigualdade social, surgiu o documento denominado Declaração de Salamanca e 
Linhas de Ação sobre Necessidades Educativas Especiais, no qual se evidenciou 
a necessidade de combater as atitudes discriminatórias, conforme vemos em 
Brasil (1994, p. 17-18):
O princípio fundamental desta Linha de Ação é de que as 
escolas devem acolher todas as crianças, independentemente 
de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, 
linguísticas ou outras. Devem acolher crianças com deficiência 
e crianças bem-dotadas; crianças que vivem nas ruas e que 
trabalham; crianças de populações distantes ou nômades; 
crianças de minorias linguísticas, étnicas ou culturais e crianças 
de outros grupos e zonas desfavorecidas ou marginalizados.
 
Adiante são apresentados alguns dos itens discutidos nesse documento, que mos-
tram as ações indicadas para uma perspectiva de educação para todos. Eles per-
passam, tanto dos conceitos da educação especial, quanto da estrutura escolar, 
profissionais envolvidos, capacitação, recursos financeiros, participação da famí-
lia, mercado de trabalho e outros. Seguem alguns recortes do documento pertinen-
tes para estudo e compreensão. Assim, proclama-se que:
• toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser 
dada a oportunidade de atingir e manter o nível adequado de 
aprendizagem; 
• toda criança possui características, interesses, habilidades e 
necessidades de aprendizagem que são únicas; 
• sistemas educacionais deveriam ser designados e programas 
educacionais deveriam ser implementados no sentido de se 
levar em conta a vasta diversidade de tais características e 
necessidades; 
• aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter 
acesso à escola regular, que deveria acomodá-los dentro de 
uma Pedagogia centrada na criança, capaz de satisfazer a tais 
necessidades;
• escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva 
constituem os meios mais eficazes de combater atitudes 
discriminatórias criando-se comunidades acolhedoras, 
construindo uma sociedade inclusiva e alcançando educação 
para todos; além disso, tais escolas provêm uma educação 
efetiva à maioria das crianças e aprimoram a eficiência e, 
em última instância, o custo da eficácia de todo o sistema 
educacional. (BRASIL, 1994, p. 1)
Propondo a todos os governos que (BRASIL, 1994, p. 1-2):
53
O Direito à Diferença na Igualdade de Direitos: 
Aspectos Legais
 Capítulo 3 
• atribuam a mais alta prioridade política e financeira ao 
aprimoramento de seus sistemas educacionais no sentido 
de se tornarem aptos a incluírem todas as crianças, 
independentemente de suas diferenças ou dificuldades 
individuais;
• adotem o princípio de educação inclusiva em forma de lei 
ou de política, matriculando todas as crianças em escolas 
regulares, a menos que existam fortes razões para agir de 
outra forma; 
• desenvolvam projetos de demonstração e encorajem 
intercâmbios em países que possuam experiências de 
escolarização inclusiva; 
• estabeleçam mecanismos participatórios e descentralizados 
para planejamento, revisão e avaliação de provisão educacional 
para crianças e adultos com necessidades educacionais 
especiais;
• encorajem e facilitem a participação de pais, comunidades 
e organizações de pessoas portadoras de deficiências nos 
processos de planejamento e tomada de decisão concernentes 
à provisão de serviços para necessidades educacionais 
especiais; 
• invistam maiores esforços em estratégias de identificação e 
intervenção precoces, bem como nos aspectos vocacionais da 
educação inclusiva; 
• garantam que, no contexto de uma mudança sistêmica, 
programas de treinamento de professores, tanto em serviço 
como durante a formação, incluam a provisão de educação 
especial dentro das escolas inclusivas. 
Na estrutura de ação, esclarece como termos (BRASIL, 1994, p. 3-4):
[...] necessidades educacionais especiais, refere-se a todas 
aquelas crianças ou jovens cujas necessidades educacionais 
especiais se originam em função de deficiências ou dificuldades 
de aprendizagem. Muitas crianças experimentam dificuldades 
de aprendizagem e, portanto, possuem necessidades 
educacionais especiais em algum ponto durante a sua 
escolarização. Escolas devem buscar formas de educar tais 
crianças bem-sucedidamente, incluindo aquelas que possuam 
desvantagens severas. Existe um consenso emergente de que 
crianças e jovens com necessidades educacionais especiais 
devam ser incluídas em arranjos educacionais feitos para a 
maioria das crianças.
E reforça a importância da educação inclusiva (BRASIL, 1994, p. 4-5):
6. [...] O desafio que confronta a escola inclusiva é no que 
diz respeito ao desenvolvimento de uma pedagogia centrada 
na criança e capaz de bem sucedidamente educar todas as 
