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Direitos Autorais Revista Direito Privado

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2016	-	12	-	15
Revista	de	Direito	Privado
2016
RDPRIV	VOL.	69	(SETEMBRO	2016)
DIREITO	EMPRESARIAL
Direito	Empresarial
1.	Na	Era	Digital	qual	o	melhor	sistema:	Copyright	ou	Direitos
Autorais?
In	Digital	Society	which	system	is	better:	Copyright	or	Droit
D´Auteur?
(Autor)
PATRICIA	PECK	PINHEIRO
Doutoranda	e	formada	em	Direito	Internacional	pela	Faculdade	de	Direito	da	USP	com	17	obras	publicadas	sobre
o	tema.	Advogada	especialista	em	Direito	Digital.	patricia.peck@pppadvogados.com.br
Sumário:
1	Evolução	histórica	do	Copyright
2	A	questão	do	Fair	Use	no	sistema	do	Copyright
3	Os	novos	desafios	trazidos	pelos	avanços	da	tecnologia	e	as	novas	formas	de	proteção
4	Análise	comparativa	do	sistema	do	Copyright	(EUA)	e	dos	Direitos	Autorais	(Brasil)
Conclusão
Bibliografia
Área	do	Direito:	Civil
Resumo:
O	objetivo	deste	estudo	é	examinar	a	evolução	histórica	do	Copyright	dos	EUA	e	comparar	com	o	sistema
de	Direitos	Autorais	Brasileiro	buscando	 traçar	uma	visão	para	onde	vamos.	Na	atual	 da	 Sociedade	do
Conhecimento	tem	sido	um	grande	desafio	equilibrar	os	diversos	interesses	em	torno	da	obra	protegida.
De	um	lado	há	o	interesse	privado	e	dos	artistas	em	geral,	e	de	outro	há	o	interesse	público	e	dos	próprios
consumidores	de	conteúdos	em	garantir	o	acesso	à	informação.	Essa	questão	vem	se	intensificando	com	a
quebra	do	paradigma	do	suporte	físico	ao	trazer	as	obras	protegidas	para	uma	nova	dimensão:	a	digital.
Abstract:
The	 objective	 of	 this	 study	 is	 to	 examine	 the	 historical	 evolution	 of	 Copyright	 System	 in	 USA	 and	 to
compare	with	the	Droit	D´Auteur	system,	originated	in	France	and	then	applied	in	many	countries	such
as	Brazil.	In	the	actual	Digital	Society,	it	has	been	a	huge	challenge	to	balance	the	protection	between	the
interest	of	the	authors	that	are	seeking	for	protection	and	the	public	interest	of	free	access	to	knowledge
that	has	a	social	goal.	 In	one	hand	there	are	content	consumers	that	want	 to	expand	the	possibilities	 to
gather	information	through	digital	media	and	in	the	other	hand	stands	the	artists	that	shall	get	paid	back
for	 their	 creation	 in	 a	 fair	 model	 that	 can	 better	 control	 the	 rights	 over	 content.	 And	 the	 digital
environment	contributes	to	make	this	issue	more	complex	that	is	getting	to	a	point	that	can	jeopardize	the
legal	system	invented	to	guarantee	the	rights	over	intellectual	property	and	a	new	system	must	be	created
to	better	address	the	new	necessities	that	have	arisen.
Palavra	Chave:	Direito	digital	-	Propriedade	intelectual	-	Direitos	autorais	-	Copyright	-	Acesso	à
informação	-	Sociedade	Digital	-	Internet.
Keywords:	Cyber	law	-	Digital	rights	-	Intellectual	property	-	Copyright	-	Free	access	to	information	-
Fair	use	-	Internet.
Por	certo	a	propriedade	intelectual	é	a	plataforma	econômica	atual	da	Sociedade	do	Conhecimento.	Dito
isso,	quanto	mais	avançado	é	um	país,	mais	este	investe	em	um	sistema	de	proteção	adequado	para	gerar
o	 devido	 estímulo	 à	 inovação	 e	 à	 invenção	 bem	 como	 para	 salvaguardar	 seus	 dos	 ativos	 intlectuais,
garantindo	proteção	a	estes	bens	intangíveis	resultantes	deste	modelo	produtivo	baseado	na	criação.
No	entanto,	tem	sido	um	desafio	equilibrar	os	diversos	interesses	em	torno	da	obra	protegida,	de	um	lado
há	o	 interesse	privado	e	dos	artistas	em	geral,	que	não	são	apenas	de	ordem	patrimonial,	mas	 também
moral	e,	de	outro,	há	o	interesse	público	e	dos	próprios	consumidores	de	conteúdos	em	garantir	o	acesso	à
informação	 e,	 portanto,	 regular	 e	 limitar	 os	 direitos	 exclusivos	 dos	 autores,	 tanto	 no	 tempo	 como	 no
espaço.
Esta	 questão	 vem	 se	 intensificando	 com	 o	 advento	 de	 novas	 tecnologias	 que	 permitiram,	 através	 da
quebra	do	paradigma	do	suporte	físico,	trazer	as	obras	protegidas	para	uma	nova	dimensão:	a	digital.	E
então,	o	que	antes	foi	possível	alavancar	com	a	industrialização	pós-Gutemberg	passou	a	um	patamar	em
termos	 de	 escala	 global,	 com	 uma	 capacidade	 de	 reprodutibilidade	 que	 se	 não	 tiver	 o	 devido	 controle
pode	colocar	em	risco	a	própria	propriedade	intelectual.
Isso	 se	 deve	 ao	 fato	 que	 se	 cria	 um	 problema	 no	 valor	 das	 trocas,	 quando	 o	 conteúdo	 passa	 a	 ser
inesgotável,	acessível	por	qualquer	um,	de	qualquer	lugar,	por	qualquer	meio	se	isso	não	for	devidamente
precificado.	Ou	ainda	que	o	mesmo	esteja	disponível	de	forma	gratuita,	ou	já	tenha	havido	o	decurso	do
prazo	para	o	domínio	público,	há	hoje	um	grande	problema	no	tocante	a	proteção	dos	direitos	morais	do
autor,	tanto	no	sentido	do	direito	ao	crédito	como	também	na	possibilidade	de	preservar	a	obra	inédita.
Portanto,	qual	sistema	teria	hoje	melhores	condições	de	dar	respostas	para	os	desafios	que	a	tecnologia
vem	 trazendo	 para	 o	modelo	 de	 produção	 intelectual?	Desde	 o	 Estatuto	 da	 Rainha	Ana	 de	 1710	 até	 as
recentes	discussões	sobre	o	streaming,	para	onde	vai	a	questão	da	proteção	dos	direitos	intelectuais?	Esta
é	a	proposta	deste	artigo,	examinar	a	evolução	histórica	do	Copyright	dos	EUA	e	comparar	com	o	sistema
de	Direitos	Autorais	Brasileiro	buscando	traçar	uma	visão	para	onde	vamos.
1.	Evolução	histórica	do	Copyright
O	Copyright	teve	sua	origem	moderna	no	Reino	Unido,	herdeiro	dos	privilégios	dos	Stationers,	que	eram
concessõess	dadas	pela	 rainha	para	exploração	da	 imprensa	e	que	envolvia	não	apenas	um	monopólio
econômico,	mas	também	uma	forma	de	controle	de	censura	do	que	os	cidadãos	poderiam	ter	acesso	do
ponto	de	vista	de	informações.
