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_____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas ELETROCARDIOGRAMA – GUIA DE BOLSO PARA APRENDIZAGEM EM HABILIDADES CLÍNICAS PAULO FERNANDO PIMENTA DE SOUZA ELTON CARDOSO PINHEIRO JAMILLE ISABELLE SANTOS SEMBER JEANNE SEABRA NEGRÃO LIMA DA SILVA JULIANA JOYCE CHAVES DE LIMA LORENA BATISTA DE LEMOS GHAMMACHI 1ª Edição Belém – Pará 2020 _____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas _____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas _____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas Eletrocardiograma – Guia de bolso para aprendizagem em habilidades clínicas Paulo Fernando Pimenta de Souza Editoração Eletrônica por Rafael de Azevedo Silva Ficha Catalográfica Todos os direitos estão autorais e estão reservados e protegidos pela lei nº 9610 de 19 de fevereiro de 1998. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Paulo Fernando Pimenta de Souza Eletrocardiograma – Guia de bolso para aprendizagem em habilidades clínicas / Paulo Fernando Pimenta de Souza – Belém, 2020 ISBN: 978-65-00-01712-0 1.Manual; 2. Médicos; 3. Cardiologia; 4. Eletrocardiograma _____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas REPRODUÇÃO PROIBIDA Nenhuma parte desta obra, ou sua totalidade poderá ser reproduzida sem a permissão por escrito dos autores, quer por meio de fotocópias, fotografias, “scanner”, meios mecânicos e/ou eletrônicos ou quaisquer outros meios de reprodução ou gravação. Os infratores estarão sujeitos a punição pela lei 5.988, de dezembro de 1973, artigos 122-130 e pela lei do Direito Autoral, no 9.610/98. Direitos de cópias / Copyright 2019© por / by / Paulo Fernando Pimenta de Souza / Belém, Pará, Brasil _____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas CRÉDITOS AUTOR - ORGANIZADOR Paulo Fernando Pimenta de Souza: Médico pela Universidade Federal do Pará (UFPA), Residência em Cardiologia Clínica pela Associação do Sanatório Sírio Hospital do Coração, HCOR, Mestre em Doenças Tropicais pela Universidade Federal do Pará (UFPA), Doutorando em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e Docente de Medicina do Centro Universitário Metropolitano da Amazônia (UNIFAMAZ). _____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas AUTOR - COLABORADOR Elton Cardoso Pinheiro: Acadêmico do 12º período do curso de Medicina pelo Centro Universitário Metropolitano da Amazônia (UNIFAMAZ), Belém-Pará, Fundador do Projeto de Extensão Interação e Integralidade no Cuidado em Saúde. Jamille Isabelle Santos Sember: Acadêmica do 12º período do curso de Medicina pelo Centro Universitário Metropolitano da Amazônia (UNIFAMAZ), Belém-Pará, Ex-Diretora de Estágio e Extensão da Liga Acadêmica de Gastroenterologia do Pará (LIGASTRO), Estagiou em Gastropediatria da Liga Acadêmica Paraense de Pediatria Clínica e Cirúrgica (LAPPECC), Estagiou na Linha de Microcirurgia e foi monitora do Laboratório de Cirurgia Experimental da Universidade do Estado do Pará (UEPA), Ex-Monitora de Habilidades Clínicas pelo Centro Universitário Metropolitano da Amazônia (UNIFAMAZ), Ex-Monitora de Habilidades Cirúrgicas pelo Centro Universitário Metropolitano da Amazônia (UNIFAMAZ), Estagiou em Clínica Médica na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMP), Estagiária do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, Belém-PA, Membro do Projeto de Extensão Manual de Gastroenterologia do UNIFAMAZ (UNIFAMAZ). Jeanne Seabra Negrão Lima da Silva: Acadêmica do 12º período do curso de Medicina pelo Centro Universitário Metropolitano da Amazônia (UNIFAMAZ), Belém-Pará, Ex-Ligante da Liga Acadêmica de Transplante de Órgãos do Pará (LATOP), Estagiou na Divisão de Nefrologia do Hospital Ophir Loyola (HOL), Estagiou no setor de Divisão de Transplante de Fígado e Órgãos do Aparelho Digestivo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP – São Paulo-SP), Fundadora do Projeto de Extensão Interação e Integralidade no Cuidado em Saúde (UNIFAMAZ) e Membro do Projeto de Extensão Rios da Minha Aldeia (UNIFAMAZ). _____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas Juliana Joyce Chaves de Lima: Acadêmica do 12º semestre do curso de Medicina no Centro Universitário Metropolitano da Amazônia (UNIFAMAZ), Belém - Pará; Ex-Diretora de Estágio e Extensão da Liga Acadêmica de Gastroenterologia do Pará - LIGASTRO; Ex-Sócia e Fundadora da Rede Paraense de Parasitologia; Ex-Membro da Liga Acadêmica Paraense de Saúde da Mulher - LAPASM; Estagiou em Ginecologia e Obstetrícia no Centro Social Santo Agostinho e em Ginecologia e Obstetrícia no Hospital Venerável Ordem Terceira de São Francisco (HOT); Estagiou em Clínica Médica em Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMPA). Lorena Batista de Lemos Ghammachi: Acadêmica do 12º período do curso de Medicina pelo Centro Universitário Metropolitano da Amazônia (UNIFAMAZ), Belém-Pará, Ex-Ligante da Liga Acadêmica de Transplante de Órgãos do Pará (LATOP), Estagiou na Divisão de Nefrologia do Hospital Ophir Loyola (HOL), Estagiou