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Análise de Custos Introdução e conceitos de custos Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Esp. Cíntia Eliane Fávero Cerri Revisão Textual: Profa. Dra. Selma Aparecida Cesarin 5 u n i d a d e Introdução e conceitos de custos1 Orientações de Estudo Estudar custos requer, além de atenção aos aspectos teóricos, muita interação com a prática e visão multidisciplinar de como os processos produtivos são realizados. Como é feito, como funciona, como é um processo produtivo? Essa curiosidade, certamente, já foi despertada em você por outros professores, principalmente nos primeiros anos de estudo. Acrescente a essa curiosidade sobre “como as coisas funcionam” outra pergunta: como é possível produzir algo, porém, com menor custo e melhor qualidade? Procure sempre conhecer o processo produtivo da própria Empresa na qual trabalha ou está estagiando. Saiba que em diversos locais no Brasil e no exterior, existem visitas a fábricas dos mais diferentes ramos, utilize estas visitas como uma forma de aprendizagem e turismo. 6 Unidade: Introdução e conceitos de custos Contextualização Para um bom entendimento na hora de levantar os gastos que se tem para produzir um determinado produto, precisamos entender o que são custos e despesas. Nesta Unidade, veremos quais são os principais custos e despesas e como são classifi cados dentro de uma Empresa. Custos diretos (CD) Exemplo Para produzir uma roda de um carro, utiliza-se 20 kg de aço carbono. Sabendo-se que o quilo do aço é R$ 2,00, o custo direto de matéria-prima neste produto será de R$ 40,00 para se produzir uma unidade do item. 20 kg x R$ 2,00 = R$ 40,00 Devemos relacionar também a Mão de Obra Direta (MOD), que são os custos dos colaboradores ligados diretamente na produção da roda. Exemplo Se o custo da hora de seus colaboradores é de R$ 8,00 e estes trabalham 100 horas para produzir 500 rodas. Pode-se afi rmar que o custo de Mão de Obra Direta (MOD) será de R$ 1,60 por unidade produzida. (R$ 8 x 100h) / 500 Un = R$ 1,60 Por Unidade Custos indiretos de fabricação (CIF) Estes custos necessitam de alguns cálculos para serem distribuídos aos diferentes produtos fabricados pela Empresa; por serem de difícil mensuração, são classifi cados como custos indiretos. Exemplo – Depreciação de equipamentos; – Aluguel de fábrica; – Salários dos supervisores de equipe, etc. 7 Introdução e conceitos de custos Fonte: Adaptado de iStock/Getty Images A Contabilidade de Custos é o ramo da Contabilidade dedicado às atividades produtivas industriais e de serviços; segundo Lopes de Sá (2004), trata-se de Contabilidade aplicada a custos. De acordo com Leone (2008, p. 20), Contabilidade de Custos é o ramo da Contabilidade que se destina a produzir informações para os diversos níveis gerenciais de uma entidade, como auxílio às funções de determinação de desempenho, de planejamento e de controle das operações e de tomada de decisões. Para gerenciar custos e preços, é imprescindível compreender corretamente os conceitos relacionados. Podemos entender por custo determinada quantidade de recursos fi nanceiros correspondentes à aquisição de bens materiais e imateriais, trabalho e serviços consumidos pela Empresa, relacionados à produção de seus bens e serviços; da mesma forma, as despesas que são realizadas para a manutenção de instalações e equipamentos e para a realização das operações administrativas. A NPC 2 do IBRACON descreve custo da seguinte maneira: Custo é a soma dos gastos incorridos e necessários para a aquisição, conversão e outros procedimentos necessários para trazer os estoques à sua condição e localização atuais, e compreende todos os gastos incorridos na sua aquisição ou produção, de modo a colocá-los em condições de serem vendidos, transformados, utilizados na elaboração de produtos ou na prestação de serviços que façam parte do objeto social da entidade, ou realizados de qualquer outra forma (NPC – IBRACON nº 2 de 30/04/1999, item 8). Assim, custos estão relacionados diretamente à elaboração de produtos ou serviços que se constituam no objeto social da Empresa e que devem gerar receitas. Nesse contexto, encaixam-se os insumos em geral, como mão de obra, matéria-prima, seguro e aluguel. 