O	 seu	marco	 legal	 está	 na	 Lei	 da	 Rainha	 Ana	 (	Act	 of	 Anne	 de	 1709/10),	 tendo	 a	 sua	 base	 costumeira
desempenhado	 um	 papel	 fundamental	 na	 construção	 de	 seus	 alicerces,	 com	 casos	 jurisprudenciais
emblemáticos	que	fizeram	doutrina,	tais	como	(e.g.	Millar	v.	Taylor,	1769).
A	Lei	da	Rainha	Ana	consagrou	pela	primeira	vez	a	possibilidade	de	aquisição	pelos	autores	do	copyright
sobre	as	suas	obras,	acuatelando,	ao	mesmo	tempo,	interesses	dos	editores.	Na	época,	a	Lei	trouxe	como
parte	da	 justificativa	para	a	proteção	 intelectual	por	parte	do	Estado	um	novo	objetivo,	qual	 seria	a	do
encorajamento	da	aprendizagem.
É	importante	ressaltar	que	todo	o	debate	legislativo	em	torno	do	copyright	no	Reino	Unido	foi	sempre	em
torno	da	discussão	travada	entre	grupos	de	pressão	relativos	a	 interesses	de	editores	que	disputavam	o
mercado	e	que	não	queriam	que	houvessse	concorrência,	ou	que	queriam	ampliar	o	tempo	de	proteção
das	obras,	com	o	foco	sempre	em	garantir	a	exploração	das	obras	como	bens	mercantis,	em	razão	de	seu
grande	 significado	 na	 vida	 econômica,	 não	 apenas	 no	 contexto	 nacional	 mas	 também	 já	 no	 plano
internacional.
Logo,	a	concepção	do	copyright	é,	por	certo,	essencialmente,	mercantil.	Não	obstante	a	gênese	moderna
dos	direitos	de	autor,	o	copyright	constitui	o	instrumento	jurídico	de	proteção	de	investidores	(editores	e
autores)	contra	agressões	aos	seus	investimentos	de	natureza	material	(corpo	físico)	ou	espiritual	(corpo
místico).
Desse	modo,	segundo	Alexandre	Libório	Dias	Pereira,	pode-se	afirmar	que	o	copyright	é	um	puro	direito
de	propriedade	(	property	right),	 servindo	 tradicionalmente	apenas	aos	 interesses	patrimoniais,	 sem	 ter
em	 consideração	 interesses	 pesssoais,	 ficando	 a	 proteção	 da	 personalidade	 do	 autor	 reservada	 aos
expedientes	gerais	da	Commom	Law	(PEREIRA,2008)	.
Um	 dos	 pontos	 mais	 interessantes	 sobre	 o	 método	 de	 se	 controlar	 a	 propriedade	 intelectual	 está
relacionado	ao	fato	de	que	sempre	teve	relação	com	a	posse	do	manuscrito	original.	Ou	seja,	aquele	que
detivesse	o	direito	de	reproduzir	tal	manuscrito	teria	os	direitos	de	distribuição	sobre	o	mesmo.	E	este	é	o
berço,	 o	 nascedouro	 de	 todo	 o	 conceito	 do	 copyright,	 como	 seu	 próprio	 nome	 quer	 dizer	 “direito	 de
reproduzir”.
Nos	 EUA,	 o	 seu	 marco	 legal	 inicia	 com	 a	 Lei	 Estadual	 de	 Connecticut	 em	 1783	 e	 então	 é	 tratado	 na
Constituição	Federal	de	1788,	em	seu	art.	1.º,	Secção	8.ª,	que	dá	ao	Congresso	Nacional	o	poder	para“	p
romover	o	progresso	da	ciência	e	das	artes,	assegurando	por	períodos	limitados	aos	autores	e	inventores	o
direito	exclusivo	aos	seus	escritos	e	descobertas	.”	 1
Após	a	proteção	constitucional,	foi	promulgada	em	1790	a	Lei	Federal	do	Copyright,	visando	a	proteção	de
livros,	 mapas	 e	 gráficos	 por	 14	 anos	 com	 a	 possibilidade	 de	 renovação	 por	 mais	 14	 anos.	 O	 registro
deveria	ser	feito	na	corte	distrital	onde	o	autor	ou	proprietário	residia.
Aqui	merece	destaque	outra	diferenciação	entre	o	sistema	do	copyright	e	o	de	direitos	autorais	(também
chamado	Droit	 D´Auteur	 de	 origem	 e	 tradição	 francesa)	 visto	 que	 o	 copyright	 requer	 o	 registro	 como
requisito	obrigatório	para	a	garantia	do	direito,	para	que	seja	possível	ingressar	com	a	ação	de	proteção.
Diferentemente	do	sistema	de	direitos	autorais,	onde	não	há	a	obrigatoriedade	do	registro.
Avançando	 na	 evolução	 histórica	 da	 proteção	 da	 propriedade	 intelectual	 nos	 Estados	 Unidos,	 a	 Lei
Federal	foi	alterada	em	1802	para	determinar,	pela	primeira	vez,	que	os	autores	incluíssem	o	“	notice	of
copyright”,	 2	de	modo	a	 informar	a	data	e	o	escritório	de	registro	em	cada	cópia	da	obra	distribuída	ao
público.
As	publicações	que	não	apresentassem	estas	informações	estariam	sem	seus	direitos	autorais	protegidos	e
seriam	consideradas	de	domínio	público.	Ou	seja,	não	apenas	o	registro	seria	obrigatório	como	também	a
informação	sobre	o	mesmo	deveria	ocorrer	de	forma	essencial	para	o	exercício	do	direito.
Em	1831	houve	uma	primeira	grande	revisão	da	lei	para	incluir	as	composições	musicais,	expandindo	o
leque	de	proteções	 para	 além	dos	 livros	 e	mapas,	 bem	 como	ampliou	 o	 tempo	do	primeiro	período	de
proteção	para	28	anos,	podendo	ser	renovado	por	mais	14	anos.
Pode-se	perceber	que	conforme	foi	havendo	um	amadurecimento	da	legislação	de	copyright	nos	Estados
Unidos,	dois	pontos	foram	sendo	tratados	nas	revisões	da	lei:	a	ampliação	dos	tipos	de	obras	protegidas	e
do	tempo	de	proteção.
Em	1834	houve	um	caso	julgado	pela	Suprema	Corte	Norte-Americana	que	criou	precedente	no	tocante	ao
reconhecimento	 do	 direito	 à	 proteção	do	 ineditismo	da	 obra	 (e.g	Wheaton	 v.	 Peters).	 A	 Suprema	Corte
decidiu	que	o	 autor	 teria	direito	de	proteção	perpétua	 com	relação	às	 obras	não	publicadas,	 ou	 seja,	 o
autor	tem	o	direito	exclusivo	à	primeira	publicação	de	seu	trabalho,	mas	depois	da	publicação	a	proteção
é	limitada	ao	tempo	previsto	na	lei.	Este	julgamento	estabeleceu	a	base	para	a	jurisprudência	de	direitos
autorais	nos	Estados	Unidos.