crianças, incluindo aquelas que possuam desvantagens severa. 
O mérito de tais escolas não reside somente no fato de que 
54
 EDUCAÇÃO INTEGRAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA
elas sejam capazes de prover uma educação de alta qualidade 
a todas as crianças: o estabelecimento de tais escolas é um 
passo crucial no sentido de modificar atitudes discriminatórias, 
de criar comunidades acolhedoras e de desenvolver uma 
sociedade inclusiva. [...]
7. Princípio fundamental da escola inclusiva é o de que todas 
as crianças devem aprender juntas, sempre que possível, 
independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenças 
que elas possam ter. Escolas inclusivas devem reconhecer 
e responder às necessidades diversas de seus alunos, 
acomodando ambos os estilos e ritmos de aprendizagem e 
assegurando uma educação de qualidade a todos através de 
um currículo apropriado, arranjos organizacionais, estratégias 
de ensino, uso de recurso e parceria com as comunidades [...]
8. Dentro das escolas inclusivas, crianças com necessidades 
educacionais especiais deveriam receber qualquer suporte 
extra requerido para assegurar uma educação efetiva. 
Educação inclusiva é o modo mais eficaz para construção de 
solidariedade entre crianças com necessidades educacionais 
especiais e seus colegas. O encaminhamento de crianças 
a escolas especiais ou a classes especiais ou a sessões 
especiais dentro da escola em caráter permanente deveria 
constituir exceções, a ser recomendado somente naqueles 
casos infrequentes onde fique claramente demonstrado que 
a educação na classe regular seja incapaz de atender às 
necessidades educacionais ou sociais da criança ou quando 
sejam requisitados em nome do bem-estar da criança ou de 
outras crianças.
Da política e organização (BRASIL, 1994, p. 6-7):
16. Políticas educacionais em todos os níveis, do nacional ao 
local, deveriam estipular que a criança portadora de deficiência 
deveria frequentar a escola de sua vizinhança: ou seja, a escola 
que seria frequentada caso a criança não portasse nenhuma 
deficiência. Exceções à esta regra deveriam ser consideradas 
individualmente, caso por caso, em casos em que a educação 
eminstituição especial seja requerida.
17. A prática de desmarginalização de crianças portadoras de 
deficiência deveria ser parte integrante de planos nacionais que 
objetivem atingir educação para todos. Mesmo naqueles casos 
excepcionais em que crianças sejam colocadas em escolas 
especiais, a educação dela não precisa ser inteiramente 
segregada. Frequência em regime não integral nas escolas 
regulares deveria ser encorajada
[...]
19. Políticas educacionais deveriam levar em total consideração 
as diferenças e situações individuais. A importância da 
linguagem de signos como meio de comunicação entre os 
surdos, por exemplo, deveria ser reconhecida e provisão 
deveria ser feita no sentido de garantir que todas as pessoas 
surdas tenham acesso à educação em sua língua nacional de 
55
O Direito à Diferença na Igualdade de Direitos: 
Aspectos Legais
 Capítulo 3 
signos. Devido às necessidades particulares de comunicação 
dos surdos e das pessoas surdas/cegas, a educação deles 
pode ser mais adequadamente provida em escolas especiais 
ou classes especiais e unidades em escolas regulares. 
[...]
26. O currículo deveria ser adaptado às necessidades das 
crianças, e não vice-versa. Escolas deveriam, portanto, prover 
oportunidades curriculares que sejam apropriadas a criança 
com habilidades e interesses diferentes. 
27. Crianças com necessidades especiais deveriam receber 
apoio instrucional adicional no contexto do currículo regular, 
e não de um currículo diferente. O princípio regulador deveria 
ser o de providenciar a mesma educação a todas as crianças, 
e também prover assistência adicional e apoio às crianças que 
assim o requeiram. 
[...]
29. Para que o progresso da criança seja acompanhado, 
formas de avaliação deveriam ser revistas. Avaliação formativa 
deveria ser incorporada no processo educacional regular no 
sentido de manter alunos e professores informados do controle 
da aprendizagem adquirida, bem como no sentido de identificar 
dificuldades e auxiliar os alunos a superá-las.
30. Para crianças com necessidades educacionais especiais 
uma rede contínua de apoio deveria ser providenciada, 
com variação desde a ajuda mínima na classe regular até 
programas adicionais de apoio à aprendizagem dentro da 
escola e expandindo, conforme necessário, à provisão de 
assistência dada por professores especializados e pessoal de 
apoio externo.
31. Tecnologia apropriada e viável deveria ser usada quando 
necessário para aprimorar a taxa de sucesso no currículo 
da escola e para ajudar na comunicação, mobilidade e 
aprendizagem. [...]
 