8 Unidade: Introdução e conceitos de custos As diversas formas de classifi cação de custos Fonte: iStock/Getty Images Podemos classifi car os custos de duas formas: · Quanto ao objeto de custo: custo direto ou indireto; · Quanto ao volume de produção ou venda: custos fixos ou custos variáveis. Custos diretos São aqueles gastos empregados na produção, facilmente identifi cáveis no produto e mensuráveis em cada unidade dele. Pode-se dizer que estão diretamente vinculados a um segmento específi co que pode ser um produto ou um serviço. Assim, se o objeto a ser analisado se trata de uma linha de produtos, os materiais e a mão de obra envolvida em sua fabricação são custos diretos. Exemplos Em uma fábrica de lápis, a madeira é um material essencial para a produção e se pode medir quanto será utilizado de madeira para fabricar cada lápis. Dessa forma, o gasto com a madeira utilizada na fabricação de lápis é um custo direto. 9 Custos indiretos Fonte: iStock/Getty Images São os custos relacionados à elaboração dos produtos ou serviços, mas que não podem ser economicamente identifi cados com o que se produz e não estão relacionados à sua execução. Assim, são os gastos que não podem ser alocados de maneira direta ou de forma objetiva aos produtos, serviços, departamentos ou outros objetos de custo. Dessa forma, sua alocação ocorre de forma indireta, por meio de critérios de distribuição (rateio, alocação, apropriação etc.). Esses custos também podem ser denominados custos comuns, podendo ser fi xos ou variáveis. Pode-se notar que os custos com a mão de obra podem ser classifi cados tanto como custos diretos, quanto como indiretos, variando de acordo com a função exercida pelos funcionários. Exemplo O salário de um cozinheiro é um custo direto, pois sua mão de obra é voltada para os produtos preparados na cozinha. Por outro lado, o salário de um segurança será classifi cado como custo indireto e rateado por vários departamentos da Empresa, pois seu serviço está ligado a diversos departamentos. 10 Unidade: Introdução e conceitos de custos Custos fi xos Custo Fixo Volume de Produção (ou vendas) São os custos em que os valores não se alteram em razão da quantidade produzida. Exemplo Aluguel e IPTU de uma fábrica de cadeiras: o valor pago independe da quantidade de cadeiras produzidas pela empresa, isto é, independe do nível de produção. Os custos fi xos permanecem inalterados independentemente do número de peças produzidas e são originados pela própria existência da fábrica de cadeiras ou qualquer outra empresa e de sua estrutura, sem levar em conta se esta produz mais ou produz menos ou, até mesmo, se está ou não produzindo. Com o passar do tempo de funcionamento, a empresa poderá buscar ajustes, fazendo com que os custos fi xos sejam adaptados aos fatores da realidade concreta. Por exemplo, no caso da fábrica de cadeiras, se as vendas diminuem, a diretoria da empresa poderá optar por se mudar para um local menor, diminuindo as despesas com locação e IPTU. Custos variáveis Va lo re s Custos Fixo Custos Variáveis 11 Denominam-se custos variáveis aqueles que variam de acordo com o volume de produtos ou serviços produzidos. Exemplo Uma indústria de móveis que, para produzir dez sofás, necessita de 15 (quinze) metros de tecido (15 metros / 10 peças = 1,5 metros de tecidos por peça); produzindo cem peças da mesma espécie, gasta 150 metros do mesmo tecido (100 peças x 1,5 metros de tecidos por peça = 150 metros de tecidos). O aumento do custo com a matéria-prima “tecido” cresceu proporcionalmente ao crescimento da produção. Esta classifi cação de custos é muito importante para a fi xação dos preços de venda e determinaçãodo nível de produção mais rentável para a empresa, bem como para a análise de custos, preços e volume de produção e serviços e, principalmente, para determinar o ponto de equilíbrio da empresa. Pode-se afi rmar que determinados elementos básicos são de alta relevância para a classifi cação dos custos, quanto ao aspecto de “variáveis” ou “fi xos”. Entre eles, estão os desembolsos efetuados com matérias-primas, mão de obra, gastos