Com	 o	 crescimento	 da	 indústria,	 passou	 a	 ser	 necessária	 a	 centralização	 das	 atividades	 de	 registro	 e
depósito	de	direitos	autorais,	e,	portanto,	houveram	alterações	na	lei	pra	tanto	obrigar	o	arquivamento	de
contratos	que	tratassem	sobre	a	matéria	bem	como	passou	a	reunir	na	Biblioteca	do	Congresso	Nacional	a
centralização	 do	 controle,	 passando	 esta	 a	 deter	 uma	 cópia	 de	 um	 exemplar	 de	 tudo	 que	 viesse	 a	 ser
publicado	nos	Estados	Unidos	na	 época.	 E	 assim	 ficou	 até	 1897	quando	 foi	 criado	 o	 “	Copyright	Office”,
como	um	departamento	próprio,	central,	e	independente	da	Biblioteca	do	Congresso.
Em	1870	a	segunda	grande	revisão	da	lei	estendeu	a	proteção	para	as	obras	de	arte	e	conferiu	aos	seus
autores	o	direito	de	criar	seus	próprios	trabalhos	derivativos,	 incluindo	traduções	e	dramatizações.	Mas
não	 demorou	muito	 para	 que	 a	 Suprema	 Corte	 tivesse	 que	 julgar	 um	 caso	 polêmico	 sobre	 o	 limite	 da
proteção	de	uma	ideia.
Afinal,	o	copyright	deveria	proteger	 a	 expressão	de	uma	 ideia	mas	não	uma	 ideia	 em	 si,	 visto	que	 isso
cercearia	a	livre	iniciativa	e	liberdade	de	expressão.	Esta	decisão	(e.g	Selden	v.	Baker,	1880),	influenciaria
decisões	subsequentes	não	apenas	nos	Estados	Unidos	mas	em	outros	países	também.
Com	o	advento	da	fotografia,	também	os	fotógrafos	passaram	a	pleitear	o	direito	a	proteção	da	sua	obra
intelectual	e	mais	uma	vez	a	Suprema	Corte	decidiu	um	caso	que	se	tornou	um	marco	histórico	na	defesa
de	que	fotografias	são	protegidas	por	direitos	de	autor	(e.g	Burrow-Giles	Lithographic	Co.	v	Sarony,	1884).
O	 século	 XIX	 foi	 então	marcado	 pelo	movimento	 de	 internacionalização	 dos	 direitos	 de	 autor	 que	 tem
como	seu	grande	marco	 legal	o	seu	primeiro	 tratado	multilateral	e	 internacional	de	direitos	autorais,	a
Convenção	 de	 Berna	 (	 “First	 Multilateral	 International	 Copyright	 Treaty”	 )	 para	 a	 proteção	 das	 obras
literárias	e	artísticas,	 foi	 firmada	em	Berna,	Suíça	em	1886,	que	conheceu	um	passo	significativo	com	o
Acordo	ADPIC/TRIPS	enquanto	direito	da	OMC.
Destaque-se,	 por	 oportuno,	 que	 a	 Convenção	 de	 Berna	 é	 considerada	 o	 mais	 velho	 e	 extenso	 tratado
multilateral	 e	 internacional	 a	 tratar	 dos	 direitos	 autorais.	 Os	 Estados	 Unidos	 esteve	 presente	 na
conferência,	porém	não	 firmou	o	 tratado.	O	país	aderiu	ao	 tratado	apenas	em	01.03.1989,	mais	de	 cem
anos	depois.
Em	1891	entrou	em	vigor	o	“	International	Copyright	Act”,	que	foi	a	primeira	lei	que	autorizou	relações	de
direitos	autorais	entre	Estados	Unidos	e	outros	países.
Alguns	outros	eventos	marcaram	a	história	do	copyright	nos	Estados	Unidos	e	se	tornaram	referência	na
discussão	 da	 proteção	 dos	 direitos	 de	 autor	 no	 mundo,	 e	 por	 isso,	 merecem	 destaque,	 dentre	 eles	 a
primeira	 vez	 que	 se	 discutiu	 que	 a	 arte	 comercial	 deveria	 ser	 protegida	 (e.g.	 Bleistein	 v.	 Donaldson
Lithographing	Co.,	1903),	e	que	no	caso	em	tela	tratava-se	de	posters	de	um	circo.	Além	deste,	o	caso	que
fez	a	Suprema	Corte	decidir	que	um	restaurante	deveria	pagar	royalties	para	os	autores	pela	música	que
tocasse	para	entreter	seus	clientes	durante	o	jantar	(e.g.	Herbert	v.	Shanley	Co.,	1917).
Por	certo,	a	história	do	direito	de	autor	não	é	apenas	a	história	de	sua	adaptação	aos	desafios	colocados
pelas	 novas	 tecnologias.	 O	 que	 a	 história	 nos	 mostra	 é	 que	 pode	 também	 definir-se	 a	 trajetória	 do
aprofundamento	 e	 do	 alargamento	 de	 suas	 relações	 comunitárias,	 que	 adaptam	 estes	 direitos	 aos
problemas	que	apresenta	a	nova	realidade	tecnológica	e	digital.
Por	 isso,	 o	 que	 se	 vislumbra	 a	 seguir,	 é	 uma	 contínua	 codificação	 o	 que	 fez	 com	 que	 a	 lei	 de	 direitos
autorais	 passasse	 a	 fazer	 parte	 do	 título	 17	 do	 U.S	 Code	 em	 1947.	 Após,	 em	 1954,	 os	 Estados	 Unidos
firmaram	a	Convenção	Universal	do	Copyright,	considerado	um	tratado	multilateral	internacional.
Em	1976	a	lei	passou	por	mais	uma	revisão,	a	quarta	para	ser	mais	exato,	que	fez	com	que	a	proteção	de
direitos	autorais	passasse	a	ser	estendida	a	todas	as	obras,	publicadas	ou	não,	desde	que	tangíveis,	com	o
prazo	da	proteção	sendo	por	toda	a	vida	do	autor	mais	50	anos	após	a	sua	morte.
Mas	uma	das	maiores	mudanças	ainda	estava	por	vir,	que	ocorreu	com	a	chegada	de	um	novo	invento,	o
software,	e	que	passou	a	exigir	tratamento	mais	específico	para	sua	proteção,	provocando	a	alteração	da
lei	para	enquadrar	a	proteção	dos	programas	de	computador	em	1980.
Mas	o	software	trouxe	consigo	características	particulares,	diferenciadas,	que	até	hoje	dificultam	a	forma
como	se	pode	indenizar	seu	titular	quando	há	uso	indevido	do	programa	de	computador.	Isso	porque	há
certa	dificuldade	de	se	definir	parâmetros	mensuráveis	devido	a	sua	imaterialidade,	seu	difícil	controle,
sua	facilidade	de	desinstalação.
Por	 isso,	 tem	 sido	 usado	 como	 método	 o	 da	 analogia	 pelo	 número	 de	 exemplares	 (cópias),	 e	 não	 se
conhecendo	o	número	exato	destes,	se	aplica	um	número	ou	um	múltiplo	pré-estabelecido	(por	lei	ou	pelo
tribunal).	 3	Mas	seria	este	o	mais	adequado?
Ainda	buscando	ampliar	a	proteção	de	software,	em	1990,	foi	promulgada	a	lei	sobre	“	Computer	Software
Rental	Amendment	Act”	que	concedeu	ao	proprietário	dos	direitos	autorais	de	programas	de	computador	o
direito	 exclusivo	 de	 autorizar	 ou	 proibir	 o	 aluguel,	 arrendamento	 ou	 empréstimo	 do	 programa	 para
propósitos	diretamente	ou	indiretamente	comerciais.Esta	 legislação	 criaria	 as	 bases	 pra	 os	 modelos	 de	 contratos	 de	 licença,	 suporte,	 manutenção	 que	 são
praticados	até	hoje,	tendo	sido	apenas	recentemente	afetada	pelo	o	advento	do	modelo	de	SAAS	após	os
anos	2010	(	Software	as	a	Service)	que	aí	novamente	alterou	a	forma	como	se	explora	comercialmente	um
software,	não	mais	como	um	bem,	mas	como	um	serviço.