Ainda, sobre a administração da escola (BRASIL, 1994, p. 9-10):
34. Diretores de escola têm a responsabilidade especial de 
promover atitudes positivas através da comunidade escolar 
e via arranjando uma cooperação efetiva entre professores 
de classe e pessoal de apoio. Arranjos apropriados para o 
apoio e o exato papel a ser assumido pelos vários parceiros 
no processo educacional deveria ser decidido através de 
consultoria e negociação.
35. Cada escola deveria ser uma comunidade coletivamente 
responsável pelo sucesso ou fracasso de cada estudante. O 
grupo de educadores, ao invés de professores individualmente, 
deveria dividir a responsabilidade pela educação de crianças 
com necessidades especiais. Pais e voluntários deveriam ser 
convidados assumir participação ativa no trabalho da escola. 
Professores, no entanto, possuem um papel fundamental 
enquanto administradores do processo educacional, apoiando 
as crianças através do uso de recursos disponíveis, tanto 
dentro como fora da sala de aula.
56
 EDUCAÇÃO INTEGRAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA
 Além disso, também recomenda a participação dos alunos com deficiência 
nas áreas prioritárias de atendimento (BRASIL, 1994, p. 12-13):
Educação infantil
51. O sucesso de escolas inclusivas depende em muito da 
identificação precoce, avaliação e estimulação de crianças 
pré-escolares com necessidades educacionais especiais. 
Assistência infantil e programas educacionais para crianças 
até a idade de 6 anos deveriam ser desenvolvidos e/ou 
reorientados no sentido de promover o desenvolvimento físico, 
intelectual e social e a prontidão para a escolarização.
[...]
Preparação para a vida adulta 
53. Jovens com necessidades educacionais especiais 
deveriam ser auxiliados no sentido de realizarem uma transição 
efetiva da escola para o trabalho. Escolas deveriam auxiliá-
los a se tornarem economicamente ativos e provê-los com 
as habilidades necessárias ao cotidiano da vida, oferecendo 
treinamento em habilidades que correspondam às demandas 
sociais e de comunicação e às expectativas da vida adulta. [...]
 
Enfatiza a participação da família e comunidade (BRASIL, 1994, p. 13-14):
57. A educação de crianças com necessidades educacionais 
especiais é uma tarefa a ser dividida entre pais e profissionais. 
Uma atitude positiva da parte dos pais favorece a integração 
escolar e social. 
[...]
Procedimentos-Padrões das Nações Unidas para a 
Equalização de Oportunidades para Pessoas Portadoras de 
Deficiências, A/RES/48/96, Resolução das Nações Unidas 
adotada em Assembleia Geral
Referência: Declaração de Salamanca
 
A Declaração de Salamanca foi um documento fundamental para 
impulsionar novas práticas educacionais que beneficiassem as pessoas 
com deficiência, valorizando a busca pelo repensar do espaço escolar 
e os rumos da educação especial, a fim de assegurar condições de 
acesso, participação e aprendizagem de todos, concebendo a escola 
como uma instituição que reconhece as diferenças.
A Declaração de 
Salamanca foi 
um documento 
fundamental para 
impulsionar novas 
práticas educacionais 
que beneficiassem 
as pessoas 
com deficiência, 
valorizando a busca 
pelo repensar do 
espaço escolar e os 
rumos da educação 
especial.
57
O Direito à Diferença na Igualdade de Direitos: 
Aspectos Legais
 Capítulo 3 
Atividade de Estudos:
1) A Declaração de Salamanca foi um dos principais movimentos 
da educação especial inclusiva, muito significativa para a época, 
um marco para as políticas públicas e, consequentemente, 
estratégias educacionais. Pontue os principais aspectos desse 
documento, de acordo com cada área de ação desenvolvida no 
texto:
a) Ações do governo: 
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b) Políticas educacionais:
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c) Administração da escola:
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d) Família e comunidade:
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58
 EDUCAÇÃO INTEGRAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Política Nacional de Educação 
Especial
A Política Nacional de Educação Especial de 1994 ficou conhecida como 
um documento que veio na contramão dos movimentos de educação para todos. 
Utilizou como foco o paradigma ainda integracionista, dando ênfase ao modelo 
clínico de deficiência e o caráter incapacitante

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