em cirurgia do aparelho digestivo e em transplante de fígado, pâncreas e rim no grupo Hepato do Hospital Bandeirantes (São Paulo – SP), Estagiou no setor de Divisão de Transplante de Fígado e Órgãos do Aparelho Digestivo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP – São Paulo-SP), Fundadora do Projeto de Extensão Interação e Integralidade no Cuidado em Saúde (UNIFAMAZ). _____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas PREFÁCIO Este manual de Eletrocardiograma para Docentes e Discentes é uma iniciativa louvável de alguns alunos do curso de Medicina da UNIFAMAZ, sob a coordenação do Professor Paulo Pimenta, e tem por objetivo facilitar a interpretação pelos alunos da área de saúde, professores e colegas generalistas. Está muito bem elaborado, claro e de fácil leitura, mostrando os pontos principais da eletrocardiografia. Foi dividido em três capítulos. O primeiro dá noções básicas; o segundo aborda o eletrocardiograma como atividade prática; e o terceiro discorre sobre as principais alterações eletrocardiográficas. Este método com mais de cem anos de existência, continua sendo de grande importância e muitas vezes não valorizado pela falta de conhecimento. Com este manual, teremos um companheiroconstante para condutas em todos os momentos, desde a realização até a interpretação do eletrocardiograma. Maria Elizabeth Navegantes Caetano Costa Médica pela Universidade do Estado do Pará (UEPA), Cardiologista pelo Hospital São Joaquim da Real Benemérita Sociedade Portuguesa da Beneficente, Mestre em Medicina pela Escola Paulista de Medicina (EPM), docente do curso de Medicina do Centro Universitário Metropolitano da Amazônia (UNIFAMAZ) _____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas INTRODUÇÃO O eletrocardiograma é um método complementar de diagnóstico das funções da atividade elétrica do coração que fornece grandes informações como: doenças isquêmicas, aumentos de câmaras e distúrbios de ritmo cardíaco sendo largamente utilizado nos serviços de urgência e emergência. Percebe-se que apesar de ser utilizado há mais de 100 anos, existem ainda grande resistência e dificuldade de aprendizado por parte de alunos e professores ou médicos generalistas. Este trabalho, portanto, tem como finalidade realizar uma abordagem contextualizada para alunos e professores de Habilidades Clínicas do Curso de Medicina da UNIFAMAZ, que desejam utilizá-lo como guia de ensino-aprendizagem, durante todo o curso de graduação. Considero também que esta simples iniciativa, compilada de experts de alguns autores, deverá ser um marco inicial para dar continuidade e aprofundamento do método no decorrer do curso, promovendo novos contatos do exame durante a formação médica, além da possibilidade da confecção de futuros livros por parte da equipe de docentes que trabalham neste módulo. Este trabalho está divido em três capítulos: Capítulo 1: Noções básicas teóricas; Capítulo 2: Atividade prática; Capítulo 3: Principais alterações eletrocardiográficas e também acompanha traçados eletrocardiográficos para ilustrar e facilitar o aprendizado. Paulo Fernando Pimenta de Souza _____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas AGRADECIMENTOS À Deus que nos deu o dom da vida para que pudéssemos nesta profissão ajudar e acolher o próximo através da sua sabedoria. À nossa família e amigos que sempre estiveram presentes e que nos apoiaram em momentos bons e difíceis. Ao professor Paulo Pimenta que esteve presente conosco desde o início do Curso de Medicina nos ensinando com sua bondade, paciência, conhecimento e que gentilmente nos permitiu auxiliá-lo na confecção deste manual. Aos técnicos Marilzo e Fábio que possibilitam o desenvolvimento das aulas teóricas e práticas através do apoio logístico em nosso ambulatório de habilidades clínicas. Elton Cardoso Pinheiro Jamille Isabelle Santos Sember Jeanne Seabra Negrão Lima da Silva Juliana Joyce Chaves de Lima Lorena Batista de Lemos Ghammachi _____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas LISTA DE FIGURAS Figura 1. Ondas, intervalos e segmentos no traçado de ECG .................................................... 17 Figura 2. Traçado de ECG básico e normal ............................................................................... 20 Figura 3. Posição dos eletrodos precordiais ............................................................................... 21 Figura 4. Posição dos eletrodos dos membros ............................................................................ 22 Figura 5. Papel quadriculado do ECG ....................................................................................... 23 Figura 6. Ondas da atividade elétrica ........................................................................................ 23 Figura 7. Etapas de colocação dos eletrodos .............................................................................. 26 Figura 8. Ritmo cardíaco regular ............................................................................................... 