Uma	questão	essencial,	seja	no	sistema	do	copyright	Norte-Americano	ou	de	direitos	autorais	do	Brasil,	é
que	 um	 fundamento	 essencial	 pra	 a	 proteção	 da	 propriedade	 intelectual	 é	 a	 originalidade.	 Foi	 isso,
inclusive,	que	decidiu	a	Suprema	Corte	dos	EUA	no	caso	sobre	o	diretório	contendo	as	listas	de	telefone,
quando	determinou	que	seu	conteúdo	não	é	protegido	por	direitos	autorais	por	 lhe	 faltar	originalidade
criativa	(e.g.	Feist	Publications,	Inc.	v.	Rurl	Telephone	Service	1991).
Seguindo	com	a	evolução	histórica	 legislativa,	 regionalmente	veio	em	1993	o	North	America	Free	Trade
Agreement	 (Nafta)	 –	 firmado	 entre	 Canadá,	 México	 e	 Estados	 Unidos	 com	 o	 condão	 de	 trazer
harmonização	 acerca	 da	 lei	 de	 propriedade	 intelectual,	 incluindo-se	 o	 copyright,	 entre	 os	 signatários	 e
após,	 em	 1994,	 criou-se	 a	 World	 Trade	 Organization	 (WTO),	 através	 do	 Trade-Related	 Aspects	 of
Intellectual	 Property	 Rights	 (TRIPS),	 considerado	 o	 mais	 importante	 instrumento	 multilateral	 para	 a
globalização	das	leis	de	propriedade	intelectual.
Após	 tantas	discussões	em	 torno	do	 regime	de	proteções	e	dos	prazos,	havia	uma	expectativa	de	que	a
tendência	no	mundo	seria	a	redução	do	tempo	para	que	os	direitos	entrassem	em	domínio	público	mais
rapidamente,	atendendo	a	função	social	do	direito	autoral.	No	entanto,	contrariando	toda	esta	tendência,
e	m	1998	 entra	 em	vigor	 o	Sonny	Bono	Copyright	 Term	Extension	Act	 (CTEA)	 que	 estendeu	 o	 tempo	de
proteção	 do	 copyright	 nos	 Estados	 Unidos	 pelo	 tempo	 de	 vida	 do	 autor	 mais	 70	 anos.	 Mas	 para	 os
trabalhos	de	propriedade	corporativa	(como	as	obras	audiovisuais)	o	prazo	foi	para	120	anos	da	criação
ou	95	anos	da	publicação,	o	que	for	menor.	Os	trabalhos	publicados	antes	de	1979	foram	acrescidos	de	20
anos	totalizando	95	anos	da	data	de	sua	publicação.
E	já	enfrentando	mais	recentemente	toda	a	discussão	sobre	as	violações	de	direitos	autorais	na	internet,
em	 1998	 entra	 em	 vigor	 o	Digital	 Millennium	 Copyright	 Act	 que	 prevê	 a	 aplicação	 do	WIPO	 Copyright
Treaty	 and	 the	 Performances	 and	 Phonograms	 Treaty,	 para	 limitar	 a	 responsabilidade	 decorrente	 de
violação	on-line	de	direitos	autorais	para	os	fornecedores	de	serviços	de	internet	.	 4
Com	 isso,	 verifica-se	 que	 as	 leis	 de	 direitos	 autorais	 vêm	 sendo	 elaboradas	 ou	 revisadas	 visando
solucionar	 conflitos	 entre	o	público	 consumidor,	 os	autores	 e	demais	detentores	de	direitos	 (indústria),
assim	como	também	atender	aos	desafios	trazidos	pelas	novas	tecnologias	ao	longo	do	tempo	e	que	estão
longe	de	já	terem	alcançado	uma	redação	que	consiga	satisfazer	e	equilibrar	adequadamente	todos	esses
interesses,	especialmente	devido	a	dimensão	global	e	sem	fronteiras	que	a	realidade	digital	atual	 fez	os
direitos	autorais	alcançarem.
2.	A	questão	do	Fair	Use	no	sistema	do	Copyright
O	fair	use,	traduzido	literalmente	como	uso	honesto	ou	uso	justo	(mas	fazendo	melhor	sentido	se	traduzido
como	uso	razoável,	uso	aceitável)	 é	 uma	das	 exceções	 ao	 direito	 autoral	 prevista	 expressamente	 –	 e	de
maneira	não	exaustiva	 5	–	na	legislação	do	copyright	dos	Estados	Unidos,	 6	que	permite	o	uso	de	material
protegido	por	direitos	autorais	sob	certas	circunstâncias	específicas.	Interessante	notar	que	a	justificativa
apresentada	 pelos	 legisladores	 americanos	 para	 a	 criação	 do	 fair	use	 foi	 a	 de	 que	 os	 direitos	 autorais
foram	criados	 com	o	propósito	de	promover	o	Progresso,	 Ciência	 e	Artes,	 porém	 tal	propósito	 somente
poderia	ser	alcançado	se	o	próprio	direito	autoral	tivesse	exceções,	confira-se:
“As	mentioned	 in	 the	 beginning	 of	 this	 chapter,	 the	 framers	 of	 the	U.S.	 Constitution	 established	 copyright
with	a	purpose	in	mind:	‘...	to	promote	the	Progress	and	Science	and	useful	Arts...’	This	purpose	was	also	met
by	permitting	some	exceptions	to	copyright.	Over	the	years,	there	have	been	revisions	to	the	law,	but	as	of
2005,	the	exceptions,	are:
•	Fair	use
•	Reproduction	by	libraries	and	archives
•	Effect	of	transfer	of	particular	copy	or	phonorecord
•	Limitation	on	exclusive	rights:	Exemption	of	certain	performances	and	displays
•	Secondary	transmissions	and	ephemeral	recordings.”	 7
Conforme	análise	da	Seção	107	do	Copyright	Act,	 o	 fair	use	 nos	Estados	Unidos	 é	 atualmente	permitido
para	propósitos	de	críticas,	comentários,	veiculação	de	notícias,	ensino	(o	que	inclui	cópias	para	o	uso	em
uma	sala	de	aula),	bolsas	de	estudo	ou	pesquisa.	Vale	ressaltar,	no	entanto,	que	mesmo	o	Tribunal	tendo
de	considerar	tais	fatores	para	determinar	o	fair	use,	outros,	mais	subjetivos	–	mas	de	igual	relevância	–
podem	ser	considerados,	como,	por	exemplo,	o	uso	de	boa-fé.	 8
Segundo	 Alexandre	 Pereira,	 9	 o	 fair	 use	 é	 a	 tese	 que	 defende	 a	 relativização	 do	 caráter	 absoluto	 da
propriedade	 do	 autor.	 Seria	 o	 direito	 de	 uso	 justo	 a	 um	 conteúdo	 que	 estaria	 protegido	 por	 direitos
autorais	devido	ao	direito	ao	acesso	ao	conhecimento.	Portanto,	trataria	da	conciliação	entre	os	interesses
privados	 e	 o	 interesse	público	 comum	e	 coletivo.	 Estariam	dentro	do	 fair	use	as	 condutas	 que,	 embora
possam	 restringir	 a	 amplitude	 do	 domínio	 do	 autor	 da	 obra,	 são	 acolhidas	 pela	 lei,	 com	 vistas	 ao
desenvolvimento	cultural.