gerais (impostos, custos com venda, aluguel da área comercial, gastos administrativos), sendo que cada categoria de custo deve ter, por parte da administração da Empresa, um método próprio de controle e análise. Custos semifi xos ou semivariáveis Existem situações em que os custos apresentam características mistas. Por exemplo, alguns custos permanecem fi xos até uma determinada quantidade produzida; após isso, sofrem uma variação. Custos semivariáveis são aqueles que têm variação no valor total pelo volume de unidades produzidas, mas não exatamente na mesma proporção. Exemplo A água e a energia elétrica que costumam ter uma taxa mínima (fi xa) e outra cobrada pelo consumo efetivo (variável). Custos semifi xos são aqueles que têm valor total constante até certo volume de produção. Exemplo O valor total da Folha de Pagamento dos supervisores de produção, por exemplo, permanece o mesmo (fi xo) até a contratação de outro supervisor para trabalhar com os supervisores atuais. 12 Unidade: Introdução e conceitos de custos Os custos semifi xos e semivariáveis são representados grafi camente da seguinte forma: Custos Semifi xos Custo 0 10.000,00 20.000,00 30.000,00 40.000,00 50.000,00 10 20 30 40 50 Quantidade (toneladas) Custos Semivariáveis Custo 0 10.000,00 20.000,00 30.000,00 40.000,00 50.000,00 10 20 30 40 50 Quantidade (toneladas) Custo padrão “O custo padrão é a determinação antecipada dos componentes do produto, em quantidade e valor, apoiada na utilização de dados de várias fontes, com validade para determinado espaço de tempo” (DUTRA, 1992, p. 166). Segundo Padoveze (1996, p.263), custo-padrão é uma técnica para avaliar e substituir a utilização do custo real. Será verifi cado, ainda, que há alguns critérios que devem ser adotados na determinação do custo padrão, como selecionar o material utilizado na produção, analisar o tempo e o desempenho das operações produtivas. Pode-se afi rmar que existem três tipos de custo-padrão: custo-padrão ideal, corrente e estimado. 13 O custeio padrão é estabelecido para os materiais, a mão de obra e os custos indiretos, sendo que, para os materiais, consideram-se todos os fatores passíveis de modifi cação; já para a mão de obra, considera-se o tempo de execução de cada etapa, o período médio de tempo improdutivo, a taxa horária de cada componente da equipe, as alterações salariais; por outro lado, para os custos indiretos, há certa difi culdade para se estabelecer um padrão. De acordo com LEONE (1997): O objetivo principal do custo-padrão é estabelecer uma medida planejada que será usada para compará-lo com os custos reais ou históricos (aqueles que aconteceram e foram registrados pela Contabilidade) com a fi nalidade de revelar desvios que serão analisados e corrigidos, mantendo, assim, o desempenho operacional dentro dos rumos previamente estabelecidos. O custo padrão tem como maiores vantagens a determinação da efi ciência do sistema produtivo; a fi xação dos preços de venda; a avaliação de desempenho; o controle e a redução dos custos e a simplifi cação dos processos de custo. Se o padrão for fi rmado com a participação das pessoas responsáveis pela produção, mesmo que sejam fi xadas metas altas, poderá funcionar como forma de incentivo, pois todos estarão buscando alvos e superando desafi os, sendo uma oportunidade para se analisar os procedimentos e eliminar as divergências dentro de uma empresa. Por outro lado, se o padrão for fi xado com metas altas, com base num conceito ideal, cada colaborador já saberá que a meta ou o valor é inatingível, o que poderá resultar em falta de incentivo para os colabores da Empresa. Algumas características essenciais do método de custeio padrão são: · Pode ser utilizado pela Contabilidade, com ajustes periódicos de variações para acompanhar seu valor efetivo real; · Pré-fixação de seu valor, com base no histórico ou em metas a serem atingidas pela empresa; · Possibilita melhor apuração de balancetes, sendo muito utilizado em organizações que necessitam de grande agilidade de dados contábeis. Pode-se afi rmar que existem vários tipos de padrões: · Custo-Padrão Ideal: fabrica-se um custo em laboratório, obtido por meio