27 Figura 9. Ritmo cardíaco irregular ............................................................................................ 28 Figura 10. Espaço PR ................................................................................................................. 28 Figura 11. Espaço QRS .............................................................................................................. 28 Figura 12. Segmento ST ............................................................................................................. 29 Figura 13. Traçado normal com morfologia de ondas T, segmento ST e complextos QRS ...... 29 Figura 14. Contagem da frequência cardíaca ............................................................................ 30 Figura 15. Bloqueio de ramo esquerdo ...................................................................................... 32 Figura 16. Bloqueio de ramo direito .......................................................................................... 33 Figura 17. Bloqueio atrioventricular de 1º grau ........................................................................ 33 Figura 18. Bloqueio atrioventricular de 2º Grau Mobtz I ......................................................... 34 Figura 19. Bloqueio atrioventricular de 2º Grau 2:1 ................................................................. 35 Figura 20. Bloqueio atrioventricular total ................................................................................. 35 Figura 21. Extrassístole atrial .................................................................................................... 36 Figura 22. Extrassístole ventricular ........................................................................................... 36 Figura 23. Ritmo juncional......................................................................................................... 37 Figura 24. Taquicardia sinusal ................................................................................................... 37 Figura 25. Flutter atrial.............................................................................................................. 38 Figura 26. Fibrilação atrial ........................................................................................................ 38 Figura 27. Taquicardia supraventricular .................................................................................. 39 Figura 28. Taquicardia ventricular monomórfica ..................................................................... 39 Figura 29. Bradicardia sinusal ................................................................................................... 40 Figura 30. Parada sinusal ........................................................................................................... 40 Figura 31. Isquemia miocárdica em D1, AVL, V4, V5 e V6 ...................................................... 41 Figura 32. Isquemia miocárdica ................................................................................................. 41 Figura 33. Lesão miocárdica (Supradesnivelamento de ST) ..................................................... 41 Figura 34. Lesão miocárdica com supradesnivelamento de ST em V1, V2, V3 e V4 ................ 42 Figura 35. Lesão miocárdica (Infradesnivelamento de ST) ....................................................... 42 Figura 36. Lesão miocárdica com infradesnivelamento de ST em V3, V4, V5 e V6 .................. 42 Figura 37. Onda Q Patológica ....................................................................................................43 Figura 38. Onda Q patológica em D2, D3, AVF e V6 ................................................................ 43 _____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas _____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas Sumário CAPÍTULO 1: O ELETROCARDIOGRAMA NORMAL: NOÇÕES BÁSICAS ............................................. 15 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 16 OBJETIVOS ................................................................................................................................ 16 INDICAÇÕES ............................................................................................................................. 16 CONTRAINDICAÇÕES .............................................................................................................. 16 MÉTODO .................................................................................................................................... 16 COMPLICAÇÕES ....................................................................................................................... 17 LIMITAÇÕES ............................................................................................................................. 17 EVENTOS DO ECG .................................................................................................................... 