Tendo	 em	 vista	 esta	 conceituação	 doutrinária,	 para	 aplicar	 o	 princípio	 do	 fair	use	 há	 que	 se	 levar	 em
consideração	os	seguintes	fatores:
•	O	propósito	e	o	caráter	do	uso,	em	especial	 sem	natureza	comercial	e	para	 fins	educativos	não
lucrativos.
•	A	natureza	da	obra	(ficção	ou	não	ficção,	inédita	ou	publicada).
•	A	quantidade	e	a	 substancialidade	da	porção	usada	em	relação	ao	conjunto	da	obra	 (no	Brasil,
entendimento	 Judiciário	é	que	 trecho	 seria	algo	até	10%,	 e	quem	usa	está	ajudando	a	divulgar	a
obra	original,	entendido	como	um	uso	social).
•	O	efeito	do	uso	sobre	o	mercado	potencial	da	obra	protegida	ou	sobre	o	seu	valor.
No	tocante	a	legislação	brasileira,	cuja	base	é	de	direitos	autorais,	a	lei	não	tratou	explicitamente,	mas	há
o	entendimento	de	que	haveria	a	previsão	do	princípio	fair	use	no	art.	46.	 10	Mas	a	discussão	é	justamente
sobre	o	que	seriam	pequenos	trechos	e	há	uma	tendência	atual	do	anteprojeto	de	Lei	que	visa	reformar	a
legislação	em	vigor	para	ampliar	este	uso	social.
Nas	palavras	de	Guilherme	Carboni,	 11	“	(...)	a	questão	é	saber	o	que	se	entende	por	 ‘pequeno	trecho’,	uma
vez	 que	 a	 lei	 não	 traz	 essa	 explicação,	 cabendo	 interpretá-la	 com	 base	 no	 bom	 senso.	 Obviamente,	 a
reprodução	 de	 cinquenta	 por	 cento	 de	 uma	 obra	 não	 caracterizaria	 um	 ‘pequeno	 trecho’.	 Apesar	 de	 a
quantificação	 não	 ser	 a	melhor	 forma	 de	 interpretar	 a	 extensão	 desse	 conceito,	 uma	 reprodução	 de,	 por
exemplo,	 cinco	 por	 cento	 da	 obra	 poderia	 ser	 caracterizada	 como	 ‘pequeno	 trecho’,	 se	 não	 vier	 a	 causar
prejuízo	 aos	 detentores	 dos	 direitos	 autorais	 sobre	 as	 músicas	 reproduzidas.	 Dessa	 forma,	 é	 importante
saber	 o	 tamanho	 da	 obra	 reproduzida	 para	 que	 se	 possa	 verificar	 se	 a	 reprodução	 pode	 ou	 não	 ser
caracterizada	como	 ‘pequeno	trecho’,	de	forma	a	ser	utilizada	sem	necessidade	de	autorização.	Se	a	música
tem	três	minutos,	é	bastante	plausível	o	entendimento	de	que	a	utilização	de	alguns	segundos	dessa	música
caracterizaria	um	‘pequeno	trecho’	nos	termos	da	lei.”
O	mesmo	entendimento	extrai-se	do	Manual	prático	da	Associação	Brasileira	de	Televisão	Universitária
(ABTU),	 12	 que	 assim	 diz:	 “normalmente,	 entende-se	 por	 ‘pequeno	 trecho’	 a	 reprodução	 de	 uma	 parte	 da
obraque	não	prejudique	a	sua	exploração	normal,	isto	é,	que	as	pessoas	não	deixem	de	comprar	o	original
da	obra	por	se	darem	por	satisfeitas	com	a	reprodução	do	pequeno	trecho.	Portanto,	não	se	trata	de	uma
questão	meramente	 quantitativa	 da	 reprodução.	 Para	 conferir	maior	 segurança	 jurídica,	 normalmente	 se
deve	levar	em	conta	o	tamanho	da	obra	como	um	todo	para	verificar	se	a	extensão	da	reprodução”.
Em	nível	internacional	questiona-se	a	compatibilidade	da	cláusula	de	fair	use	do	direito	norte-americano
com	 as	 exigências	 de	 segurança	 e	 certeza	 jurídicas	 dos	 direitos	 de	 autor,	 que	 na	 Europa	 seriam
acauteladas	 mediante	 listas,	 alegadamente	 taxativas,	 de	 exceções	 permitidas.	 Não	 obstante	 a
subordinação	 das	 exceções	 à	 regra	 dos	 três	 passos,	 enquanto	 critério	 de	 interpretação,	 poderá	 levar	 à
introdução	de	uma	figura	análoga,	no	sentido	de	um	sistema	aberto,	 flexível	e	móvel,	ainda	que	fluído,
permitindo	uma	maior	equidade	na	prática	dos	direitos	de	autor.	 13
O	que	tem	se	visto	é	uma	tendência	pela	aplicação	da	regra	dos	três	passos	no	que	tange	a	tendência	pela
prevalência	de	tratamento	pela	teoria	dualista	dos	direitos	autorais,	com	as	limitações	previstas	por	CUB
9.2,	 TRIPs	 13,	 e	 no	 caso	 do	 Brasil	 a	 Lei	 9.610/1998,	 art.	 46,	 VIII.	 Por	 esta	 regra,	 deve-se	 considerar,	 em
síntese,	para	que	um	uso	não	fira	direito	sobre	obra	protegida:
•	Não	pode	causar	confusão	no	consumidor	nem	no	mercado	e	o	uso	tem	que	ser	sempre	limitado
(não	pode	ser	amplo);
•	 O	 uso	 não	 pode	 causar	 dano	 econômico	 ou	 comercial	 injusto	 e	 não	 pode	 conflitar	 com	 a
exploração	normal	da	obra	original;
•	O	usso	não	pode	gerar	aproveitamento	parasitário	ou	indevido.
Logo,	quer	seja	pelo	princípio	do	fair	use	ou	pela	regra	dos	três	passos,	o	que	se	observa	é	que	qualquer
dos	 sistemas	 está	 buscando	 uma	 fórmula	 para	 equilibrar	 dentro	 de	 um	modelo	 de	 check	 and	 balances
tanto	os	controles	(proteções)	como	as	exceções	(limitaçõe).
3.	Os	novos	desafios	trazidos	pelos	avanços	da	tecnologia	e	as	novas	formas	de	proteção
Com	o	advento	da	globalização	e	da	Internet,	as	obras	e	informações	passaram	a	ser	divulgadas,	trocadas
e	distribuídas	instantaneamente,	utilizando-se,	para	tanto,	do	meio	virtual.	Ocorre	que	o	meio	digital	tem
tido	um	crescimento	vertiginoso,	e,	como	consequência,	o	número	dos	que	a	ele	tem	acesso	tem	crescido	e
expandido.	Dessa	forma,	cada	vez	mais	pessoas	têm	acesso	à	Internet	e	passam	a	publicar	conteúdo,	seu
ou	de	terceiros,	bem	como	a	fazer	uso,	reproduzir	ou	mesmo	compartilhar.