de análises somente em condições ideais de funcionamento de uma empresa; · Custo-Padrão Corrente: refere-se ao valor que a Empresa fixa como custo de produção para o próximo período, relacionado a um determinado produto ou serviço. Nesse caso, são almejados padrões de custos e produção que, mesmo calculados cientificamente, consideram as eventuais condições de imperfeições empresariais, ambientais e de mercado; · Custo-Padrão Estimado ou Orçado: procura identificar os custos que deverão alcançar no futuro. Para sua elaboração, a empresa parte da hipótese de que a média do passado é um número válido, realizando somente algumas modificações esperadas; 14 Unidade: Introdução e conceitos de custos · Custo Real: trata-se do custo realizado, acontecido. Por meio da análise de suas variações, em cima de um custo-padrão, identificam-se as causas das variações e se permitem as correções nos projetos. Tipos De Variação Do Custo Padrão Variação é todo afastamento de uma variável em relação a um parâmetro pré-estabelecido e, dessa maneira, já fi ca implícito que será necessário haver base quantitativa para se mensurar o evento (custo-padrão), para possibilitar uma análise qualitativa dos desvios a partir da variação, requerendo, assim, a utilização de modelos matemáticos e estatísticos para o estudo do signifi cado das variações e seus efeitos no resultado desejado. Pode-se afi rmar que a competência administrativa de um gerente pode ser medida por meio das variações que ocorrem em seu departamento num determinado espaço temporal. Após a determinação do padrão e sua colocação em prática, sua composição fi nal abrangerá matéria-prima, mão de obra direta e custos indiretos de fabricação, sendo que a realização poderá ter desvios em quatro aspectos: · Variações de preços, sendo de responsabilidade do mercado; · Variações de quantidades: trata-se da relação entre a quantidade de insumo estabelecida para a produção analisada e aquela efetivamente utilizada; · Variação mista: variações de preço de acordo com a variação de quantidades; · Variação por mudança técnica: tem-se como exemplo experiências geradas no processo produtivo por técnicas inovadoras ou em casos de escassez de um determinado insumo sem alteração básica no produto. Conforme podemos observar, a maior vantagem do custo-padrão é o controle dos custos, a partir de uma base comparativa entre o realizado e o que deveria ser, sendo que estas variações devem ser analisadas como uma medida, e não somente para conhecer a variação do custo incorrido e o que este deveria ser. 15 Material Complementar Sites Conceitos Funtamentais Sobre Custos - Tomislav Femenick https://goo.gl/nouyDR A Diferença de Gasto, Custo e Perda https://goo.gl/BUaLfz Conceito de custos fi xos, custos variáveis e despesas. https://goo.gl/3P7FTj PORTAL EDUCAÇÃO - Cursos Online Custo Padrão – Portal da Contabilidade https://goo.gl/gx36DM 16 Unidade: Introdução e conceitos de custos Referências CREPALDI, Silvio Aparecido. Contabilidade Gerencial: Teoria e Prática. São Paulo: Atlas, 1998. DUTRA, R. G. Custos uma abordagem prática. 3.ed. São Paulo: Atlas. 1992 IUDICIBUS, Sérgio de; MARION, Carlos Marion. Curso de Contabilidade para não contadores. 3.ed. São Paulo: Atlas, 2000. KARPLAN, Robert. S. et al. Contabilidade Gerencial.São Paulo: Atlas, 2000. LEONE, George Sebastião Guerra. Curso de Contabilidade de Custos. São Paulo: Atlas, 1997. LEONE, George Sebastião Guerra. Curso de Contabilidade de Custos: contém custeio ABC. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2008. LOPES DE SÁ, Antônio. Palestra Magna: 18º: Congresso Brasileiro de Custos. Santos: 2004. MARQUESINI, A. G.; TOLEDO, J. C. S.; PRUDENCIATO, W.; CAVENAGHI, V. Estudo para utilização do método de custo padrão combinado com o sistema de custeio variável no gerenciamento de custos. 2006. 7f. Artigo científi co. São Paulo: Universidade Estadual de São Paulo, 2006. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 9.ed. São Paulo: Atlas, 2008. PADOVEZE, Clóvis Luis. Contabilidade Gerencial – Um Enfoque em Sistema de Informação Contábil. São Paulo: Atlas, 1996 17 Anotações
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