17 ELETROFISIOLOGIA: A Atividade elétrica do coração .............................................................. 19 O TRAÇADO BÁSICO DO ECG................................................................................................. 20 AS DERIVAÇÕES DO ECG........................................................................................................ 21 O PAPEL DE ECG ...................................................................................................................... 22 INTERPRETAÇÃO DO ELETROCARDIOGRAMA BÁSICO .................................................... 23 CAPÍTULO 2: ATIVIDADE PRÁTICA ............................................................................................................ 25 ETAPAS DA REALIZAÇÃO DO PROCEDIMENTO ................................................................. 26 ANÁLISE DO RESULTADO E INTERPRETAÇÃO ................................................................... 26 ANÁLISE DO RITMO CARDÍACO ............................................................................................ 27 ANÁLISE DO ESPAÇO PR ......................................................................................................... 27 ANÁLISE DE QRS ...................................................................................................................... 28 ANÁLISE DO SEGMENTO ST............................................................................................... ......... 28 ANÁLISE DAS ONDAS T............................................................................................... ................ 29 ANÁLISE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA.....................................................................................30 CAPÍTULO 3: PRINCIPAIS ALTERAÇÕES ELETROCARDIOGRÁFICAS.................................................. 31 BLOQUEIOS............................................................................................... ..................................... 32 TAQUIARRITMIAS...........................................................................................................................35 BRADIARRITMIAS .................................................................................................................... 39 DOENÇA ISQUÊMICA DO MIOCÁRDIO ................................................................................. 40 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................... 44 _____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas CAPÍTULO 1 O ELETROCARDIOGRAMA: NOÇÕES BÁSICAS TEÓRICAS Paulo Fernando Pimenta de Souza Elton Cardoso Pinheiro Jamille Isabelle Santos Sember Jeanne Seabra Negrão Lima da Silva Juliana Joyce Chaves de Lima Lorena Batista de Lemos Ghammachi 15 https://www.google.com.br/url?sa=i&url=https://www.famaz.edu.br/novoportal/&psig=AOvVaw01PCLCgZkpcNPZxLD5N3Og&ust=1587059521377000&source=images&cd=vfe&ved=0CAIQjRxqFwoTCICw3sv_6ugCFQAAAAAdAAAAABAD https://www.google.com.br/url?sa=i&url=https://www.famaz.edu.br/novoportal/&psig=AOvVaw01PCLCgZkpcNPZxLD5N3Og&ust=1587059521377000&source=images&cd=vfe&ved=0CAIQjRxqFwoTCICw3sv_6ugCFQAAAAAdAAAAABAD _____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas O ELETROCARDIOGRAMA NORMAL: NOÇÕES BÁSICAS INTRODUÇÃO O Eletrocardiograma (ECG) é o registro gráfico da atividade elétrica do coração, realizado em aparelho chamado eletrocardiógrafo. Podemos dizer que nosso coração é movido à eletricidade, então este exame detecta a sua atividade elétrica. Cada batimento, cada contração, cada movimento das válvulas são comandados por pequenos impulsos elétricos gerados no próprio coração. Com o ECG identificamos os padrões normais de geração e transmissão dos impulsos elétricos. OBJETIVOS Analisar o ritmo cardíaco; Avaliar a integridade da condução do estímulo através do sistema de condução do coração. Detectar eventuais sobrecargas das cavidades cardíacas e zonas correspondentes à ausência de atividade elétrica. INDICAÇÕES São bastante amplas. Hoje o ECG é parte integrante de uma consulta cardiológica, especialmente na primeira consulta. CONTRAINDICAÇÕES Praticamente não existem, a não ser que, em especial situação clínica, não se consiga colocar os eletrodos para o registro ou se o indivíduo não for capaz de permanecer em repouso para sua execução. MÉTODO Inicialmente explicar ao paciente cada etapa do processo. O ambiente da sala deve estar com temperatura agradável (nem muito quente nem muito frio). O paciente deve estar descansado há pelo menos 10 minutos, sem ter fumado tabaco há pelo menos 40 minutos e estar calmo. Deve ser investigado quanto ao uso de remédios que esteja usando, ou que costume usar esporadicamente. 