Tal	 crescimento	 e	 a	 possibilidade	 de	 troca	 de	 informações	 instantâneas	 trouxeram	 uma	 nova	 série	 de
problemas	em	relação	à	proteção	das	obras,	 pois	possibilitou	uma	nova	 forma	de	violação	dos	direitos
autorais	 através	 de	 downloads	 ou	 compartilhamento	 de	 arquivos,	 uma	 vez	 que	 os	 usuários	 podem
adquirir	as	obras	sem	a	autorização	dos	autores	e	sem	remunerá-los	e,	ainda	mais,	podem	compartilhá-las
de	 forma	 gratuita	 com	 os	 demais	 usuários,	 que,	 por	 sua	 vez,	 compartilham	 com	 outros	 e	 assim
sucessivamente,	criando	um	ciclo	difícil	de	ser	quebrado.	Tal	prática	se	tornou	extremamente	comum	–	e
vem	 se	 popularizando	 cada	 vez	 mais	 –	 pois	 é	 uma	 forma	 rápida	 (praticamente	 instantânea	 com	 os
recursos	atuais)	e	fácil	de	aquisição	das	obras,	além	de	possuir	difícil	fiscalização.
Um	dos	primeiros	casos	a	discutir	 sobre	responsabilidade	no	 tocante	a	disponibilização	de	 ferramentas
que	permitam	ou	facilitem	infringir	direitos	autorais	alheios	ocorreu	em	1984	nos	EUA	(e.g	Sony	Corp.	Of
America	 V.	 Universal	 City	 Studios,	 Inc.).	 Neste	 caso,	 a	 Suprema	 Corte	 decidiu	 que	 o	 fabricante	 de
videocassete	não	podia	ser	responsabilizado	por	violação	de	direitos	autorais	unicamente	por	distribuição
de	 um	 produto	 que	 poderia	 ser	 utilizado	 para	 cometer	 violações	 a	 estes	 direitos	 (por	 exemplo	 gravar
filmes	sem	autorização).
No	entanto,	em	2005,	a	Supreme	Court	decidiu	diferentemente	em	outro	caso,	envolvendo	fornecedores
de	softwares	projetados	para	possibilitar	o	compartilhamento	de	obras	protegidas	por	direitos	autorais,
entendendo	 que	 eles	 poderiam	 sim	 ser	 responsabilizados	 por	 violação	 destes	 direitos	 autorais	 que
ocorressem	 em	 decorrência	 do	 uso	 do	 software	 que	 foi	 desenhado	 apenas	 para	 aquela	 finalidade.	 (e.g
Metro-Goldwyn-Mayer	Studios,	Inc.	v.	Grokster).
Como	forma	de	barrar	–	ou	ao	menos	diminuir	–	a	transação	não	autorizada	de	obras	pela	grande	rede	foi
desenvolvido	 o	 Digital	 Rights	 Management,	 14	 que,	 conjuntamente	 com	 a	 doutrina	 do	 fair	 use	 e	 a
discussão	 sobre	 a	 sua	 aplicabilidade	 a	 softwares,	 será	 o	 tema	 de	 análise	 do	 presente	 trabalho.	 Antes,
porém,	de	adentrarmos	nas	definições	e	no	trabalho	em	si,	é	necessária	uma	referência	a	um	caso	que	se
tornou	histórico,	pois	foi	o	responsável	por	revolucionar	a	indústria	da	mídia.
Uma	 das	 grandes	 ondas	 de	 tecnologia	 que	 acabou	 por	 revolucionar	 a	 indústria	 da	 mídia	 e	 do
entretenimento	 deve	muito	 a	 um	 caso	 de	 1984	 decidido	 pela	 Suprema	 Corte	 dos	 Estados	 Unidos:	 Sony
Corp.	v.	Universal	City	Studios,	 15	também	conhecido	como	o	“caso	Betamax”,	 16	que	foi	o	responsável	por
“abrir	as	portas”	para	o	desenvolvimento	de	novas	tecnologias	sem	o	receio	de	processos	movidos	pelas
empresas	detentoras	de	direitos	autorais.
A	Universal,	empresa	responsável	pela	produção	de	filmes,	processou	a	Sony	sob	o	argumento	de	que	seu
gravador	de	videocassete	(“Videocassete	Recorder	–	VCR”)	permitiria	violação	de	direito	autoral	e,	ainda
mais,	a	campanha	publicitária	supostamente	encorajaria	e	promoveria	tal	violação.
O	caso	foi	para	a	Suprema	Corte,	que	decidiu	a	favor	da	Sony,	sob	o	bem	fundamentado	argumento	de	que
uma	 companhia	 não	 poderia	 ser	 considerada	 responsável	 por	 promover	 uma	 tecnologia	 que	 alguns
consumidores	poderiam	vir	a	usar	para	infringir	direitos	autorais.	Para	que	tal	argumento	fosse	aplicado
na	 prática,	 no	 entanto,	 havia	 apenas	 outro	 requisito:	 que	 a	 tecnologia	 fosse	 capaz	 de	 outros	 usos
substanciais	que	não	violassem	os	direitos	autorais.
Ou	seja,	contanto	que	a	tecnologia	disponibilizada	não	tivesse	como	foco	principal	a	violação	de	direitos
autorais,	mas	que	a	violação	fosse	um	reflexo	de	alguns	dos	possíveis	usos	do	aparelho,	a	companhia	não
poderia	ser	responsabilizada.
Como	o	uso	 principal	 do	 videocassete	 era	 a	 possibilidade	de	 ver	 filmes	 em	 casa,	 e	 não	 fazer	 cópias	 de
outros	 filmes	 –	 apesar	 da	 confecção	 de	 cópias	 ser	 uma	 possibilidade,	 mas	 não	 o	 principal	 foco	 do
aparelho,	e	sim	um	uso	indireto	de	suas	capacidades	–	sua	venda	e	promoção	foram	permitidas.
Tal	 decisão	 foi	 crucial	 para	 pavimentar	 a	 chegada	 de	 diversas	 outras	 tecnologias,	 hoje	 tão	 comuns	 em
nosso	cotidiano,	como,	dentre	outras,	 fotocopiadoras,	computadores	pessoais,	roteadores,	gravadores	de
CD,	filmadoras	e	iPods,	que	puderam	se	instalar	no	mercado	sem	o	medo	de	sofrerem	um	processo,	graças
ao	bem	fundamentado	precedente	estabelecido	pela	Suprema	Corte.