16 _____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas Estando o paciente deitado, relaxado, realiza-se a limpeza da pele - nos punhos e tornozelos direitos e esquerdos e em seis pontos do tórax - com gaze embebida em álcool. Em seguida é colocado gel condutor, para evitar interferências durante o exame, como explicado a seguir: a- Em decúbito dorsal, determinar a posição das derivações precordiais (V1 a V6); em seguida é colocado o gel de condução nos locais pré-determinados, como sendo a zona precordial; às vezes é necessário uma tricotomia em parte do precórdio. b- Palmas das mãos viradas para cima, determinar as derivações dos membros (D1, D2, D3, AVR, AVL e AVF); c- Conectar os eletrodos ao electrocardiografo d- O eletrocardiógrafo capta os sinais elétricos do coração registrando-os em papel quadriculado.COMPLICAÇÕES Excepcionalmente poderão ocorrer reações alérgicas leves nos locais de abrasão da pele devido ao preparo ou a ação do álcool e ou gel condutor, em pessoas susceptíveis. LIMITAÇÕES O eletrocardiograma poderá resultar normal em pessoas com reconhecida doença cardíaca. A valorização do laudo só pode ser feita à luz do contexto do quadro clínico do paciente. EVENTOS DO ECG Figura 1: Ondas, intervalos e segmentos no traçado de ECG. 17 _____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas Onda P Corresponde à despolarização atrial, sendo a sua primeira componente relativa ao atrio direiro e a segunda relativa ao atrio esqueredo. A sobreposição das suas componentes gera a morfologia tipicamente arredondada. Tamanho normal: Altura: 2,5 mm, comprimento: 3,0 mm, sendo avaliada em DII. A Sobrecarga atrial causa um aumento na altura e/ou duração da Onda P. Complexo QRS Corresponde a despolarização ventricular. É maior que a onda P pois a massa muscular dos ventrículos é maior que a dos átrios, os sinais gerados pela despolarização ventricular são mais fortes do que os sinais gerados pela repolarização atrial. Anormalidades no sistema de condução geram complexos QRS alargados. Onda T Corresponde a repolarização ventricular. Normalmente é perpendicular e arredondada e a sua inversão pode indicar processo isquêmico. Onda U A onda U, nem sempre registrada no ECG, corresponde a repolarização dos Músculos Papilares. Onda T atrial A onda T atrial, geralmente não aparece no ECG, pois é "camuflada" pela Repolarização Ventricular. Ela corresponde a Repolarização Atrial, e quando aparece possui polaridade inversa a onda T - Repolarização Ventricular. Intervalo PR É o intervalo entre o início da onda P e início do complexo QRS. É um indicativo da velocidade de condução entre os átrios e os ventrículos e corresponde ao tempo de condução do impulso elétrico desde o nódo atrio-ventricular até aos ventrículos. O espaço é uma linha isoelétrica entre a onda P e o complexo QRS é provocado pelo retardo do impulso elétrico no tecido fibroso que está localizado entre átrios e ventrículos, a passagem por esse tecido impede que o impulso seja captado devidamente, pois o tecido fibroso não é um bom condutor de eletricidade (Figura 1). 18 _____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas ELETROFISIOLOGIA: A Atividade elétrica do coração O estímulo elétrico nasce no próprio coração, em uma região chamada de nodo sinusal (ou nó sinusal), localizado no ápice no átrio direito. O nodo sinusal produz continuamente e de modo regular, impulsos elétricos que se propagam por todo o coração, induzindo a contração dos músculos cardíacos. Portanto, um coração em ritmo sinusal é aquele em que os estímulos elétricos estão sendo normalmente gerados pelo nodo sinusal e ao se distribuírem por todo o músculo cardíaco induzem a entrada de íons de cálcio nas células do coração, um processo chamado de despolarização elétrica. A despolarização estimula a contração do músculo. Após a contração, grandes quantidades dos íons potássio saem das células, num processo chamado de repolarização, que prepara as células musculares para nova despolarização. Enquanto não houver repolarização, a célula muscular não consegue se contrair novamente, por mais que receba estímulos elétricos. Ocorre despolarização primeiro do átrio direito e depois o átrio esquerdo. Após passar pelos dois átrios, o impulso elétrico chega ao nodo atrioventricular, na divisão entre os átrios e o ventrículo. Neste momento, o impulso sofre um pequeno retardo, que serve para que os átrios se contraiam antes dos ventrículos. No nodo atrioventricular, após alguns milissegundos de espera, o impulso elétrico é transmitido para os dois ventrículos, fazendo com que suas células se despolarizem, causando a contração cárdica e o bombeamento do sangue pelo coração. O impulso elétrico demora 0,19 segundo para percorrer todo o coração. 19 _____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas O TRAÇADO BÁSICO DO ECG Figura 2: Traçado de ECG básico e normal. O traçado do eletrocardiograma é composto basicamente por 5 elementos: onda P, intervalo PR, complexo QRS, segmento ST e onda T. A onda P é o traçado que corresponde à despolarização dos átrios (contração dos átrios). O intervalo PR é o tempo entre o início da despolarização dos átrios e dos ventrículos. O complexo QRS é a despolarização dos ventrículos (contração dos ventrículos). O segmento ST é o tempo entre o fim da despolarização e o início da repolarização dos ventrículos. A onda T é a repolarização dos ventrículos, que passam a ficar aptos para nova contração. Cada batimento cardíaco é composto por uma onda P, um complexo QRS e uma onda T. Obs.1: A repolarização dos átrios ocorre ao mesmo tempo da despolarização dos ventrículos, por isso, ela não aparece no ECG, ficando encoberta pelo complexo QRS. 20 http://4.bp.blogspot.com/-zLcWda3E4Uo/UACrCa4UAXI/AAAAAAAAZkg/LQJ6hPzDu5o/s1600/ECG2.jpg http://4.bp.blogspot.com/-zLcWda3E4Uo/UACrCa4UAXI/AAAAAAAAZkg/LQJ6hPzDu5o/s1600/ECG2.jpg _____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas Obs.2: O complexo QRS pode ter várias aparências, dependendo da derivação em que ele é visualizado. AS DERIVAÇÕES DO ECG Todo esse percurso do impulso elétrico é captado e interpretado pelo eletrocardiograma através de traçados. As várias posições dos eletrodos são usadas para captar diferentes ângulos do coração, como se fossem várias câmeras voltadas para cada uma das partes do órgão. O ECG habitual possui 12 derivações, que são como 12 ângulos diferentes que acompanham simultaneamente a propagação da atividade elétrica. Estas 12 derivações cobrem boa parte do tecido cardíaco. São chamadas de: Derivações precordiais: V1, V2, V3, V4, V5 e V6 (Figura 3) Derivações dos membros: D1, D2, D3, aVR, aVL, aVF (Figura 4) Figura 3: Posição dos eletrodos precordiais. 21 _____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas Figura 4: Posição dos eletrodos dos membros. O PAPEL DE ECG Papel quadriculado, dividido em quadrados pequenos de 1 mm 1 quadradinho = 0,04 segundos. Cada grupo de 5 quadradinhos compreendem um quadrado maior, delimitado por uma linha mais grossa. 1 quadrado maior = 0,20 segundos 22 _____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas Figura 5: Papel quadriculado de ECG. Figura 6: Ondas da atividade elétrica. INTERPRETAÇÃO DO ELETROCARDIOGRAMA BÁSICO Frequência cardíaca: 50 a 100 bpm. Ritmo: a- Normal: sinusal - Onda P presente, precedendo o QRS, positiva em D1 e D2, e negativa em AVR, indicando ritmo sinusal; costuma ter 0,12 segundos de duração. b- Regular ou irregular - De acordo com os intervalos R-R. Intervalo PR: Duração entre 0,12 e 0,20 segundos. Complexo QRS: Duração entre 0,06 e 0,10 segundos. Se maior equivale a bloqueio de ramo. 23 _____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas Segmento ST: Nivelado com a linha de base Ondas T: Geralmente positivas na maioriadas derivações, e são sempre negativas em AVR, e pode ser negativa em V1,V2 e D3. 24 _____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas CAPÍTULO 2 ELETROCARDIOGRAMA ATIVIDADE PRÁTICA Paulo Fernando Pimenta de Souza Elton Cardoso Pinheiro Jamille Isabelle Santos Sember Jeanne Seabra Negrão Lima da Silva Juliana Joyce Chaves de Lima Lorena Batista de Lemos Ghammachi 25 https://www.google.com.br/url?sa=i&url=https://www.famaz.edu.br/novoportal/&psig=AOvVaw01PCLCgZkpcNPZxLD5N3Og&ust=1587059521377000&source=images&cd=vfe&ved=0CAIQjRxqFwoTCICw3sv_6ugCFQAAAAAdAAAAABAD https://www.google.com.br/url?sa=i&url=https://www.famaz.edu.br/novoportal/&psig=AOvVaw01PCLCgZkpcNPZxLD5N3Og&ust=1587059521377000&source=images&cd=vfe&ved=0CAIQjRxqFwoTCICw3sv_6ugCFQAAAAAdAAAAABAD _____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas ATIVIDADE PRÁTICA ETAPAS DA REALIZAÇÃO DO PROCEDIMENTO a- Conectar o cabo dos eletrodos no aparelho; b- Conectar o cabo do aparelho em uma corrente elétrica; c- O paciente deve ficar deitado e relaxado; d- Limpar a pele nos pontos de colocação dos eletrodos com gaze e álcool, previamente. e- Aplicar uma fina camada de gel condutor na pele do paciente, nos locais de colocação dos eletrodos, para um bom contato e facilitar a captação elétrica; f- Colocar os eletrodos nos membros conforme as especificações das derivações; g- Colocar os eletrodos na região precordial conforme as especificações das derivações; h- Efetuar o registro com 12 derivações; i- Identificar o traçado: calibração, nome, data, hora do registro, sexo, idade, condição clínica e medicação em uso. Figura 7: Etapas de colocação dos eletrodos. ANÁLISE DO RESULTADO E INTERPRETAÇÃO Critérios de ECG normal Onda P positiva em D1 e D2, negativa em aVR e precedendo cada QRS 26 _____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas Intervalo PR entre 120 e 200ms QRS: duração < 120 ms; eixo entre -30º e + 90º (positivo em D1 D2 e aVF) Segmento ST sem desnível em relação a linha de base Onda da T assimétrica com polaridade similar ao QRS Morfologias do QRS: O normal é de 0,12 a 0,20 segundos (de 3 a 5 quadradinhos) Onda Q primeira onda negativa. Onda R primeira onda positiva. Onda S: onda negativa que sucede onda R. Onda R’: segunda onda positiva. Onda S’: onda negativa que sucede onda R’. O que analisar? 1- Análise do ritmo cardíaco 2- Análise do espaço PR 3- Morfologia do QRS 4- Análise do ST normal 5- Análise da onda T 6- Cálculo da frequência cardíaca ANÁLISE DO RITMO CARDÍACO Sinusal: ondas P positivas, precedendo o QRS, em D1 D2 e aVF. Verificar regularidade: Analisar se intervalo entre as ondas R são regular ou irregular. Figura 8: Ritmo cardíaco regular. 