O	 termo	Digital	 Rights	Management	 (ou	 “Gestão	 de	 Direitos	 Digitais”),	 doravante	 referido	 pela	 popular
abreviação	“DRM”,	refere-se	a	tecnologias	de	controle	de	acesso	que	podem	ser	usadas,	dentre	outros,	por
fabricantes	de	hardware,	editoras	e	detentores	de	direitos	autorais	de	forma	a	limitar	o	uso	de	conteúdos
digitais	 ou	de	 aparelhos	que	 executem	 conteúdos	digitais.	O	 termo	 é	utilizado	para	descrever	 e	 definir
qualquer	 tecnologia	 que,	 de	 alguma	 forma,	 iniba	 o	 uso	 de	 algum	 conteúdo	 digital	 de	 acordo	 com	 a
vontade	do	 fornecedor	do	conteúdo.	Nesse	 sentido,	excelente	a	definição	dada	por	 Jude	Umeh,	na	obra
The	World	Beyond	Digital	Rights	Management:
“Digital	 rights	 management	 (DRM)	 is	 a	 term	 that	 is	 used	 to	 describe	 the	 technologies	 and	 systems	 that
deliver	 the	 capability	 to	 control	 and	 specifythe	 rights	 associated	 with	 digital	 content.	 It	 is	 primarily
concerned	with	the	management	of	intellectual	property	rights	(IPRs),	specifically	those	related	to	copyright,
in	 an	 electronic	 environment.	 DRM	 can	 also	 be	 defined	 as	 the	 technology	 that	 protects	 content	 against
unauthorized	access	and	usage	and	which	enforces	the	restrictions	on	what	users	can	do	with	it.	The	term
DRM	was	 coined	 in	 1990s	 to	 represent	 the	 emerging	 technologies	 that	were	 used	 to	 enforce	 the	 rights	 of
content	owners	at	the	dawn	of	the	internet	revolution.	Like	most	things	DRM	did	not	emerge	out	of	nothing,
but	 has	 been	 developed	 over	many	 years	 through	 the	 efforts	 of	 various	 people	 in	 the	 technology,	media,
electronics	and	other	industries.”	 17
4.	Análise	comparativa	do	sistema	do	Copyright	(EUA)	e	dos	Direitos	Autorais	(Brasil)
Para	facilitar	o	presente	estudo	entre	os	dois	sistemas,	segue	abaixo	uma	tabela	comparativa	do	que	é	o
sistema	de	copyright	Norte-Americano	e	o	sistema	de	proteção	de	direitos	autorais	do	Brasil:
Copyright	(EUA)
Direitos	 Autorais	 (Brasil)	 –	 Lei
9.610/1998
Conceitos
O	 copyright	 é	 a	 proteção	 legal	 que	 o
autor	tem	exclusivamente	em	relação
à	impressão,	reprodução	ou	venda	de
uma	 obra.	 Protege-se	 a	 obra	 (ênfase
econômica).
O	direito	autoral	é	a	proteção	legal	que
o	 autor	 tem	 sobre	 a	 obra.	 Protege-se	 o
autor	(ênfase	pessoal).
Criações	 do	 espírito,	 expressas	 por
qualquer	meio	ou	 fixadas	em	qualquer
suporte,	 tangível	 ou	 intangível,
conhecido	ou	que	se	invente	no	futuro,
Objetos	da	Proteção
Obras	literárias,	artísticas	e	musicais;
as	 obras	 coreográficas	 e
pantomímicas	;	ilustrações,	gráficos	e
obras	esculturais;	obras	audiovisuais,
gravações	 de	 som	 e	 obras
arquitetônicas.
tais	como:	os	 textos	de	obras	 literárias,
artísticas	 ou	 científicas;	 conferências,
alocuções,	 sermões	 e	 outras	 obras	 da
mesma	natureza;	as	obras	dramáticas	e
dramático-musicais;	 as	 obras
coreográficas	 e	 pantomímicas;
composições	 musicais;	 obras
audiovisuais;	 obras	 fotográficas;	 obras
de	desenho,	pintura,	gravura,	escultura,
litografia	 e	 arte	 cinética;	 ilustrações,
cartas	 geográficas	 e	 outras	 obras	 da
mesma	natureza;	os	projetos,	esboços	e
obras	 plásticas	 concernentes	 à
geografia,	 engenharia,	 topografia,
arquitetura,	 paisagismo,	 cenografia	 e
ciência;	 as	 adaptações,	 traduções	 e
outras	 transformações	 de	 obras
originais,	 apresentadas	 como	 criação
intelectual	 nova;	 os	 programas	 de
computador;	 as	 coletâneas	 ou
compilações,	 antologias,	 enciclopédias,
dicionários,	 bases	 de	 dados	 e	 outras
obras,	que,	por	sua	seleção,	organização
ou	 disposição	 de	 seu	 conteúdo,
constituam	uma	criação	intelectual.
Registro	da	Obra
Requisito	 essencial	 no	 caso	 de	 ações
por	 infração	 aos	 direitos	 autorais.
Caso	 não	 haja	 o	 registro,	 não	 é
possível	o	ingresso	da	ação.
Não	 é	 obrigatório.	 A	 proteção	 legal
independe	do	registro.
Requisitos	de	Validade
Originalidade	 e	 disponibilização	 em
um	meio	tangível	de	expressão.
Novidade	e	originalidade.
Tempo	da	Proteção
Vida	 do	 autor	 +	 70	 anos;	 ou	 95	 anos
da	publicação	ou	120	anos	da	criação
(o	que	expirar	antes).
Vida	 do	 autor	 +	 70	 anos;	 ou	 70	 anos
após	 a	 publicação	 (obras	 anônimas	 e
pseudônimos;	 obras	 audiovisuais	 e
fotográficas).
Do	ponto	de	vista	comparativo,	uma	das	questões	que	foi	ficando	mais	complexa	no	copyright	tem	relação
com	a	contagem	do	tempo	de	proteção.	Isso	porque	em	1909,	a	proteção	inicial	era	de	28	anos	contados	a
partir	 da	 publicação	 com	 "copyright	 notice".	 Durante	 o	 ano	 final	 de	 proteção,	 os	 direitos	 autorais
poderiam	ser	renovados	por	mais	28	anos,	totalizando	56	anos	de	proteção	aos	direitos	do	autor.	Caso	não
fosse	renovada	a	proteção,	as	obras	passariam	a	ser	de	domínio	público.
A	verificação	se	a	obra	estava	protegida	ou	não	pelos	direitos	autorais	era	simples,	bastava	ser	verificada
a	 data	 constante	 do	 "	 copyright	notice".	 Caso	 não	 houvesse	 a	 "	 copyright	notice",	 o	 trabalho	 estava	 sob
domínio	público.
Já	após	a	Lei	de	1976,	a	proteção	passou	a	ser	pelo	tempo	de	vida	do	autor	mais	70	anos,	contados	a	partir
do	 momento	 em	 que	 a	 obra	 foi	 disponibilizada	 em	 meio	 tangível	 de	 expressão.	 Não	 havendo	 a
possibilidade	 de	 renovação.	 Nos	 casos	 de	 autoria	 conjunta	 (dois	 ou	 mais	 autores),	 o	 prazo	 deve	 ser
contado	pela	vida	do	último	autor	sobrevivente.	O	prazo	se	encerra	no	dia	31	de	dezembro	do	ano	final.
Por	esta	lei,	todas	as	obras	do	autor	passam	a	ser	de	domínio	público	ao	mesmo	tempo.	Enquanto	que	na
lei	 anterior	 (1909	 Act),	 cada	 obra	 tinha	 seu	 próprio	 prazo	 de	 duração,	 portanto	 eram	 transferidos	 ao
domínio	público	em	prazos	distintos.
Além	 disso,	 nos	 EUA	 o	 tempo	 de	 proteção	 de	 "	works	 for	 hire"	 (trabalhos	 desenvolvidos	 por	 terceiro
contratado	ou	empregado	mediante	previsão	contratual),	obras	anônimas	ou	mediante	pseudônimos	é	de
95	anos	contados	da	publicação	ou,	caso	não	seja	publicado,	120	anos	contados	da	criação.
Portanto,	verifica-se	um	aumento	da	complexidade	sobre	a	contagem	do	prazo.	Ou	seja,	saber	se	uma	obra
é	protegida	ou	não	pelos	direitos	autorais	deixou	de	ser	tarefa	simples.	Agora	é	necessário	verificar	se	o
autor	está	vivo	ou	faleceu	para	fazer-se	a	contagem	do	prazo.	Como	forma	de	facilitar	essa	verificação,	o
1976	 Act	 determinou	 um	 procedimento	 de	 registro	 de	 documentos	 que	 demonstrem	 que	 o	 autor
permanece	vivo	ou	a	data	de	óbito	junto	ao	Copyright	Office.
Porém,	caso	não	haja	registro	de	nenhum	documento	que	indique	que	o	autor	esteja	vivo	ou	haja	falecido
no	prazo	de	95	anos	após	a	publicação	ou	120	anos	após	a	criação	(o	que	ocorrer	primeiro),	presume-se
que	o	autor	faleceu	há	mais	de	70	anos	e	a	proteção	aos	direitos	autorais	termina.
Abaixo,	uma	tabela	resumo,	demonstrando	a	contagem	do	prazo:	 18
Tipos	de	obras Tempo	de	proteção Domínio	púbico	em	01.01.2016
Obras	 não	 registradas,	 nem
publicadas.
Vida	 do	 autor	 +	 70
anos.
Obras	de	autores	falecidos	antes	de	1946.
Obras	 anônimas,	 sob	 pseudônimos
ou	 mediante	 contratação	 (autoria
corporativa)	 não	 registradas,	 nem
publicadas.
120	 anos	 da	 data	 de
criação.
Obras	criadas	antes	de	1896.
Obras	 não	 registradas,	 nem
publicadas	quando	a	data	de	óbito
do	autor	é	desconhecida.
120	 anos	 da	 data	 de
criação.
Obras	criadas	antes	de	1896.
Conclusão
Conforme	demonstrado	no	decorrer	do	presente	trabalho,	a	legislação	de	direitos	autorais	do	decorrer	dos
anos	 se	 aperfeiçoou	 para	 determinar	 que	 o	 autor	 não	 perdesse	 a	 titularidade	 de	 seu	 trabalho,	 apenas
licenciando-o	a	outras	pessoas,	para	que	dele	possam	usufruir.
As	obras	protegidas	pelos	direitos	autorais	estarão	disponíveis	em	meios	eletrônicos	e	os	autores	não	se
limitarão	a	buscar	proteção	de	seus	direitos	somente	na	Lei	do	Copyright.	A	proteção	aos	direitos	autorais
se	dará	através	da	utilização	conjunta	de	restrições	tecnológicas,	restrições	contratuais	(licenciamento)	e
sanções	 criminais.	 Por	 certo	 haverá	 uma	 reunião	 de	 melhores	 práticas	 dos	 dois	 sistemas,	 tanto	 do
copyright	como	do	droit	D´Auteur.
Alcançar	 o	 equilíbrio	 entre	 os	 interesses	 privados	 e	 públicos	 é	 um	 desafio	 constante,	 vivido	 pelos
legisladores	no	passado	e	fomentada	pelos	avanços	tecnológicos	e	da	necessidade	social.
O	 pay-per-use	 (pagamento	 pelo	 uso)	 da	 obra	 poderá	 possibilitar	 o	 acesso	 ao	 público	 por	 um	 custo
acessível.	A	distribuição	do	conteúdo	da	obra	se	daria	através	de	licenciamento	eletrônico	e	pagamento	de
taxas.
Tal	forma	de	proteção	se	amolda	à	imaterialidade	dos	direitos	autorais,	tendo	em	vista	que,	por	existirem
sem	a	necessidade	de	um	meio	físico	(o	meio	físico	é	apenas	uma	forma	de	garantir	sua	exteriorização)	e	a
facilidade	 com	 que	 podem	 ser	 transmitidos	 e	 aproveitados	 por	 diversas	 pessoas	 ao	 mesmo	 tempo	 –
acentuado	pelo	desenvolvimento	tecnológico	das	formas	de	materialização	dosdireitos	autorais,	como	a
televisão,	o	rádio	e,	obviamente,	a	internet	–	foi	uma	forma	da	legislação	de	garantir	que	o	autor	manteria
para	si	a	propriedade	de	seu	trabalho.
Da	“proibição	dos	excessos”	a	“proibição	da	insuficiência”.	Há	uma	maior	necessidade	do	enquadramento
dos	direitos	de	autor	no	ordenamento	civil.	Nas	dimensões	sistemáticas	dos	direitos	de	autor	é	cada	vez
mais	 importante	 o	 seu	 enquadramento	 na	 ordem	 jurídica	 comunitária.	 Apesar	 de	 não	 ter	 sido
mencionado	no	Tratado	de	Roma,	o	Tribunal	de	Justiça	Europeu	o	integrou	no	Direito	Comunitário	por	via
da	sua	assimilação	na	propriedade	comercial.
Por	 isso,	 tem	 sido	 uma	 tendência	 tratar	 da	 questão	 da	 propriedade	 intelectual	 através	 de	 tratados
internacionais,	como	o	World	 Intellectual	Property	Organization	 (WIPO)	Copyright	Treaty,	 19	 ou	Tratado
de	Direitos	Autorais	da	Organização	Mundial	do	Comércio,	doravante	denominado	apenas	como	“Tratado
de	Direitos	Autorais”.
O	Tratado	de	Direitos	Autorais	foi	criado	com	o	intuito	de	desenvolver	e	manter	a	proteção	dos	direitos	de
autores	em	suas	obras	literárias	e	artísticas	da	maneira	mais	efetiva	e	uniforme	possível.	Para	tanto,	em
sua	 criação,	 foi	 indispensável	 o	 reconhecimento	 da	 necessidade	 de	 serem	 introduzidas	 novas	 regras
internacionais,	 além	 de	 se	 esclarecer	 a	 interpretação	 das	 regras	 já	 existentes,	 de	 forma	 a	 serem
providenciadas	 soluções	 adequadas	 às	 problemáticas	 que	 surgiram	 com	 os	 novos	 desenvolvimentos
econômicos,	sociais,	culturais	e,	principalmente,	tecnológicos.
Face	a	essa	nova	realidade,	o	Tratado	de	Direitos	Autorais	buscou	enfatizar	a	importância	da	proteção	aos
direitos	autorais,	como	uma	forma	de	incentivar	a	criação	artística	e	literária.	Buscou,	assim,	manter	um
balanço	 entre	 os	 direitos	 de	 autor	 e	 o	 interesse	 público	 –	 incluídos,	 mas	 não	 limitado,	 a	 educação,	 a
pesquisa	e	o	acesso	à	informação.
Vemos,	assim,	que	o	Tratado	de	Direitos	Autorais	buscou	nivelar	uma	relação	que	sempre	pendeu	contra
os	autores	de	direitos	autorais.	Explica-se:	ante	a	 inexistência	de	uma	forma	eficaz	de	se	protegerem	os
direitos	autorais,	houve	sempre	o	repasse	de	obras	de	um	usuário	ao	outro	sem	que	houvesse	a	devida
remuneração	ou	satisfação	ao	autor	da	obra.
Como	demonstrado,	os	conflitos	atuais	giram	em	torno	da	questão	da	disponibilidade	da	obra	do	autor,	da
sua	precificação	e	remuneração	e	do	escopo	de	direitos	(proteções	exclusivas)	que	lhe	são	próprias	e	que
exigem	autorização	prévia	(prerrogativa	do	titular).	Ainda	há	muito	a	ser	feito	para	proteção	dos	direitos
autorais	e	isso	será	essencial	para	evolução	da	Sociedade	do	Conhecimento.
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Pesquisas	do	Editorial
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