27 _____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas Figura 9: Ritmo cardíaco irregular. ANÁLISE DO ESPAÇO PR Espaço compreendido desde o início da onda P até o início do QRS: o normal é de 0,12 a 0,20 segundos. (3 a 5 quadradinhos) Figura 10: Espaço PR. ANÁLISE DO ESPAÇO QRS O normal é de 0,12 a 0,20 segundos. Figura 11: Espaço QRS. 28 _____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas ANÁLISE DO SEGMENTO ST É nivelado com a linha de base, porém é considerado normal um desnivelamento de até 1 mm nas derivações periféricas ou até 2 mm nas derivações precordiais. Figura 12: Segmento ST. ANÁLISE DAS ONDAS T Geralmente positivas em todas as derivações. Negativas em AVR, podendo ser negativa em V1,V2 e D3. Figura 13: Traçado normal com morfologia de ondas T, segmento ST e complexos QRS. 29 http://4.bp.blogspot.com/-zLcWda3E4Uo/UACrCa4UAXI/AAAAAAAAZkg/LQJ6hPzDu5o/s1600/ECG2.jpg http://4.bp.blogspot.com/-zLcWda3E4Uo/UACrCa4UAXI/AAAAAAAAZkg/LQJ6hPzDu5o/s1600/ECG2.jpg http://4.bp.blogspot.com/-zLcWda3E4Uo/UACrCa4UAXI/AAAAAAAAZkg/LQJ6hPzDu5o/s1600/ECG2.jpg _____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas ANÁLISE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA a- Dividir 1.500 pelo número de mm entre os picos de dois R. Normal é de 50 a 100 bpm, ou b- Regra dos 300: 300 – 150 – 100 – 75 – 60 – 50 – 40 – 30 – 20 bpm. Figura 14: Contagem da frequência cardíaca. 30 _____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas CAPÍTULO 3 PRINCIPAIS ALTERAÇÕES ELETROCARDIOGRÁFICAS Paulo Fernando Pimenta de Souza Elton Cardoso Pinheiro Jamille Isabelle Santos Sember Jeanne Seabra Negrão Lima da Silva Juliana Joyce Chaves de Lima Lorena Batista de Lemos Ghammachi 31 https://www.google.com.br/url?sa=i&url=https://www.famaz.edu.br/novoportal/&psig=AOvVaw01PCLCgZkpcNPZxLD5N3Og&ust=1587059521377000&source=images&cd=vfe&ved=0CAIQjRxqFwoTCICw3sv_6ugCFQAAAAAdAAAAABAD https://www.google.com.br/url?sa=i&url=https://www.famaz.edu.br/novoportal/&psig=AOvVaw01PCLCgZkpcNPZxLD5N3Og&ust=1587059521377000&source=images&cd=vfe&ved=0CAIQjRxqFwoTCICw3sv_6ugCFQAAAAAdAAAAABAD _____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas BLOQUEIOS Bloqueio de ramo esquerdo (BRE) Critérios Alargamento do QRS > 120ms; Padrão onda R pura e alargada em V6 (e outras derivações esquerdas: DI, aVL e V5); Padrão QS ou RS alargados em V1 (e V2); Alterações secundárias da repolarização (ST-T opostos ao QRS); Infra de ST com t negativa assimétrica (V5, V6, DI e aVL); Supra de ST com onda t positiva e assimétrica (V1, V2); Figura 15: Bloqueio de ramo esquerdo. Bloqueio de ramo direito (BRD) Critérios Alargamento do QRS > 120ms; Padrão rsR’ em V1 com R’ espessada; Onda S alargada (geralmente >40ms) em V6 (também em V5, DI e aVL); Alterações secundárias da repolarização (ST-T opostos ao QRS); Infra de ST com t negativa assimétrica (V1 e V2); Supra de ST com onda t positiva e assimétrica (V5, V6, DI e aVL); 32 _____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas Figura 16: Bloqueio de ramo direito. Bloqueio Atrioventricular de 1º Grau Critérios: Intervalo PR > 200 ms (5 “quadradinhos”) Toda onda P é seguida por um complexo QRS Mecanismo de “bloqueio” Não há um bloqueio propriamente dito, mas sim um alentecimento da condução AV, devido ao efeito vagal, à isquemia do nódulo AV, à degeneração fibrotica do nódulo ou a alguns fármacos (betabloqueadores, verapamil, digital e amiodarona). Figura 17: Bloqueio atrioventricular de 1º Grau. 33 _____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas Bloqueio Atrioventricular de 2º Grau MOBTZ I Critérios: Bloqueio eventual de uma onda P isolada (não há 2 ondas P bloqueadas em sequência) Aumentoprogressivo do intervalo PR até o bloqueio da onda P (Fenômeno de Wenckebach) Encurtamento progressivo do intervalo RR antes da onde P bloqueada QRS geralmente estreito (bloqueio supra-hissiano) Figura 18: Bloqueio atrioventricular de 2º Grau Mobtz I. Bloqueio Atrioventricular de 2º Grau MOBTZ II Critérios: Bloqueio eventual de uma onda P isolada (não há 2 ondas P bloqueadas em sequência) Intervalo PR mantem-se constante antes do bloqueio (SEM fenômeno de Wenckebach) Os intervalos RR que precedem o bloqueio são constantes, de modo que o RR do bloqueio costuma ser o dobro dos anteriores QRS geralmente alargado (bloqueio supra-hissiano) Bloqueio Atrioventricular de 2º Grau 2:1 Critérios: 34 _____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas Bloqueio AV intermitente com 2 ondas P para 1 QRS (portanto, não há como fazer a distinção entre MOBTZ I e MOBTZ II) Figura 19: Bloqueio Atrioventricular de 2º Grau 2:1. Bloqueio Atrioventricular Total Critérios: Dissociação AV (entre P e RQS): onda P em várias posições em relação ao QRS Frequência atrial > Frequência ventricular (Intervalos R-R são regulares e maiores que os intervalos P-P) Complexos QRS proveniente do ritmo de escape Figura 20: Bloqueio Atrioventricular Total. TAQUIARRITMIAS Extrassístole atrial Critérios 35 _____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas Onda p precoce e de morfologia diferente da p sinusal; QRS estreito e semelhante ao QRS basal (exceto se houver condução aberrante); Intervalo PR da extrassístole geralmente é maior que intervalo PR sinusal; Figura 21: Extrassístole atrial. Extrassístole ventricular Critérios QRS que se inscreve precocemente, de morfologia alargada e aberrante (diferente do QRS basal) e sem onda P extrassistólica; Figura 22: Extrassístole ventricular. Ritmo juncional Critérios Frequência cardíaca entre 40 a 60 bpm; Ausência de onda P; QRS normal; RR com distância regular; 36 _____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas Figura 23: Ritmo juncional. Taquicardia sinusal Critérios FC >100 bpm (geralmente, não ultrapassa 180bpm); Onda p positiva em DI e DII, precedendo cada QRS; QRS estreito (exceto se bloqueio de ramo associado); Figura 24: Taquicardia Sinusal. Flutter atrial Critérios Frequência atrial (onda f – dente de serra) em torno de 300bpm (entre 250 a 350 bpm); Ausência de uma linha isoelétrica entre as ondas f; Frequência cardíaca, em geral, de 150bpm (condução AV é quase sempre 2:1); QRS estreito (exceto se bloqueio de ramo associado); 37 _____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas Figura 25: Flutter Atrial. Fibrilação Atrial Critérios Ausência de onda p (atividade elétrica atrial ambulatória discreta, ausente ou grosseira – onda f); FC em geral entre 90 e 170bpm; Intervalos RR irregulares; QRS estreito (exceto se bloqueio de ramo associado); Figura 26: Fibrilação Atrial. Taquicardia Supraventricular Critérios Frequência cardíaca entre 120-220 bpm 38 _____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas Sem onda P precedendo QRS ou, em 30% dos casos, onda P’ (retrógada) no final do QRS. Intervalos RR regulares. QRS estreito. Início e término súbitos. Figura 27: Taquicardia supraventricular. Taquicardia Ventricular Monomórfica Critérios Taquicardia regular com complexos QRS alargados (≥120ms) e uniformes (mesma morfologia); Frequência cardíaca > 100 bpm; Fígura 28: Taquicardia Ventricular Monomórfica. BRADIARRITMIAS Bradicardia sinusal Critérios Ritmo bradicárdico (FC < 50 bpm); 39 _____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas Onda p sinusal – positiva em DI e DII e precedendo cada QRS; Figura 29: Bradicardia Sinusal. Pausa sinusal ou Parada Sinusal Critérios Ritmo sinusal com linha isoelétrica transitória de duração variável; Duração do período isoelétrico não deve ser múltiplo do intervalo P-P basal (configuraria um bloqueio sinoatrial do 2ºgrau tipo II); Figura 30: Parada Sinusal. DOENÇA ISQUÊMICA DO MIOCÁRDIO 1. Isquemia miocárdica: Critérios: Ondas T negativas, simétricas e apiculadas 40 _____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas Figura 31: Isquemia miocárdica em D1, AVL, V4, V5 e V6. Figura 32: Isquemia miocárdica. 2. Lesão Miocárdica (Injúria): Critérios: Segmento ST tem desnivelamento normal até 1mm nas derivações periféricas ou até 2 mm em derivações precordiais. Acima desses valores significa lesão (injúria) miocárdica. Figura 33: Lesão miocárdica (Supradesnivelamento de ST). 41 _____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas Figura 34: Lesão miocárdica com supradesnivelamento de ST em V1, V2,V3 e V4. Figura 35: Lesão miocárdica (Infradesnivelamento de ST). Figura 36: Lesão miocárdica com infradesnivelamento de ST em V3, V4, V5 e V6. 3. Necrose miocárdica: Critérios: 42 _____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas Aparecimento de ondas Q patológicas representando a morte do miocárdio com perda da função contrátil. Onda Q patológica: Duração ≥ 0,04 segundos e/ou ultrapassa 30% da onda R da mesma derivação. Figura 37: Onda Q patológica. Figura 38: Onda Q patológica em D2, D3, AVF e V6. 43 _____________________________________________________________________________ Eletrocardiograma – Guia de Bolso para Aprendizagem em Habilidades Clínicas REFERÊNCIAS BRITO S, DAIBES T. Manual de eletrocardiograma. 2ª. ed. Belém: Marques Editora, 2013 DUBIN D, LINDNER U. Interpretação fácil do ECG. 6ª. ed. Rio de Janeiro: Revinter, 1999. GOLDWASSER GP. Eletrocardiograma orientado para o clínico. 3ª. ed. Rio de Janeiro: Rubio, 2009. SHEA MJ. Eletrocardiografia. Manual MSD Versão para Profissionais de Saúde. [Internet]. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doenças- cardiovasculares/exames-e-procedimentos-cardiovasculares/eletrocardiografia SOUZA BF, et al. Manual de propedêutica médica. 3ª. ed. v.1: Belém: Cejup,1995 UCHIDA AH, NETO AM, NASCIMENTO VMV. Eletrocardiograma simples: guia de bolso. 1ª. ed. São Paulo: Manole, 2015. 44 https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doenças-cardiovasculares/exames-e-procedimentos-cardiovasculares/eletrocardiografia https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doenças-cardiovasculares/exames-e-procedimentos-cardiovasculares/eletrocardiografia
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